A carta escrita por magalud
O Grande Salão estava todo enfeitado e iluminado para o banquete de começo de um novo ano. Os alunos do primeiro ano já tinham sido sorteados em suas casas e o Prof. Dumbledore se ergueu, pedindo a atenção de todos ao final do banquete:
– Bem-vindos a Hogwarts! Antes de começar o novo ano, gostaria de dizer a vocês que esse nosso banquete foi especial em comemoração ao fim de uma etapa horrível no mundo bruxo. A derrota de Voldemort deverá ser comemorada de várias formas ao longo do ano, incluindo a vinda de times de quadribol profissionais para partidas de demonstração aqui na escola. Houve participação de professores e alunos de Hogwarts na batalha final, como vocês já devem saber, mas eu pediria aos mais curiosos que refreassem seus impulsos de perguntar os envolvidos, pois nem mesmo o Profeta Diário conseguiu esse depoimento.
Rony disse aos colegas mais próximos:
– Isso porque Dumbledore não deixou nenhum repórter entrar em Hogwarts para entrevistar Harry.
Dino Thomas indagou:
– Harry, por que você ficou em Hogwarts no verão? Seus parentes não são trouxas?
– Foi para fugir dos repórteres? – quis saber Simas Finnegan.
Harry sorriu e disse:
– Bom, na verdade, foi para passar mais tempo com meu pai.
Os colegas mais próximos ficaram olhando, chocados, para o Menino-Que-Matou-Voldemort. Rony quis saber:
– Falando nele, ele se recuperou bem dos ferimentos de batalha?
– Oh, sim – respondeu Harry – Ficou em St. Mungo's só dois dias, mas teve que ficar de cama quase uma semana. O mau humor dele estava muito além de tudo que eu já vi.
Os alunos continuavam todos boquiabertos, achando claramente que Harry é quem deveria ir para St; Mungo's.
– Mas Harry – tentou dizer Simas – Seu pai... ele morreu, Harry.
– Não, Simas, quem morreu foi um homem chamado Tiago Potter, que era casado com minha mãe – As pessoas mais próximas já olhavam abertamente – Meu verdadeiro pai é o Prof. Snape.
– Snape?! Desde quando?
Harry ia responder mas foi interrompido por Neville, muito pálido, que quis saber:
– Harry, diz que isso não é verdade! Não pode ser verdade!
Os cochichos começaram a tomar conta da mesa da Grifinória, bem como alguns gritos indignados de Gina, que começou a bater com as costas da mão no irmão mais velho:
– Como você não me contou isso? Desde quando você sabe?
– Desculpe, Gina, mas Harry queria manter em segredo.
– Eu sou sua irmã! Por isso todo mundo vivia cochichando lá em casa! Todo mundo sabia, menos eu!
Harry teve que contar aos colegas de casa a verdade sobre sua família, e toda a mesa comentou o assunto, que agora começava a se espalhar para as outras mesas. Hermione ficou confusa:
– Mas você não queria segredo?
– O segredo era por causa de Voldemort. Agora que ele morreu, não tem mais sentido esconder isso.
Naquele momento, o banquete se encerrou. Os monitores conduziam os alunos rumo às suas casas, e o burburinho era visível pelos corredores da escola.
Contudo, pouco antes de chegar às escadas que levavam à Torre de Grifinória, uma voz majestosa se ouviu:
– Potter, um minuto, por favor.
Ao ver Snape ali, vários grifinórios começaram a cochichar ao subir as escadas. Harry ficou para trás, parado ao lado do pai. Quando os alunos finalmente saíram do alcance, Snape quis saber:
– E então?
Harry sorriu:
– Eu contei para duas pessoas, e a escola inteira já sabe. Amanhã de manhã a correspondência já deve estar chegando sobre o assunto.
– Excelente. O Feitiço da Paternidade será revelado amanhã. Todos vão saber ao mesmo tempo. Não ficaria impressionado se o Profeta Diário tentasse sair com uma edição extra. Felizmente em Hogwarts estamos a salvo dos repórteres.
– E a vovó? Eles não vão importuná-la?
Snape deu um risinho:
– Se algum repórter conseguir chegar perto dela, vai ter sorte se souber o que o atingiu quando ela terminar com ele.
Harry teve que rir, porque era verdade.
– Não se engane – disse seu pai – Ela está contando com uma visita nossa no primeiro fim de semana de Hogsmeade.
– Mas é só daqui a dois meses.
– Antes disso, ela pretende vir à escola para assistir ao primeiro jogo de quadribol. Será daqui a um mês.
– Sério?
– Ela me pediu para confirmar a data assim que possível. E por falar nisso, é uma surpresa. Sinta-se surpreendido quando ela vier.
– Certo. Vou deixar isso de fora quando escrever para ela.
– Muito bom – disse Snape – Entendo que não possamos nos ver tanto quanto no verão, mas me deixe a par de como você vai indo.
– Tudo bem. Eu não vou sumir, pai.
Snape deu um raro sorriso. Desde que Harry derrotara Voldemort, ele passara a chamá-lo de pai – e aquilo tivera um impacto que Snape jamais tinha sonhado. Durante alguns dias ele localizara o espelho de Ojesed dentro da escola, e a imagem do espelho trouxera uma família completa: Snape vira a si mesmo, Lílian e Harry, com cerca de três anos, no colo; em outra ocasião, ele vira Harry com cerca de seis anos, abraçado a si, sorrindo. Ele gostaria de ter podido acompanhar o crescimento de seu filho, de ouvi-lo chamá-lo de papai desde pequenininho.
Mas ele não reclamava que seu filho fosse um rapaz de 17 anos, salvador do mundo bruxo e agora o chamava de pai com naturalidade.
– É melhor você subir agora – disse o Mestre de Poções – Seus amigos vão ficar curiosos.
– Está bem. Boa noite, pai.
– Boa noite, filho.
Snape observou Harry acelerar o passo para subir na escada antes que ela resolvesse se mexer. O ano letivo que começava seria um dos mais marcantes da vida do diretor de Sonserina, tanto quanto para Harry. Os dois ainda tinham muito que se acertar e se adaptar, mas entre eles havia uma imensa vontade de fazer com que aquilo desse certo. Em menos de três meses, Snape vira sua vida mudar completamente: antes amargo e solitário, ele tinha se reencontrado com a própria mãe graças a um filho que sequer sabia que existia – e agora ele tinha uma família. Harry também, e Merlin sabia que o menino queria e precisava de uma família. Só a carência de Harry por pais de verdade explicava a rapidez com que ele tinha aceitado seu odiado Professor de Poções como pai.
E isso ele era, e seria dali para frente, para valer.
Vendo-se sozinho no corredor, Snape tratou de voltar para as masmorras, a fim de descansar para enfrentar seus alunos cabeças-ocas de manhã.
De alguma outra realidade, Lílian Potter acompanhou-o com os olhos e sorriu, satisfeita.
THE END
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!