Jon

Jon sentiu um grande alívio ao sair das Gêmeas. O alívio só não foi maior porque ele iria para uma batalha e não para Winterfell. Seu maior desejo era voltar para o Norte. Mas antes disso ele tinha que acertar de vez as contas Ramsay.

– Foi uma honra ter lhe concedido abrigo, Vossa Graça. – falou o herdeiro das Gêmeas na despedida – Assim como foi uma honra ter abrigado sua nobre rainha, seus guerreiros e sua adorável irmã. Espero que em um futuro próximo, depois do nascimento de seu nobre herdeiro, Vossa Graça e sua família nos conceda a honra de outra visita para que possamos conhecer o bebê.

Jon respondeu com gentileza, porém em sua mente prometeu para si mesmo que nunca traria suas gêmeas queridas para aquele lugar. Os Frey eram muito traiçoeiros, ele não confiava neles.

Melisandre cavalgava ao seu lado, assim como Arya. As duas iriam passar alguns dias no castelo dos pais de lady Joyeuse, para acertar as coisas a cerca da pequena Bassie e para esperar Jon voltar das batalhas. Um silêncio ruim se instalava entre eles. O único barulho ouvido era o dos cascos dos cavalos e de algumas conversas baixas que os guardas sussurravam logo atrás deles.

Esse silêncio fez Jon se lembrar do choque que levou ao descobrir a habilidade de Arya e das batalhas que lutou e da próxima que viria. Para quebrar o silêncio e tentar aproveitar o tempo com as duas, falou para Arya que ficou muito feliz ao descobrir que Melisandre esperava gêmeas e que os dois já haviam até conversado sobre os nomes. Ele perguntou se Arya tinha alguma sugestão de nome.

– Talvez algum nome Targaryen. – falou Arya com um sorriso que Jon logo entendeu. Ele havia contado sobre seus verdadeiros pais para ela – Talvez Rhaenyra ou Visenya.

– Nomes Targaryen seriam interessantes. – concordou Jon. Logo que falou isso por algum motivo se lembrou da harpa de Rhaegar que ele levava escondido consigo. Ele ainda não havia a mostrado para Arya. Ele mostraria quando todos estivessem em Winterfell.

– Esse nome Rhaenyra foi o nome da rainha que protagonizou a primeira dança dos dragões. Ela lutou contra seu irmão, Aegon, pois achava que seria uma melhor governante que ele.- falou Melisandre

– No fim tanto a rainha Rhaenyra como o rei Aegon morreram. – falou Jon de forma firme, já sabendo que Melisandre ainda queria que ele assumisse o trono de ferro – E depois dessa dança dos dragões o reino demorou anos para se recuperar... As guerras cobram um preço muito alto.

Depois desse comentário o silencio se instalou um pouco mais pesado. Até que Melisandre falou:

– Mas uma nova dança dos dragões poderia ter um final diferente. Com alguém vencendo e reinando e sem muitos danos. A guerra é como uma dança, basta saber os passos certos para vencer.

– As coisas são mais complicadas que isso... Vamos mudar de assunto?

As duas concordaram. Depois disso nos dias seguintes os três passaram a conversar sobre o clima e Melisandre falou sobre visões nas chamas e de como foi seu caminho de Winterfell até lá.

– A Bassie parece está acostumada com a ama de leite.- comentou Arya em um dado momento, quando estavam quase chegando, olhando para trás na direção da ama de leite e da bebê. – Ela deve se acostumar em Winterfell.

–Deve sim.Ainda é pequena. Depois que voltar das batalhas vamos direto para lá. Sansa e Rickon, principalmente a Sansa, vão ficar animados com a pequena e trataram de a deixar confortável . – respondeu Jon – Além disso se acostumar em Winterfell é fácil.

– Nunca me acostumei lá. Talvez com a menina seja diferente. – falou Melisandre avançando com o cavalo, ficando um pouco longe deles. Somente após um tempo ela se aproximou novamente e não tocou em nenhum assunto referente a Winterfell.

Na hora da despedida, na entrada do castelo, Arya o abraçou forte e Melisandre lhe deu um beijo rápido e sussurrou em seu ouvido que ele venceria a batalha e que ela aguardava o retorno dele, o mais rápido possível . Quando as duas se afastaram juntamente com os guardas e as moças que as acompanhavam Jon ficou pensando no que Melisandre disse quando eles ainda estavam na estrada. Depois de retomar o caminho ele questionou Tormund sobre como haviam sido os dias de Melisandre em Winterfell após a sua partida.

Tormund disse a verdade sem meias palavras. Com seu jeito de falar característico. Depois de ouvir tudo Jon viu que teria que tomar algumas providencia quando voltasse. Talvez depois de tomar as providencias Melisandre e Rickon, talvez até Arya, se sentissem mais a vontade lá.

Jon pensou nisso durante os próximos dias de cavalgadas e durante as noites de acampamentos.

Em uma das noites em acampamento, ele teve pesadelos com suas batalhas anteriores. Sonhou com todos os inimigos que passaram pelo fio de sua espada. Acordou assustado e suando frio.

Mesmo sabendo que todas as batalhas que ele enfrentou foram necessárias, sentia o peso dos inimigos que matou. Era isso que Melisandre não entendia. Ela não conseguia entender como as batalhas, mesmo as vencidas, causavam grande dor. Talvez se ela entendesse isso não iria sugerir que ele enfrentasse quem possuía o trono de ferro.

Com o tempo Jon aprendia a gostar cada vez mais de Melisandre, mas a personalidade da mulher por vezes não batia com a sua. Isso ocorria por ele ser gelo e ela ser fogo. Ela era fogo desde seus cabelos, vermelhos como chamas, até seus gestos. Talvez seja por causa disso que ela não tenha se acostumado em Winterfell. Mas Jon tinha esperança que um dia ela se acostumasse.

Jon pensava em como seriam suas filhas. Duas crianças filhas do gelo e do fogo. Enquanto pensava nisso, Jon lembrou do que Melisandre havia dito sobre a aparência das crianças. Que as meninas terão cabelos ruivos como as chamas e olhos de neve cinza com um leve toque de violeta. Ele sorriu ao pensar nas suas gêmeas.

No dia da batalha, prestes a atacar o acampamento das forças de Ramsay, Jon, ao erguer a espada lembrou novamente das gêmeas e tirou disso forças para mais aquela luta.

Os homens de Ramsay eram poucos, mas estavam bem armados e dispostos a matar ou morrer. Não tinham mais nada a perder. Não demorou muito para que o barulho de aço batendo com aço começasse e os gritos também. Jon perdeu as contas de quantos golpes deu até que uma voz falou:

– Vejo que o novo Rei no Norte nos achou. – era Ramsay que falava com um sorriso irônico- Tenho certeza que teve dedo dos Frey nisso. Eles nunca foram bons em serem fieis.

Jon se preparou e aparou o golpe que Ramsay tentou lhe dá. Mas enquanto aparava o golpe uma chuva de flechas veio sobre ele, mas antes que o acertassem seus homens colocaram escudos na frente. Foi nesse momento que ele reparou que haviam arqueiros escondidos no mato.

Seus soldados entraram com tudo no mato, enquanto eles faziam isso Ramsay aproveitou para fugir para o outro lado. Jon movido por alguma coisa correu atrás dele e conseguiu o alcançar. Quando fez isso o acertou nas pernas para que não fugisse mais. Ramsay urrou de dor e xingou Jon.

– Você já fugiu uma vez. Não vou permitir que faça isso de novo. – falou Jon posicionando a espada para o último golpe e tirando com um chute o elmo de Ramsay

– Parece que você vai vencer. Que sorte. Se alguém não tivesse lhe avisado, a essa hora eu teria um casaco com a sua pele e a sua cabeça e de seus amigos estariam nas muralhas de Winterfell. E aquela rameira que você chama de esposa e a sua irmã estariam...

Jon não agüentou e acertou vários chutes no rosto de Ramsay que estava no chão. Ele por algum motivo, apenas riu.

– Isso foi por tudo de mal que você fez para o Norte. Ainda é pouco comparado ao que merece.- falou Jon com o rosto vermelho de raiva – E é a sua cabeça que estará nas muralhas de Winterfell.

Falando essa última frase Jon acertou um golpe certeiro e separou a cabeça de Ramsay do corpo. Quando seus soldados chegaram a luta já havia acabado.

De noite, seus homens comemoravam a grande vitória e bebiam com grande alegria, principalmente os que eram do povo selvagem. Para os selvagens um comemoração só era comemoração se tivesse muita bebida.

Jon por outro lado não tinha vontade de beber nada. A morte de Ramsay ainda estava na sua mente. Se fechasse os olhos via o momento em que ele cortou a cabeça do inimigo.

Ele ficou com essas coisas na mente por um vários minutos. Até que em um dado momento ele lembrou das últimas palavras de Ramsay e com isso se sentiu mais calmo por ver que o que fez foi necessário para o bem de todos.

– Eu fiz isso com o Ramsay por todo mal que ele e os Boltons fizeram.. – falava Jon baixo para si mesmo, na solidão de sua cabana enquanto do lado de fora seus soldados comemoravam – Fiz isso pelo Robb. Fiz isso pela Sansa, pela Arya, pelo Rickon, pelo Bran. Fiz isso por lorde Stark que não ia gostar que Winterfell ficasse nas mãos de Ramsay. Fiz isso pelos meus soldados. Fiz isso pela minha esposa. Fiz isso pelas minhas filhas que ainda não nasceram e por todos os bebês do Norte para que fiquem seguros. Fiz isso por todas as mulheres que morreram na mão do Ramsay .Fiz isso pelo povo. Fiz isso pelo Norte.

Depois de falar isso Jon sentiu um alivio e sentiu que havia agido como um verdadeiro rei.