Bellarke - The Wedding escrita por Commander


Capítulo 6
Old Friends.


Notas iniciais do capítulo

Old Friends = Velhos amigos (sem criatividade pra títulos haha)



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Bellamy

Devia ter me contado. - foi a primeira que ele pensou em dizer, quando os dois se sentaram na janela.

— Você não me deu muitas chances. - ela desviou o olhar, focando na floresta escura. - Assim que eu cheguei, tudo que você fez foi gritar comigo, por razões estúpidas. Me desculpa por interromper você e sua namorada, mas eu...

Ele balançou a cabeça:

— Raven não é minha namorada.

A coisa mais idiota do mundo era explicar para alguém que Bellamy e Raven eram apenas amigos. Geralmente, o que todo mundo respondia era: "Eu nunca vi um amigo em cima do outro, na cama, mas..."

— Por que isso era tão importante? Eu me casar com uma mulher é tão chocante assim? - ela perguntou, colocando o cabelo atrás da orelha. - Você nem mesmo liga.

Bellamy nunca se importou de saber se uma pessoa é gay ou não é. Ele entendia que cada um ficava com quem queria, e fazia o que quisesse...Mas esse não era o problema. Como sempre, Clarke era o problema.

— Eu ligo. E esse não é ponto.

Clarke deve ter concluído que ele não queria falar sobre aquilo, porque logo deu um jeito de mudar de assunto:

— Como está a cidade?

Ele deu de ombros:

— Aqui nada nunca muda. São sempre as mesmas pessoas e elas só vão embora.

— São os Grounders, não é? - ela sorriu, como se fosse uma piada interna. - Não podemos fazer muita coisa sobre eles.

Ele olhou para ela, um pouco surpreso. "Grounders" era como eles chamavam as pessoas na cidade, quando crianças. Eles acreditavam que eles e os adultos da cidade eram de mundos diferentes, de povos diferentes.

Ele franziu o lábio:

— Achei que tivesse esquecido isso.

— Não tem como. É uma das coisas que eu mais sinto saudade da minha infância. Ficar aqui com você e Octavia... - Clarke abraçou os joelhos, ainda mantendo o olhar fixo na floresta. - Há bem pouco tempo... Poderíamos dominar o mundo juntos. Se lembra disso?

Ele assentiu:

— Parece que alguém roubou nossa coragem.

Quase não se podia enxergar nada, pela fraca luz da vela, mas eles estavam concentrados em não quebrar o contato visual.

Não agora.

.

Octavia

Octavia saiu da casa de Clarke e caminhou até o ponto de ônibus, um pouco impaciente.

Por que Atom a chamou? Eles não tinham mais nada para conversar, o término foi definitivo. E não era um término sem motivo, como os de Bellamy, que arrumava qualquer desculpa suja para dar um pé na bunda, já estava na hora de esquecer aquele babaca.

Até que ela o viu.

Ele estava visivelmente bêbado e acompanhado de mais quatro amigos, igualmente embriagados. Alguma coisa dentro de Octavia gritava que isso não era um bom sinal.

— Atom, eu não quero conversar. Nós terminamos, lembra? - Octavia revirou os olhos, tentando manter a voz firme.

Ela apertou o casaco sobre o corpo, extremamente desconfortável, vendo que alguns dos amigos mantinham um olhar constante sobre ela.

— Mas quem foi que falou em conversa? - Atom deu um sorriso malicioso e andou até ela, enquanto a mesma recuava.

— E-Eu não sei o que você quer... Mas eu não quero o mesmo. - ela continou a recuar, até que sentiu o muro atrás de si. Merda. - Então, eu vou embora agora.

— Não é você quem decide. - um dos amigos dele sorriu, tomando o lugar de Atom, e empurrando a morena contra a parede de uma maneira bruta. - Tenho que dizer... Que você só fica mais gostosa com o tempo.

Octavia olhou no fundo dos seus olhos e cuspiu as palavras:

— Vai se foder.

Atom e os amigos riram. Aproveitando a situação, Octavia lhe deu uma joelhada no estômago. O amigo de Atom bufou e cambaleou para trás. Ela não o esperou levantar, apenas o chutou no rosto várias e várias vezes, até seu salto quebrar.

Nunca coloque as mãos em mim de novo, babaca.

Antes que ela pudesse correr, Atom segurou seu pulso com força. Ele a puxou para mais perto com um movimento rápido e, girando seu corpo, a fez ficar de costas. Octavia sentiu um objeto afiado, provavelmente uma faca, entrar em contato com sua garganta.

— É melhor você não contar isso pra ninguém. - ele ameaçou. - Não vai querer que seu irmãozinho perca o emprego.

O pai de Atom tinha grande influência sobre a cidade, já que ele vinha de uma das famílias mais ricas de Sky. Seria apenas questão de segundos, se ele quisesse fazer Bellamy sumir. Traduzindo: Atom era um playboy de merda.

— Qual é o problema? - ela disse, respirando com dificuldade, mas conseguiu dar um sorriso de deboche. - Não consegue aceitar que levou um pé na bunda e tem que chamar o papai pra resolver?

Naquela hora, Atom pareceu perder a paciência. Ele acertou um tapa no rosto na garota, o que a fez perder uns sentidos por um tempo.

— O que tá acontecendo aqui? - a voz conhecida de Lincoln a encheu de alívio. Ele não parava de olhar para o cara no chão, para os amigos e para Octavia, que mantinha a mão no rosto.

— Estamos nos divertindo. - Atom respondeu, revirando os olhos.

Não é o que parece. Octavia, está tudo bem? - ele perguntou novamente, olhando diretamente em seus olhos.

Ela ia dizer a verdade. Mas então se lembrou das palavras de Atom: "Não vai querer que seu irmãozinho perca o emprego."

— Eu estou bem, Lincoln. - ela disse, mas ainda mantendo o contato visual, torcendo para que ele entendesse o que estava acontecendo.

Mas, e aí? E se ele entendesse? O que faria? Até parece que o irmão da noiva da sua melhor amiga, que nem a conhecia direito, entraria numa briga só para protegê-la.

— Já até arrumou outro e não faz nem dois dias que terminamos? - Atom sussurrou, bem perto de seu pescoço. - Vadias não perdem tempo.

— Pode me machucar o quanto quiser, ele não tá nem aí. - Octavia bufou, sentindo o rosto arder. - Nós não temos frescuras e essa merda toda.

Lincoln se aproximou, não desviando o olhar de Atom, nem mesmo por um segundo:

— Se você tocar nela, eu juro que...

Ela encarou Lincoln, sem saber o que dizer. O que? Por que?!

— Jura o quê? A garota já disse que está bem, o que você...

O que aconteceu depois foi muito rápido.

Lincoln se pôs entre os dois, empurrando Atom com tudo para o chão. Ele socou toda e qualquer parte do rosto do garoto que estivesse visível.

Visto que dois dos amigos de Atom haviam fugido e, apenas um (que ela reconheceu como John, um cara de quem ela nunca gostou) ameaçou avançar sobre Lincoln, Octavia resolveu agir.

Ela o atacou, a fim de alcançar seu rosto, dessa vez com mais força. Ele desviou, por pouco, e tentou lhe acertar um soco. A morena se abaixou, sentindo seus movimentos ficarem mais suaves.

Sorriu, vitoriosa. Tentou se lembrar do que Bellamy lhe ensinou sobre luta, sobre como derrubar alguém, mas não foi preciso.

Ela disse, afastando o cabelo do rosto:

— Olha só, eu acabei de arrebentar a porra do meu salto na cara do seu amigo ali. E, só para avisar, lá dentro tem uns dois policiais ali dentro e um deles tá armado. E eu não acho que o pai do Atom vai se preocupar, se você..."desaparecer".

Miller lançou a ela um olhar cheio de raiva e deu as costas, correndo sem parar até chegar na segunda rua.

Octavia se aproximou de Lincoln, que estava carregando Atom, agora desacordado, até uma árvore. Ele o deixou sobre um tronco baixo, pendurado pela jaqueta. A Blake redirecionou o olhar ao cara que a segurou...Os dois iam ficar bem, mas isso não significa que não podiam sofrer um pouco.

— Quem te ensinou a lutar? - ele perguntou, se afastando de Atom.

— Bellamy. - ela deu de ombros, sem entender a pergunta e o que isso ia interessar à ele. - Enfim, obrigada mesmo. Não sei o que teria acontecido se você não tivesse chegado.

— Acho que você teria matado todos eles. - ele falou, fazendo-a rir. - Você ainda quer ficar na casa da Clarke?

— Não sei se vai dar para falar com meu irmão com esse vermelho no rosto, mas eu não... - foi então que ela percebeu o que ele disse. - Espera. Está me chamando para sair?

— Talvez. - ele sorriu, apontando para uma moto, estacionada na frente da casa de Abby. - E então? Já teve o suficiente por hoje ou aguenta algumas garrafas?

Ela riu, balançando a cabeça:

— Obviamente, você não me conhece. Vamos.

.

Jasper

Jasper estava pronto para ganhar Monty em mais uma partida de Street Fighter.

Os dois estavam no quarto de Raven, jogando juntos, mesmo depois que o jantar acabou. Só porque eles não tinham nada melhor para fazer mesmo.

— Você sabe que eu vou ganhar, chinês. - ele apertava qualquer botão do controle, enquanto seu personagem batia no de Monty, sem parar.

— É asiático. - ele corrigiu, sorrindo, e quase caindo do sofá pelas viradas bruscas com o controle na mão.

— Vocês dois não crescem nunca? - Raven riu, jogando uma almofada em Jasper, o impedindo de ver por um tempo. - Vai, garoto asiático, é sua chance!

Ela saiu da sala, sorrindo.

Jasper sentiu Monty se jogar por cima dele, só atrapalhando mais a vista.

— Ganhei! - ele tirou a almofada do rosto do amigo, só para gritar. - Chupa!

— Ganhar trapaceando não é ganhar. - Jasper protestou, empurrando o ombro dele.

Os dois ficaram discutindo e se batendo por mais um tempo. Quando Monty devolveu o empurrão, ele aplicou força demais, o que acabou derrubando Jasper e o fazendo ficar por cima do moreno.

O sorriso de Monty se desfez e Jasper o encarou. O que estava acontecendo? Por que os dois estavam tão perto e ninguém riu ainda?

De repente, Monty colocou uma de suas mãos no rosto de Jasper, se aproximou e o beijou. O beijo não durou muito, mas poucos segundos foram o suficientes para ele perceber que se sentiu do mesmo jeito quando beijou Maya pela primeira vez. O que estava errado... Porque...

Ele acabou de beijar seu melhor amigo!


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