Herdeiros - Interativa escrita por Giovanna, Matheus


Capítulo 5
Tragédias de Quadribol


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Tudo bem?
Desculpem a demora... Hehe... Eu sei que vocês querem nos matar por faze-los esperar tanto, mas uma hora o capítulo tem de sair do forno!
Esse capítulo deu muito trabalho para escrever, pois todos os personagens aparecem ao seu decorrer, além disso, surpresas aguardam vocês xD
Boa leitura!



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POV Lucy

Não teremos aula hoje por conta da partida de Quadribol da Sonserina com a Grifinória, então resolvi ir à biblioteca estudar um pouco, provavelmente estaria vazia, pois em dias atípicos esse todos ficam eufóricos preparando-se para essas “competições desnecessárias”, não que eu deteste Quadribol, mas o propósito desse esporte já sumiu há muito tempo, hoje, em nosso escola, a única razão para as casas de Hogwarts praticarem Quadribol é a intenção de provar a supremacia de sua casa e de seu fundador para com os outros... Patético.

A manhã estava calma, ou melhor, a manhã na biblioteca estava calma, pois se eu fosse para o salão comunal ou caminhasse pelos corredores veria quanto barulhenta estaria a escola. Tinha combinado com a Ravenna de nos encontrarmos na biblioteca logo cedo, mas pelo que eu conheço dela, iria atrasar no mínimo meia hora arrumando o cabelo.

Quando entrei naquele lugar silencioso e, ao mesmo tempo, histórico, já se passava das oito da manhã, se estivéssemos em período de provas estaria lotado, mas o único ser que encontrei era o garoto da Corvinal, Matthew.

Nunca conversamos abertamente, por mais que estejamos quase sempre nas mesmas classes, nosso diálogo sempre foi “bom dia” e “tudo bem?”, mas nada além disso. Ele estava tão concentrado, como de costume, na leitura de um livro que parecia mais uma enciclopédia, pois era muito grosso, com uma capa dura preta, um livro bastante sombrio, resolvi me aproximar.

– C-com licença... Humm... Matthew, não é?

– Sim, sou eu... – Disse parando a leitura do livro e virando-se para mim – E você é...? Ah, Lucy! Aquela garota quietinha da Lufa-lufa.

– Pensei que não soubesse meu nome.

– Por que não está se preparando para o jogo de hoje?

– Eu ia perguntar a mesma coisa... Te atrapalho? – Perguntei ao me direcionar ao livro que ele lia.

– Ah, claro que não. Encontrei esse livro hoje de madrugada e não consegui parar de ler.

– Você estava aqui de madrugada? Escondido?

– Érr... Sim e não... Bom, é uma longa história. De qualquer forma, foi bom você aparecer por aqui, estou morrendo de sono, mas não conseguia parar de ler, ainda bem que você interrompeu, preciso dormir.

O Matthew levantou-se fechando o livro e se despediu de mim. Por mais que seu semblante estivesse exaustado, achei um pouco suspeito essa saída súbita da biblioteca e alguma coisa me diz que tem a ver com aquele livro... Além disso, como ele estava aqui na biblioteca de madrugada lendo calmamente sem ser pego pelo zelador?

POV Ravenna

Eu não devia ter ido dormir tão tarde, mas quando começo a ler um livro sobre a história do Quadribol, eu passo a noite acorda de se precisar, não consigo pegar no sono até terminar. Um hábito bastante inconveniente, pois hoje, além de acordar atrasada, estou com uma dor de cabeça enorme por ter dormido tão pouco. Não sei se vou conseguir aguentar os gritos na arena de Quadribol. Bom, isso se a Lucy deixar eu ir assistir pelo menos o comecinho da partida.

Aliás, estava a caminho da biblioteca para encontrá-la, atrasado como de costume. Adorei o fato de marcarem essa partida da Grifinória com a Sonserina, pois hoje seria aula de Adivinhação, ninguém merece ter de ficar horas olhando para uma bola de cristal ou para a borra do chá, que não passa de um borrão para mim, e ter de ouvir Rayzel, a doida das visões. Acho que essa disciplina só recebe lunáticos como professores há gerações.

De qualquer forma, só vejo a cara da doida semana que vem, ainda bem, porque ela nos passou uma pesquisa a respeito da Teimancia e eu nem comecei. Felizmente é em grupo, ou seja, menos trabalho para mim nesse monte de baboseira. Ou se ama adivinhação e já se nasce com o dom ou se odeia e não se sabe nem adivinhar a cor da cueca do batedor da Sonserina, hihihi...

Quando abri as portas da biblioteca encontrei a Lucy folheando as páginas de um livro de capa esverdeada, aquele lugar sempre fica desse jeito, mais deserto que cemitério em dia de Ano Novo. Eu não sei, foi essa a primeira coisa que me veio à cabeça. Me aproximei sorrateiramente e coloquei o braço em seu ombro e já dei um berro:

– O que vocês está lendo?!

– AI QUE SUSTO, LUCY! – Ela proferiu pulando da cadeira e deixando o livro cair no chão.

Quando olhei mais detalhadamente a capa do livro e vi seu título, não pude resistir.

– “Domesticação de Unicórnios”? É sério isso?

– É para fins de experimentação!

– Tanto faz, vamos logo fazer essa pesquisa da doida da Rayzel para acabarmos o mais cedo possível para irmos dar uma espiadinha no Quadribol. Fiquei sabendo que os meninos do time da Sonserina, quando ganham, tiram a camisa no final do jogo para comemorar hahahaha.

– Haha... Ai, só você para conseguir me tirar um sorriso quando estou morrendo tédio, Raven. – Disse a Lucy indo nas estantes procurar alguns livros. – Até a bibliotecária deve ter ido assistir o jogo.

– Eu sou demais. – Concluí dando uma piscadela e ajudando-a a procurar os livros para a nossa pesquisa nas estantes. – E a quenga daquela mulher me deixou com uma multa só porque eu atrasei a devolução de um livro em duas semanas, dá para acreditar nisso?!

– Ai, Raven... Não vou falar nada haha.

POV Allyson

Eu estava tão afoita naqueles corredores. Não consigo nem me expressar em palavras o quão feliz que fiquei com a notícia que recebi há poucos minutos atrás... Com um sorriso estampado no rosto, caminhava e caminhava por toda Hogwarts. Essa é a minha forma de colocar os pensamentos em dia e, nesse momento, sinto como se tivesse tirado um peso das costas.

Segurava em meu sobretudo com as marcas azuis, características das vestimentas da Covinal, para não pisar e escorregar nele. Estava com tanta pressa e, ao mesmo tempo, sem um lugar específico para onde ir. Tudo estava bem. Finalmente, depois de dias de preocupação, tudo voltou ao normal.

Quando o Aaron ficou de plantão na entrada do salão comunal da Corvinal, hoje cedo, tive a certeza de que seria uma notícia arrebatadora... Ou acabaria comigo, o estado da minha avó piorou e só restava torcer para que ela não sofresse tanto ou ela, finalmente, conseguiu se recuperar.

Claro que ele não fez suspense com algo que poderia me machucar tanto. Quando eu ouvi “A vovó está bem, Ally” não pude segurar as lágrimas e pulei em cima do Aaron. Não me sentia tão bem assim há muito tempo.

Minha distração foi tão grande que não estava dando conta de estar nos corredores lotados, afinal hoje é dia de jogo, e esbarrei no Matthew, o garoto da minha casa.

– Ah, desculpe, Matthew!

– Tudo bem, Allyson...

Estava ajudando-o a recolher suas coisas do chão, ele sempre carrega uma pilha de livros com ele, quando, sem querer, peguei um livro grosso de capa preto, definitivamente, assustador. Nunca havia visto-o com um livro assim, geralmente todos são “Encantamentos avançados de Herbologia” ou “Feitiços para bruxos prodígios”, talvez não com esses títulos, mas coisas assim.

Ele, ao perceber meu olhar sob o livro, sem pensar duas vezes, tomou-o da minha mão num movimento ágil e já colocou junto dos outros que carregava me deixando sem reação. O Matthew nunca faria algo do tipo.

– É melhor eu ir, Allyson... Até mais. – Disse enquanto recolhia o resto dos livros caídos no chão, levantando-se e saindo o mais rápido possível dali.

– Puxa, que estranho... – Sussurrei enquanto via sua silhueta se afastar pelo corredor.

– O que é estranho, maninha? – Uma voz, definitivamente conhecida, soou logo atrás de mim.

POV Aaron

Tinha avistado aquele garoto da Corvinal, Matthew eu acho, saindo em disparada para longe de minha irmã, que estava agachada no chão. Não pensei duas vezes e me aproximei. Pude, então, ouvir seu cochicho mesmo com todas as conversas paralelas no corredor dos outros estudantes, certamente discutindo sobre a partida de hoje.

– Responde, maninha! Algum problema? – Perguntei novamente ao não obter resposta. – Aquele cara estava mexendo com você?

Senti sua surpresa ao se voltar para mim, mas ela não disse nada, apenas sorriu. Estávamos rodeados de estudantes, alguns agrupados em círculos de conversa, outros apenas caminhavam pelo corredor animadamente, além daqueles que corriam com muita pressa, deviam estar atrasados ou algo do tipo. Um dia de entretenimento em Hogwarts está cada vez mais difícil, portanto, todos sempre estão ávidos em aproveitar os dias como o de hoje.

– Oi? Será que você nunca ouviu falar dele? O Matthew não faz mal à uma mosca.

– E daí? Tenho de tomar conta de você, ainda mais quando os abutres desses Corvinais te cercam, se o Jack souber...

– Ai, que surpresa! – Ralhou me interrompendo, ou melhor, interrompendo minha fala ao citar o Jack.

– Que foi? – Fingi não entender

– Esse seu ciúmes possessivo... De qualquer forma, estou feliz demais para dar uma bronca em você.

– Só a vovó para deixar o seu humor desse jeito. E lá vem você mudar de assunto.

– Bem que você poderia aproveitar o momento e deixar essa sua superproteção de lado, parece até um pai autoritário.

– Ei, não fale assim comigo! Eu já te disse do Jack e...

– Adeus, Aaron. – Disse me interrompendo novamente e dando um rápido beijo no meu rosto. – Sabe quem gostou de saber que a vovó está bem? A Kate Young. Ah, e ela mandou um abraço. – Sussurrou em meu ouvido me fazendo estremecer ao ouvir aquele nome para, em seguida, sair dali o mais rápido possível.

Percebi o seu sorriso ao me ver sem reação. É só começar a falar do meu melhor amigo Jack que ela dá um jeito de “escapar”. As meninas da Corvinal que estavam no corredor e nos observavam começaram a rir baixinho ao testemunhar aquele “momento entre irmãos” me deixando vermelho de vergonha. Só a minha irmã para me deixar em situações como esta, principalmente me fazer passar vergonha. Mas o que será que ela deve ter dito para a Kate?

POV Dylan

– Não diga besteiras... E-eu nem pensei nisso! – Eu me defendi ao saber onde essa conversa iria levar.

Estávamos em três, eu, o Noah e a Anne, caminhando em direção à saída do castelo e conversando abertamente sobre nossas vivencias na escola. Na verdade, num diálogo desses eu tento sempre “sobreviver” sem ficar muito exposto, pois o Noah sabe exatamente como me deixar embaraçado, ainda mais quando eu cometi o erro de dizer a ele de quem... Digamos... Eu tenho interesses amorosos.

O dia estava caloroso, sem nenhuma nuvem no céu, a partida de hoje, um clássico, daria no que falar. Como não teremos aulas pelo resto do dia, não me preocupei em fazer aquela resenha de História da Magia, quero aproveitar o dia, oras! Mas ter de esquivar das perguntas do Noah certamente é pior que ter de ficar trancado numa biblioteca escrevendo uma maldita resenha.

– Dylan, você é homem, assim como eu, sei muito bem o que passa na nossa cabeça diante dessas situações... – Proferiu Noah dando de ombros com um sorriso sarcástico, com certeza estava esperando alguma brecha minha.

– Vou fingir que não escutei essa sua fala machista. – Disse Anne fechando os olhos, devia estar tentando apagar a frase dita pelo Noah da mente.

– Você quer me dar dicas amorosas, mas consegue espantar até a Anne. – Não aguentei, deixei escapar, mesmo sabendo a quedinha dele pela Anne, até porque tenho de mudar o foco da conversa, oras.

– Argh, por favor... Tenho amor a mim mesma.

– Não diga “dessa água não beberei” porque nunca se sabe o dia de amanhã... – Disse meu inconveniente colega enlaçando o pescoço da Anne com o braço.

– Me solta, Noah. – Ordenou tirando o braço dele do pescoço. – Está carente?

– Eu não tenho essas coisas. Minha garota está por aí e um dia irei encontra-la.

– Agora estou vendo quem é a garota...

– HAHAHAHA! – Soltei uma gargalhada tão alta que os outros estudantes que estavam seguindo o mesmo caminho que nós me olharam espantados.

– Não teve graça nenhuma... Pelo menos eu não fico escondendo meus casos amorosos como o Dylan!

– Ah, de novo? Eu já disse que nós só estávamos conversando...

O Noah é realmente insistente. Confesso que tem sido amistosa minha relação com a Kimberly esses dias para cá e mais do que esperava, mas naquele dia na aula com a Katherine... Senti alguma coisa tão estranha... Eu não sei... Parece que meu coração está contra mim.

POV Noah

– Não mente não que eu vi você de papinho com a Kimberly esses dias no corredor... E ela vai estar no jogo de hoje hehe... – Disse dando uma piscadela ao Dylan.

– Esses meninos viu... – Disse Anne revirando os olhos, pois, caso não esteja enganado, ela é colega da Kimberly, mais um motivo para continuar com o assunto.

O Dylan é muito tímido para chegar na Kimberly e eu, como seu melhor amigo, preciso fazer alguma coisa em relação a isso. Nada melhor do que expor, indiretamente, seus sentimentos na frente de uma das amigas dela... Pois é, eu sei, eu sou um gênio.

– Ai, não! – A doida da Anne gritou do nada e eu levei um susto.

– O que foi?! – Perguntei logo em seguida.

– Deixei a Silver no salão comunal! Hoje é dia dela sair... Deve estar fazendo uma algazarra nos móveis.

– Ah, é só isso, pela sua agitação pensei que alguém tinha morrido! – Falei revirando os olhos.

– Acontece que se ela arranhar novamente os sofás vou ser linchada pelos outros... Nem quero pensar nisso... Vou correr lá, meninos! Nos encontramos daqui a pouco.

– Vai rápido porque senão você irá perder o jogo. Iremos guardar um lugar para você na arquibancada, fique tranquila.

– Ok.

Continuamos a nossa caminhada jogando conversa fora para a arena de Quadribol, seguidos por uma mar de estudantes que também iriam assistir à partida de hoje. Um clássico como este, Grifinória contra Sonserina, é sempre épico! Assistir esse jogo, provocar o Dylan e ainda fazer a Anne saber dele com a Kinberly, não há nada que pague hahaha.

POV Anne

Corri o mais rápido que pude de volta do castelo, trombei com quase todos que estavam no caminho da escola para a arena, parece que todos os estudantes resolveram sair de uma só vez. Alguns estavam com os rostos pintados com as respectivas cores de seus times, até mesmo estudantes das outras casas carregava bandeirinhas para torcer durante a partida.

Quando finalmente cheguei no salão comunal a minha pequena Silver não estava em nenhum lugar. Fiquei desesperada.

– Silver! Silver! Cadê você gata fujona...

– Procurando alguma coisa?

Uma voz soou pelo ambiente e meu corpo gelou. Jurava estar sozinha desde o momento que cheguei no salão comunal. A lareira havia sido apagada há muito tempo, evidenciando o fato de que ninguém estaria ali, em dias de frio a lareira fica acesa o tempo todo, mas como todos os estudantes (ou quase) estavam na arena de Quadribol...

– Quem é?! – Perguntei rápido e em bom som escondendo a voz trêmula.

– Poxa, é a Katherine, não consegue reconhecer a minha voz? – A voz misteriosa saiu do escuro e pude ver que realmente é a Katherine, mas com os braços atrás do corpo, escondendo alguma coisa.

– Ah, Katherine, você vive me dando esses sustos... – Disse aliviada dando um longo suspiro. – Mas que bom que você está aqui... Você viu a Silver?

– Essa gatinha aqui? – Ela mostrou suas mãos, que estavam escondidas, com uma ela segurava a Silver no colo e a outra acariciava suas costas.

– Ela mesma! Mas que gata mais manhosa... – Disse correndo até ela e pegando a Silver no colo ouvindo seus ronronares de reprovação, pois queria continuar no colo da Katy. – Obrigada! Se deixar ela fica no colo das pessoas o dia inteiro!

– Ah, tudo bem. Eu adoro gatos! – Ela disse ao sorrir com a desaprovação da Silver ao ir para o meu colo. – Então... Você vai ir assistir ao jogo?

– Vou sim! Só tinha vindo aqui colocar a Silver para fora, ela ficou a noite toda trancada no dormitório.

Saímos do salão comunal e deixei a Silver no chão e sem delongas, ao sentir o chão em suas patinhas, ela saiu que nem um raio para longe de nós. Minha gata sempre foi eufórica assim.

– Então, vamos rápido porque daqui a pouco começa a partida e iremos ficar para trás! – Disse a Katherine vendo a Silver sair do meu colo e ir correndo direto ao corredores.

– Não se preocupam. Eles sempre atrasam o jogo... – Respondi ao me lembrar das vezes que cheguei na hora nas outras partidas e tive de esperar até horas por conta do atraso dos jogadores.

POV Katherine C. Hills

Estavam todos se dirigindo para a arena de Quadribol, o jogo de hoje promete muito! Já estou atrasada, mas eles sempre atrasam como de costume, mas é que para esses jogos eu tenho de ir preparada, um lanchinho a mais no casaco nunca é demais. Nunca se sabe quando uma partida pode terminar.

– Acho que eu devia ter pego mais alguns feijõezinhos... – Eu disse enquanto verificava na minha bolsa meus aperitivos.

Finalmente cheguei na entrada da impetuosa arena de Quadribol. Ouvia-se gritos e conversas de todas as partes. Alguns alunos vendendo produtos Weasley na porta, outros com suas caras pintadas ajudavam os demais alunos em suas pinturas, havia bandeiras para todos os alunos e quando adentrei na arquibancada, quase não havia lugar para me sentar, as vassouras no alto indicavam que o jogo já havia começado.

– Sou bem pontual. – Deixei escapar enquanto abria minha bolsa organizando meus lanchinhos, pois vai saber quanto tempo esse jogo vai durar... Tenho de me manter nutrida e alimentada! Haha.

POV Katherine Winchester

A arena estava lotada, como de costume, e a partida já havia iniciado há alguns minutos, começaram na horário certo desta vez, pois como sempre atrasam, alguns alunos preferem chegar em cima da hora ou até instantes depois. Ficar na arquibancada agoniando não é nada bom.

– Ai! – Gritei a sentir meu pé ser pisoteado quando alguns “atrasiudos” passaram pela minha fileira procurando por um lugar.

– Desculpe... – Disse a garota, que identifiquei como a pessoa que pisou no meu pé, ao se voltar para mim. – Será que teria um espaço do seu lado para eu sentar?

– Tudo bem... Sente-se aqui. – Ofereci, mesmo a contra gosto.

– E como está? – Ela me perguntou ao se sentar ao meu lado, ou melhor, ao me empurrar para o canto me fazendo trombar com o garoto que estava sentado ao meu lado, pelo menos ele era bonitinho...

– Bem agora, a dor no meu pé já passou... Você devia olhar melhor para onde anda.

– Não, eu perguntei do jogo. – Ela disse com um sorriso amarelo.

– Ah, sim... Bom, até agora empatado. A Grifinória está avançando muito bem na Sonserina, pelo que estou vendo do apanhador da Sonserina, eles têm uma alta chance de conseguir o pomo, mesmo eu estando torcendo para a minha colega, apanhadora da Grifinória, a May e...

– Você entende bastante de Quadribol! – Ela disse me interrompendo sendo que não havia nem terminado a frase.

– Eu? Eu detesto Quadribol... Só estou aqui porque meus amigos estão na partida de hoje.

– Mas você daria uma ótima jogadora!

– Hunf... Vamos assistir, vamos...

Mereço uma coisa dessas... É só dar a mão que querem o braço todo. Eu disse que podia se sentar do meu lado, não dar palpites sobre a minha vida. É cada uma que eu encontro.

POV Hanna

Eu não acreditei no que vi, quando dois balaços apareceram do nada, como se tivessem aparatado, estavam indo em minha direção. Um balaço ir em direção à um batedor é praticamente um sinal, não tive dúvida, rebati em um deles numa manobra super engenhosa e este foi direto na vassoura “daquelazinha”. Não tive dificuldades em esquivar do segundo e, assim que o fiz, olhei para o resultado da minha jogada.

Pude ver balaço indo em direção à Lary que, ao enxerga-lo, rodopiou com a vassoura para cima e para baixo saltando da vassoura e passando por cima do mesmo caindo em cima de sua vassoura que havia continuado sua trajetória.

Aquele foi um movimento e tanto! O reflexo dela é tão bom que não encontrou dificuldades em desviar. Pois é, tenho de admitir, os jogadores da Sonserina são muito abeis. E o desvio da Lary ao receber o meu balaço foi excelente, tenho de tirar o chapéu.

Observei a Goles ser driblada entre os artilheiros da Sonserina quando o pomo passou na minha frente como um raio, olhei ao redor e avistei a May que estava próxima a mim:

– May!!! – Gritei e ela olhou rapidamente para mim.

Quando a May me viu apontar em direção ao Miguel, o apanhador da Sonserina, voando atrás do pomo, todos sentimos a fúria em sua vassoura. Num movimento rápido ela pôs a perseguir o pomo junto do garoto de cabelos de fogo.

POV Ian

– Precisamos virar o jogo! – Disse para mim mesmo ao ver a Grifinória marcando mais dez pontos, desempatando o placar.

– Ian, foca na goleira deles! Ela está bloqueando nossas jogadas! – Gritou a Brooke apontando para o balaço que quase havia pego a Lary.

– Certo! – Concordei com a cabeça ao sobrevoar em direção à bola para rebate-la em direção a goleira da Grifinória.

Com toda a força que consegui reunir no braço, rebati o balaço sem dificuldades que rasgou pelo céu em direção à goleira que, ao avistar a jogada, realizou uma manobra usando os aros ao qual ela defendia, desviando facilmente da bola.

Não acreditei quando vi aquilo. Infelizmente esses grifinórios fazem jus ao nome deles. O nosso trabalho, como batedores, tem ficado cada vez mais difícil com essas vassouras rápidas que cada dia inventam uma nova e ainda mais veloz que a anterior.

POV Lary

O pomo parecia mais rápido do que qualquer vassoura que possa alcança-lo, o Miguel estava à minutos perseguindo aquela bolinha dourada e nada de agarra-lo! Agora, com a grifinória no caminho, ficou mais difícil, então, tive de fazer alguma coisa a respeito.

Deixei por um tempo minha posição no campo avisando a Angeline. Voei o mais rápido que minha vassoura conseguiu em direção aos dois que concorriam em quem ficava mais próximo ao pomo. Me aproximei dos dois e já empurrei com o ombro a garota que perdeu o controle da vassoura por alguns segundo ficando atrás.

– Isso é trapaça! – Gritou a grifinória recuperando o controle da vassoura e voltando ao percurso do pomo.

O Miguel estava quase alcançando o pomo e ela ia interromper nosso momento de novo, eu tinha de fazer alguma coisa novamente. Voltei a ficar ao seu lado sobrevoando por cima das arquibancadas. Ela me empurrava e eu revidava da mesma forma. Com o Miguel na nossa frente, quase alcançando o pomo, a vitória já está garantida.

Até que senti uma dor enorme na barriga quando ela me deu uma cotovelada, tirei minhas mãos da vassoura para tentar conter a dor, mas acabei perdendo o controle da vassoura e rodopiei no ar.

– Sai do meu caminho! – Ela gritou ao continuar seu trajeto em direção ao Miguel e o pomo me deixando para trás tentando recuperar o controle da vassoura.

Depois que a dor em meu tórax amenizou, consegui recuperar o controle de novo da minha vassoura. Enfebreci de raiva. Avistei os dois apanhadores com o braço esticado concomitantemente para tentar agarrar o pomo, estávamos prestes a terminar o jogo, mas não sabia se Miguel conseguiria passar pela experiente grifinória. Não tive dúvida, sobrevoei em encontro à aquela May, ah, mas ela terá o que merece!

POV Kimberly

De repente, enquanto sobrevoava em encontro à goles, um grito ensurdecedor interrompeu a atenção de todos, espectadores e jogadores. A goles, que sempre fica no ar, de mão em mão, despencou ao chão sem ninguém perceber. Todos estavam atentos ao que havia acontecido ou, pelo menos, tentando identificar o advento.

Tudo aconteceu tão rápido que ninguém soube o que aconteceu ao certo. Escutei apenas um grito de dor e uma nuvem de poeira se formando ao chão, alguém havia caído da vassoura ou algo assim. Quando me virei ao incidente, assim como os outros, esperamos apenas a cortina de poeira se dissipar. Estranhamente, a May estava pairada em cima da nuvem de poeira e terra, como eu estava um pouco à sua frente pude ver seu olhar de espanto, como se tivesse voltado no tempo e visto Você-Sabe-Quem.

– Não pode ser! LARY!!! – Ouvi o grito de um jogador da Sonserina, mas não reconheci a voz.

Esse jogador voou em direção à May, seu olhar de ódio já demonstrava o que iria se suceder caso alcança-se a garota. Eu fiquei horrorizada. Dois jogadores da Sonserina, que também não sei o nome, estavam próximos e puderam pará-lo a tempo, jogando-se em sua frente forçando-o a interromper o trajeto.

Quando a nuvem de poeira se dissipou pudemos, finalmente, enxergar o que havia acontecido e todos ficamos boquiabertos. A jogadora da Sonserina, Lary, estava caída no chão, sua vassoura quebrada, e um pequena poça de sangue estava próxima à seu corpo.

– PAREM O JOGO!!! Alguém se feriu! Examinadores, chamem a equipe médica, rápido!

O grito da professora, ampliado pelo feitiço Sonorus, pôde ser ouvido por todos, tantos os jogadores quanto os que assistiam a partida. Com a varinha apontada ao seu pescoço, ouvimos atentamente suas instruções:

– Todos os jogadores saiam do campo um de cada vez! Os demais espectadores podem se dirigir às saídas da arquibancada, o jogo de hoje acabou.

Ouvimos as vaias de algumas pessoas que assistiam ao jogo, até mesmo de alguns dos jogadores da Sonserina! Será que eles não se preocupam nem mesmo com um colega de equipe ferido? Outros que assistiam estavam indignados, outros chocados. O movimento começou naquela arena com todos se dirigindo às saídas, as vozes podiam ser ouvidas a todo instante, todos comentando o infeliz incidente.

– Mas que droga aquela May fez agora? – Escutei o comentário logo atrás de mim, pela voz, parecia ser o Ian, batedor da Sonserina, esse, todos conhecem, pelo menos tenho certeza de que metade das garotas da escola conhecem.

A May estava em choque, todos estavam descendo para o chão com suas vassouras e ela continuava no ar com o olhar vazio, admirando o nada.

– Garota, vai ficar aí em cima até quando?! Desça já! – Berrou a professora se esgoelando por não usar o feitiço.

A May pareceu despertar. Ao olhar aos outros jogadores ela desceu com a vassoura e todos nós da Grifinória, com as vassouras na mão, resolvemos nos aproximar para tentar entender o que havia acontecido.

– May!!! O que aconteceu? Vocês está bem? – Disse a Hanna, a primeira a se aproximar colocando a mão em seu ombro.

– E-eu não sei... Está tudo confuso... Uma hora ela estava me empurrando e na outra... Já tinha acontecido.

Havíamos feito uma roda em torno da May. Todos com seus olhares preocupados, somos um time, quando um está passando por problemas, todos apoiam e agora não seria diferente.

– Saiam da frente!!! – Ouvimos a professora e abrimos a roda para que ela pudesse entrar. – Vamos garota, você terá um longo encontro com o diretor em sua sala.

A professora agarrou ao braço de May e saiu arrastando-a pelo campo mesmo ela estando naquele estado, totalmente em choque.

– Alguém encontre o Matthew! Ele vai saber o que fazer. – Pronunciei lembrando de seu irmão que já a ajudou a sair de vários enrascadas como esta.

– Mas será que alguém pode me dizer o que aconteceu realmente?! – Desabafou Hanna incrédula com a situação.

POV Cristiana

A May parecia descontrolada, claro que a Lary havia a provocado, mas aquilo foi demais. Esbarrar em outros jogadores para tira-los de perto das bolas é normal, mas há limites para isso. Acho que fui umas das únicas que estavam prestando atenção no pomo e no que se sucedeu em uma tragédia, mas eu não poderia revelar ao certo o que realmente havia acontecido. A May estaria em apuros!

A vassoura da jogadora da Sonserina, partida ao meio, estava espalhada no chão da arena, um pedaço de um lado do campo e outro pedaço, a parte da ponta da vassoura, estava próximo à Lary, caída no chão, desacordada.

– Os demais do time da Sonserina recolham os destroços da Vassoura da garota desmaiada, a equipe médica já está para chegar! – Ouvimos a professora proferir ao ser cercada pelos integrantes do time da Sonserina enquanto arrastava a May para a saída do campo.

– Vamos, gente! Vamos com a professora! Vai saber o que vão fazer com a May. – Disse Hanna em defesa da amiga.

– É, vamos lá!!! – Concordou Kimberly.

Todos nós corremos em direção a professora segurando nossas vassouras. Não faço ideia do que fazer, será que eu conto a todos? Mas parece que um jogador da Sonserina também viu o que aconteceu. Será que a professora sabe?!

POV Brooke Steaford

– Ninguém encosta nela! – Gritei ao ver os outros agachando ao lado da Lary para tentar acordá-la.

– Ela está perdendo muito sangue, temos de estancar. – Disse Ian agachado ao seu lado segurando um pano no ferimento de sua testa que não havia parado de escorrer sangue.

– Foi uma queda feia. – Observou Angeline segurando a vassoura com tanta força que podíamos ouvir suas unhas raspando na madeira.

– Espero que ela esteja bem. – Disse Miguel que parecia assustado.

– É tudo culpa daquela idiota da Grifinória! – Retrucou Ian, impaciente como sempre.

– Você viu o que aconteceu com ela? – Perguntei.

– A insuportável da grifinória deu um chute na vassoura da Lary enquanto ela voava a partindo no meio!!! – Gritou Antony, nosso capitão. – Se vocês não tivessem me impedido, teria matado aquela menina!

Todos nós estávamos impacientes. Ficamos furiosos com a situação. Se depender de mim, ela será expulsa sem dúvida alguma! Onde já se viu uma coisa dessas? Sabia que um dia esses alunos da grifinória iriam mostrar as garras.

Ficamos naquela tensão até que Madame Jullians apareceu na entrada da arena acompanhada de dois de seus assistentes que seguravam uma maca. Felizmente haviam feito uma enfermaria para emergências próxima à arena para casos como este, mesmo estando afoita, não precisaríamos leva-la até o castelo.

– Coloquem-na na maca! – Gritou Madame Jullians para seus assistentes.

Lary foi colocada na maca e Jullians tirou do jaleco uma poção esverdeada, parecia estar no frasco há anos, de tão empoeirado. Ela sacou a rolha e pingou algumas gostas em seus ferimentos superficiais, principalmente o da testa, que cicatrizou instantes depois deixando uma leve cicatriz. Fiquei sem saber o que fazer, assim como os outros que também observavam receosos. Ela abaixou-se e mediu seus batimentos cardíacos.

– Anda, velha! Fala logo!!! – Gritou Antony enfurecido com a demora.

– Pelo que estou vendo terei de leva-la ao St. Mungus!

– É tão grave assim? – Perguntei receosa.

– Não posso dizer ao certo, mas eles irão saber proceder melhor do que eu. Mas primeiro iremos leva-la ao diretor Neville, ele irá decidir o que fazer.

“Parece que o diretor vai ter um dia daqueles...” Pensei enquanto seguíamos a Lary sendo carregada pelos assistentes da velha enfermeira. Aquele jogo, tão divertido e competitivo, ao meu ver, havia se tornado um verdadeiro pesadelo.

POV Angeline

No dia seguinte após aquela tragédia, a escola estava de cabeça para baixo. A Madame Jullians, com a autorização do diretor, teve de encaminhar a Lary ao St. Mungus, e o resultado não foi nada animador, assim como a garota da Grifinória que não foi vista desde que adentrou na sala do diretor na tarde de ontem. Seus pais estavam desde cedo na tão temida sala. Todos na escola só falavam disso.

Certamente aquele foi um jogo terrível. Nunca iriamos esperar que a Lary estaria naquela situação e, além disso, ninguém imaginou que aquela menina da Grifínória tivesse tido um comportamento daqueles. Eu sempre soube que estes grifinórios seriam capazes de tudo, mas isso... É demais.

O dia de ontem foi repleto de emoções, a maioria desanimadoras, mas agora, aqui na enfermaria, o clima está repleto, apenas, de lamentações. Quando o diagnóstico da Lary foi apresentado, depois de ter chego do St. Mungus hoje de manhã, como sendo coma, não acreditamos de início. Alguns de nós choramos, outros ficaram enfurecidos...

Seus pais iriam chegar a qualquer momento de viagem. Nem imaginamos como será ao saberem da notícia que só pode ser dada pessoalmente. Será um verdadeiro filme de terror. Imagina como deve ser ouvir que sua filha entrou em coma durante um acidente em um jogo de Quadribol?

Já fazia horas que todos nós do time da Sonserina estávamos em roda envolta da cama da Lary, e nem víamos o tempo passar. Ninguém dizia uma palavra. Ás vezes alguém compartilhava algo conosco, mas, em seguida, o silencio voltava a reinar.

Aquela garota da Grifinória vai pagar por isso.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não deixem de comentar! E desculpem pela demora, espero ter compensado pelo capítulo.
Até mais.