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[27 de dezembro de 2022 | Aeroporto de Londres]

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“Atenção passageiros. O voo 4568 se prepara para aterrissar em solo britânico. Favor apertar os cintos.”

Lillian respirou fundo quando a voz da aeromoça soou, sentindo seu estomago embrulhar alarmantemente. Ela não duvidava nada que estivesse verde – isso explicaria o olhar preocupado que um homem na faixa dos seus cinquenta anos havia mandado para ela. Com sorte, ele provavelmente associou a cara de pânico da mulher, com um medo absurdo de voar.

Lilly estava assim desde que havia pegado o avião em Seattle – na primeira classe como sua irmã teria feito – e a cada minuto que passava a situação apenas piorava, porque ela sabia que a cada minuto ela estava mais próxima do seu destino.

A perspectiva de chegar em um solo completamente desconhecido e encarar pessoas que sequer ela já tinha visto antes não era nada convidativa. Principalmente se levasse em conta o fato que ela teria que agir como se conhecesse intimamente aquelas pessoas.

Se a janela a sua direita abrisse e desse para ela passar pela mesma, Lillian tinha certeza que já teria pulado do avião.

– Com licença... – uma voz calma soou e Lilly levantou os olhos levemente arregalados para olhar um homem que tinha a sua faixa de idade e que encarava as suas mãos, que estavam segurando firmemente o assento, com certa preocupação. – Você está bem?

– E-eu... – ela limpou a garganta, fazendo uma força para soltar o assento e lançar ao homem um sorriso meio tenso. – Apenas não me sinto confortável em aviões. – mentiu.

– Creio que não. – ele sorriu meio reconfortante para ela. – Já pousamos acho melhor você pegar as suas coisas.

– Ah. – Lillian falou simplesmente e olhou ao redor para ver que as poucas pessoas que estavam na primeira classe, já estavam se retirando. – Obrigada. – acrescentou para o homem, sua voz fraca até os seus próprios ouvidos.

– Você está bem mesmo? Está pálida. – ele a olhava de perto.

– Estou ótima. – as pernas dela tremiam, mas mesmo assim ela se forçou a ficar de pé, enquanto pegava a “sua” bolsa e o celular. Ela não estava se sentindo nada confortável naquela situação.

– Eu já vi você em algum lugar? – o homem agora a analisava nitidamente e a mesma suprimiu uma careta. – Você parece familiar...

– Tenho um rosto muito comum. – Lillian o interrompeu com um sorriso tenso. Era a sua ultima chance de ser ela mesma antes de descer do avião e virar Lucy Sampaio.

– Não acho que esse seja o caso. – ele sorriu torto para ela, um sorriso particularmente bonito ela tinha que admitir. – Maicon. – ele estendeu uma mão em cumprimento.

– Lillian. – ela apertou a sua mão, dando um fraco sorriso, apesar de a sua garganta estar apertada. Ela teria que já ser a Lucy, mas ela não estava pronta para ser outra pessoa, ainda mais uma pessoa que ela detestava.

– Prazer em conhecê-la Lillian. – Maicon falou ajeitando uma mochila preta sobre o ombro.

– O prazer é meu. – ela estava apenas em parte atenta a conversa, porque suas mãos estavam suadas e tremiam, fato que ela tentava esconder e que ficava mais difícil principalmente ao ouvir o celular apitar. Um celular que ela tinha “ganhado” por ser idêntico ao que Lucy tinha.

“Niall estará a esperando no aeroporto. Xx Simon”

Apenas essa mensagem, vez o mundo de Lillian girar – literalmente. Ela nunca havia se sentido tão nervosa na sua vida e achava que pudesse desmaiar a qualquer segundo.

Ela tinha pensado que quando chegasse a Londres ainda teria um tempo para bolar tudo direitinho e todo o resto. Deveria ter imaginado que o namorado apaixonado iria querer vir buscar a namorada no aeroporto.

Ela estava mais do que nervosa.

Poderia ter um ataque a qualquer momento.

– Você tem certeza que está bem mesmo? – Maicon a apoiou quando ela parecia que ia cair, a olhando agora mais do que preocupado. Ela olhou para os olhos mel do garoto desconhecido a sua frente e respirou fundo.

Ele seria a ultima pessoa pelos próximos seis meses que saberia quem ela era de verdade, mesmo que nunca mais fossem se ver de qualquer jeito. Mas quando ela descesse daquele avião para encontrar Niall Horan ela já teria que ser Lucy.

“Isso não é uma brincadeira Lillian Sampaio.”

Lilly poderia claramente ouvir a voz de Simon em sua cabeça e sabia que a vozinha tinha razão. Isso não era uma brincadeira e ela não tinha saída. Ela tinha que levar aquilo a serio, era sua única alternativa.

Sua única alternativa era virar uma das pessoas que ela mais odiava no mundo.

– Estou ótima. – ela ergueu o queixo, num gesto meio esnobe que sabia fazer completamente o estilo da irmã. Respirou fundo e soltou delicada, porém friamente o braço do aperto de Maicon. – Obrigada e Adeus. – completou sem nenhuma expressão, antes de dar as costas e sair rapidamente dali.

Ela não cumprimentou as aeromoças, nem nada do tipo, apenas desceu do avião e foi em direção ao portão do desembarque, seu coração batendo mais que acelerado. O vendo frio britânico fazia seu cabelo ricochetear e ela apertou seu casaco mais próximo a si, vendo a sua respiração condensar.

Aqui não era muito diferente dos Estados Unidos nesse quesito. Também fazia um frio excepcional nessa época do ano e também nevava – com sorte não o suficiente para cancelar alguns dos voos –, flocos brancos grudaram no cabelo de Lillian, antes dela entrar na área coberta e eles começarem a derreter, fazendo seu cabelo ter um aspecto molhado.

Ela não olhou ao redor quando passou pelo portão de desembarque. Com o queixo erguido e tentando aparentar calma e frieza, ela começou a andar em direção ao local de retirada das malas. Suas mãos estavam no bolso do sobretudo rosa que ela usava, e que cobria a blusa não muito discreta e metade da calça infinitamente apertada. Ela avistou suas malas, chegando na esteira.

Não tinha como não notar. Ela pensou meio amargamente. Simplesmente não tem como não notar cinco malas gigantes em rosa pink.

– Lucy? – uma voz rouca e com leve sotaque soou atrás dela e Lillian imediatamente congelou prendendo a respiração. Suas mãos começaram a tremer e por sorte ainda estavam longe de vista, dentro do bolso do sobretudo. – Lucy Sampaio? – tentou outra vez, quando ela não se virou, parecendo agora hesitante.

Lentamente Lillian se virou para olhar quem havia lhe chamado – ou melhor – chamado a sua irmã e teve que lutar para não sair correndo.

Niall Horan estava parado de frente à ela, a olhando com os olhos azuis meio arregalados. A primeira coisa que ela notou foi que a foto não fazia jus a sua beleza. Ele era ainda mais bonito – se é que era possível – pessoalmente. Seu cabelo loiro estava arrumado em um topete casual e meio desleixado. Sua pele era branquíssima, fato que era reforçado pelo fato que ele usava capotes pretos, e ele tinha um leve rubor nas bochechas, devido ao frio. Seus olhos eram de um azul que Lilly nunca havia visto antes. Parecia que haviam pegado o oceano mais cristalino e colocado nos olhos dele. E no momento que aquele oceano olhou para o rosto dela, um sorriso apareceu tanto nos seus olhos quanto nos seus lábios que era de um rosa chiclete que praticamente pediam para serem analisados.

Como Lucy pôde fugir dele? Era a única coisa que a baixinha pensava incredulamente.

– Oh meu Deus, Lucy. – ele avançou feliz e a abraçou apertado, Lillian imediatamente enrijeceu, sem saber como reagir à aquilo. – Que saudades amor. O que você fez com seu cabelo? Quase não te reconheci. – ele se afastou parecendo não ter notado e com um grande sorriso nos lábios.

Ele ainda estava perto o bastante para Lillian ouvir a sua respiração. Perto o bastante para ele poder ver – se quisesse – o pânico nos olhos dela. As mãos que tremiam em nervosismo. O coração que parecia uma escola de samba em seu peito. Mas ele não parecia ter notado nada disso.

As pessoas veem o que querem ver. – ela pensou amargamente e se obrigou a ficar calma ou tentar aparentar calma e torceu para o sorriso que ela lhe lançou não ter lhe denunciado.

– Eu achei que uma mudança seria legal. – ela falou naquele tom que lembrava que a irmã usava muito com ela. Um tom de alto confiança que Lilly nunca teve. – Gostou? – completou quando ele pegou uma mecha do seu longo cabelo castanho e analisou com um sorriso.

– Continua linda. – Niall sorriu para ela e acariciou o rosto com a ponta dos dedos e ela estremeceu sabendo o que viria em seguida e se preparando psicologicamente para aquilo.

Não se surpreendeu quando o loiro se inclinou e colou seus lábios com os dela.

Ela meio que já havia pensado nisso. Pensado que teria que deixar um estranho toca-la como se ambos fizessem isso sempre. Primeiro ela tinha achado a ideia completamente repulsiva e aí viu a foto do Niall e a ideia foi de completamente repulsiva à nem tão repulsiva assim. Ora, ela ainda era uma mulher e tinha que admitir que Niall Horan fosse bastante atraente. E problema não era ele, era que tudo era tão errado. Ela se sentia uma vadia completa fazendo o que estava fazendo, mas não era como se tivesse outra escolha. E havia tido alguns dias para tentar se acostumar com a ideia de que o loiro ia toca-la como se estivesse tocando a sua irmã tanto quanto teve um dia para pensar em uma desculpa boa o suficiente para o quesito cabelo.

Naquele momento Lillian agradeceu infinitamente aos avanços de apliques no salão de beleza.

Não que agora ela aceitasse aquela situação. Mas tinha tido tempo para tentar entender que aquilo era necessário e não tinha escolha a não ser fazer o que estava fazendo.

Por isso não se surpreendeu quando Niall a beijou.

Ela se surpreendeu com a sensação que aquilo trouxe a ela.

Ele havia entrelaçado os dedos nos fios de cabelo de Lilly, sua mão na nuca dela, a beijando com tanto carinho que ela teve vontade de chorar. A vadia da irmã dela não merecia aquele garoto que a beijava naquele momento. Niall Horan não merecia ser enganado como estava sendo e isso fez Lillian se sentir miserável porque era ela que o estava enganando agora.

– Hey... – ele se afastou preocupado quando sentiu algo molhar a sua pele, e arregalou os olhos enxugando uma lagrima que havia escorrido pelo rosto de uma Lillian que se xingava mentalmente. Aquela não era a hora para desmoronar. – Lucy... porque está chorando? – ele parecia além de preocupado, perplexo.

– Você... – ela limpou a garganta, enquanto olhava para o homem a sua frente com certa ternura. Como ela desejava não fazer o que estava fazendo. Desviou levemente o olhar do dele para qualquer outro canto. – Senti a sua falta.

Ele tocou o rosto dela delicadamente e o virou para encontrar os seus olhos azuis que brilhavam intensamente. Ele olhava para ela com um olhar que fez Lilly perder levemente o folego. Ele parecia surpreso e... completamente apaixonado. Ela supôs que Lucy nunca havia sido garota de declarações como aquela e mais uma vez se xingou mentalmente por ter vacilado – ela tinha que ser Lucy e não Lillian – e xingou a irmã por ser uma puta.

– Também senti a sua falta. – ele falou depois de um tempo em silencio em que ele apenas analisava cada detalhe do rosto dela, e a olhava no fundo dos olhos. Naquele momento Lilly teve medo que ele pudesse ler as mentiras neles. Mas ele apenas analisou os seus traços, como se analisasse as mudanças que tinha nela, não só fisicamente (como o cabelo), mas também o que a tinha levado a falar o que falou. Então ele sorriu, como se tivesse visto algo que o tivesse agradado imensamente.

Lillian apenas não querendo responder perguntas, passou os braços pelo pescoço dele e o puxou para um beijo que foi prontamente correspondido. Era um beijo lento, calmo e – pela parte dela – exploratório. Ela queria... não, tinha que conhecer Niall Horan porque Lucy conhecia. Ele apertava firmemente a sua cintura, enquanto uma de suas mãos foram se entrelaçar novamente com o seu cabelo. Quando Lilly percebeu que as coisas provavelmente estavam passando de um nível aceitável para o publico, ela se afastou e ele sorriu torto.

– Tenho que pegar as minhas malas. – ela se afastou bruscamente dele, com o queixo em pé, se lembrando muito bem da personalidade de Lucy que não era nada como a que ela estava tendo. Sua voz tinha voltado a uma calma arrastada, característica da irmã.

– Não se preocupe, Paul deve ter cuidado disso. – Lillian se perguntava quem infernos era Paul, porque ele não estava nas informações que Simon tinha dado à ela. Tentou não demonstrar o nervosismo. Isso seria pior do que pensava. – Ele veio junto com os outros seguranças e já deve ter levado as malas para o carro.

– Tudo bem. – ela falou com um sorriso repuxado, que só alguém como ela, que conhecia a irmã desde pequena e sabia da personalidade podre, sabia ser esnobe. Como ela odiava aquele sorriso e agora estava sendo obrigada a imita-lo. Não afetou a sua expressão quando Niall entrelaçou a sua mão com a dela.

– Vamos lá, o pessoal está esperando para te ver. – ele falou enquanto ambos começavam a caminhar e Lillian rezava para ele não notar as suas mãos tremulas e suadas que pioraram com a sua frase. Pessoal? Que pessoal? Ela estava tão ferrada. – E a proposito... – Niall pausou para olhar de lado para ela com um sorrisinho. – Eu amei seu cabelo longo. Pode ser bem útil.

Lilly tentou não pensar besteira com aquela frase.

[...]

– Niall, eu realmente estou cansada. Gostaria de ir para casa. – ela rompeu o silencio do carro, não olhando para o loiro enquanto falava e sim para a janela do carro, observando a paisagem britânica passar como um vulto. Rezava para que ele não visse as suas mãos torcendo nervosamente em seu colo, ou a mascara de despreocupação não serviria para nada.

Sua afirmação não era completamente mentira, mas também não era verdade. Simon havia lhe informado que Lucy não “morava” com o Niall e tinha um apartamento bem localizado no centro de Londres e por mais repugnante que fosse morar no lugar que a sua irmã tinha morado por tanto tempo, nesse momento não tinha nada que ela desejasse mais.

Ela não tinha a menor ideia de quem seria esse ‘pessoal’ que queria vê-la e não estava nem um pouco empolgada em encontra-los. Ela sabia que se não se preparasse ia acabar cometendo um deslize grave e tudo iria pelo ralo. E não era como se ela pudesse se dar a esse luxo.

Niall havia mandado os seguranças levarem as malas para o apartamento de Lucy, enquanto ambos – Lillian e ele – entravam em outro carro e iam em direção, ao que o loiro brevemente contou, à casa dele, onde tinha pessoas esperando para vê-la.

Ela queria correr dali.

– Por favor, Lucy, faça esse esforço sim? – ele suspirou como se esperasse uma discussão ou gritos da parte dela. – Todo mundo sabe que eu fui te buscar e as meninas estão lá também. Depois você pode descansar, prometo.

Lillian realmente pensou em gritar e espernear, mas, provavelmente, não era pelas razões que o loiro esperava então ela preferiu ficar calada e assentir lentamente. Tentou se acalmar e tentar raciocinar.

O pessoal provavelmente deveria ser o povo da banda que o Niall participava e as ‘meninas’ deveriam ser a tal Kamila e Carol, que eram para ser, as suas melhores amigas. Nesse momento ela ficou realmente tensa, porque as amigas provavelmente conheciam bem a irmã e ela não poderia dar um deslize dessa vez ou estava frita. Também se perguntava como seres humanos poderiam ser amigas de alguém como Lucy. Lilly teve que supor que as duas fosse tão odiáveis quanto a sua irmãzinha.

– Chegamos. – Niall interrompeu os pensamentos conclusivos dela, rompendo o silêncio.

Lillian tentou não parecer completamente pasma, enquanto saía do carro e encarava a mansão a sua frente. A casa era simplesmente imensa. Mas não achava que fosse normal se ela ficasse abobada, já que – supostamente – ela vivia a maior parte do tempo ali.

– Vamos. – o loiro a conduziu para a entrada e ela tentou não ficar encarando os detalhes pelo caminho, enquanto sustentava a expressão em seu rosto. – Pessoal chegamos! – Niall aumentou o tom de voz que agora tinha mudado para um brincalhão, quando fechou a porta atrás de Lillian e dele.

– Estamos na sala! – uma voz masculina gritou de volta.

Ele olhou para Lilly/Lucy como se esperasse que agora ela finalmente rolasse os olhos ou algo assim, mas a baixinha estava mais ocupada tentando puxar na mente todas as informações que ela tinha – e que não eram muitas.

Quando ela não falou nada, o irlandês apenas entrelaçou os dedos com o dela e a puxou em direção à sala de estar da mansão, onde Lillian deu de cara com nove pessoas a encarando de formas diferentes e ela só pode pensar que agora estava toda e completamente fodida.

Tinha uma garota loira, que não parecia ter mais do que 11 anos de idade, que parecia uma boneca de porcelana, mas que fitava a baixinha com os olhos azuis espertos perto da arvore de Natal ainda montada.

Lá estavam os quatro outros membros que juntos com o Niall formavam a OneDirection. Lilly reconheceu porque realmente havia pesquisado um pouco sobre eles. E ao lado de cada um estava – ela supôs com quase certeza – as suas namoradas.

Ao lado de um moreno de olhos azuis que brilhavam em certa antipatia mal disfarçada em sua direção – Louis Tomlinson, ela identificou automaticamente e que parecia não gostar dela, ou melhor... da sua irmã. Isso quase a fez ter vontade de sorrir e gritar que ela sabia como ele se sentia. Mas a vontade passou quando ela lembrou que para ele, ela era a Lucy. – estava uma garota morena, que ela identificou também ser Eleanor Calder, noiva dele. Ela a olhava sem expressão alguma.

Ao lado do de olhos castanhos e cabelo da mesma cor, além de gostoso pra caralho – Lillian teve que acrescentar em pensamento enquanto reconhecia Liam Payne – estava uma garota de cabelos tão longos quanto os dela e de olhos castanhos esverdeados que tentava um sorriso amigável na sua direção, porém não muito convincente. Sophia Smith. Muitas pessoas pareciam não ir muito com a cara de Lucy Sampaio.

Lá estava também um moreno de olhos cor mel – Zayn Malik, ela lembrou rapidamente – que a olhava com um sorrisinho e ao seu lado estava uma das garotas da foto e uma das melhores amigas de Lucy. Kamila Abreu. E ela era tão bonita quanto na foto, ou talvez até mais. Provavelmente mais.

E então tinha um ser com cachos que parecia despreocupado e desinteressado a sua presença – Harry Styles, Lillian adivinhou o ultimo que faltava. Ao seu lado estava a outra melhor amiga de Lucy e a olhava parecendo chocada e por um instante Lilly se apavorou se perguntando o que tinha feito de errado até perceber que todo mundo na sala a olhava do mesmo modo, exceto Niall.

– O que você fez com seu cabelo?! – a garota ao lado de Harry Styles se levantou falando incrédula e a baixinha quase respirou aliviada. Era só isso.

– Achei que uma mudança seria legal. – Lillian deu de ombros aparentando frieza e despreocupação. – Nada que um bom salão não faça.

Os outros apenas deram de ombros como se estivessem convencidos ou como se não se importassem – Lilly apostava na segunda opção. Ela estava aliviada com isso. Mas então viu o olhar chocolate e intenso faiscar na sua direção e sabia que Caroline Silva estava desconfiada com algo pelo modo como a sua testa estava franzida. Ela parecia esperta, esperta demais. Parecia exatamente como se parecia na foto, assim como Kamila. Só que ao contrario da outra, ela não parecia o tipo de pessoa calma. Lillian teria que ter cuidado com ela.

– Bom, seja bem vinda de volta. – Kamila Abreu falou sorrindo meio reconfortante. – Como foi de Natal?

– Muito interessante. – mantendo um tom neutro, ela respondeu enquanto se sentava em um dos sofás junto com o Niall.

– Vejo. – Liam soou educado. – Como vão seus pais?

– Ótimos, e mandaram um olá para todos. – se as perguntas continuassem, Lillian começaria a ficar nervosa.

– O Natal por aqui também foi legal. – Niall passou o braço ao redor da cintura dela, falando calmamente. – Minha família veio para cá, assim como a dos meninos...

– Tio Harry! – a menina de onze anos se aproximou falando para o ser de cachos e interrompendo a fala do loiro. – Olha.

– Você se cortou Lux? – Caroline parecendo realmente preocupada pegou a mão dela, enquanto o Harry também olhava de perto o que se revelou ser apenas um arranhão superficial.

– Foi na arvore de natal. – ela indicou a mesma com uma expressão emburrada, onde estava mexendo nos enfeites um minuto antes.

– Eu pedi para você ter cuidado Lux. – o Styles falou dando um beijo na testa da menina loira, com um olhar em certa repreensão.

– Vamos, eu vou fazer um curativo aí. – Carol começou a se levantar para acompanhar a menina loira. Parecia realmente ser afeiçoada a ela.

– Eu acho que tenho um aqui. – Lillian falou automaticamente a interrompendo enquanto procurava na bolsa. Seu lado medica de instituto falando mais alto. Ela não se importou quando algumas pessoas da sala trocaram olhares meio incrédulos e ergueu sorrindo um curativo. –Aqui boneca.

Lux, parecendo chocada, deu passos hesitantes em direção a Lilly que pareceu não ligar – ou não perceber o choque. Apenas pegou delicadamente a mão da loira, colocando delicadamente o bandaidno corte.

– Prontinho. – sorriu no final, como sempre estava acostumada a fazer na Instituto. Fazer o que? Ela meio que tinha um fraco por crianças. – O que foi? – ela franziu a testa ao ver o olhar de todo mundo pregado nela e se encolheu levemente, ciente que tinha feito algo muito, muito errado.

– Nada. – quem respondeu foi Niall que a olhava de perto, com aqueles olhos azuis que pareciam brilhar em curiosidade.

– Você não gosta de crianças. – Lux fez a cabeça de Lillian virar em sua direção quando falou isso. Só que nos olhos azuis da loira de onze anos, não brilhava mais certa antipatia e sim uma verdadeira curiosidade.

– Lux! – Harry ralhou.

Mas Lilly dificilmente prestava atenção. Na verdade ela se perguntava como ia sair dessa. Deveria ter imaginado que a irmã não deveria ser fã de crianças e que ela não deveria deixar seu lado medica de instituto vir à tona.

– A Lux não quis dizer isso Lucy. – o ser de cachos continuou falando indicando que a menina loira se sentasse do seu outro lado com certo olhar de repreensão e divertimento. A baixinha apenas acenou com a cabeça.

Kamila Abreu olhava para ela com certo olhar cauteloso, como se estivesse avaliando uma situação única. Então a mesma olhou para Caroline Silva que também encarava Lillian, com os olhos parecendo desprovidos de qualquer emoção. Quando a baixinha estava começando a ficar paranoica, a mesma sorriu.

– Não se preocupe com a Lux. – ela falou bagunçando o cabelo loiro da menina que sorriu. – Essa boneca aqui não parece ter aquele filtro entre os pensamentos e a boca. – Harry riu a abraçando por trás.

– O mesmo probleminha que você tem. – o ser de cachos falou fazendo as pessoas na sala rirem e ganhando um tapa.

– A questão é... – a morena continuou como se não tivesse sido interrompida. – Todo mundo sabe o quanto você gosta de crianças. – ela completou no final sorrindo.

Ela foi sarcástica. Foi a primeira coisa que Lilly percebeu, mas ninguém pareceu levar a serio e de fato alguns até riram – inclusive Niall – então a baixinha tratou de relaxar. Parecia que ironias faziam parte da garota.

– Por falar em crianças... – a Kamila começou se virando para Niall. – Soube que o Théo vem te visitar.

– Pois é. – o loiro respondeu enquanto puxava a baixinha para seu colo e a abraçava por trás dando um beijo em seu pescoço que a fez arrepiar instantaneamente. – Eu ainda estou combinando com o Greg a data.

– Vai ser bom ele vir passar um tempo aqui. – Milla sorriu e olhou para a cena de uma Lilly no colo do loiro tentando parecer natural, enquanto ele claramente provocava ela. – Mas acho melhor vocês evitarem ficar se pegando por aí enquanto eles estiverem aqui.

– Como assim se pegando? – Lux franziu a testa, enquanto perguntava, o que fez algumas pessoas sorrirem à cena, não imaginando como a afilhada de Harry Styles poderia ser tão inocente às vezes. Bom, ela só tinha onze anos e Harry era meio protetor.

– Bom, boneca... – Carol começou docemente enquanto o Styles não parecia saber como responder. – É quando duas pessoas treinam para fazer um bebê, igual a sua mãe treinou para fazer você.

– CAROL! – foi um coro de pessoas da sala, umas rindo absurdamente e outras em tom de repreensão apesar de sorrirem. A morena apenas riu enquanto Harry lhe lançou um olhar antes de sorrir também e lhe dar um beijo.

– Procurem um quarto. – Liam lançou uma almofada em direção aos dois e logo depois outra em direção à Niall e Lilly que agora parecia estar com sérios problemas para controlar suas reações ao loiro.

– Bom pessoal, se a gente quiser ir ainda para a festa hoje à noite é melhor irmos embora. – Louis Tomlinson falou se erguendo.

– Que festa? – a baixinha perguntou automaticamente.

– Você se esqueceu? – Niall franziu a testa e depois sorriu. – Uma que vai ter em uma boate aqui em Londres, mas você mesma falou que não queria ir.

– Ah, claro. Tinha esquecido. – ela sorriu tentando parecer convincente.

– Vocês vão? – Zayn perguntou à Carol e Harry enquanto se levantava e abraçava Kamila por trás.

– Não. – o Styles respondeu sorrindo. – Lux está conosco, não vai dar para ir. Acho que vamos empatar o casal ali que parecem estar implorando por um quarto, mais um pouco.

Lillian tentou não corar quando viu que o ser de cachos se referia a ela e Niall, porém percebeu que falhou quando o loiro a olhou meio surpreso e divertido e lhe deu um leve selinho nos lábios. Aquilo seria realmente difícil.

Por varias coisas. Porque ela obviamente não estava conseguindo agir como a irmã. Porque ela não podia negar que o Niall a provocando daquele jeito era bom. E porque ela não conseguia achar a mentira na frase de Harry Styles.

Ela queria ir para um quarto com Niall Horan.

Isso era péssimo.

– Que pena então, nos vemos depois. – Kamila falou sorrindo enquanto era guiada para fora da sala pelo namorado.

– Não façam nada que eu não faria! – Caroline gritou para ser ouvida no corredor e teve como respostas risadas altas e logo em seguida ouviram a porta da frente bater.

– Isso não é um bom conselho. – Harry riu, enquanto a morena apenas sorria carinhosamente para ele e lhe dava um leve selinho em seguida.

– Hey Lux, tem sorvete de chocolate da geladeira. – Niall falou para a garota loira que antes estava mais atenta à um aparelho de celular que tinha em mãos e que pertencia ao padrinho.

– Serio? – ela virou os olhos azuis brilhando em direção ao loiro antes de sair correndo em direção à cozinha.

– A Lou não vai gostar disso. – Caroline cantarolou para Niall, o irritando. – Ela não está podendo comer doces.

– Ela não precisa saber. – ele revidou sorrindo.

– Você é uma péssima influencia. – até Lillian se sentiu a vontade para brincar pela primeira vez e o loiro a olhou com os olhos azuis brilhando em segundas intenções mal contidas.

– Você gosta das minhas péssimas influencias. – ele murmurou roucamente no seu ouvido antes de dar uma leve mordida no lóbulo da orelha da baixinha.

– Arrumem um quarto. – Carol e Harry fizeram coro.

– Hey Lucy... – a morena falou despreocupadamente e Lilly teve que levar alguns segundos para se tocar que ela estava falando com ela. – Sabe quem eu encontrei um dia desses? O Matheus.

– Oh. – Lillian fez uma cara surpresa e de quem tinha entendido, mas ela não fazia ideia de quem era o ser e suas mãos começaram a suar.

– Quem é Matheus? – Niall perguntou curiosamente e com uma leve pontada de algo identificado como ciúmes.

– Ah, ele é um modelo. – a morena respondeu sorrindo de leve. – Nós conhecemos a Lucy através dele. Ele é um antigo conhecido de Kamila e a Lucy e ele estavam fazendo um photoshootpara uma revista juntos e acabamos nos conhecendo por acaso. Lembra? – completou para a baixinha.

– Claro, o Matheus. – ela sorriu o mais verdadeiramente que conseguiu. – Como esquecer?

– Harry... – a outra virou repentinamente para o namorado com um sorriso no rosto. – Acho melhor você ir ver a Lux na cozinha. Ela e sorvete juntos não é uma boa combinação. E você Niall... – se virou para o loiro em seguida. – Vá com ele. Foi você que contou sobre o sorvete.

– Sim senhora. – resmungando os dois se levantaram com dificuldade e foram em direção à cozinha.

Lillian, agora sentada no sofá, olhou para o corredor onde os dois amigos desapareciam enquanto conversavam e riam entre si, e se permitiu um leve sorriso. Em seguida olhou para Caroline que para a sua surpresa estava seria e havia se levantado do sofá.

– Está tudo bem? – a baixinha perguntou preocupada.

– Você não é a Lucy. – a outra praticamente cuspiu sem um pingo de humor em seus traços e Lilly sentiu seu mundo girar e sua respiração ficou presa na garganta.

– Como? – ela tentou fazer sua voz parecer incredulamente divertida, como se estivesse questionando a sanidade da garota à sua frente, mas ela estava em pânico demais para isso. Tanto que a sua voz saiu tremula. – Você está passando bem Carol...

– Eu estou em perfeito juízo. – estava claro que ela estava controlando o tom de voz. Ela olhou em direção ao corredor por onde Niall e Harry tinham passado para conferir se eles estavam voltando, antes de se virar e encarar Lilly novamente. – Você não é a Lucy.

– As pessoas costumam me confundir com a Megan Fox, é natural. Mas achei que você me conhecesse mais do que isso. – a outra tentou brincar, mas suas mãos tremiam.

– Não seja cínica garota. – Caroline Silva estava obviamente perdendo a paciência. – Você. Não. É. A. Lucy. Você acha mesmo que eu não saberia? Não desconfiaria? Eu sou uma das melhores amigas dela, mas não sou cega. Conheço Lucy Sampaio muito bem e não tenho artificio de estar cega de amor como o Niall tem e muito menos o de não conhecer Lucy muito bem como todos os outros. Eles não veem o que está na cara deles porque estão cegos, mas eu não estou. E tenho certeza que Kamila também não. Você não é a Lucy!

– Carol, você não está passando bem...

– Não ouse me chamar de maluca. – ela cuspiu, praticamente. – Eu sou psiquiatra querida. Você não é a Lucy sabe por quê? – ela exibiu um sorriso levemente maldoso. – Não existe Matheus algum. – sorriu mais e o mundo de Lillian rodou, o pânico em suas veias. – Eu, Lucy e Kamila nos conhecemos através de Ed Sheeran, que é um grande amigo meu, quando ela participou de um clipe dele. E Lucy Sampaio nunca se esqueceria desse dia, porque foi o dia que ela foi contratada para um desfile da Victoria Secrets pela primeira vez e ela não é o tipo de pessoa com um ego pequeno.

– Eu... – Lilly tentou.

– E tem mais. – Caroline continuou sem pena. – Lucinda nunca me chamava de “Carol”. Apenas de Caroline, fato que eu detestava.

Nesse momento Lillian sabia que tudo já era.

Ela não devia ter questionado a inteligência daquelas pessoas. Ela deveria ter fugido enquanto podia de Simon. Ela não deveria estar ali. E agora nem queria imaginar o que ia acontecer com ela.

– Eu não sei quem você é... – Carol falou apontando para ela. – Eu não sei como você pode ser tão diabolicamente parecida com a Lucy, mas eu vou descobrir. Também vou descobrir o que você está fazendo no lugar dela e o que aconteceu com Lucinda Sampaio. Ou eu não me chamo Caroline Silva.

– Hey, garotas, querem sorvete? – Niall apareceu na sala sorrindo e depois franziu a testa. – Está tudo bem por aqui?

Lilly tinha certeza que ele podia ver suas mãos tremendo e o pânico nos seus olhos. Mas quando ela olhou para Caroline, esperando que a mesma falasse e a desmascarasse, a morena tinha se sentado ao sofá e sorria para o loiro como se nada tivesse acontecido.

– Morango. – falou simplesmente e depois olhou para a baixinha com um certo brilho de desafio no olhar. – De que sabor você quer Lucy?

– Chocolate. – Lillian tentou sorrir para o homem que sorriu de volta para ela, antes de sair. Então uma leve risada tomou conta da sala e ela olhou em direção a Carol que a olhava sem expressão. – O que foi? – não se preocupou em ser amistosa. Não precisava mais. Não com ela.

– Lucinda é alérgica à chocolate. – ela respondeu parecendo apreciar as suas palavras, antes de ir em direção à cozinha deixando a baixinha sozinha na sala.

Nessa hora ela sabia que essa farsa toda não duraria muito tempo.