Em um final de tarde, em pleno pôr do sol, nas ruínas de um templo. Aurora tinha pedido para que Shura se encontrasse com ela.

(Aurora) - Deve saber o motivo de eu ter pedido para que viesse ao meu encontro.

(Shura concordando)— Sim Nike. Tem a ver com essa caixa em suas mãos, foi aí que o guardou?

(Aurora)— Sim, e agora - (Entregando a pequena caixa) - Está sob sua proteção Shura. O que está aí é a vida de cada um deles, não deixe me hipótese alguma cair em mãos erradas. Guarde esta caixa em um local onde só você saiba onde está e não conte sobre isso para ninguém.

(Shura) - Protegerei com a minha vida.

  Aurora dá um sorrido caloroso.

(Aurora mais séria)— Só os deuses sabem o quanto que eu gostaria que as coisas não tomassem esse rumo. Mas eu fiz uma promessa a eles e manterei até o fim.

(Shura com admiração)— Apesar de serem deuses, são poucos aqueles que possuem tamanha coragem Nike. Sou um Cavaleiro de Atena, o mais leal a ela dentre os doze, mas não irei me opor caso for necessário protege-la.

(Aurora emocionada)— Muito obrigada Shura. Agora pode ir, daqui a pouco o jantar será servido.

  Shura confirmou e se retirou. Aurora foi poucos minutos, porém a caminho do local onde seria servido o jantar escutou o som que lhe parecia de um choro.

  Começou a procurar de onde ele poderia estar vindo. Até que ela encontra Shunrei sentada em um banco perto do bosque, com o rosto coberto por lágrimas.

  Aurora se aproxima.

(Aurora preocupada)— Shunrei. Você está bem? O que aconteceu?

  Shunrei ao ver Aurora, tenta enxugar as lágrimas com as costas das mãos. Porém devido a grande quantidade destas, a tentativa se mostra inútil.

(Shunrei tentando disfarçar)— Não foi nada Aurora... Eu só me emocionei um pouco.

(Aurora desconfiada)— Queira me perdoar Shunrei, mas estas lágrimas não são de uma simples emoção. Há algo angustiando-a, pode confiar em mim. O que está afligindo seu coração?

  Shunrei estava tentando resistir a contar, mas por fim disse.

(Shunrei com lágrimas nos olhos)— É o Shiryu Aurora. Estou muito preocupada com ele, há uma nova batalha se aproximando. Sei que é o dever dele, mas queria tanto que ele fosse poupado. Eu o amo muito e não gostaria de ve-lo ferido ou pior....

  Os choros retornam e Aurora só pode consola-la com um abraço. Mas juntamente ela disse.

(Aurora)— Sei que o ama e é por saber disso que estou lhe dando a minha palavra de que nada irá acontecer com Shiryu ou com os outros. Minhas asas serão seus escudos.

  Aurora ouviu quando Shunrei lhe pronunciou um sussurro que dizia ''Obrigada''. E apesar de ter ficado feliz, Aurora sentiu como se o peso daquela caixa que havia entregado a Shura começasse a pesar infinitamente mais.

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  Mais tarde naquela noite, Aurora havia combinado de se encontrar com Shaka. Ela havia chegado mais cedo ao local e resolveu espera-lo.

  Todos estavam apreensivos, a atmosfera no Santuário tinha mudado. Era de tensão, apreensão, um medo do desconhecido que se tornou inevitável. Aurora conseguia aquele ódio que era a força de Ares aumentar a cada momento. E quando se vê o poder do seu inimigo aumentar de forma incondicional... Nem mesmo os deuses conseguem manter a calma.

  Perdida em seus pensamentos, Aurora se assusta ao sentir mãos cobrindo seus olhos.

 — Consegue adivinhar quem é?

  A voz de Shaka causa uma gostosa sensação de familiarização. Ela toca nas mãos do cavaleiro e as tira de seus olhos. Em seguida se vira para ele e sorri.

(Aurora sorrindo) - Melhor do que ninguém.

  Eles troca um beijo e em seguida Shaka diz.

(Shaka)— Eu lhe trouxe isso.

  Era uma rosa branca, muito bonita e perfumada.

(Aurora)— É linda. Muito obrigada.

(Shaka colocando uma mexa do cabelo atrás de Aurora atrás de sua orelha)— Sei que você ainda muito nervosa com essa batalha. Mas vai dar tudo certo.

(Aurora)— Assim espero.

(Shaka)— Eu vou estar ao seu lado a todo momento, até o fim.

  Uma lágrima solitária escorre pelo rosto de Aurora. Shaka entrelaça as suas mãos com as dela e beija com delicadeza sua testa.

(Aurora no ouvido de Shaka) - Eu não deveria ter medo, não mais.

(Shaka)— O medo é diferente para cada um de nós. Mas ele jamais deixa de existir. Eu sempre vi em você algo diferente das demais pessoas. O medo não te afugenta, pelo contrário ele te faz ter mais coragem. E é dessa forma que deve enxergar tudo, da maneira como eu a via quando te conheci.

    Aurora concordou em silêncio e fez a única coisa que lhe traria um pouco de conforto em meio a tantas angústias. O abraçou, e assim permaneceu.

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  Cinco dias depois....

   Nas fortalezas de Ares, o deus da Guerra admirava sua própria silhueta na frente de um espelho. Trajava sua armadura completa e possuía um sorriso estampado no rosto que conseguia intimidar a qualquer um. Sendo quem era, trajar tal sorriso nunca poderia ser algo bom.

  Nesse momento a Morte entra em seus aposentos e também repara no sorriso do deus.

(Morte)— Qual o motivo para tantas alegrias?

(Ares)— Minha cara Morte, hoje é o dia que venho aguardando tão ansiosamente. Se puder olhar para o céu irá perceber que o inverno chegou e a neve cairá ao anoitecer.

  Morte havia entendido a mensagem, mas nada disse. Apenas continuou a observar,

(Ares)— E sabe o que isto me lembrou? Que não faço uma visita a uma velha amiga já faz um certo tempo. Preciso rever os meus modos.

  E então ele sai do quarto acompanhado com não apenas um sorriso, mas também com uma risada gélida.

(Morte)— Que os jogos comecem.