Quando todos estavam ali, aguardando a entrada dos bio-robôs, foi quando eles entraram. O silêncio foi tomado por gritos, ordens e sons de armas atirando. Cinco minutos nunca haviam passado tão depressa.

Caleb gritava para os tripulantes, para atirarem e para se defenderem, e ver seus tripulantes caindo sem vida não chão o fazia se sentir mal, mas não havia tempo para se lamentar, não naquele momento.

Kiah fazia o mesmo que Caleb: ela lutava, atirava, e se defendia. Toda a tripulação tentava se salvar, mas poucos estavam conseguindo.

Os bio-robôs avançavam muito rapidamente, e Caleb viu que o mesmo que aconteceu na Vaton 66-100 poderia se repetir na Nova Vaton, e foi então que ele correu novamente para a sala de computação.

  Elala ainda tentava ativar o sistema de segurança para diminuir a entrada dos bio-robôs. Caleb se aproximou dela e disse:

  — Elala, o nosso sistema de segurança tem armas compactadas em toda a nave, não tem?

  — Tem capitão, mas... — Elala respondeu.

  — Mas nada Elala! Nossa tripulação inteira pode morrer por conta dessas coisas! — Caleb gritou, e depois se virou e atirou na cabeça de um bio-robô que havia entrado na sala.

  — Já ativei capitão, mas vai levar alguns minutos. — Elala respondeu. — Esse era o “mas”.

Caleb sentiu um arrepio quando Elala o olhou com os olhos cheio de lágrimas.

  — Tente acelerar isso, e tente impedir a entrada de mais deles, por favor. — Caleb disse antes de sair da sala.

Enquanto a tripulação enfrentava de frente seus inimigos, Kiah começou a procurar por Caleb que havia desaparecido, e ela temia que ele fosse mais um dos mortos. Ela corria, atirava e se esgueirava pelos corredores da nave para não ser atingida pelos bio-robôs.

Quando percorria o corredor que levava até a sala de comando, um bio-robô surgiu por de trás de Kiah e acertou o braço da tenente, que urrou de dor e deixou sua arma caindo no chão, logo em seguida ela mesma caiu no chão, com a mão direita segurando a ferida no braço esquerdo.

  Kiah olhou o bio-robô e imaginou que naquele momento ela já seria uma pessoa morta, vendo que estava ferida, desarmada e sem nenhum modo de se defender.

  — Vocês são bem mais fáceis de derrotar no simulador. — Kiah disse, e logo em seguida o bio-robô levou um tiro na cabeça, e quando caiu, Kiah pode ver Caleb em pé atrás dele com a arma na mão.

  — O que estava pensando em fazer? Ein, tenente? — Caleb perguntou, logo em seguida ajudando a tenente a se levantar.

  — Não importa mais. — Kiah respondeu.

  — Estava me procurando? — Caleb perguntou a tenente, pegando no braço da mesma para ver a ferida.

  — Já disse, não importa mais. — Kiah puxou o braço.

As luzes da nave começaram a piscar, e se manterem após alguns segundos fazendo isso.

  — Porcaria... — Caleb grunhiu.

— Nosso dever não é ficar parados aqui, vamos à luta capitão. — Kiah disse antes de seguir pelo corredor.

— Vamos à luta. — Caleb assentiu com a cabeça.

Caleb e Kiah começaram a correr pelos corredores da nave, atirando no máximo de bio-robôs que podiam acertar, e salvar o maior número possível de tripulantes.

Yakai também lutava para salvar a tripulação: ela atirava nos bio-robôs com uma ótima precisão. Porém algum bio-robô acertou um braço dela enquanto ela estava de costas, e acabou arrancando o braço da robô fora.

  Elala tentava acelerar o computador para que as armas compactadas da nave fossem logo ativadas, e que o sistema de segurança fosse logo reforçado.

  A tripulação estava perdendo, Caleb e Kiah começaram a se encher de desespero. Vidas perdidas, famílias destruídas. Quantos mais Big Question iria matar? Por quanto tempo? Qual é seu objetivo? O que vai ganhar se destruir toda a vida do universo? Qual é a vantagem disso tudo?

Finalmente estava tudo pronto para Elala ativar as armas e reforçar o sistema de segurança, mas quando ela ia apertar o botão que iria fazer tudo isso acontecer, um bio-robô atirou nela, fazendo-a cair no chão, extremamente ferida. Elala gritava de dor, e sentia que não ia aguentar, quando o bio-robô se aproximou dela para acabr de vez com sua vida, ela juntou as suas forças e rapidamente se levantou e apertou o botão que iria ativar a salvação de Nova Vaton.

Elala caiu novamente no chão e assistiu ao bio-robô que havia atirando nela ser estraçalhado por uma arma do compartimento.

  Por todos os lugares na nave, armas saíram de compartimentos e começaram a ajudar a tripulação, que havia acabado de ver uma nova esperança nascer. Por onde os bio-robôs havia entrado, estava completamente bloqueado, impedindo os que ainda iriam entrar.

A tripulação se reergueu, e atirava cada vez mais nos bio-robôs, e Caleb e Kiah viram que finalmente estavam em vantagem.

O número de bio-robôs foi diminuindo, e acabou se reduzindo a zero. Mas não havia nada a que comemorar, grande parte da tripulação estava morta.

  — Quais são as ordens capitão? — Um tripulante perguntou a Caleb.

  — Pra bem longe daqui, agora. — Caleb respondeu, de joelhos no chão.

A nave estava em um banho de sangue e corpos sem vida. Alguns tripulantes suspiravam aliviados, e alguns choravam, agradecendo por terem sobrevivido.

Yakai de aproximou do capitão e da tenente, e os cutucou com  o braço que haviam lhe arrancado.

  — Yakai, o seu... — Kiah disse.

  — Isso tem conserto, mas vocês tem que ver isso. — Yakai disse, levando eles até a sala de computação.

Kiah e Caleb viram o corpo sem vida de Elala, que estava caído no chão.

  — Ela se... Sacrificou... — Kiah gaguejava. — Para... Nos salvar...

— Ela é uma heroína, ela fez o que pode. — Caleb disse. — Eu preciso... Eu preciso falar com a tripulação.

Caleb se retirou e caminhou até a sala de comando, onde se sentou em sua cadeira e pegou o microfone.

  — Atenção aos tripulantes, aqui é o seu capitão. — Caleb respirou fundo. — Sobrevivemos. A tripulação da Vaton 66-100 não conseguiu o que conseguimos hoje, parabéns para nós. E que Elala descanse em paz. Sem ela não teríamos o nosso sucesso de hoje.

  Kiah entrou na sala de comando e encostou na batente da porta, onde ficou olhando para Caleb.

  — Nossa nave esta um banho de sangue. — Caleb disse. — E vamos para o mais longe possível, pro planeta mais próximo e limpar tudo isso, e quem quiser ficar por lá, fique a vontade, vocês não tem a obrigação de continuar aqui. Agradeço a todos que puderam nos ajudar, e que enquanto a nossa tripulação descanse em paz, Big Question queime no inferno.

Caleb se levantou e caminhou até a porta, mas Kiah o barrou.

  — Está dispensando a tripulação? — Kiah olhou para o capitão.

— E você também. — Caleb abaixou o braço de Kiah, que impedia sua passagem e seguiu e seu caminho.

— Não pode me dispensar assim. — Kiah o seguiu. — Você vai ter que me aturar até tudo isso acabar capitão Safrid.

Caleb parou e encarou Kiah por alguns segundos.

— Já que é assim, deveria ir tomar um banho e tentar descansar, pelo menos. — O capitão disse antes de seguir o seu caminho.