Unknown Love escrita por Katherine Henderson


Capítulo 55
Dentro de Mim (Episódio especial)


Notas iniciais do capítulo

Episódio especial com POV de Alex.
Momento tenso, mas também um momento "descobrindo a verdade"...



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----POV Alex ON----

Escuridão.
Eu estava sozinho na escuridão, tentando me alcançar, mas não conseguia. As chamas estavam me alcançando, me queimando lentamente. Podia estar brilhante, iluminado, eu poderia abrir os olhos e ver o que estava acontecendo, mas era esse o problema. Eu não conseguia achar meus olhos.
Desde que toquei naquela adaga negra, me senti diferente. O fogo daquele dia, na quadra com Cristina e Diego, que antes não me atingia, agora me queimava fundo...
De repente, uma luz indistinta tomou conta da minha visão. Logo consegui abrir os olhos, bem fraco no início, mas eu já estava conseguindo ver depois de um minuto interminável, só pra depois desejar nunca ter aberto os olhos novamente.
Era como se eu estivesse em um dos meus pesadelos de fogo, só que com uma pequena grande diferença, as chamas que antes não me machucavam, pareciam ter redobrado a intensidade só pra ver se conseguiam me queimar. Tentei achar um jeito de sair dali, mas não conseguia ver nenhuma saída. Só um garoto feito de cinzas, me olhando curioso. Ok, eu confesso, também fiquei curioso sobre o garoto. Queria muito que ele me ajudasse a sair daquele lugar.

-Olá, Alexandro... -O garoto de cinzas falou comigo, numa voz que me parecia familiar, apesar de ser muito rouca.
-Quem... Quem é você?
-Ora, vai me dizer que não se reconhece?

O choque daquelas palavras pareciam me queimar mais do que aquele fogo. O garoto colocou a mão negra de cinzas no meu ombro e soltou um sorriso meio irônico.

-Eu sou você, Alex...
-Mas, como assim?
-Bom, acho que não tem como você saber, afinal, esteve muito tempo com amnésia. 18 anos, pra ser mais exato, e a Cristina não parece ter te explicado tudo direito... -O garoto parecia se divertir com a minha expressão de terror- Você não é bem um demônio, pelo menos não totalmente. Você é, no mundo humano, o que chamam de híbrido...
-Híbrido?
-É, híbrido, você é metade humano, metade demônio... -Ele começou a perder a paciência, mas só um pouco- Na verdade, nesse mundo, existem muitos híbridos que andam por aí, sem saber o que realmente são, claro que alguns já sabem a verdade sobre eles, mas são muito poucos... E eu aqui, sou sua metade demoníaca, e se quer saber... -Ele chegou tão perto de mim que eu achei que ele ia me beijar. Argh...- Andei tempo demais naquela adaga...
-É o quê?

De repente, tive um lampejo de memória, voltando aos meus pesadelos. Lembrei do pesadelo que tive quando Isa desmaiou mais uma vez na minha casa. O choque que eu tive quando vi que fui eu que a matei...

-Não... -Sibilei, meio furioso.
-Finalmente encaixou as peças, não foi? Sabe, não achei que a minha parte humana seria tão burra pra acreditar nas mentiras da Princesa das Trevas...
-Cristina? -Parecia mais uma confirmação do que uma pergunta.
-Bingo... Você na verdade é, bom, um objeto nas mãos de Cristina. Ela só teve que jogar as palavras certas pra você aceitar essa missão. Você é a Chave do Apocalipse e adivinha quem é o verdadeiro Apocalipse...
-Diego? -Parecia mais uma pergunta do que uma confirmação.
-O estrupício? -Inacreditável, até a minha parte demônio sabia que Diego era um estrupício- Ele é um demônio forte, tenho que admitir, mas ele é um tanto capacho. Até ele se livrar das garras de Cristina e descobrir a sua verdadeira força, ele vai ter que rebolar e muito...
-Mas por quê? E afinal, quem eu iria matar de qualquer maneira?
-Por que pergunta pra mim? Acho que seria melhor se você visse...

O meu eu-demônio abriu uma espécie de portal no meio daquele fogo, deixando que eu visse o que estava acontecendo. Então eu ainda estava na Torre Gótica (ou pelo menos era o que parecia), mas eu estava tão esquisito. Ameaçador. Tinha alguém na minha frente, demorou pra reconhecer Isa contra a luz. Cara, ela estava tão linda...

-Ah, Alex, é você. Puxa, mas que susto... -Ela abriu um sorriso aliviado, mas confuso. Eu não conseguia entender por ela estava ficando tão tensa até que me lembrei que eu ainda segurava a adaga, aquela adaga idiota- Alex, o que você tá fazendo com isso aí na mão?
-E então, -Meu lado demoníaco voltou a falar comigo- quer mesmo que eu mostre a ela o que você ia fazer com a adaga?
-Não encoste um dedo na Isa, tá me ouvindo? -Gritei com uma fúria descontrolada e desconhecida.
-Ah, é? Me dá um bom motivo pra não fazer isso... -Ele me ignorou e virou pra frente do portal, falando forte e alto, como se estivesse falando com uma multidão- A filha de Gabriel tem que ser eliminada...

Vi o choque percorrer o meu rosto e o rosto de Isa. O meu choque, cheio de dúvidas. Que história era aquela de filha de Gabriel? O choque dela, de surpresa, como se tivesse descoberto alguma coisa dela. Algo que eu iria fazer questão de saber também.

-Aposto que dessa você não sabia, não? -O rosto dele estava satisfeito, como se acabasse de confessar algo- Não sabia que sua namoradinha era uma híbrida de anjo?
-Que história é essa?
-Isabella, a amiga e namorada perfeita, cheia de talento e beleza, é híbrida de anjo, metade humana e metade anjo. Essa metade é claro, dada a ela graças a Gabriel, depois de Deus, a força suprema... -Algo na voz dele parecia tão arrogante e enojado ao mesmo tempo- E acredite ou não, essa linda, inofensiva garota iria acabar com todos os planos do chefe pra libertar o Apocalipse da filha dele... Por isso você existe, pra matar ela...
-Escuta aqui, se você acha que eu vou matar a Isa, você tá muito enganado.
-Ah, nem vou precisar de você pra matá-la. Eu mesmo faço questão de fazer isso. E quando o sangue daquela coisinha estiver nas minhas mãos, deixando o corpo dela, a sua metade humana vai parar naquela adaga. Finalmente eu estarei vivo, no controle. E quanto a você, bom, nem tanto não é?

O calor do fogo que estava naquele lugar agora parecia ser dentro de mim. Minhas mãos ficaram quentes demais, a ponto de eu querer bater em alguma coisa. Pude ouvir a voz da Isa, assustada, vindo do portal.

-Alex, por quê você... Você quer mesmo me matar?
-Não tenho outra alternativa... -E lá ia ele falando de novo. A vontade de ter o sangue dele nas minhas mãos crescia cada vez mais.
-Como não tem outra alternativa? -Gritei mais uma vez, revoltado- É claro que tem outra alternativa!
-Me desculpe, mas não vejo nenhuma... -A risada cruel dele ressoava no lugar. Não sei como eu aguentei ficar ali parado, vendo a minha metade demônio prestes a acabar com a vida da minha Isa.
-Escuta, olha pra mim, sou eu, a Isa, sua namorada. Você tem que me reconhecer, por favor, olha pra mim... Pára com essa loucura...
-Faça o que ela diz, pare com isso!!!
-Tarde demais... -Ele disse isso pra mim e pra ela. Bem na hora que a adaga estava preparada pra atacar Isa. Já não podia ficar mais parado vendo aquilo. Avancei nele bem na hora que ele descia a lâmina.

Ouvi ele uivar de raiva. Ele tinha errado o alvo, mas foi por muito pouco. A máscara dela já estava no chão e ela fora da minha vista. Nunca fiquei tão aliviado com o fato da Isa fugir de mim. Mas minha felicidade durou pouco. Ela estava caída no chão, o sapato dela um pouco a frente. Estava gemendo de dor, esfregando o tornozelo.
Ela tinha torcido o pé.

-Ah, não... -Eu sabia que eu não daria muito tempo pra ela fugir. Eu queria gritar pra ela, ver se ela reagiria. Corra, Isa, corra...
-Ah, sim... -O sorriso sádico voltou aos lábios dele. Eu sabia que estava devendo um bom soco no nariz dele. Sem nenhum esforço, ele saiu debaixo de mim e voltou para o portal- Não adianta me impedir, Alex, isso vai acabar acontecendo, e não terá nada que você possa fazer para modificar isso.
-Escuta, você que tá aí dentro, -A voz de Isa voltou a tona, tentando negociar com o meu lado demônio- liberte o Alex, por favor... Alex, sei que você tá me ouvindo, você é mais forte que isso que tá te dominando. Você tem que lutar. Volta Alex, por favor... Volta pra mim...
-Não adianta, é tarde demais pra ele e pra você...
-Não se eu impedir... -De repente tive uma ideia. Maluca, é verdade, mas eu tinha que tentar qualquer coisa.
-Espere, onde você vai? -Ele gritou enquanto eu me afastava- Vai perder a melhor parte do filme!!!

Eu já estava sem tempo, tinha que pensar em algo. Voltei aonde eu estava, na escuridão da adaga, que agora não parecia tão escura. Uma luz fraca invadia o lugar, deixando o lugar com um brilho um tanto vermelho.
Era isso, o rubi. Era só destruir ele e eu estaria de volta ao meu controle. Eu lembrava do que Isa me dissera, eu era mais forte que o meu eu maligno. Claro que depois de muito tempo socando aquela coisa dura, finalmente o rubi da adaga estava quebrado. Reagi um tanto incomodado. Minha mão direita estava dolorida. Era óbvio eu estar sentindo aquilo, afinal, meu eu real tinha cortado a mão, mas eu ainda podia sentir. Ele poderia dominar a minha mente, mas eu ainda tinha controle de mim. Espera aí... Meu controle? Voltei um tanto rápido com a recente descoberta, prestes a terminar aquela maluquice doentia. Ainda conseguia ouvir a voz dela, tentando lutar para sobreviver.

-Ok, quer me matar? Vai em frente, me mata. Sei que essa é a sua missão, mas se eu não sobreviver, o Alex também não vai. Seria muita coisa pra ele me perder... Então, eu sugiro que quando você me matar, leve o Alex pra longe. Eu não quero que ele sofra com o fato de ter me matado...
-Chegou a hora... -Os olhos dele brilhavam de uma maneira perigosa. A sorte era eu ter chegado a tempo.
-Ah, sim, chegou a hora... -Falei atrás dele, decidido. Era hora de acabar com aquela possessão- Mas vai ser a sua hora...
-Alex, eu te amo... -Isa sussurrava, com os olhos apertados, molhados por causa do choro contido.
-E o que você pensa em fazer?
-Enquanto você estava naquele melodrama, eu destruí sua fonte de existência... -Mostrei minha mão, como uma mancha indistinta com o sinal do corte que o rubi tinha me causado- Você... Não... Me controla... Mais...

Ele tentava um último recurso pra me derrubar, mas não conseguiu. Foi até fácil me imobilizar (é bem esquisito dizer que eu me imobilizei), minha mão direita de repente parecia uma ameaça a ele.

-Por favor, não!!! Não encosta essa mão em mim...
-Então... Saia de mim agora...
-Não consigo mesmo se eu pudesse!!! -Ele estava suplicante, até mesmo sincero ao tentar ser perdoado- Eu sou uma parte de você, mesmo que tente negar. Você é um híbrido, Alex, sempre vai ser. Não é algo que possa ser alterado...
-Então, eu espero que não volte tão cedo pra me atormentar... -Eu já estava satisfeito que ele tivesse desistido de matar Isa. Minha meta era essa.
-Não, essa parte a própria Princesa das Trevas vai cuidar disso. Mas eu vou aparecer pra você sempre que eu puder. Nós somos um só... Então, amigos? Ou pelo menos, aliados?...

Soltei ele, que parecia ter se entregado a derrota comigo. Ele estendeu a mão para mim, esperando que eu apertasse, selando a aliação entre nós. Eu estendi, prestes a dar o aperto de mão, mas ele deu uma recuada.

-Mais uma coisa...
-O quê?
-Bem vindo de volta a realidade, Alex...

Eu apertei a mão dele e de repente, o blackout retornou. Quando eu abri meus olhos, eu senti que eles estavam irritados demais. Demorou um pouco pra perceber que eu estava chorando, mas não por causa da minha mão que estava sangrando. Era pelo simples fato de que eu quase matei Isa, de que quase meu pesadelo se tornou realidade.

----POV Alex OFF----


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