A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 20
Capítulo 20




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Dois dias depois, Marcus finalmente recebera alta, mas lhe fora recomendado que não fizesse tanto esforço. Estella e Hilbert finalmente poderiam acalmar o coração. Seu filho tão amado estaria novamente sob os cuidados deles. Amy não deixava de visitá-lo no hospital, mesmo que fosse por poucos minutos. Já não podia mais evitar o contato com aquela família maravilhosa. Passara a confiar cada vez mais em cada um deles e isso fazia toda a diferença no seu dia-a-dia.

A família estava reunida na sala paparicando o jovem que acabara de retornar do hospital. Estella e Hilbert sentiam-se mais tranquilos por saberem de que seu filho estaria em segurança na própria casa.

— Marcus, já tomou os remédios? — Perguntou Estella

— Já! Será que poderiam parar com toda essa melação? Não sou mais nenhum bebezinho.

Hilbert se aproximara ainda mais na intenção de arrumar as almofadas que estavam por baixo do braço de seu filho.

— Pai, eu estou bem. — Murmurava Marcus impaciente.

— Eu sei meu filho, mas você sabe o quanto nos preocupamos com a sua saúde. Só queremos o seu bem. Queremos que se sinta bem, sempre.

O mordomo atendeu a porta. Era uma pessoa muito querida por todos. Ele a conduziu até a sala. A mansão cada vez mais se tornava alegre.

— Oi Amy. A que devemos essa ilustre visita?

— Nossa! Como você é sem graça Marcus. Só passei para saber como você está. Pelo que posso perceber já está pronto para sair aprontando novamente. — Brincou Amy.

— Evie, será que você pode pegar aquele negocio no meu quarto? — Perguntou ele ajeitando-se no sofá.

Imediatamente a jovem se retirou. Há alguns dias Marcus pedira para que Evie lhe comprasse algo que pudesse simbolizar a amizade e a confiança entre eles. Logo Evie já se juntara a eles.

— Amy, eu estava pensando esses dias no hospital e percebi o quanto a sua amizade é muito importante para mim. Sou grato por ter um anjo na minha vida.  Quero que aceite esse presente como símbolo de nossa amizade, dos bons momentos que tivemos e que ainda espero viver ao seu lado. — Marcus abrira a caixa azul e mostrara para a jovem — Quero que aceite essa pulseira como forma de agradecimento por tudo o que tens feito por mim e pela minha família.

A jovem tocava aquele pequeno presente com delicadeza. Nunca imaginara que a sua vida pudesse tão encantadora a ponto de uma amizade com rapazes se fortalecesse à medida que o tempo passava. Nunca imaginara que pudesse ir tão longe com essa amizade. Surpreendia-se pelo fato de ser uma pessoa que respeitava o seu espaço, as suas limitações. Tão diferente, tão inovador.

— Significa tanto para mim essa amizade. Não apenas por nós Marcus, mas por tudo o que tenho ganhado desde que fui acolhida pela sua família. Todos os dias eu agradeço por saber que não estou sozinha na luta para ter meu pai de volta. O carinho e a atenção que eu não tenho em casa, encontro aqui com cada um de vocês.

Todos prestavam atenção na forma como Amy se comunicava. Suas palavras soavam fortes, vitais, mas inesquecíveis. Era tudo o que mais importava.

— Ah sua linda! — Exclamou Evie correndo para abraçá-la — Nós te amamos, minha querida. Tudo bem que eu amo o meu irmão, mas ter ganhado uma amiga e irmã foi o melhor presente.

Estella e Hilbert se juntaram a elas. Em seus rostos o mais belo sorriso era estampado. Juntos eram mais fortes.

— Sempre que precisar conte conosco.

Evie tivera a ideia de puxar todos para um abraço grupal.

— Ah qual é? Vão mesmo me deixar de lado? Eu também quero um abraço.

— Lá vem o carente! — Brincou Evie.

Foi impossível não conter o riso. Juntos representavam a união, a força e a amizade. Mantiveram-se presos em um abraço único. Marcus a mantivera presa em seu olhar, havia uma tranquilidade desconhecida por ela. Se sentia diferente com a forma que era encarada.

— Pessoas lindas do meu coração, infelizmente eu tenho que ir para o ensaio com a Margareth. — Disse ela saindo do abraço — Infelizmente temos muitas coreografias a serem montadas.

— Claro querida, faça o seu melhor. Você sempre será bem vinda nessa casa.

— Obrigado. Até mais.

O dia seria longo demais. Tanto a ser pensado e planejado com muita precisão. Figurinos, mapa de luz, maquiagem e tudo o que lhe competia na produção seria detalhado.

Evie esperou até que os seus pais os deixassem sozinhos. Tinha algo importante para falar com ele.

— Maninho, você tem que convidar a Amy para sair em algum momento. — Começou Evie — É serio.

— Não tenha tanta pressa minha irmã. Eu quero conquistá-la cada vez mais. De que sempre possa contar com o melhor amigo.

 — Se é assim que deseja, quem sou eu para contradizê-lo?

— Obrigada maninha por se preocupar.

**********

Amy chegara do ensaio exausta, desejava apenas repousar o seu corpo sob sua cama macia. Passar o dia todo longe de casa a deixava mal, pois sentia dores de cabeça e o corpo dolorido. Tomara um banho relaxante e fora para debaixo das cobertas. Só queria saber de noticias boas e maravilhosas, pois assim será mais fácil de ter bons sonhos. Com o seu notebook apoiado em suas pernas, a jovem começou a procurar por vídeos de danças. Seria sua mais nova fonte de inspiração para as próximas aulas. Sentia vontade de inovar as aulas de expressão corporal, deixá-la ainda mais animada. Eram tantas opções, uma mais linda que a outra. Deixara salvo o link de algumas para mostrar à Margareth.

Ela tentava não pensar nos ensaios futuros que teria. Seu coração dispara só em pensar na responsabilidade que teria ao realizar o inicio do festival. Nunca se imaginara realizando tal feito. Não demorou para que na sua tela aparecesse mensagens de uma pessoa extremamente irritante.

Marcus: Oh bonita, está esquecendo-se de mim?

Amy: Acho que é você quem não consegue me esquecer.

Marcus: Nossa! Você não era assim, minha filha. O que está acontecendo?

Amy: Nada! Você que é um louco.

Marcus: Fiquei feliz com a sua visita.

Amy: Oras, meu amigo, qualquer pessoa em sã consciência ficaria feliz com a minha presença.

Marcus: Tchau Amy!

Amy: Para de ser dramático, estou brincando.

Marcus: Eu sei, meu anjo. É que eu gosto de te irritar. A Evie falou com o Patrick hoje.

Amy demorou um pouco a responder.

Amy: E ai?

Marcus: Ele não quer mais olhar na minha cara, está jogando fora todos os anos de amizade pelo ralo. Não era desse jeito que eu imaginava, mas não sou eu quem devo voltar atrás.

Amy: Eu sou a grande culpada por tudo acabar desse jeito, Marcus. Deveria ter sido mais clara e feito com que o Patrick entendesse que nosso lance nunca daria certo. Não pensei que uma amizade de longos anos pudesse ter um fim.

Marcus: Amy, por tudo o que é mais importante na sua vida, esqueça o que aconteceu. Você não tem culpa de nada. Um dia tudo tem que acabar. Só não se torture.

Amy: Ok. Até mais.

Marcus: Beijos, meu amor.

**********

O barulho ensurdecedor do despertador incomodava Amy. Seu corpo doía bastante. Infelizmente dormira mal jeito. Tateou o objeto e o silenciou de uma vez por todas. Todo o silêncio da manhã lhe fazia bem. Precisava daquela tranquilidade para manter-se calma ou surtaria de uma vez por todas. Mais uma vez teria de se entregar as músicas propostas por Margareth. Se redescobriria novamente como dançarina, sempre tinha algo a aprender com a mulher.

Afastou as cobertas e caminhou até a janela de seu quarto. Olhava para a rua deserta com satisfação. Tantas famílias se encontravam reunidas no aconchego de um lar tranquilo e seguro. Pais e filhos sentados à mesa para fazerem a sua primeira refeição antes de cada um deles partirem para a sua rotina diária. Tudo era motivo de inspiração para ela.

**********

O ensaio agendado por Margareth era particular. A coreografia que ela estava montando com Amy era muito elaborada, precisava encontrar algo que destacasse a sua sensualidade cada vez mais. Nunca tivera tanta dificuldade em permitir que a sua criatividade fosse tão longe. Ela seria a responsável pela abertura do festival. Tinham de mostrar toda a dedicação da escola na formação de novos artistas. Muitos de seus alunos viviam da carreira que tanto amavam e assim queria permitir que os novatos pudessem levar as suas vidas.

A mulher procurava em suas pastas de músicas algo bem especifico. Encontrava de tudo, mas não a música tão desejada. Ouvira apenas uma vez enquanto estava dirigindo em direção à escola. Dirigir pelas ruas de Nova York sem música ambiente se tornava chato demais. Margareth gostava de se sentir como uma eterna adolescente. O poder da música a transportava para bem longe. Sua paixão pela arte ia além da compreensão humana. Margareth era filha de importantes e renomados diretores teatrais. Sempre que os pais a levavam para a estréia de um novo espetáculo, Margareth ficava se imaginando tomando conta de toda aquela magia. Ah como ela amava sonhar com a sua vez. Queria ter a oportunidade de ensinar uma nova geração de artistas que ainda iriam nascer. Tivera o privilégio de ensinar tantas pessoas, de estar em lugares diferentes. Hoje, ela sentia-se grata por tudo o que conquistara ao longo dos anos com muito esforço e dedicação. Nunca se esqueceria das noites sem dormir, das vezes em que pensara em desistir de tudo, mas devia uma parte de sua vida a cada um de seus alunos. Eles sonhavam junto com ela a cada projeto novo. A parceria e cumplicidade entre eles sempre foi forte e intensa.

A mulher foi tirada de seus pensamentos com uma batida na porta.

— Posso entrar Margareth?

— Claro que pode Amy. Estava te esperando para começarmos o ensaio. — Disse após abraçá-la carinhosamente — Fico feliz quando te vejo, sabe o meu dia se torna mais alegre.

— Fico feliz por saber, Margareth. É bom ter alguém com quem eu possa conversar sem nenhum problema. Agora preciso me trocar antes que a preguiça insista em chegar.

— Fique à vontade. Me encontre na sala de dança.

Logo a sala ficou vazia. Margareth pegou o seu notebook e foi para a outra sala onde poderia trabalhar tranquilamente e onde uma pessoa a aguardaria. Amy não sentia que seria um dia terrível apesar de que em breve teria de fazer uma visita para seu pai. Só estranhava o fato de Bernardo e Ingrid estarem muito quietos nos últimos dias. Eles não eram daquele jeito. Nada de bom poderia vir deles. Mandando todos aqueles pensamentos para longe de si, Amy juntou os seus pertences e caminhou até a sala onde aconteceria o ensaio. Por um momento acreditou que seus olhos a pudessem trair, mas ele estava ali sorrindo com a mais perfeita naturalidade.

— O que ele está fazendo aqui, Margareth?

— Preciso de uma opinião masculina. Já que vocês são tão amigos, não vi problema algum. Sei que deveria ter te avisado antes, mas não sabia qual seria a sua reação.

— Tudo bem. Então podemos começar?

Margareth assentiu.

Amy fez um breve aquecimento e logo foi para a sua posição inicial. Manter os olhos fechados por alguns segundos a ajudaria a encontrar a concentração necessária para executar a dança. Era em momentos como estes que ela preferia não enxergar nada, pois facilitava a sua performance.

A música começou a tomar conta do ambiente. Amy já mostrava a influência que sofria. Seu corpo se conectava rapidamente com as batidas sonoras. A magia da sala a envolvia numa nuvem cristalina que apenas ela era capaz de enxergar. Ora os mantinha numa comunhão intensa ora os deixava perdido em seus movimentos precisos e perfeitos. Não havia como não se encantar e sentir uma leve excitação. A dança era provocante e sedutora sem ser vulgar. Deixaria qualquer rapaz com os hormônios agitados. Logo a música foi tornando-se mais baixa e ela preparava para a fotografia final.

Ela estava ofegante ao término da música. Margareth e Marcus estavam boquiabertos com a evolução.

— Então o que achou da coreografia Marcus? — Perguntou Margareth esperançosa.

Não havia palavras que pudessem descrever tudo o que Marcus presenciara naquela coreografia. Simplesmente era perfeita demais.

— Sinceramente? — Indagou ele corado.

— Por favor, meu querido. Passamos horas ensaiando a fio até que eu tomasse a decisão de que alguém deveria opinar. Não sou de fazer isso, mas desta vez foi necessário.

Marcus ficou em silêncio por um tempo. Havia tanto a ser analisado. Como é que ele poderia começar a dizer o que pensava daquela coreografia? Precisava encontrar as palavras certas para aquele momento.

— Margareth, o que eu posso dizer a respeito dessa coreografia? Nunca em toda a minha vida vi algo parecido. Toda a essência da música foi capturada e transformada em movimentos perfeitos, delicados e precisos. Esquecemos de piscar enquanto assistimos essa linda performance. Claro que a dançarina favorece bastante todo o conjunto.

— Agradecemos muito pela sua ajuda, Marcus. Gosto sempre de aprimorar cada vez mais tudo o que faço. — Disse Amy colocando-se ao lado dele — Só sei que estou cansada, estou sentindo as minhas pernas tremerem. Parece que vou cair.

Marcus dera uma piscada para Margareth.

Num flash, Marcus levantou Amy e começou a caminhar pela sala espelhada com ela.

— Venha princesa! Eu te levarei para casa no meu cavalo branco. — Ele ria divertido. Um deleite para os olhos de Margareth que começava a planejar algo em sua mente brilhante.

— Marcus, me ponha no chão.

Entre risos e falta de ar, Marcus a obedeceu imediatamente.

— Vocês dois são tão malucos. — Comentou Margareth com olhos brilhando — Percebi como as energias os unem com facilidade, tudo ao redor de vocês se transforma. Gosto disso.

— Ainda bem que você gosta, Margareth. Alguém que apoia a loucura é muito bom. Adorei o convite, mas tenho de ir para a última consulta antes de retornar a todas as minhas tarefas.

— Sou grata pela sua dedicação, Marcus. Tenho grandes planos para você. Só estou esperando o seu retorno.

— Até mais meninas — Disse ele se despedindo com um beijo no rosto de cada uma.

Margareth gostava desse clima divertido que ficava no ar. Ela por sua vez já conseguia notar o quanto Marcus olhava diferente para Amy, todas as suas brincadeiras se justificava a algo que sentia ou que se imaginava fazendo com a jovem. Margareth sempre torcia pela felicidade de todos os seus alunos e com Amy não seria diferente. Queria que ela seguisse o seu coração e se sentisse segura. Ver a sua felicidade era primordial para aquela mulher sonhadora. Lutaria por ela mesmo que tivesse passar por cima de todas as regras impostas por Ingrid. A felicidade bateria na porta certa desta vez.


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