Gêmeos no Divã escrita por Lady Black Swan


Capítulo 35
17° Consulta - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, e muito obrigada por voltar novamente! =^.^=
Esse é o último capitulo do ano... Não se esqueçam de ler as notas finais.



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A história se chama “Servent of Evil” — Servo da maldade ou algo assim.

Para resumir, ela fala sobre um reino fictício governado por uma princesa de quatorze anos de idade, porém essa princesa é mimada e caprichosa, e não se importa que seu povo sofra desde que ela esteja feliz, sendo chamada, portanto, de “A filha do mal” ou algo assim, a única pessoa em quem a princesa confiava era seu irmão gêmeo que a servia como um servo leal, e não apenas a protegia como também cumpria cada de um seus caprichos, não importando o quão cruel e egoísta eles fossem.

A princesa estava noiva de um príncipe de um reino distante e, um dia, em uma visita ao reino vizinho, o servo conheceu uma mulher por quem se apaixonou, mas a princesa ordenou que ele matasse essa mulher, e seu reino fosse destruído, pois seu noivo havia terminado o noivado justamente por essa mesma mulher.

E mesmo a amando, o servo, fiel a princesa, matou-a.

Querendo vingança o príncipe uniu-se a uma revolta que se erguia contra a cruel princesa e, para salvá-la, o irmão dela vestiu suas roupas e entregou-se, sendo executado em seu lugar.

Hum... Olha irmão, não é por nada não, mas eu não acho que eu iria para a guilhotina por você, mesmo se você levasse apenas uma multa de trânsito eu ia fazer de tudo para provar de qualquer jeito que não fui eu.

Essa história é contada em uma música de uns cantores japoneses virtuais — seja lá o que isso signifique, porque o Luciano e a Ayume nos explicaram umas três mil vezes, e ainda assim nós não conseguimos entender — e, basicamente, a “grande ideia” que o Dos Reis teve foi encená-la na escola.

É claro que quando ele nos disse que aquela história de espalhar pela escola o boato de que ele seria o príncipe na peça da pequena sereia começou com os próprios professores porque queriam vê-lo, de qualquer jeito, sobre o palco. Nós pensamos que ele estava apenas se “achando um pouco demais”, por que... Bem, aparecer na televisão desde criança pode fazer isso com você.

Mas aí a escola aceitou a ideia dele, e tudo pareceu realmente uma grande conspiração.

—Eles não vão substituir a Pequena Sereia, porque estaria muito em cima da hora. — Ayume nos disse há uns dois dias quando a proposta do Dos Reis foi aceita sem dificuldades pela escola.

Murilo e eu fechamos a boca um do outro, já que havíamos ficado de queixo caído com a notícia.

—Então será apresentada quando? — perguntamos.

—Ainda não temos certeza. — Luciano nos respondeu enquanto comia um pacote de cookies. — Mas estão cogitando a possibilidade de exibi-la durante o baile de despedida de ano.

Dessa vez estávamos comendo perto de onde as bicicletas ficam.

Depois de um tempo parece que a escola, de certa forma, se acostumou com a presença do Dos Reis por ali, e ele já não era mais cercava aos gritos sempre que chegava à escola, mas ainda vivia com o braço quase permanentemente erguido para acenar de volta para pessoas que passavam acenando e quando os professores anunciavam algum trabalho em dupla ou trio ainda era um sufoco completo.

E principalmente: como nós dois e ele tínhamos o interesse em comum de ficar com Ayume no intervalo, nós tínhamos que praticamente nos esconder para comer, porque comer no refeitório — e correr o risco de ser soterrados debaixo de toda aquela gente querendo comer na mesma mesa que o Dos Reis — estava absolutamente fora de questão.

O que resultou em nunca comermos no mesmo lugar por dois dias seguidos, e comermos em lugares cada vez mais bizarros.

—Logo antes ou logo depois do baile, como uma atração extra. — Ayume acrescentou — Vai ser apenas uma pequena produção.

—Boa sorte para vocês. — meu irmão desejou.

—Na verdade... — Ayume começou a dizer — Se vocês quiserem ajudar...

Nós a olhamos desconfiados.

—Não, tudo bem. — respondemos — Temos certeza que vocês sabem se virar.

—Mas poderíamos arranjar papéis para vocês também. — Luciano nos ofereceu seu pacote de cookies.

Cada um de nós pegou um.

—Não precisa. — respondemos — Estamos bem.

Dando um suspiro, Ayume pegou a caixa de suco de Murilo e começou a tomá-la.

Mas, surpreendentemente doutora, parecia que aqueles dois não eram os únicos que queriam nos ver em cima de um palco.

Porque ontem mesmo fomos procurados pela professora de biologia — pois é, a mesma que esteve atrás do Dos Reis também, nossa teoria é que ela perdeu no jogo de pedra, papel, tesoura — que nos disse para ficarmos na sala depois que a aula acabou.

—Garotos, eu vi que vocês tiraram, cada um, uma nota vermelha.

—Hum... Sim. — confirmamos um pouco confusos.

Afinal nenhum de nós tirou uma nota vermelha especificamente na matéria dela.

—Então por que não se inscrevem na peça da escola para ganhar um papel?

—Não precisa Dona P. — meu irmão recusou cautelosamente.

—Sim, não estamos em risco de repetir o ano ou ficar de dependência, nem nada assim. — concordei.

—Ainda assim, meninos. — ela estava falando em um tom gentil que nunca a tínhamos ouvido usar antes com ninguém além do Dos Reis. — Mesmo que passem de ano, não é bom ficarem com notas vermelhas no seu histórico.

—Hã... Claro. — Nós nos levantamos — Mas temos certeza que nos saímos bem na recuperação... Mesmo assim obrigado.

A professora Sandra Paixão ergueu uma mão para acenar para nós.

—Tudo bem, mas caso mudem de ideia, eu estou aqui garotos. — reforçou.

E nós temos certeza que a escola nos queria para interpretar aquelas lampreias de estimação da bruxa do mar, doutora! As roupas provavelmente já tinham até o nosso tamanho... Foi um milagre não nos reprovarem de propósito para nos obrigarem a participar.

—Vocês não estão sendo um pouco paranoicos? — Ayume sorriu-nos quando contamos a história a ela.

—Não estamos! — negamos.

—Claro. — ela nos olhou de forma compreensiva, mas podíamos ver no fundo de seus olhinhos negros, por mais estreitos que eles fossem, que na verdade ela achava que éramos malucos. — Mas se vocês não vão participar da peça da escola então não vão fazer nada, não é?

Claro que aí tinha coisa.

—Talvez... — Murilo respondeu desconfiado.

—Ou talvez nós viajemos para Dubai? — comentei — Ou Las Vegas? Nunca se sabe.

Ayume não deixou de sorrir.

—Se seus planos de viajem mudarem, o que acham de ajudarem Luciano e eu com a nossa peça?

Queríamos dizer “não” logo de cara... Mas ficamos de dar nossa resposta na segunda.

Mas será que realmente tem como dizer “não” para aquela japinha?

♠. ♣. ♥. ♦

Frank Lorret ouviu a tudo atentamente, acenando quando Vinicius terminou de falar.

—Parece uma ideia interessante. — comentou — Só espero que saibam meninos, que vocês não devem se sentir obrigados a nada, mesmo que Ayume e Luciano esperem muito isso de vocês, não devem aceitar se não se sentirem confortáveis com isso. — aconselhou — E tenho certeza que eles vão entendê-los.

—Obrigado doutora. — Agradeceu Vinicius — Mas está tudo bem, com certeza eles só querem uma mão de obra extra pra explorar, e mesmo se tivermos de subir ao palco com certeza só vão querer que interpretemos uma árvore e fiquemos lá parados, ou qualquer coisa assim.

—Talvez possamos ser a grama também. — Murilo comentou pensativo.

O irmão gêmeo o olhou.

—A grama?

—É. — confirmou — E aí vamos ficar a peça toda lá, deitados e sem fala alguma.

—Olha goste da ideia! — Vinicius o elogiou — Isso parece ainda menos trabalhoso!

—Sim. — Murilo concordou — Exceto pelo perigo constante de alguém pisar ou tropeçar em nós, esse parece o papel perfeito caso sejamos realmente obrigados a participar da peça daqueles dois lunáticos.

Ambos os irmãos suspiraram com ar sonhador, fazendo com que a doutora Frank desse uma pequena risadinha.

—Se vocês estão bem com isso, eu fico feliz. — afirmou — E também estou feliz que estejam se dando melhor com Luciano.

Os gêmeos a olharam inexpressivos.

—Como é que é o negócio doutora?

—Ora. — Frank Lorret os observou — Eu notei que estão se dando melhor com Luciano.

—Impressão sua. — negaram imediatamente.

—Vocês inclusive o estão chamando de Luciano uma vez ou outra. — a doutora salientou. — Vocês parecem ter começado a simpatizar com ele desde que Luciano reclamou sobre como é solitário ser filho único.

Os irmãos se entreolharam, aparentemente não haviam se dado conta daquilo ainda.

—Ainda assim não é como se realmente estivéssemos nos dando melhor com ele. — Vinicius teimou em negar.

—Talvez um pouco. — Murilo discordou relutante — Mas é mais como... Se ele tivesse nos vencido pelo cansaço.

—Isso. — Vinicius concordou.

—Tudo bem. — Dra. Frank Assentiu.

Os alarmes dos relógios de pulso dos garotos dispararam, mas eles os desligaram um segundo depois.

—E agora, doutora, antes de irmos... — os gêmeos moveram-se um tanto desconfortáveis no divã e murmuraram: — Temos uma confissão a fazer.

Frank Lorret arqueou as sobrancelhas, curiosa com o que mais os meninos tinham a contar.

—O que houve?

Os irmãos inspiraram com força, mas apenas Vinicius começou a falar:

—Nós já contamos à senhora que tiramos uma nota vermelha esse semestre, não é?

—Contaram. — ela concordou.

O rapaz assentiu e seguiu falando:

—Geralmente somos idênticos em tudo, doutora, até em nossas notas, e quase nunca tiramos notas diferentes.

—Ah! — exclamou Murilo de repente — Lembra-se daquela vez quando tínhamos nove ou dez anos e o nosso professor de língua portuguesa tirou 0,5 pt de um de nós porque disse que a caligrafia era “pontiaguda demais”?

Ele fez aspas no ar com os dedos.

—É verdade! Eu lembro! — seu irmão concordou surpreso.

E então, virando-se para a doutora, ambos explicaram seriamente:

—Nossas letras são tão idênticas que só um perito da policia poderia diferenciá-las.

—Certo. — a doutora assentiu calmamente — Mas vocês fugiram do ponto.

—Ah! É verdade. — lembrou-se Vinicius — Então voltando, acontece que, pela primeira em nossas vidas...

—Não foi exatamente a primeira vez. — refletiu Murilo, corrigindo o irmão — Talvez a segunda ou terceira?

—Certo. — concordou Vinicius. — Então pela segunda ou terceira vez em nossas vidas, nós ficamos em recuperação em matérias diferentes. Eu fiquei em matemática e Murilo em química.

Frank Lorret piscou.

—Ora, isso não é tão grave.

—Não é só isso. — Afirmaram sérios.

A doutora esperou, Vinicius continuou a falar:

—Dessa vez o Murilo se saiu melhor em matemática do que eu. — ele apontou o irmão.

—Eu tirei oito. — revelou Murilo, orgulhoso.

—E eu tirei quatro. — Suspirou Vinicius. — Ah! Mas eu tirei oito em química!

—E eu tirei quatro. — suspirou Murilo.

Dra. Frank sorriu.

—Que simetria perfeita meninos. — admirou-se. — Então vocês ajudaram um ao outro a estudar?

Os garotos se moveram desconfortáveis.

—Não exatamente. — disseram. — Na verdade nós trocamos de lugar.

—Fizeram a prova um no lugar do outro? — Frank Lorret arqueou a sobrancelha.

—Sim!

Suspirando a doutora ajeitou os óculos.

—Meninos. — chamou. — Vocês sabem que isto aqui não é um confessionário?

—Sabemos.

—De qualquer forma. — continuou — Se estão arrependidos vocês deveriam...

Os garotos ergueram as mãos.

—Ah, não estamos arrependidos! — negaram — De forma alguma!

—E então?

—Só queríamos nos exibir para alguém! — Afirmou Murilo — Olha! Tiramos as notas máximas!

Ele tirou as provas dobradas do bolso e as entregou à doutora.

—Só estávamos esperando a nota sair para podermos dizer a alguém, só que não dava pra ser a Ayume porque ela não ia parar de dar sermão, nem o dos Reis porque de um jeito ou de outro ele ia contar para a japinha! — Afirmou Vinicius — Na verdade nem precisávamos fazer a recuperação, porque mesmo com as notas vermelhas conseguimos passar de ano, mas mesmo assim queríamos testar!

Os dois riram juntos e levantaram-se.

—E agora sim, doutora, vamos indo porque já estamos excedendo o nosso tempo aqui! — despediram-se.

Depois que eles saíram a Dra. Frank Lorret deu um grande suspiro.


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Notas finais do capítulo

Os garotos foram vencidos pelo cansaço kkkk
Queiram admitir ou não, eles são sim amigos do Luciano! XD
E agora o que será que o Luciano e a Ayume tem reservado para eles nessa tal peça que eles estão planejando?
Ah! E por falar na peça, a história a qual ela se refere é essa aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=lYtDkjWDUso

Mas agora, eu tenho uma noticia para vocês... Não é apenas esse ano de 2019 que está chegando ao fim, mas Gêmeos no Divã também.

Até a próxima!



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