Era uma tarde nublada na cidade de Forks, o que não era novidade nenhuma, a cidade que fica constantemente debaixo de uma camada de nuvens de chuva, se localiza no condado de Clallam, no estado de Washington, era pequena mas eu gostava de lá, afinal era minha cidade natal. Eu estava estudando em meu quarto quando ouço um barulho vindo da janela. Virei-me para ver o que era e Edward Cullen estava passando por ela, como se fosse normal e ele fizesse isso frequentemente.

Edward é meu vizinho desde sempre, nossos pais são amigos há muito tempo. A verdade é que sou apaixonada por ele desde pequena, mas ele não sabe, e se dependesse de mim nunca ficaria sabendo, não que eu queira é claro, mas nunca me declararia para ele, sou a covardia em pessoa.

O que posso dizer sobre ele? Bem, quando éramos crianças costumávamos ser muito próximos. Ele vivia em minha casa e eu na dele. Mas com o tempo Edward foi ficando mais bonito e charmoso, com seus olhos verdes e cabelo ruivo bagunçado, arrasava os corações de todas as meninas da escola. Com sua crescente popularidade, ele fez novos amigos e, é claro, diversas namoradas. Ia a todas as festas, chegava em casa bêbado, fumava, se tornou um rebelde. E eu fui deixada de lado, até que fui esquecida completamente.

Bem eu não o censurava, eu não era popular e atraente como as garotas que ele vive acompanhado. Eu sou o tipo comum, branca, cabelos e olhos castanhos, magra e sem traços marcantes, obviamente sem nenhum atrativo especial. Eu não era exatamente nerd, mas me esforçava pra tirar notas boas.

O observei andar pelo meu quarto despreocupadamente, ele usava uma camisa preta e jeans escuros. Estava tão surpresa com sua inesperada visita que fiquei momentaneamente sem palavras.

_O que faz aqui? – perguntei a ele.

_Não sabia que tinha um excelente gosto para musica. – ele respondeu observando minha coleção de discos, ignorando completamente minha pergunta. Não respondi, apenas olhei pra ele curiosa. Então ele começou a fuçar meus discos parecendo profundamente interessado. Depois de alguns minutos fiquei realmente impaciente com aquilo.

_ E então ...qual o motivo da sua ilustre presença em meu humilde quarto? – falei.

Ele olhou pra mim, como se só agora tivesse notado a minha presença. Observou-me por um momento com uma expressão indecifrável, e eu não aguentava mais de curiosidade. E não era pra menos, depois de anos sem nem olhar na minha cara, de repente ele entra pela janela do meu quarto sem minha permissão. Sem falar que meu coração disparado quase não podia acreditar que ele estava li, falando com tanta naturalidade, como se nunca tivéssemos deixado de ser amigos. Ah como eu queria acreditar nisso. E com certeza não era pra apreciar minha excelente coleção de discos, pensei comigo mesma.

_Eu queria saber se você gostaria de ir comigo ao parque. - disse simplesmente.

Olhei cética pra ele, enquanto ele esperava minha resposta.

_Acho que não entendi muito bem. - respondi me sentindo perdida com seu inesperado pedido, estava começando a achar que estava sonhando com aquilo, que tudo não passava de uma invenção da minha mente apaixonada.

_Não se preocupe será apenas você e eu. – ele disse, como se isso explicasse tudo. Não conseguia acreditar em como ele estava diferente, lógico que tinha notado sua mudança, mas agora com ele falando comigo, notei como ele se tornou quieto e misterioso, não conseguia interpretar suas expressões.

_Tudo bem – falei sem pensar. Na verdade estava curiosa pra conhecer aquele novo Edward Cullen.

_Te espero lá em baixo em vinte minutos – ele disse sem rodeios e pulou de volta a janela.

Vesti um jeans escuro e uma camiseta e meus inseparáveis coturnos e sai de casa um pouco ansiosa. O encontrei encostado casualmente em sua Harley Davidson, me esperando pacientemente. Quando ouviu o barulho da porta se virou e ficou me encarando até eu estar ao seu lado na calçada.

_Então... estou pronta. – disse.

Ele apenas subiu em sua moto, e me entregou um capacete, subi em sua garupa, e fiquei meio em dúvida sobre onde me segurar, vendo minha hesitação ele pegou minhas mãos e as colocou a sua volta, me deixando nervosa com a proximidade de nossos corpos. Me aproveitando da situação, inclinei a cabeça e cheirei seu pescoço, e ele tinha cheiro de tabaco e hortelã, era o melhor cheiro do mundo.

Ele dirigia em alta velocidade, e eu o apertava tanto que suspeitei que o estava sufocando, mas ele não parecia incomodado, na verdade ele parecia estar gostando pois ia cada vez mais rápido. Quando chegamos desci cambaleante da sua garupa, e precisei de um momento para recuperar o equilíbrio. Já Edward desceu da moto com um grande sorriso satisfeito me olhando de lado.

Fomos direto para a fila de ingressos e no caminho ele inesperadamente pegou gentilmente minha mão, fiquei tão surpresa com seu ato que quando olhei em seu rosto tentando decifrar sua expressão tropecei em minhas próprias botas e quase cai de cara no chão. Resgatando o que restou de dignidade e com o rosto vermelho como um pimentão, olhei pra frente e tentei ignorar sua cara de diversão, ele com certeza estava se matando de rir internamente, caramba eu era patética.

_Ta tudo bem?- ele perguntou. Ainda se divertindo com meu quase tombo.

_Sim, ta tudo certo. - respondi tentando não parecer constrangida.

Quando chegamos na fila de ingressos, que por sinal estava enorme, alguns amigos dele apareceram. Eu inocentemente achei que realmente seríamos apenas nós dois, como ele me disse, seus amigos não estavam com cara de que iriam embora. Então simplesmente me afastei um pouco, ainda na fila, tentando ignorar a conversa deles. Mas estava difícil.

_Edward cara, quem é a beldade da vez? – um dos amigos perguntou, me encarando de cima a baixo. Edward percebendo seu ato e se virou nervoso pra ele.

_Não é da sua conta, achei que tinha falado pra vocês não me importunarem hoje. O que fazem aqui?

_Calma ai cara, a gente só estava sem nada para fazer, mas já estamos de saída. – disse o outro. Então parei de escutar a conversa, e depois de um tempo eles se foram. Compramos nossos ingressos, e entramos no parque.

Andamos um pouco e nos aproximamos da barraca de tiro.

_Quer tentar? – ele falou perto do meu ouvido.

_Sim – respondi nervosa pela sua aproximação repentina.

Eu fui primeiro e acertei o alvo duas vezes. Ele olhou admirado em minha direção, obviamente ele não imaginava que eu acertaria uma vez, quanto mais duas. Quando chegou à sua vez, ele acertou três. Surpresa, eu bati palmas e sorri pra ele, ele sorriu de volta e se inclinou na minha direção fazendo uma mensura, ri com aquilo e ele passou os braços pelos meus ombros distraidamente, totalmente alheio ao meu coração disparado e as minhas bochechas coradas. Ele escolheu um panda de pelúcia como prêmio e o deu a mim, murmurei um obrigada enquanto ele me observava com aqueles olhos perscrutadores.

_Bem, aonde vamos agora? – perguntei tentando desviar sua atenção de mim. Ele piscou e olhou em volta, analisando as opções.

_Que tal a montanha russa?- ele perguntou esperançoso. Eu morria de medo da montanha russa, porque uma vez quando era pequena, eu estava em uma quando esta parou e eu fiquei presa no alto dela por um bom tempo, enquanto os técnicos tentavam fazê-la funcionar novamente, e bem, eu não estava sozinha, um Edward de 9 anos estava ao meu lado tentando me distrair do meu medo de altura.

_Eu não sei Edward... – disse, e vi que ele também se lembrava desse episodio, mas sua cara de pidão estava irresistível.

_Ah qual é Bella, o que pode acontecer? – ele perguntou se divertindo com minha cara de pavor enquanto pegava minha mão e me puxava em direção à fila da montanha russa.

Olhei pra cima questionando o meu juízo enquanto observava a montanha russa girando e girando e girando... a vertigem me atingiu e decidi desviar o olhar antes que meu estomago ponha pra fora todo o meu almoço, seria patético vomitar antes de entrar no brinquedo. Rindo das minhas bobagens olhei para Edward, e lá estava ele me observando novamente, uma sombra de riso brincava em seus olhos e sua boca tentava esconder um sorriso. Ele estava rindo da minha reação precipitada, constrangida desviei o olhar sentindo minhas bochechas queimarem, quando de repente senti seus dedos levantando meu queixo me fazendo olhar pra ele. Ele suspirou profundamente e me deu um suave beijo na têmpora, seu olhar queimava enquanto acariciava suavemente minha bochechas. Eu estava petrificada, meu estomago cheio de borboletas me fazia acreditar que eu iria vomitar por outros motivos. Meu coração batia tão forte que eu jurava que ele podia ouvir, minha reação ao seu toque foi surpreendente e inesperada, e olha que foi só um carinho na bochecha, acho que se ele me beijasse de verdade eu iria desmaiar. Balancei a cabeça tentando clarear meus pensamentos e me acalmar.

_Você é incrível, Bella - ele disse, ainda me olhando intensamente. Sem saber o que responder apenas sorri timidamente, um pouco assustada pela minha reação exagerada á Edward Cullen.

Fui salva pelo gongo quando a fila andou e chegou a nossa vez de entrar no brinquedo, ele puxou minha mão e me guiou em direção ao banquinho vermelho, nos sentamos e colocamos o cinto. O brinquedo começou a girar, e meu nervosismo reapareceu, apertei tão forte a barra que estava na minha frente que os nós dos meus dedos ficaram brancos. Edward vendo meu medo, passou os braços em volta da minha cintura e me puxou pra perto dele, grudando nossos corpos, meu medo instantaneamente foi esquecido enquanto eu apreciava o calor que emanava de seu corpo e divagava sobre minhas mãos em seus cabelos revoltos e sua boca na minha. Ele cheirava meu cabelo e deslizava seus dedos em minha cintura. Aquilo era totalmente surreal, e eu estava seriamente pensando que eu estava ficando maluca. Em que universo paralelo Edward Cullen me chamava pra sair, me fazia elogios, e afagava minha bochecha?

Ainda questionando a veracidade dos acontecimentos recentes, me virei para Edward e perguntei:

_Então Edward, por que me convidou pra sair? Você nunca mais falou comigo desde que éramos crianças. – Ele ficou sério de repente e se afastou um pouco para olhar em meus olhos, depois de um tempo respondeu.

_Bem, eu já esperava essa pergunta... Bella, eu sempre te observei de longe. – ele disse intensamente, arregalei os olhos surpresa - quando deixamos de ser amigos, eu estava cego pela popularidade, eu tinha amigos populares e a atenção de todas as garotas, eu podia ter qualquer uma, quando eu quisesse. Mas depois de algum tempo eu cansei disso, cansei de toda a falsidade, da hipocrisia, e me afastei deles. E então eu comecei a te observar na escola, e percebi que você ainda era a mesma Bella de sempre, distraída, responsável e que dava valor nas coisas certas, nos amigos que valiam a pena. Então eu decidi que iria reconquistar a sua amizade, mas não saiu como eu planejava ... – Ele riu secamente. Olhei curiosa pra ele e peguei em sua mão.

_ O que deu errado então? – perguntei. Ele olhou meus dedos entrelaçados nos seus e suspirou.

_Eu me apaixonei por você Bella. – Ele disse. Ta bom, respira Bella, calma, eu disse a mim mesma. Não podia acreditar no que eu acabava de ouvir, era o meu sonho impossível, Edward Cullen dizendo que era apaixonado por mim. Eu estava paralisada, o encarando como se ele fosse um alienígena. Ele ficou nervoso com minha reação, ou a falta dela, e começou a se afastar de mim, aquilo me acordou para a realidade dos fatos, e eu percebi que não aguentaria vê-lo se afastar de mim novamente. Então eu surtei. O agarrei e o beijei como se não houvesse amanhã, transmitindo todos os meus sentimentos naquele beijo. Surpreso com minha reação, ele não correspondeu na hora, mas depois me puxou pela cintura pra mais perto dele e me beijou com entusiasmo.

Depois que o ar se fez necessário, nos separamos e encaramos um ao outro, e de repente ele deu o sorriso mais bonito e contagiante que eu já tinha visto. Encantada, eu sorri de volta e disse:

_Edward, eu sempre fui completamente apaixonada por você, durante todo esse tempo nunca consegui te esquecer. – Ele então começou a distribuir beijinhos pelo meu rosto e depois pelo meu pescoço, e parecia uma trilha de fogo. Antes de chegar a minha boca novamente de sussurrou:

_Desculpe pela demora, meu amor. – meu coração acelerado perdeu uma batida, mas voltou ao seu ritmo alucinante assim que ele encostou seus lábios nos meus, e me beijou carinhosamente.

Ainda estávamos nos beijando, quando de repente a montanha russa deu um solavanco e parou de girar, nos deixando presos no ponto mais alto de sua trajetória. Soltei um gemido de pavor e olhei para baixo, assustada, quando sinto braços fortes me abraçando e uma risadinha vinda de Edward, ele parecia genuinamente feliz e nem um pouco abalado com o recente acontecimento. Vê-lo tranquilo me fez relaxar um pouco, mas ainda estava receosa.

_Não se preocupe minha Bella, eu estou aqui com você, e sempre vou estar. – Então meu nervosismo se esvaiu completamente, e eu vi em seu olhar que ele sempre estaria mesmo, e eu nunca me senti tão segura como naquele momento, e eu não tive dúvidas de que ficaríamos juntos por muito, muito tempo.