-Isa, onde é que a gente tá indo?
-Em um lugar que eu gosto de ficar quando eu quero privacidade...
-Tipo agora?
-É... Tipo agora...

Alex deu um sorriso torto e se apressou para acompanhar Isa. Aproveitou para adiantar a conversa também.

-Sabia que, quando você disse que não podia ir no jantar comigo, eu fiquei sem vontade nenhuma de ir?
-Sério? Mas por quê?
-É que não teria sentido estar em um lugar superbacana e não ter você comigo...
-Jura juradinho?
-Eu te juro juradinho... A gente já chegou?
-Já sim, vamos entrar?

Alex olhou bem aonde ele e Isa tinham parado. Era uma espécie de capelinha. Pequena, bem harmoniosa, mas naquela hora, Alex sentiu um frio na espinha ao ver a capela. Isa percebeu e não deixou de perguntar a ele.

-O que aconteceu, Alex?
-Nada, é que eu nunca fui muito fã de capelas, igrejas... Lugares que tem uma cruz...
-Minha tia disse que minha mãe sempre vinha aqui, pra rezar. Era a única coisa que minha tia disse da minha mãe...
-Até que é bem legal... Eu acho...
-Vai entrar ou não?
-Claro, você primeiro...

Isa deu um risinho e entrou. Alex nem conseguiu entrar direito, como se tivesse um escudo o impedindo de entrar. Ele só conseguiu ficar na porta, mas ainda assim isso não tirou dele a visão de Isa. Uma Isa silenciosa, misteriosa e incrivelmente linda. Uma Isa que ele não conhecia até agora.
Isa, que até então tinha seu cabelo preso em um coque, soltou seus cabelos num gesto teatral. Ficou um tanto imóvel no altar improvisado da capelinha mas demorou um tempão pra Alex entender que Isa estava acendendo uma vela. Só percebeu que tinha uma vela acesa quando o lugar ficou um tantinho iluminado. Depois de tudo isso acontecer, Isa olhou para Alex que ainda não conseguia entrar por um motivo misterioso. Ele parecia encantado...

-O que foi? Por que tá me olhando assim?
-Eu nunca tinha visto algo tão misterioso e tão bonito assim até agora...
-O que você tá querendo dizer?
-Acho que me enrolei, espera... Queria dizer que... Você é a garota mais linda e incrível que eu já vi...
-Obrigada, Alex... Mas eu não tô entendendo por que você tá dizendo isso pra mim...
-Eu acho que, não sei... Desde a primeira vez que eu te vi, eu fiquei com vontade...

Alex deu um passo vacilante em direção a Isa. Dessa vez o tal escudo invisível tinha cedido. Ele podia se aproximar dela finalmente...

-Eu fiquei com vontade de... De te beijar...
-Verdade?... Bom, a verdade é que... Ah... -Isa sentiu a mão de Alex tocar seu braço. Dessa vez ela não sentiu que só ele estava quente, mas ela também estava fervendo.
-Isa, só me escuta... Eu fiquei com essa vontade e... Eu acho que vou te beijar agora...
-Não sei se sou boa nisso... -A verdade que Isa queria dizer era que também queria beijar Alex, mas não conseguia se concentrar pra dizer isso com o corpo de Alex se aproximando tão lentamente nela...
-Nunca pensou em tentar?
-Não até agora...

Isa se esticou um pouquinho mais (Alex era muito alto, como todo deus-grego-lindo-de-morrer ^^), colocou a mão na nuca de Alex, que se arrepiara com o toque desavisado de Isa, mas ele não podia deixar de admitir que tinha gostado daquilo. Enlaçou a cintura dela e sentiu o corpo de Isa frio como gelo, mas não ligou muito pra isso. Aquele momento mágico, que Alex e Isa esperavam tanto, estava a um centímetro de acontecer...
Os dois estavam nervosos, não sabiam direito o que fazer. Ficaram ali parados, os lábios um do outro colados, mas ao mesmo tempo em que o nervosismo surgia, vinha também uma sensação de liberdade, como só o primeiro beijo proporcionava. Aos poucos os dois começaram a se soltar. A mão de Isa já corria veloz pelos cabelos de Alex, o abraço dele ia ficando mais apertado. Se pudessem pausariam o tempo naquele momento pra viver aquilo pra sempre, mas tiveram que parar contra a vontade, por que algo inexplicável tinha acontecido...
Uma ventania invadiu a capela e apagou a vela que Isa havia acendido. E junto com a vela apagada, um barulho de vidro se quebrando foi ouvido também. Isa olhou para trás e viu um retrato seu caído no chão, com a moldura e vidro quebrados.

-Ah, que droga...
-O que foi? É sua foto?
-É... Minha tia fala que é a foto minha que ela mais adora...

Na foto Isa estava com Linda no último aniversário dela. O vestido rosa não favorecia Isa, mas ainda assim ela estava linda.

-Ela tem razão. Você está linda aqui...
-Eu sempre disse a minha tia que esse vestido fazia eu parecer um fantasma de tão pálida...
-Eu não te acho um fantasma. Você tá incrível nessa foto...
-Obrigada, mas vamos admitir... Eu tô um horror...

Alex riu e tirou a foto da moldura quebrada. Mostrou bem pra Isa antes de continuar a falar.

-Essa foto aqui... Vai simbolizar esse nosso momento. Nosso primeiro beijo.
-Uau... Mesmo, vai querer levar essa foto?
-Claro, Isa. Por que sempre que você estiver longe de mim eu vou olhar essa foto e vou me lembrar dessa noite...
-Puxa vida... E o que eu vou ter como lembrança sua?
-Espera aí, acho que tenho alguma coisa...

Alex sabia que tinha uma palheta de guitarra no bolso da calça, só não sabia se ainda estava lá. Ah, sim, ainda estava lá. Ele entregou a palheta para Isa, que ficou olhando aquela pecinha de plástico. Podia ser uma coisinha a toa, mas não era. Isa tinha muita atenção aos detalhes e reconheceu a palheta que Alex tinha usado quando tocou sua canção no auditório.

-Sua palheta?
-É, pelo menos você vai se lembrar de mim assim...
-Obrigada, Alex...
-Não tem de quê, Isa...

Os dois trocaram mais um beijo, dessa vez, mais calmo. Mas foram interrompidos por um pigarro leve e uma voz que era bastante familiar.

-Ora, ora, quem diria. Alex Ruiz e Isa Pasquali juntos. Como diria minha 50% repetida, fofoca fofoca!!!
-Justa?!