Experimento Vermelho Sangue escrita por Bolinha Roxxa


Capítulo 2
Octávio


Notas iniciais do capítulo

OIIIIIIIIIII, pessoal.
Estou aqui com este capítulo em mãos para lhes introduzir a três pessoas que são realmente importantes no meu coração; Alfie, Kaila e Octávio. Os três irmãos sofreram o Experimento Vermelho Sangue, e este será o início da história deles.
Queria agradecer ao Optimus, que comentou, você é demais ;) O comentário me animou muito.
Bom, espero que gostem e comentem :))



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A água do chuveiro batia em suas costas musculosas de uma maneira forte. O vapor que havia dentro do banheiro já havia feito o espelho da pia embaçar, porém o garoto de dezoito anos não se atrevia a sair debaixo do seu velho e bom chuveiro. Seus olhos azuis estavam fechados enquanto sentia a água quente escorrer por seu corpo. Ele passou os dedos por seu cabelo e suspirou intensamente. Quando abriu os olhos, fitou sua mão de maneira inexpressível. Vários fios de cabelos castanhos se faziam presentes em sua palma. Já fazia alguns dias que seu cabelo havia começado a cair, e Octávio não fazia ideia do que poderia ser.

Os fios desceram ralo a baixo enquanto o garoto desligava o chuveiro e saía do box. Ele enrolou a toalha em sua cintura e passou a mão no espelho para ver o seu reflexo.

Não que se importasse com isso, mas havia algo de diferente em seu rosto. Ele estava mais pálido e as partes de baixo dos olhos estavam escuras. Esfregou a mão na sua barba por fazer e tentou esquecer aquilo. Aquele dia era um grande dia, e nada e nem ninguém poderia estraga-lo. Octávio não deixaria ninguém estraga-lo.

Saiu de seu banho, se arrumou com a sua roupa usual e foi até a cozinha, encontrando em cima da bancada a sua irmã gêmea. Ela comia cereal enquanto balançava os pés tranquilamente, e quando notou a presença de Octávio, esboçou um sorriso irritante. Seus olhos brilharam enquanto seguiam o garoto até a mesa, como se fosse uma gata olhando para um peixe. Ele a ignorou com facilidade.

De todos os três irmãos ali naquela casa, Octávio tinha de admitir que Kaila era a mais bela. Sua pele era lisa e macia, enquanto seu cabelo castanho claro possuía várias madeixas enroladas que balançavam com seus movimentos. Suas feições eram finas e delicadas, contudo o que chamava atenção em seu rosto era os seus olhos. Seu olho esquerdo era azul claro, assim como Octávio, entretanto seu olho direito era de um tom de verde forte, assim como Alfie, o terceiro irmão gêmeo.

O olho verde. Octávio pensou. Era o olhou de louco, ele costumava chamar. Dos três, o garoto era o mais conservado e sério, totalmente o oposto de Kaila e Alfie, que possuíam olhos verdes.

– Grande dia. – Kaila murmurou, pulando da bancada. Desta vez ela estava séria.

O garoto não respondeu, apenas continuou comendo o seu cereal de modo pensativo. Desejava com intensidade que Kaila e Alfie não fizessem nenhuma merda naquele dia especial. Eles não farão. Octávio pensou. Hoje faremos o que eles sabem fazer de melhor. Ele apertou o seu punho com força, lembrando-se de sua mãe e como ela morrera. Então o garoto olhou de um lado para o outro.

– Onde está Alfie? – ele questionou de modo sério. Aquele filha da puta não poderia fazer isso com eles.

A garota deu de ombros, não se importando muito com aquilo. – Deve estar nas suas putarias a está hora. Sabemos como ele é.

– Ele não pode furar hoje. – Octávio falou irritado. – Não hoje.

Kaila o olhou com as sobrancelhas arqueadas. Seu olho azul pareceu brilhar.

– Fazer o que, se ele não vem? Ele que ficará de fora.

Octávio se levantou de maneira brusca, jogando o cereal de lado e deixando a irmã para trás. Eles não poderiam fazer aquilo sozinhos. Aquela caçada era para ser algo em família, algo que eles haviam prometido uns aos outros quando viram sua mãe deitada na mesa de autópsia. Quando se aproximou da porta para abri-la, ela se abriu sozinha, surgindo de lá um enorme garoto de dezoito anos sem a camisa, apenas com a calça do pijama, exibindo seus músculos para o mundo. Octávio olhou feio para Alfie, que lançou um sorriso galanteador.

– Foi mal, irmão. – ele disse entrando na casa e fechando a porta. – Mais o nosso vizinho estava muito carente ontem à noite.

– Ele está carente todas as noites? – Kaila questionou.

Ele apenas sorriu para ela de modo malicioso.

Octávio o fuzilou com o olhar e se afastou para o outro passar. Ele olhou Alfie indo embora e observou uma coisa na nuca de seu irmão que o deixou surpreso e intrigado, fazendo-o esquecer da cena anterior. Viu que havia uma parte de sua cabeça que estava sem cabelo, assim como estava acontecendo com ele. Octávio passou a mão por sua nuca enquanto o outro subiu para se arrumar e se aproximou da mesa, pensando naquilo que acabara de ver.

Apesar de Alfie levar tudo na brincadeira, não sabendo quando este estava falando sério ou não, Octávio sempre sabia quando seus irmãos estavam mentindo. Ele voltou a comer o seu cereal e Kaila seguiu Alfie, gritando por seu nome.

O garoto sentia que seu irmão estava escondendo algo, e, pelo que se lembrava, ele não virá Alfie sair na noite passada de casa. Nem nas outras noites.

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– Onde ele está? – Alfie perguntou de modo sério. Nunca vira o garoto daquele jeito, apenas no dia em que souberam que sua mãe havia morrido.

Octávio fitou o grupo com seus olhos azuis e analisou cada um que estava lá. Havia seis homens conversando e rindo em uma roda perto da rua. Cada palavra que saia de suas bocas era acompanhada por um pequeno vapor formado pelo frio.

– Na direita, fumando. – o garoto respondeu enquanto os trigêmeos ficaram encarando o grupo de longe, sem fazerem nada.

Octávio conseguiu sentir a tensão que surgiu ao ver o assassino da mãe deles. A mulher era a única pessoa que os irmãos se importavam sem que fossem eles mesmos. Ela cuidara dos três desde possuíam nove anos, a idade em que foram adotados pela mesma. Era muito difícil trigêmeos serem escolhidos, já que se um fosse adotado os outros também teriam que ser.

– Como faremos isso? – Alfie voltou a questionar, desta vez sendo direto.

Um longo silêncio se fez presente, e a única com coragem o suficiente para quebrar esse silêncio fora Kaila. Ela não disse nada, entretanto bufou e seguiu em frente.

– Docinho! – ela gritou para o grupo com um sorriso malicioso no rosto, acenando para os homens, mais precisamente para o que fumava.

Os homens do grupo sorriram e retribuíram a aceno, contudo o assassino a observou atentamente enquanto se aproximava, e então deslizou o olhar para Octávio e Alfie. Ele tragou mais uma vez o cigarro e o deixou cair no chão. Depois de pisar em cima dele, o homem se virou e foi embora, deixando os irmãos para trás.

Kaila olhou para os garotos com uma expressão de dúvida, então Octávio olhou para Alfie e murmurou. – Vá atrás dele.

O menino deixou um grande sorriso escapar por seus lábios e concordou. Ao perceber isso, Kaila imitou a sua expressão e os dois começaram a correr no mesmo momento atrás do homem que havia saído andando. Ao notar que agora estava sendo perseguido pelos dois garotos, o homem começou a correr, primeiro devagar até não conseguir mais aumentar o ritmo.

Ao ver aquela cena de longe, Octávio sentiu raiva. Aquele homem havia feito sua mãe sofrer como se ela fosse um cachorro sem-dono. O garoto não conseguia aceitar aquilo, pois sabia que ele não pagaria pelo o que fez dentro a lei. O homem corria o quanto conseguia, sempre olhando para trás. O garoto cerrou os dentes com aquela visão. Por que ele continuava a correr? Seu destino já estava traçado, e ele dizia que iria morrer de forma lente e dolorosa.

No mesmo momento em que Octávio fechou o punho com força, em um movimento rápido, o homem que corria com fervor pareceu ter levado uma rasteira, sendo jogado com violência e batendo o rosto no chão.

Imediatamente Octávio diminuiu o aperto de seu punho, e com uma expressão um tanto surpresa ele encarou de longe o homem caído, que agora havia sido alcançado por Kaila. A garota sentou em seu tronco, o envolvendo com as duas pernas. Ele tentava se livrar dela, entretanto seus braços estavam sendo esmagados pelas coxas da menina. Ela aproximou a doce boca de sua orelha e sussurrou algumas coisas, que o fez ficar com uma expressão assustada. Ela sorriu de um modo que apenas ela e Alfie sabiam e o puxou pelo cabelo, fazendo-o bater a testa na calçada, repetidas vezes, até perder a consciência.

Octávio observava toda a cena com curiosidade. Aquilo havia sido apenas uma coincidência ou ele estava ficando louco? O garoto passou seus dedos pelo cabelo, sem perceber que vários fios castanhos saíram junto.

Alfie pegou o homem no ombro, se sujando com o sangue e olhou para Octávio. O mais velho dos três acenou de forma positiva e começou a andar para o lugar planejado, do mesmo modo que os outros foram.

Eles atraíram tanto olhares curiosos e assustados quanto vazios e inexpressíveis enquanto passavam nas ruas. O bairro onde moravam eram um lugar perigoso, e eles cresceram ali de forma confortável, aceitando as coisas como eram. Sabiam como viver ali, e sabiam o lugar perfeito para uma vingança.

Os três caminharam até uma antiga loja de doces, que um dia já devia ter trazido alegria paras as crianças, porém naquele tempo era usado para traficantes fazerem acordos. Naquele dia a loja fechada há muito tempo estaria livre, e Octávio achara perfeito eles realizarem o crime lá.

Adentraram o lugar pela a enorme janela de vidro quebrada, afastando a cortina rosa que impedia a passagem. Dentro da loja estava escuro, contudo havia um interruptor de luz por perto, que o garoto já sabia onde ficava. Eles levaram o homem até o fundo do lugar, onde havia um amplo espaço para colocar uma mesa de metal.

Alfie se aproximou da mesa e colocou o homem desmaiado em cima dela. Antes de se afastar para pegar uma corda e amarra-lo, o garoto fitou o senhor com o rosto sangrando. Ele suspirou.

– É uma pena que ele seja um estuprador de merda. Até que é bonitinho.

– Calado! – Octávio repreende-o, enquanto pegava uma mochila que já estava no local e a colocava em cima de uma mesa de madeira. – Eu não quero nenhuma graça enquanto fazemos isto. É pela nossa mãe.

Quando o garoto se virou com uma faca em suas mãos, Kaila e Alfie concordaram com face séria. Eles sabiam que aquilo era importante, e por isso deveriam fazer o melhor possível.

Alfie amarrou o homem a mesa de uma maneira que ele não conseguisse sair e olhou para seu trabalho de modo orgulhoso.

Octávio distribuiu facas paras os irmãos enquanto esperavam o homem acordar, pois queriam que ele presenciasse tudo quando acontecesse. Como ele não despertava, o garoto resolveu acordar ele de sua maneira. Aproximou-se do homem de forma lenta e então encostou a ponta da faca em sua bochecha. Octávio começou a forçar a arma contra a pele do homem, e foi seguindo uma trajetória de acordo que o líquido vermelho escorria.

Não demorou muito tempo e o assassino da mãe deles despertou de modo ofegante. Seu peitoral subia e descia de modo rápido, e seus olhos escuros observaram todo o local com desespero, como se procurassem por algo. Assim que percebeu que sua bochecha estava sendo cortada, ele olhou imediatamente o garoto que a cortava.

Octávio o fitou de modo sério, conectando o seu olhar com o do assasino. Conseguiu sentir em seu sangue o desespero do homem, que alguns instantes atrás tentara agir normalmente enquanto fugia deles. Aquela lembrança apenas fez com que o garoto apenas sentisse mais raiva. Ele retirou a faca da bochecha e a trouxe para cima da cabeça, a jogando em direção ao rosto do homem de modo bruto. A faca atingiu a mesa de metal e quicou com um barulho irritante.

Apesar de ver o medo no rosto moreno do homem, Octávio não deixou nem um sorriso escapar por seus lábios.

– Bom dia, flor do dia. – Kaila murmurou, chamando a atenção dele para si mesma, mais precisamente para os seus olhos. – Se lembra da gente? Sim, faz muito tempo, mas somos aquela família que iria te jogar na cadeia para você apodrecer lá. - a garota projetou uma expressão triste. - Infelizmente você conseguiu escapar de lá, com alguma ajuda, mas não se preocupe! O destino foi responsável por nos encontrarmos novamente, e desta vez nós não deixaremos a oportunidade escapar. Devemos aproveitar!

– Eu... - o assustado homem tentou falar, contudo foi interrompido por Kaila.

– Calado! – ela gritou, o silenciando. Passou alguns segundos e ela retornou a falar. – Desculpe-me pela a minha compostura, mas isso foi necessário.

Ela pareceu estar um pouco ressentida.

O homem parecia ficar cada vez mais nervoso e sua respiração ficar mais ofegante. Ele encarou aqueles irmãos e sentiu todo o seu corpo tremer. Tentou sair dali, entretanto não conseguiu. As cordas o amarravam desde seu tronco até os seus pés.

– Você matou a nossa mãe. – Alfie disse de costas para eles. – Você a estuprou e a matou. Não adianta negar, pois nós sabemos que foi você. Temos provas, que os merdas decidiram ignorar.

Ele segurava de modo forte a faca que Octávio dera. Seu irmão sabia que ele estava prestes a acabar com o controle. Alfie não era do tipo que segurava explosões, ele sempre foi muito transparente com as suas emoções.

– Você a matou. – ele murmurou.

– Eu não fiz nada...

No momento em que o assassino começou a falar, Alfie apertou a sua faca e se virou bruscamente, atingindo a arma em sua perna. O homem começou a gritar de modo desesperado, sentindo a faca dentro de sua carne. A dor dele pareceu acalmar os ânimos do garoto, pois ele deu um leve sorriso com aquilo, vendo o sangue escorrer da calça para a mesa de metal.

– Caladinho, bebê. – Kaila colocou a mão na boca do homem e forçou para que ele não gritasse. Ela também sorriu, e seu olho verde brilhou de uma maneira surpreendente.

Seus gemidos de dor ainda eram escutados, e suas lágrimas começavam a molhar a mesa de metal. Quando a garota retirou a sua mão, o assassino ficou chorando de modo silencioso. Ao que parecia, ele começara a rezar.

– Isso não adiantará. – Octávio falou para o homem, que parecia não o escutar. – Apesar de não acreditar em Deus, eu rezei para Ele todas as noites para que você fosse estuprado e morto, mas isso não se tornou realidade. Você só vai ver morto. De uma forma bem lenta e dolorosa.

Alfie olhou para o homem de maneira maliciosa. – Eu poderia ajudar esse milagre acontecer.

– Agora não, Alfie! – Octávio disse, calando o irmão, entretanto o barulho de um metal caindo preencheu o local, fazendo com que todos se entreolhassem como se perguntassem o que havia acontecido.

Depois do barulho, o silêncio preencheu a loja, deixando-se ouvir apenas a respiração ofegante do homem.

– Pode ter sido um gato. – Alfie sugere, olhando para Octávio e Kaila.

– Pode ter sido. – o outro responde de modo pensativo. – Vá olhar o que é.

O garoto de olhos verdes concordou com a cabeça e retirou a faca da perna do homem. Ele gritou mais uma vez de dor, entretanto Kaila tampou a sua boca com a mão. Ela moveu a cabeça de modo positivo, para que o irmão fosse ver.

Alfie limpou o sangue da faca em sua camisa, então saiu do local para ver o que fora. O som de seus passos sumiu com o tempo, e não voltou depois. Longos segundos se passaram, e Octávio e Kaila começaram a exibir preocupação. Eles se entreolharam.

– Alfie, seu idiota! Você está bem? – a garota gritou, entretanto não houve resposta. Ela trocou o peso para o outro pé enquanto encarava o irmão.

– Eu juro que se você estiver com as suas brincadeirinhas mais uma vez, - o tom do garoto era sério - o próximo a se deitar nesta mesa será você.

Nada. Ninguém respondeu. Eles começaram a ficar desconfortáveis com aquilo, então no momento em que ele falou que iria ver o que acontecera, o tempo pareceu acelerar. Tudo aconteceu muito rápido. Três homens com uniforme pretos e coletes azuis escuros entraram no local em que eles estavam com armas em suas mãos. Os primeiros tiros foram mirados em Kaila, que recebeu os dardos tranquilizantes por todo o corpo e caiu na hora no chão. Octávio gritou pela irmã, e quando percebeu, eles estavam atirando nele. Não soube dizer o que aconteceu, mas ao tentar se defender com as mãos, os dardos não o atingiram. Ele ouviu o barulho delas sendo ricocheteadas. Quando olhou para os homens, notou que havia alguns dardos grudados em suas roupas, sem atingir as suas peles.

Os soldados lançaram uma nova onde de tiros, e desta vez todos acertaram o corpo de Octávio, que caiu do mesmo modo que sua irmã.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? O que será do futuro dos irmãos? Já têm um palpite de quais são os poderes deles? Se já têm é só comentar, sabe. É só digitar... algumas palavras, ou apenas uma palavra, tanto faz.
Próximo capítulo; Franklin...