''Na minha nave espacial, sou uma alienígena esta noite
Safado, safado, safado, safado, safado, safado, idiota
Você acha que eu não posso machucar como você, seu filho da puta.''

– Jessie J - Do it Like a Dude

Peter não acreditava que a mulher que estava parada na sua frente pudesse ser a rainha perdida. Passou todos os anos da sua vida imortal, criando na sua cabeça que Charlotte retornaria para casa como uma dama. Uma Montgomery, impecável na aparência, ágil nos negócios e perigoso para os inimigos, porém a unica coisa que ele via era uma mulher com olheiras, encurvada e abatida.

– Ela não pode ser quem Robert pensa. - ele disse e a moça olhou para ele. Questionando o que ele acabava de falar.

– O que eles querem de mim, Ines? - ela disse, Peter percebeu que ela mexia as mãos e limpava a mão constantemente na calça. - Você disse que meu pai viria me buscar. Não lembro de ter tido irmãos.

Os três rapazes olharam-se entre si, Ines havia comentado que ela estava puxando a memoria das vidas de Charlotte. Será que ela ja estava lembrando de tudo? Foi o que pensou Benjamin. Theodore deu passo a frente e estendeu a mão:

– Sou Theodore Montgomery. Pode me chamar de Theo, vinhemos levar você pra casa a mando do seu pai. - Theo foi cuidadoso ao se aproximar, Charlotte estendeu a mão para ele que a pegasse.

Ines observou como Theo olhava Charlotte e não gostou daquilo. Benjamin e Peter acompanharam os movimentos deles cuidadosamente.

– Ines - Charlotte olhou para a mulher. - minha mãe...

– Essa é uma historia pro seu pai contar, minha querida. Irei visita-la, para continuar trazendo suas lembranças passadas. Mas com o tempo ela vai aparecer pra você. - Ines sorriu maternal para a neta.

Charlotte que há uns dias atrás era Clarissa, viu sua vida mudar completamente. Nunca foi o tipo de garota que se encaixava em algum lugar, parecia que sempre estava faltando algo na sua vida. Sempre viveu como se estivesse numa vida que não era sua.

Lembrou das semanas que passou com Ines, semanas dolorosas. Ines puxou memorias de mil anos e aquilo foi doloroso.

– Você precisa parar de lutar, menina. Você precisa lembrar...

Inês colocou os polegares na minha têmpora e a dor começou. Era como se alguem estivesse arrancando a casca de uma ferida. Doía demais. E minha cabeça começou a ser levada pra lugares que eram estranhos e ao mesmo familiares.

– Você é Charlotte Morello Montgomery. Hibrida. Meia vampira - meia bruxa. Use seu poder, Charlotte. - Ines repetia isso várias vezes. Como um mantra.

– Você já se alimentou de sangue alguma vez? - Peter perguntou olhando pra trás. Ele estava sentado no banco do passageiro, Benjamin dirigia e Theodore ia ao seu lado atrás. Ela pediu para que ele fosse atrás com ela, tinha algo nele que a confortava.

– Você ao menos ja ''morreu'' para retornar como vampira? - Theo perguntou.

Ela olhou pro lado e lembrou da noite que foi morta.

– Não e sim. - ela disse.

– Ela é uma hibrida, precisa renascer? - Peter falou olhando para Theo.

– Bem, ela é metade vampira e metade bruxa. Se ela quer ter o poder dos vampiros, como a força, agilidade e empatia então ela tem que renascer sim. Mas ao fazer isso não afeta em nada o lado bruxa dela. - ele olhou Charlotte, que estava olhando pela janela.

Continuaram em silencio.

– Eu fui abusada sexualmente e espancada. Essa foi minha morte. Ines me deu sangue de animal para que eu fizesse a transição. - ela disse baixo e olhou para Theodore.

– Sinto muito, Charlotte. - Benjamin disse. - Espero que você goste da gente, somos irmãos agora, vamos protege-la.

Charlotte deu um risinho irônico.

– Eu posso me proteger sozinha. - ela disse.

Todos riram.

– Robert está esperando impaciente. - Theodore disse quando o carro parou de frente ao casarão.

– Bem vinda ao lar, Rainha Charlotte. - Peter disse saindo do carro.