Sabe aquele dia que está tudo cor de rosa? Que você poderia sair e conversar com os pássaros e as flores e que tudo daria certo? Pois então, isso não se encaixa exatamente no meu. Tudo aquilo de errado que poderia dar errado estava dando. Quando acordei naquela magnífica manha pensei " Nada poderia dar errado", mas eu não imaginava o quanto errada eu poderia estar. Descobri, é claro, pouco tempo depois, mas não me deixei intimidar. Empinei o nariz e sai de casa. Péssima idéia, eu sei, mas se eu soubesse antes o que sei agora pode ter certeza que não teria me levantando da cama nem para fazer uma xícara de café, pois provavelmente entornaria o líquido fumegante em cima de mim, mas não liguei para essas pequenas coisas. Saí de casa depois de tomar um banho frio, pois meu chuveiro havia queimado.

A poucos metros de casa levei um tombo que desfiou toda a minha meia calça e sujou completamente meu terno impecável. Não sabe a tamanha vergonha que eu senti, desejei até que o chão me engolisse, mas novamente empinei meu nariz e peguei o primeiro taxi. Claro que com a sorte que eu estava pensei que ele me seqüestraria ou algo do tipo, mas ele foi gentil e disse que havia um atalho por ali. Péssima idéia de novo, cheguei no escritório quase duas horas atrasada e com a meia-calça desfiada.

Vou dar um dica; Nunca, jamais, em hipótese alguma, quando estiver com uma onda de azar pense que poderia piorar ou quando as coisas sossegarem pense que terá um momento de paz, pois isso não acontecera. Passei apressada por todos, não queria que ninguém me visse e/ou falassem comigo naquele estado deplorável, mas claro no meio do caminho meu salto quebrou e eu me desequilibrei, segurando na primeira pessoa que estava do meu lado. Tudo tem seu lado pós e contras. Os contras prevaleceram. Apesar dele ser lindo e gostoso, ele era meu chefe e tenho certeza que ele não gostou nada do meu atraso e da maneira que eu estava agarrada em seu terno. Devem estar se perguntando como eu sei disso, não é? Bem, depois da sua frase " Na minha sala, já" ele afastou minhas mãos e me lançou um olhar que cogelaria o sol. Pode ter certeza que não estou brincando ou exagerando.

Sempre soube que ele não gostava muito de mim, mas por mim não faria diferença. Meu salário todo mês estava na minha conta. Por causa de seu irmão(Ou quase isso. Naruto era adotado) que ele havia me contratado, mas tinha certeza que na primeira oportunidade me colocaria para fora. Não estava errada nessa questão. Eu trabalhava ali à umas duas semanas, tentei fazer tudo certo para não perder aquele emprego - o terceiro em dois meses-, mas fracassei.

- Haruno Sakura... - Mal entrei na sala e ele começou o seu discurso " Te demitirei agora e não quero choro, nem vela" - ... A primeira coisa que eu falei que não admitiria atrasos de minha secretaria..

- Mas, Sr. Uchiha - Interrompi, mas sabia que não deveria ter feito aquilo quando vi seu olhar gélido para mim. - Desculpa.

- Não me interrompa novamente. Não admitirei mais nenhum atraso- Ele me olhou de cima abaixo com uma de suas negras sobrancelhas arqueadas. - O que houve com você? - Quando eu abri a boca para responde ele levantou a mão que me fez ficar calada na hora. - Não quero saber, esta dispensada.

- Não estou despedida?

- Claro que não. Ficar sem secretaria esta fora de cogitação. Agora vá para sua mesa.

Manquei para fora de sua sala e soltei um suspiro quando finalmente sentei atrás de minha mesa e tive um minuto e paz. Apenas um minuto. Só deu tempo de eu olhar o estrago e logo depois o telefone não parou de tocar e foi assim durante todo o dia. As duas horas que eu tive de atraso foi tirado do meu horário de almoço e eu fiquei sentada naquela sala atendendo aquele maldito telefone.


Quando finalmente pude sair eram quase nove horas da noite e eu era a única que estava ali, com excessão do meu querido chefe.

Eram 5 para das oito quando conseguiu se livrar de tudo e mancar na direção do elevador. Deve estar se perguntando: Por que mancar? Com o salto de um pé quebrado você não andaria perfeitamente não é? Eu tinha planejado ir em uma loja qualquer, comprar alguma coisa barata na hora do almoço, mas meus planos foram cancelados contra a minha vontade.

Ao entrar no elevador apertei o botão do terrio e esperei a porta fechar, mas ficou tempo bastante para ver o meu amado chefe pedindo para segurar o elevador. Senti vontade de deixar as portas fecharem, mas sabia que não seria uma coisa esperta para se fazer.

- Obrigada - Ele disse um pouco ofegante e com a gravata um pouco solta lhe dando um ar mais sensual, mas não liguei para isso.

- Disponha, chefe - Certo, usei ironia. Me processe. Um silêncio pesado caiu sobre nos, não queria falar com ele.

Ele era arrogante, prepotente, frio, sexy, charmoso e um completo idiota. O elevador descia devagar e eu impaciente, comecei a cantarolar alguma canção idiota, provavelmente infantil para me distrair, mas o que me distraiu mesmo foi o barulho que o elevador fez.

- Que barulho foi esse? - Perguntei automaticamente e olhando para o teto - O que foi isso?

- E eu vou saber - Sua voz quase foi abafada por mais um barulho.- Droga, isso não poderia estar acontecendo comigo.

- Provavelmente o elevador vai quebrar - Diz já me acostumando com a minha maré de azar- Para mim não vai ser surpresa.

Foi dito e feito, depois de mais alguns barulho o elevador parou, me deixando presa com ele ali.

- Droga - Na verdade ele não disse isso. - Maldita boca.

- Não, maldito azar mesmo - soltei um riso, me arrependendo logo.

- Esta rindo?- Ele me encarava com os olhos quase fechados. - Não tem graça.

- Relaxa ai - Eu havia tirado o meu terninho sujo e coloquei no chão do elevador, não faria muita diferença mesmo e me sentei ali.- Só vamos conseguir sair amanhã mesmo.

- Sakura - sua voz estava incrédula

- Sasuke- imitei seu tom

- Droga -Ele havia sentado ao meu lado no meu terno, que desaforo. - eu tinha um jantar importante hoje.

- E o que o fez pensar que eu me importo? - Minha voz estava entediada e meus olhos fechados. - Pegue seu celular e ligue para alguém.

Escutei o barulho de sua mão percorrer sua roupa e esperei o som das teclas, mas nada.

- Maravilha - Ele soltou um longo suspiro - Esqueci o celular na minha sala. Cadê o seu?

- Não tenho celular - Sorri, eu tinha muita sorte. - Perdi meu celular à um mês.

- E por que não comprou outro?

- Deve ser por que não cago dinheiro ou por que tenho um chefe muquirana, ainda não sei.

- Não sou muquirana - A voz dele esta séria o que me fez olhar para ele rindo.

- Imagina, pagar um salário mínimo excelente.- Olhei para ele com os olhos entre-abertos- Por que você não vive com um salário mínimo? - Sorri amarelo.

-Pensei que para os seus padrões de vida estava bom.

Desgraçado.

- Sabe, vou ignorar o que você acabou de dizer e ignorarei você também.

- Só tem você e eu aqui dentro.

- Mosca chata. - bufei.

- Sakura, não seja infantil. - Ele parecia irritado

-Quero um inseticida.

Ele ficou me olhando com uma expressão de " Como aceitei contratar essa louca para ser minha secretária", mas não falou nada, apenas apoiou todo o seu peso em cima de mim, o que me deixou completamente sem fôlego.

-Saaaaai - Gritei usando todo o resto de oxigênio que eu tinha.- Você vai me matar.

-Matar você vai tirar o meu tédio.

- Se me matar vai sujar o nome da sua querida família.

-Não ligo, pelo menos vou me diverti.

- Quer se diverti? - Respirei fundo quando ele saiu de cima de mim- Vamos jogar adedonha.

- Isso é coisa de criança -Ele resmungou.

- Olha, é isso ou isso. Não tem escolha.

x~x

-"A" de novo. - Falei batendo as mãos e com um largo sorriso no rosto.

- Estamos jogando isso à horas, Sakura - Ele parecia uma criança birrenta. - Tem outra coisa não?

- Relaxa, Sasuke. - Olhei para o relógio. - São 11 horas, faltam 7 horas para amanhecer e mais algumas para perceberem que o elevador está quebrado e até o técnico chegar...

Ele resmungou alguma coisa sobre algo que não entendi e ficou quieto, de costa para mim e eu percebi que ele não queria mais jogar.

-Aaaah - Soltei um grito alto, sempre que o tédio me dominava eu tinha essa mania, mas não foi isso que eu me engasguei de tanto rir. Quando soltei o grito meu querido Chefe deu um pulo de quase dois metros (exagero).- Você... - Não conseguia para der rir.

- Não tem graça. - Ele estava sério novamente

- Tem sim - Minha barriga já estava doendo de rir.

- Tem não. - Ele estava seriamente irritado

- Tem sim - Repeti, começando a me controlar

-Já disse que não.

- E sua opinião importa por que? - Lancei um dos meus sorriso " Dane-se você, sua família, seu status e seu dinheiro"

- Por que não fiquei preso em casa ou em qualquer outro lugar?

- Não sei, pode ter certeza que eu preferiria estar presa com um modelo lindo do que contigo. Você é um pouco velho.

-Velho? - Seus olhos me fuzilaram - Tenho alguns anos a mais que você

- E dai? Não deixa de ser velho.

- E eu já fui chamado para ser modelo... - Quando? - Voltei a rir- Na época dos dinossauros?

- Sakura... - Ele parecia estar perdendo a paciência.

- Sasuke... - Novamente imitei seu tom o que não ajudou.Ele estava quase explodindo.

- Ok, vou ficar quieta.

- Aleluia.

Você deve saber que não consegui ficar não é? Sou melhor amiga do Naruto, aprendi tudo que sei hoje com ele, oras. Quieta é uma coisa que eu não consigo ficar.

- Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam, incomodam, muito mais ais. Três elefantes incomodam muita gente, 4 elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais ais.

- Você não ficou quieta nem 5 minutos - Ele choramingou, o que me assustou de fato. - Cala boca, por favor.

- Você é tão chato - Resmunguei.- Dá uma idéia ai. O que podemos fazer?

- Sexo

- Eca, eu e você? Não, eu sou lésbica, tenho uma 22k me esperando em casa.

- Sério? - ele parecia surpreso, não aguentei e comecei a rir novamente

- Não, brincadeira.

- Você é muito idiota, Sakura

-Você que é um chato, não sabe se diverti. -Eu revirei os olhos - Tive o pior dia da minha vida e estou rindo - Apontei meu dedo para ele e sorri- E você? Tem tudo que quer e é rabugento. Não é atoa que você parece um velho.

- Não pareço um velho.

- Sua opinião contra a minha.

Sabe e foi assim durante toda a noite. Eu dava uns surtos e começava a gritar e a cantar, enquanto ele reclamava. Consegui dormir, deitei em seu colo sem pedir permissão e capotei. Esperava que meu dia estivesse normal no dia seguinte, mas novamente estava enganada. Nos soltaram eram quase 7, ficaram fazendo perguntas e mais perguntas, m,as eu só queria ir para casa, nos deixaram ir o ponteiro do relógio já marcava 7:30, comecei a andar na direção da saída, queria minha casa.

- Sakura, está indo para onde? - Fui pega pela voz do Sasuke atrás de mim que me fez virar na mesma hora. - Quero você as 8 no escritório.

- Mas Sr. Uchiha - No meio de todo mundo eu deveria demonstrar algum respeito- São 7:30 - Problema não é meu. - ele deu um sorriso torto.

- As 8.

- Mas... - Quando vi que não tinha saída, dei meia volta e entrei no elevador. - Maldito seja.