Interlúdio escrita por Lab Girl


Capítulo 4
Espelhos D´água


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, quero dizer à Vicky Humbelle que infelizmente não consegui responder seu comentário diretamente, por alguma estranha razão o site não me permitiu, mas quero deixar registrado que li e fiquei muito contente em saber que ama a fanfic. Aliás, fico muito contente com cada comentário que recebo, vocês não sabem o quanto são importantes pra mim e me inspiram a continuar escrevendo. Obrigada a todos que me deixam reviews aqui.

Agora, retomando a história, vamos para o 4o capítulo. Indicação de música no ponto azul do texto (lembrem-se de abrir numa nova aba ou janela para não saírem da fanfic). Espero que gostem, pois estou adorando escrever isto aqui. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630420/chapter/4

Davi correu para o lado dela assim que a viu começar a cair.

Ernesto se assustou. “Meu Deus, Megan!”

Os braços de Davi a ampararam a tempo e ele sentiu o corpo mole e quente da garota cair sobre eles. Ela estava desmaiada.

“Megan!” tentou chamá-la, sem sucesso.

“Deita ela aqui, Davi” Ernesto correu até o sofá e empurrou as almofadas para um lado.

Davi a carregou nos braços, deitando-a sobre a superfície macia, ajeitando a cabeça loira com cuidado sobre as almofadas.

Ernesto anunciou, “Vou pegar um frasco de álcool.”

“Vai logo” Davi concordou, sem tirar os olhos de Megan.

Enquanto o amigo saiu a procura do álcool, Davi acariciou o rosto pálido da garota inconsciente. E, só então, percebeu como seu coração estava acelerado. Por sorte, ele tinha sido mais rápido e ela não tinha caído no chão e se machucado. Não era normal um desmaio repentino assim. O que estaria acontecendo com ela?

“Megan, Megan…” ele suspirou sob a respiração, a mão direita afastando gentilmente uma porção de fios loiros do rosto bonito.

Não se passaram nem cinco minutos quando Ernesto voltou, ofegante, com um frasco de álcool na mão. “Aqui!”

“Me dá aqui” Davi pediu, pegando o frasco e girando a tampa para abri-la.

Levando o produto para perto do rosto dela, passou o frasco aberto embaixo do nariz delicado. Em poucos segundos ela reagiu, mexendo a cabeça e abrindo os olhos devagar.

“Megan” ele suspirou aliviado ao ver que ela olhava para ele.

“Davi… o que-o que aconteceu?”

“Você se sentiu mal, desmaiou de repente” ele explicou, estendendo o braço para devolver o álcool a Ernesto, que pegou o frasco e recolou a tampa.

“É, Megan, você deu um susto na gente. Tá se sentindo melhor?”

Ela piscou algumas vezes, só então parecendo se dar conta do que tinha se passado.

“Oh God!” ela gemeu baixinho, começando a levantar o corpo do sofá.

As mãos de Davi, porém, a impediram, fazendo-a manter-se deitada contra as almofadas. “Fica calma, não se mexe agora que pode ser pior. Você ainda tá fraca, dá pra ver pela sua cara.”

“É, você tá muito pálida, Meguinha” Ernesto falou, preocupado, as mãos apertando o frasco de álcool contra o peito.

Ela suspirou, fechou os olhos por um instante e levou a mão à cabeça. “Eu preciso ir.”

“Ir pra onde? Tá maluca?” Davi a repreendeu. “Você acabou de desmaiar, tá visivelmente fraca, não vai a lugar nenhum. Vai ficar deitadinha aqui neste sofá até melhorar.”

“Eu não tenho nada, eu já estou bem” ela abriu os olhos, insistindo.

“Será que não foi uma queda de pressão?” Ernesto sugeriu.

Megan, então, olhou para o amigo e, vendo nele sua salvação, concordou com o diagnóstico. “Yeah… é, deve ter sido isso mesmo.”

Davi lançou um olhar ainda preocupado a ela. “Mesmo assim, vamos esperar a sua cor voltar. E é bom dar um pulo na farmácia da outra esquina pra ver isso.”

“Não precisa, eu já estou melhor mesmo” ela disse rapidamente, sentando-se no sofá, “Viu só?”

Desta vez Davi não conseguiu impedi-la. Ela era bem teimosa quando queria. Balançando a cabeça, ele sorriu sem querer.

“Eu já vou pra casa, guys” ela anunciou, começando a se erguer do sofá para ficar de pé.

Mas Davi conseguiu retê-la segurando-a pelos ombros. “Ei, vai com calma. Você não pode sair dirigindo desse jeito. E se sentir mal outra vez e no volante? De jeito nenhum. Eu posso te levar pra casa, depois eu volto de táxi.”

No!” ela se apressou em recusar, causando estranheza nos outros dois. Percebendo isso, tratou de emendar. “Não, você e Ernesto tem trabalho pra fazer aqui, isso ia tomar muito tempo. O caminho de ida e volta é longo demais.”

Davi estava decidido a não deixá-la dirigir de qualquer forma. “Sendo assim, é melhor ficar e eu te levo ali na farmácia pra medir a pressão.”

“Não precisa! Eu vou pra casa e chegando lá prometo que chamo o médico particular da família, okay? E quanto a dirigir, eu já estou bem e…” ela começou a protestar, sendo interrompida por Ernesto.

“Por que não liga pro Edmilson vir te buscar?”

Ela virou o rosto na direção de Ernesto, “Ele não está disponível, foi levar a mom a um evento da Parker TV em Niterói e não vai ficar livre antes da noite.”

Ernesto levou a mão ao queixo, pensando por um instante. “A gente pode pedir um táxi pra você. Tem um ponto na outra rua, é perto daqui. Os motoristas são conhecidos e autorizados. Se um deles estiver livre agora pode ter levar pra casa.”

Davi se voltou para o sócio e amigo. “Cê podia ver isso pra gente, então?”

“Claro” Ernesto começou a sacar o celular do bolso. “Vou chamar aqui, só um minutinho.”

Enquanto procurava o número na agenda, ele percebeu o olhar de Davi, sugestivamente indicando o lado de fora. Entendendo rapidamente o que o amigo queria dizer, Ernesto arqueou as sobrancelhas.

“Ah, eu acabo de ver aqui que não tenho o número registrado. Vou dar um pulinho ali fora pra ver se alguém aqui da rua sabe pra me passar. Já volto.”

Com isso, ele deixou Megan e Davi a sós. Ela não percebeu nada, estava com a cabeça ainda zonza e preocupada com o que tinha acabado de acontecer. Só pensava em sair dali o quanto antes. Sabia que não tinha como desconfiarem do verdadeiro motivo por trás do seu desmaio, mas não queria despertar nenhum tipo de suspeita. Ainda não estava preparada para contar, ainda não era o momento. Não assim, não ali…

“Você tem se alimentado bem?”

A pergunta de Davi a arrancou dos pensamentos e fez com que olhasse para ele.

Of course. Sim, tá tudo bem, foi só uma queda de pressão mesmo.”

“Isso não é normal. Se aconteceu, tem algum motivo” Davi insistiu.

“Eu ando um pouco nervosa, agitada, ultimamente. Pode ser isso” Megan tentou soar convincente.

“Não sei, não. Seria bom você fazer uma consulta.”

“Eu farei” ela deu um sorriso amarelo.

“Você me deu um susto. Fiquei mesmo preocupado com você” ele disse, olhando diretamente nos olhos dela.

Megan sentiu um nó na garganta e um calorzinho no peito. Ele estava sendo tão gentil com ela desde que entrou ali, aparecendo de surpresa. E, tinha de confessar a si mesma, ser alvo da preocupação de Davi mexia com ela. Ainda não estava imune àqueles olhos escuros feito chocolate quente, e achava que nunca ficaria. Será que o bebê teria os mesmos olhos? Ao perceber o que estava pensando, Megan sentiu o rosto queimar e desviou o olhar.

“O que foi?” a mão de Davi tocou delicadamente o queixo dela, levantando o rosto bonito para encará-lo de novo.

Ela hesitou, mas não resistiu a encará-lo. “Nada.”

“Você tá diferente. Até meio estranha, não sei…”

M-me? Eu?” ela gaguejou. “Por quê? Não, é impressão sua.”

“Não sei. Tem alguma coisa diferente em você, depois que desmaiou parece que tá evitando olhar na minha cara.”

Of course not, não, o que é isso, Davi?” ela balançou a cabeça de leve, rindo, sem graça, e tentando a todo custo seguir olhando para ele.

Davi ainda manteve os olhos sobre ela por mais alguns instantes, como se a estudasse… Megan sentiu um breve frio na barriga. Abriu os lábios secos e os umedeceu com a ponta da língua, tentando reunir coragem para contar a verdade…

“Consegui. Já chamei o táxi, ele já tá chegando aqui” Ernesto tornou a entrar, anunciando e rompendo o momento.

Davi deixou a mão que tocava o queixo de Megan cair, ela, por sua vez, suspirou sem saber se de alívio ou frustração.

Ela virou o rosto na direção de Ernesto. “Thanks. Eu já vou indo, então.”

Davi levantou junto com ela do sofá e os dois caminharam até a porta, unindo-se a Ernesto.

“Obrigada, boys. Vou pedir ao Edmilson pra pegar o meu carro aqui mais tarde. A gente se vê depois” ela disse, avistando o táxi parando ali perto.

Com um beijo no rosto de Ernesto, ela se despediu. Em seguida, olhou para Davi, que meneou a cabeça na direção do carro já estacionado.

“Eu posso acompanhar você até sua casa” ele ofereceu, gentil.

“Não precisa, thanks. Eu já tô melhor, de verdade” ela ajeitou a alça da bolsa no ombro. “Bye” e, ficando na ponta dos pés - ela estava de sapatilhas - beijou o rosto dele.

Davi sentiu o ponto que os lábios dela tocaram mais quente que o resto do rosto. Sorriu sem perceber enquanto suas mãos se recolhiam aos bolsos da calça, olhando-a partir.

Megan aceitou a gentileza do motorista que abriu a porta de trás para que ela entrasse no carro. Agradeceu e, antes de abaixar-se para se sentar, ainda deu uma última olhada para Ernesto e Davi, parados na porta da sede da Brazuca. Em outros tempos, meses atrás, ela teria aceitado prontamente a oferta de Davi para acompanhá-la até em casa ou mesmo para levá-la dirigindo seu carro. Aliás, teria sido ela a pedir isso, provavelmente. Mas a situação agora era bem outra, sua vida tinha mudado muito desde então. Entrando, finalmente, no veículo, ela suspirou e, quando o táxi manobrou para deixar a rua, olhou pelo retrovisor, vendo a figura de Davi ainda parada no mesmo lugar, acompanhando sua partida.

~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!