A sensação de estar abraçada junto ao seu corpo era fabulosa. Nunca imaginei que pudesse me sentir tão bem ao lado de alguém. Logo eu que acreditava que não encontraria o amor e ali estava me sentindo mais amada do que nunca. Realmente nunca fui amada antes. Tudo era novo para mim.

Estávamos ali deitados na cerâmica fria com apenas um fino cobertor cobrindo nossos corpos nus. Fazia um calor terrível no quarto, mas nenhum de nós tinha coragem o suficiente para se levantar e ligar o ventilador. Estar deitada ali era tão bom. Eu fechei os olhos e me aconcheguei para mais perto dele. Foquei nas várias informações que os meus sentidos me mandavam. A textura da cerâmica contra a lateral do meu corpo; a maciez de sua tez clara na minha; o cheiro almiscarado e amadeirado que sua pele exalava; o gosto de sua boca ainda na minha; o som de sua respiração, dos carros que passavam distante, do vento que balançava as árvores lá fora. Meu desejo era apenas ficar deitada ali para sempre.

Abracei-o ainda mais forte e deixei minhas passearam pelo seu peitoral, apreciando cada pequena curvinha que ele apresentava. Sentindo a umidade das gotículas de transpiração sobre ele. Beijei sua nuca e suas costas e consegui imaginar seu sorriso.

Ele se virou para mim e pude observar aquela perfeição por mais um tempo. Os olhos castanho-claros, a pele clara, a pintinha que ele tinha na bochecha, os cabelos cor de areia, os lábios rosados.

Quem diria que algum dia eu iria me apaixonar? Quem diria que eu estaria deitado com alguém tão diferente, mas ao mesmo tempo tão parecido comigo? Quem diria... Eu não diria. Talvez até alguém já tenha dito, mas fico feliz de não ter ouvido a profecia. Assim foi melhor. A surpresa foi mais gostosa. O amor aconteceu com mais emoção. Foi tudo melhor.

- Eu te amo, sabia? – disse antes que pudesse perceber.

- Eu sei e também sei que eu te amo mais do que tudo. – ele respondeu e sorriu o sorriso mais lindo possível.

Encostei minha testa na dele e fechei os olhos apreciando aquelas palavras.