Bellarke - The Wedding escrita por Commander


Capítulo 19
Don't Let Her Go


Notas iniciais do capítulo

Hey! Gente, as músicas desse capítulo (não sei pq comecei a indicar música agora, já que eu nunca fiz isso, mas enfim...vamo lidar né :v) são:

Primeira parte (Clarke e Bellamy) - I Told You So, da Kathryn Dean
Segunda parte (Clarke e Lexa) - Airplanes, do B.o.B feat.Hayley Williams

Beijos ♥



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Clarke

Para variar, Clarke estava de saco cheio de sua mãe.

Só porque seu pai havia morrido há alguns meses isso não significa que a mãe dela precisava ficar no pé dela, quase a todo tempo perguntando se estava tudo bem por Clarke se ela ficasse com Kane. Quase como se a loira precisasse de um refúgio, perguntou à Bellamy, que havia conhecido há pouco tempo (isso ainda era uma história a ser contada), se poderia passar a noite na sua casa.

Ele e Octavia pareceram não se importar de ela ficar ali. Mas, como não conseguiria dormir, foi até o telhado do prédio, o que não era muito difícil, já que o apartamento dos Blake era no último andar.

Encontrou Bellamy, que estava sentado no parapeito, olhando para algo acima dele. Ele se virou quando ela chegou, indicando que ela poderia se sentar ao seu lado e a garota o fez.

  O céu estava cheio de estrelas naquele dia, o que era estranho, já que Walden não via um céu (nada além da poluição, o que tornava o céu cinza) bonito como aquele fazia meses. Porém, enquanto aquilo acontecia, Bellamy só conseguia olhar para a garota que estava a seu lado.

— Podemos desejar alguma coisa para aquele tipo de estrela cadente? – Clarke suspirou, observando apenas as luzes de um avião no céu escuro. Se olhassem de longe, realmente parecia que o avião deixava um rastro de luz no céu, mas Bellamy olhou para a garota como se ela estivesse falando grego. – Esquece.

— Eu nem saberia o que pedir. – ele encolheu os ombros, encarando o avião, enquanto ele sumia entre as nuvens. Estreitou os olhos para ela. – E você?

  Havia tantas coisas que ela queria. Queria que as coisas voltassem a ser como eram antes, que seu pai ainda estivesse vivo, que sua mãe não estivesse saindo com outra pessoa, queria se sentir em casa novamente.

.

  E, depois de muitos anos, agora acordando depois da noite com Bellamy, ela pensava que, talvez, sua "casa" fosse apenas dois abraços envolvidos ao seu redor, quando ela estava em um momento ruim.

Clarke levantou da cama vazia, colocando apenas suas roupas de baixo e sua camisa, indo direto até a sala. Bellamy se encontrava sentado à mesa, tomando uma xícara de café.

— Hey. – Clarke comentou, meio sem graça. Ele movimentou a cabeça, como se também estivesse a cumprimentando. A loira se sentou do outro lado da mesa, tamborilando os dedos na madeira.

  Ela tinha muito a dizer, mas não fazia ideia de como começar. Olhou para a janela, como se todas as palavras que ela precisava estivessem escondidas ali.

Como ainda estava chovendo, não tinha muita gente na rua. Apenas uma coisa chamou sua atenção: um motoqueiro, usando um capuz negro, estava estacionado bem no meio da rua, parecendo procurar por alguma coisa.

— Se continuar assim vai acabar quebrando a mesa. – Bellamy comentou, se referindo as batidas da garota na mesa, que mudaram de ritmo. Não tinha raiva em sua voz, na verdade, ele estava até bem humorado. – Nervosa?

— Você acha que ontem...

  Sua voz foi interrompida pelo barulho da maçaneta da porta sendo girada. Por um segundo, Clarke teve medo que fosse Lexa, por mais que não fizesse muito sentido, porém... Era muito pior do que ela. Era simplesmente a maior fã do casal "Bellarke", a abelha rainha, acompanhada de seus dois zangões, Monty e Octavia.

  Raven entrou no apartamento e encarou os dois. Os olhos dela vagaram por toda a "cena do crime", desde a falta de roupas normais de Clarke, do cabelo bagunçado de Bellamy, das marcas que ficaram no pescoço da loira... A morena sorriu de orelha à orelha, quando Monty e Octavia entraram também, reparando na mesma coisa.

— Ai, meu deus! – ela exclamou, arregalando os olhos. – Aconteceu! Aconteceu e ninguém filmou!

Bellamy franziu a testa, contra a luz:

— De que você tá falando?

  Octavia sorriu também, parecendo um pouco menos histérica que a a amiga:

— Bellarke aconteceu! Eu nunca achei que veria isso.

  Clarke levou um tempo para perceber que estava dando um sorriso fraco. E Bellamy também, sem nem se dar conta.

   E se a vida deles fosse assim? E se eles acordassem juntos todos os dias e vissem aquelas mesmas reações no rosto dos amigos quando anunciassem isso? Por que essa hipótese a fazia sentir algo bom, quando não tinha chance nenhuma de dar certo?

— Monty, vira pra lá, cara. – Bellamy reclamou, indicando Clarke, que continuava apenas com as roupas de baixo e sua camisa.

— Não se preocupa, ele é gay. – Raven garantiu, piscando. Monty abriu a boca para reclamar, mas a mecânica colocou o dedo indicador sobre os lábios do outro, se sentando no sofá do quarto. – Sinceramente, quem liga pro Monty? Vamos falar sobre o casamento de vocês.

  O Blake revirou os olhos:

— Eu devo estar com algum problema, não lembro de ter dito isso.

  Monty sorriu e se virou para as garotas, ignorando o que o outro disse:

— É tão lindo que eu quero gravar um vídeo desse momento. Mas, já que vocês não colaboram, a Raven ainda sabe fazer montagens, então... – o asiático fez uma pequena pausa, como se tivesse sse dado conta de algo. – Espero que a Lexa não descubra isso. Sabe, ela tem mais músculos que eu. Isso me me assusta.

— Bom, todo mundo tem mais músculos que você, cara. – Octavia falou, dando de ombros, tentando melhorar o clima pesado que se instalou depois da frase dita por ele.

.

— O que eu deveria fazer sobre ela? – Clarke, que estava se trocando no quarto agora vazio, ouviu a voz rouca de Bellamy, vinda da sala. Ela andou até o corredor e encostou na parede, se mantendo em silêncio para ouvir a conversa. – Vocês são amigas... Sabe de alguma coisa que eu não sei?

— Eu sei que você é um idiota, Bellamy Blake. – a voz suave de Octavia se fez presente. Aquilo só fez Clarke ficar mais tentada a ouvir a conversa, por mais que soubesse que não devia. – Levar a Gina até a casa do Jasper, depois de passar duas semanas sem falar com ela, fingindo que ela não existiu... Isso não foi certo. Lembra quando você disse que "tinha coisas mais importantes para fazer" e foi embora? Eu não acredito que você não parou um minuto pra pensar como ela ficou depois daquilo.

  Bellamy se lembrou do quanto foi babaca com a loira, todo o tempo em que ela esteve na cidade. Desde que ela viu ele e Raven na cama, até a noite em que ele segurou os pulsos dela e a repreendeu por usar os medicamentos controlados. Ele nunca esqueceria do momento em que disse "Pelo menos eu não fico acordado por causa dos problemas, nem tomo remédios para isso" e do jeito que ela ficou em silêncio logo depois.

— Tudo bem, eu sou um idiota. Só que, ontem, eu percebi que, quando eu penso no meu futuro... Eu vejo ela nele. Vi que, sem ela aqui, minha vida é só uma vida e eu não quero ter só isso. – ele suspirou, balançando a cabeça. – Só não fazia ideia que ela se sentia desse jeito.

  Clarke fechou os olhos, pensando sobre tudo que ele disse. Suas palavras tinham uma intensidade arrasadora e ela mal podia pensar.

Por que com eles tudo tinha que ser tão complicado? Por que eles não podiam simplesmente ficar juntos? Raven e Wick sempre brigavam, mas sempre acabavam bem, Octavia e Lincoln começaram a namorar em algumas semanas... Por que com Bellamy e Clarke não podia ser assim? Os dois queriam ser como eles.

— Porque você é homem, não percebe o quanto o que você faz mexe com ela. Ela quer ser importante para você. Ela quer que você diga o quanto ela significa pra você, entende? – a morena fez uma pausa e Clarke respirou fundo, sem perceber que tinha começado a prender a própria respiração. – Eu não quero ser a pessoa que tem que te dizer "eu te avisei", quando isso tudo acabar.

  Clarke só se deu conta que estava chorando quando sentiu as lágrimas quentes descerem por suas bochechas. Ela ouviu Octavia se despedindo do irmão, anunciando que ia para a faculdade e a porta se fechando.

  Secou o rosto, respirando fundo e prendendo tudo aquilo dentro de si. A loira andou do corredor até a sala, se sentindo mais impotente que nunca.

— Bellamy. – ela chamou, ouvindo sua própria voz sair fraca. – Eu tenho que ir.

— Você tá bem? – perguntou, se levantando rapidamente. Ela assentiu, contra sua vontade, indo até a porta. – Eu te levo até lá embaixo.

  Os dois desceram os seis lances de escada, no completo silêncio. Não era incômodo, ao todo, porque ambas as mentes estavam funcionando com força total quando ninguém dizia nada.

  Assim que chegaram ao térreo, Clarke viu uma coisa que mandou arrepios para toda a sua coluna. O motoqueiro que vira antes, através da janela, ainda estava ali, agora parecendo encará-la fixamente. Tudo ficava ainda mais sombrio porque a chuva continuava cada vez mais intensa e ele se encontrava parado, o capuz tampando todo o rosto.

— Bellamy... – ela falou, instintivamente segurando o braço do moreno. Ele, que agora estava tentando achar as chaves para destrancar o portão, se virou para ela. – Tem alguém nos observando.

— O que? – ele perguntou, olhando a rua pelo vidro da porta. Clarke estava atrás dele, ainda segurando seu braço, aterrorizada. – Clarke, não tem ninguém ali.

  Ela olhou novamente, com os olhos arregalados. O motoqueiro já não estava mais lá, o capuz negro já não a encarava de forma ameaçadora... Não tinha nada nem ninguém na rua.

— Você está bem? – ele perguntou, colocando as mãos sobre os ombros dela. – Tomou alguma coisa?

— Eu juro que... Bellamy, ele estava ali, estava olhando para mim! – ela falou, desesperada, vendo o olhar de preocupação de Bellamy. – Você não acredita em mim.

— Ei, tudo bem, ele já foi embora. Não tem mais ninguém ali. – ele garantiu, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, deixando o rosto dela descansar sobre sua mão por um tempo. – Está tudo bem.

Ele não fazia a menor ideia de onde ela havia tirado aquele "motoqueiro", mas Clarke não se assustava fácil, então talvez realmente alguma coisa ali estivesse errada.

Depois de alguns minutos que Bellamy levou para acalmar a loira, ela desceu as escadas da entrada do prédio, olhando para os dois lados da rua. Ninguém.

— Clarke? – ela ouviu a voz de Bellamy, assim que chegou até a calçada e parou de andar. Se virou para ele, que estava no topo da escada.

— Sim?

— Lembra quando você me perguntou o que eu pediria para aquele tipo de estrela cadente? – ele perguntou e ela assentiu, confusa. – Finalmente descobri o meu pedido.

  A loira deu um sorriso triste, antes de atravessar a rua, e garantiu:

— Eu também.

(X)

 

Clarke havia esquecido completamente que hoje era o dia de uma festa para a qual Lexa queria levá-la. Tinha realmente que ser na noite depois de dormir com Bellamy? Ela estava uma hora atrasada, se sentindo mais culpada que nunca, mas teve que ir.

Lexa provavelmente era a mulher mais linda que Clarke conhecera.

Ela atraía todos os olhares da pista de dança, enquanto dançava suavemente ao som de No Hands. A morena usava longo claro, como todas as mulheres ali, seu cabelo estava preso em um coque desleixado e um cordão de prata brilhava em seu pescoço. Isso sem falar na maquiagem, já que sua boca vermelha era provavelmente o sonho de qualquer pessoa naquela boate.

Clarke olhou para si mesma. Usava um vestido vermelho simples, à altura do joelho e não possuía jóias ou maquiagem, por conta do pouco tempo que teve para se arrumar, mas dava para o gasto. Ela saiu da casa dos Blake por volta do meio-dia, teve que ir até Phoenix para pegar seu vestido de noiva e depois voltar para casa, para que enfim pudesse encontrar Lexa.

— Você aceita uma dança ou já tem companhia? – Clarke chegou por trás da morena, falando em seu ouvido.

— Clarke. – Lexa se virou para ela. A Griffin nunca se sentiu tão culpada na vida, quando viu os olhos de Lexa brilharem levemente e um sorriso gigante crescer em seu rosto. – Você veio.

— É claro que eu vim. – ela se esforçou para sorrir, mas seu peito parecia encolher cada vez que olhava para o rosto iluminado de sua noiva. – Sabe como é o trânsito, certo? E achar um táxi aqui é uma verdadeira desgraça.

— Eu estou tão feliz por você ter vindo. – ela sorriu, se inclinando para abraçar a loira e a segurando apertado entre os braços. Clarke sentiu um enorme buraco no coração, ao ver que Lexa estava realmente feliz apenas com a sua presença, enquanto ela havia acabado de dormir com outra pessoa. – Vem, vamos sentar ali. O show já deve começar. 

  As duas se sentaram em uma mesa forrada com um tecido branco e um buquê de flores colocado em cima, imitando a decoração de todas as outras mesas do ambiente, porém essa tinha uma pequena placa com o nome de Lexa.

— Quando eu cheguei no quarto hoje, Octavia estava lá. – a morena falou, se sentando. Ela segurou o vestido para que pudesse cruzar as pernas com facilidade. – Você não dormiu lá?

— Fiquei na casa da minha mãe. – ela falou, por impulso. Ela não queria falar onde realmente esteve, pois Lexa ficaria possessa, e elas não precisavam disso naquela noite. – Tive um pesadelo.

Aquilo não mentira, considerando ao todo. Ela realmente teve um pesadelo, relacionado à Bellamy, por isso correu até a casa do moreno. Não lembrava direito sobre o que era o sonho ruim, mas foi o suficiente para fazê-la procurar por ele na chuva.

— Teve um pesadelo e foi dormir com a sua mãe? – Lexa arqueou as sobrancelhas, esboçando um pequeno sorriso. – Você é uma graça.

— Cala a boca. – Clarke falou, revirando os olhos, soltando uma risada. – Você não estava em casa, eu tinha acabado de ter aquele pesadelo e eu não queria ficar sozinha.

As mãos de Lexa se encontraram com a dela sobre a mesa e ela olhou nos olhos da loira:

— Agora eu estou aqui.

.

Clarke entrou no quarto de hotel, estranhando que Lexa pediu para subir primeiro. E, quando ela chegou, viu o motivo.

  As luzes estavam apagadas, mas várias velas iluminavam o quarto fracamente ao redor da cama, que ela podia jurar que tinha pétalas de flores em cima. O ambiente era suave e agradável, mas Clarke estremeceu ao pensar no que aquilo poderia significar.

— Lexa, o que... – a loira tentou perguntar, mas não conseguiu formular uma frase em sua mente.

— O meu primeiro pedido não foi tão bom, então eu tive que preparar uma coisa para hoje. Você sabe, foi hoje que nós nos conhecemos, então... – Lexa se ajoelhou diante de Clarke, olhando em seus olhos e proferiu. – Eu juro lealdade e amor à você, Clarke Griffin. Prometo tratar suas necessidades e sua família como se fossem as minhas necessidades e minha família.

Clarke não sabia se amava Lexa.

 Ela amava o fato de não estar sozinha, sim. Amava o fato dos braços da morena estarem ao redor de sua cintura depois de um pesadelo, de ter alguém que ouvisse suas reclamações sobre o emprego, de ter alguém para sentar ao seu lado no avião, indo para qualquer lugar que as duas quisessem.

Sim, ela amava esses sentimentos. Amava sentir aquilo, sempre amou. Mas não sabia dizer se amava sentir Lexa.

Clarke ofereceu sua mão para ajudá-la a levantar e, quando ela o fez, a loira a puxou para um abraço apertado. Não conseguiu dizer nada, além de concluir mentalmente que era uma péssima pessoa. Lexa era incrível, ela realmente não merecia aquela traição, de nenhum jeito.

— Por que está chorando? – Lexa deu um sorriso sem graça e abaixou a cabeça, quando elas se separaram. – Não gostou?

— Não, claro que gostei! Isso foi incrível, você é incrível, é que... Ninguém nunca tinha feito isso pra mim antes.– Clarke realmente pensou em falar a verdade sobre ontem. Realmente ia falar, mas, quando viu os olhos brilhantes de Lexa olhando para ela com expectativa, desistiu. – Mas, é claro que a resposta é sim. Eu aceito. 

Saiu um pouco mais frio do que ela desejava, mas a outra estava tão encantada que não pareceu notar. Lexa a puxou para um beijo e Clarke fechou os olhos, sentindo a culpa como nunca.

— É só o que você merece, Clarke. – a outra sorriu, tirando os saltos de seus pés e andando em direção ao banheiro. 

 


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