Interlúdio escrita por Lab Girl


Capítulo 1
Deve Ter Sido Amor


Notas iniciais do capítulo

Bem, esta vai ser meio diferente das minhas fics Megavi anteriores. Ou talvez nem tanto. Enfim, a vibe aqui é um pouco outra (eu acho), quero explorar um lado um pouco mais sério de Megan e Davi, mais dramático, vamos ver se eu consigo.A ideia inicial era simplesmente bolar um final alternativo ao que vimos na novela. Mas daí pensei que eu não queria trabalhar com alguns elementos (tipo o lance do Artur e a aproximação dele com a Megan); quanto a nerdestina, a princípio iria exclui-la da face da terra e nem citar mas pensei bem e achei que o Davi merecia um choque de realidade na fuça, portanto, ela fará uma participação especial nesta fanfic, mas não se preocupem, eu jamais daria mais espaço que o necessário a essa mala sem alça, para isso já tivemos a novela! Então, quem quiser se arriscar e acompanhar mais esta sandice desta autora que vos escreve, seja muito bem vindo, puxe a cadeira, pegue o balde de pipoca, uma caixinha de lenço e o refri, aperte os cintos e boa leitura! Música recomendada para o capítulo "It Must Have Been Love" versão Walking on Sunshine: https://www.youtube.com/watch?v=jsG7YWLzI5U



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Interlúdio. Intervalo, pausa. Trecho musical entre dois atos, duas cenas, numa peça dramática.

~

As palavras estão muito ditas

e o mundo muito pensado.

Fico ao teu lado.



Não me digas que há futuro

nem passado.

Deixa o presente — claro muro

sem coisas escritas.

Cecília Meireles

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

~ ~ ~ ~

Ela olhou novamente para o teste, surpreendida. A linha cor de rosa parecia uma sentença e não queria acreditar.

Semanas atrás, quando tudo começou, ela mal podia imaginar uma cena dessas. Tanta coisa tinha acontecido, sua cabeça e sua vida estavam tão confusas, que a hipótese jamais teria cruzado sua mente.

Depois da história da cegueira temporária, de Davi ter descoberto sobre a sua mentira branca e terminar tudo, logo em seguida veio a bomba: ele era filho de Jonas Marra. Filho biológico perdido.

Ela tinha visto sua família se destroçar, seu amor ir embora e suas ilusões ruírem, tudo num curtíssimo período. Nem houve tempo para assimilar uma perda atrás da outra.

E, em meio a tudo isso, achou normal se sentir mal. Fraca. Zonza. Cansada.

Foi só quando Pamela insistiu para que procurasse um médico que um pequeno alarme soou no fundo de sua consciência. E ela fez os cálculos. E comprou um teste de farmácia.

Agora, olhando para o resultado sobre a bancada da pia, ela escutava a própria respiração ecoar em seus ouvidos.

Grávida.

Megan Lily estava grávida de Davi Reis.



~

Um Mês Depois…

~

Davi retirou os óculos de grau e olhou para a foto sobre a mesa. Ele e seus “pais”. Ou os que ele sempre acreditou serem seus pais.

Afastando a cadeira para trás, ele se ergueu, dando alguns passos pela velha garagem que servia de quarto. Nada tinha mudado substancialmente em sua vida desde que recebera a notícia de quem eram seus verdadeiros pais. Sandra e Jonas. Ninguém menos do que Jonas Marra. O sujeito que tinha se convertido quase numa espécie de inimigo. Era seu pai.

Suspirando, Davi se apoiou contra a parede. Como a vida tinha dado voltas em tão pouco tempo. Apesar da revelação inesperada de que tinha sido adotado, de que suas verdadeiras origens encontravam-se bem distantes da Gambiarra, nada tinha realmente mudado desde então.

Ele continuava Davi Reis. Jonas continuava Marra. E cada um cuidando de sua vida. O sujeito até havia tentado uma aproximação, mas o máximo que Davi conseguiu foi ser um pouco mais cortês com ele nas poucas vezes em que ele apareceu na Plugar para visitá-lo.

Não podia enganar a ninguém. Jonas não viraria seu “papai” da noite para o dia, e nenhum dos dois queria isso. O que o ex-magnata tecnológico queria, ao que tudo indicava, era apenas poder aproximar-se sem ser repelido. Conversar de vez em quando. Tentar sair da antiga zona de desconforto para se tornar, quem sabe, um amigo. E isso Davi não negaria a ele.

Desgrudando da parede, andou até a porta aberta e observou o movimento lá fora. Pessoas indo e vindo pela rua. Crianças correndo. Uma bicicleta e algum ou outro carro passando. A vida continuava. Não havia dúvida.

Voltando-se para o interior da garagem, Davi contemplou retornar ao serviço. Precisava terminar algumas atualizações que pretendia implantar em breve no Júnior. Sentando-se novamente atrás da mesa de trabalho, suspirou e recolocou os óculos.

Sonhei que a gente tinha um filho e adivinha como ele chamava? Júnior!

A lembrança inoportuna veio tão de repente que ele balançou a cabeça, rindo sozinho e tratando de afastá-la. Clicou no mousepad do notebook, retomando o conteúdo anterior da tela.

A imagem de Megan, porém, o assaltou novamente quando, procurando por alguns arquivos antigos a fim de acessar um resumo de ideias para a atualização do seu sistema operacional, deu de cara com uma pasta que nem se lembrava de ter aberto um dia.

Megavi.

Ela tinha nomeado assim. Com o dedo hesitante sobre o mouse, Davi piscou, encarando a tela como se pudesse queimá-lo a menor aproximação. Algo inexplicável, porém, o venceu. Clicou sobre o ícone, abrindo a pasta.

Algumas fotos tiradas meses atrás. Ele correu o cursor do mouse sobre elas, vendo rapidamente que se tratavam de fotografias na casa dela, algumas tinham Ernesto e outras o pessoal da Gambiarra que havia sido convidado para um churrasco na Mansão Marra certa vez. A maioria, porém, eram fotos apenas dos dois. Ele e Megan. Juntos. Sorrindo. A grande maioria, selfies. E, claro, a maioria tiradas por ela. Mas, em meio às imagens, seus olhos detectaram uma especial. Ele mesmo havia tirado com o celular. Sem pensar, clicou sobre a miniatura para abri-la.

Eles estavam deitados em seu sofá/cama, olhando para cima e sorrindo. Sorrisos abertos e inegavelmente felizes. Tinha batido a foto numa tarde qualquer que passaram juntos.

Passeando o mouse pelas demais fotos, abriu outra que lhe chamou a atenção. Seus olhos se apertaram com o sorriso que, sem querer, tomou conta de seu rosto. Eram os dois na piscina da casa dela. Se beijando. Pareciam tão felizes na imagem… ele próprio nem conseguia se lembrar da última vez em que tinha parecido tão feliz. Chegava a ser estranho se ver tão leve, tão solto. Simplesmente tão… apaixonado. Não sabia quem havia tirado a foto, mas com certeza tinha sido algum dos amigos presentes naquela festa que ela deu para o pessoal da Gambiarra na Mansão Marra.

Afastando os olhos da imagem, seu corpo recuou contra o encosto da cadeira enquanto a mente chegava a uma constatação. Apaixonado. Nunca tinha se visto tão… apaixonado. Sim, essa era a palavra.

O ar lhe escapou dos pulmões lentamente. Por quê? Por que agora e não antes? Nunca se deu conta de que estava realmente apaixonado por ela. Voltando a olhar para a foto aberta na tela do computador, sentiu uma fisgada no peito.

Ela tinha mentido para ele. Tinha escondido que havia recuperado a visão só para mantê-lo ao lado dela. Ele não foi capaz de perdoar isso. E foi precisamente por essa razão que tudo chegou ao fim. Não foi? Pela quebra de confiança, pela mentira. Mas… se já pensava em terminar com ela antes do maldito acidente de carro, se chegou a se convencer de que continuaria com Megan apenas para não machucá-la por conta da suposta cegueira até que pudesse finalmente pôr um fim a tudo e ser feliz com a mulher que amava de verdade, por que tinha doído tanto descobrir que tinha sido enganado por ela?

Pensando às claras agora, aquela tinha sido a chance perfeita para o que já tinha pensado em fazer: terminar com Megan e reatar com Manuela. Mas não foi assim. Sentiu raiva. Mágoa. Se sentiu traído ao saber da mentira de Megan. E mesmo depois de terminar com ela e reatar com a antiga namorada, ainda se sentiu traído e magoado por um bom tempo. Somente agora a ferida parecia estar cicatrizando.

“Que droga!” sussurrou embaixo de um suspiro, apertando as mãos sobre a cabeça.

Nunca antes tinha parado para analisar seus próprios sentimentos. Apenas enterrou-se no trabalho, mergulhou no projeto da Brazuca para esquecer tudo: Jonas, Megan, a mentira da cegueira… e acabou por esquecer de si mesmo.

Erguendo a cabeça, retirou os óculos e os jogou de qualquer jeito sobre a mesa. A foto aberta no computador pareceu espiá-lo, desafiando-o a fazer alguma coisa agora que finalmente tinha se dado conta da realidade. Ele estava com Manuela, mas não conseguia esquecer Megan.




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