“Amanhã eu começarei.”

A partir de segunda, mês que vem, no próximo ano...

Quantas promessas não passaram disso?

Você define o começo de algo como se decidisse a cor dos sapatos. Promete o início, marca a data, respira a expectativa e no dia determinado os céus conspiram, o trânsito atrapalha, a preguiça não deixa, ou simplesmente é deixado para o dia seguinte. Inúmeras são as justificativas do não começar.

O quanto se engana ao fazer isso? Não digo que pontos de partida são ruins, mas quantas vezes eles foram respeitados?

A questão é se a marca do início lhe serve de incentivo ou desculpa. Como nas vezes que se propõe a fazer e não faz. Então você passa a mão em sua própria cabeça, pois, pelo menos, intentou realizar. E protelar se torna um costume, enraíza-se em seu corpo sufocando as atitudes e mal é percebido. Abriga-se o erro da inércia ou morosidade deixando que tome conta dos pensamentos e atos que impulsionam ao objetivo.

O fato é que não existe essa necessidade estranha de pontuar começos. Porque mais importante que definir a data do pontapé inicial, é transformar a si mesmo. Se a vontade estiver correndo pelas veias não há hora, dia, mês ou ano... Há o agora! Todo momento é um momento propício para mudanças, e elas devem vir primeiro do lugar mais importante do mundo: dentro de você mesmo.

O tempo é um fluxo sem fim em direção a eternidade. Não possui blocos ou partes, é indivisível, pois é um só. Seus rios e mares têm a mesma importância que suas gotas. E você comanda o barco que navega no tempo. Não se deve esperar passar da próxima pedra, esperar diminuir a correnteza. Por que marcar no calendário o que pode ser feito nesse instante?

Não é fácil fugir do costume, mas a teimosia é uma boa aliada, de tentar em tentar é que se chega ao destino.