Smiths escrita por Breatty


Capítulo 8
Grávida?


Notas iniciais do capítulo

E então, será que Jane está realmente grávida? Vamos lá!



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— Grávida? – ele não consegue acreditar. — Você tem certeza, Jane? – torce mentalmente para que ela diga que sim.

— Mais ou menos... faz um tempo que eu venho sentindo algumas coisas estranhas, meu corpo está meio diferente... mas o que aconteceu hoje foi o mais estranho de tudo.

— O que aconteceu?

— Eu estava lá no salão e uma moça me ofereceu um cappuccino, e eu amo, só que quando ela trouxe e eu senti o cheiro me deu um enjoo, um embrulho no estômago tão grande que eu saí correndo direto para o banheiro e vomitei tudo na pia... foi terrível, quase vomitei na cadeira mesmo. – sorri, um sorriso discreto meio encabulada.

— Eu imagino, uma situação constrangedora. Mas você acordou bem hoje? Não foi nada que comeu e lhe deixou assim meio enjoada?

— Não, nada. É como eu te disse, faz mais ou menos umas duas semanas que eu sinto coisas estranhas... as vezes me sinto tonta, meio fatigada, náuseas matinais e pra complementar minha menstruação está atrasada. Só que achei normal, pois desde adolescente que meu ciclo menstrual é meio bagunçado.

— Jane, porque você não me disse nada? Que estava sentindo essas coisas?

— Ah, John, sei lá... sabe quando você acha que apesar de ser estranho é normal?

— Sim...

— Então, eu sentia e depois passava e eu achava que era coisa do organismo mesmo.

— E porque agora você está suspeitando que é gravidez? – ele tenta manter a compostura, mas no fundo não se aguenta de felicidade com a possibilidade de ser realmente gravidez.

— Porque as meninas do salão tocaram nesse assunto quando viram meu ataque de vômito repentino, ainda mais quando eu disse que cappuccino é uma das minhas bebidas favoritas... e depois que eu falei que estava sentindo coisas estranhas, elas disseram que poderia ser... aí foi nesse momento que eu parei pra entender.

— E seu remédio? A pílula? – os olhos dele procuram a caixa do remédio no criado-mudo dela.

— Faz uns quatro meses que parei de tomar... eu ia trocar de pílula, mas até hoje não tive tempo de ir na médica.

— Pera aí Jane... então você sabia que corria o risco de ficar grávida, afinal não usamos camisinha. – olha esperançoso pra ela. — Então, porque deu aquele ataque no seu escritório quando falei sobre ter filhos?

— Já te disse que eu fiquei nervosa... sei lá... eu sabia que era possível ficar grávida, mas sempre me pareceu uma ideia distante como se eu pudesse transar e transar e não engravidar. – olha pra ele com cara de idiota.

— Tipo como se você fosse uma espécie de mulher imune? – eles riem.

— Isso aí. Não sei como não aconteceu antes, afinal fazemos sexo direto.

— Jane... – se aproxima dela. — Então, no fundo você queria ter filhos?

— Sim, John. Acho que conscientemente eu não queria, mas a partir do momento que eu deixei a pílula de lado de certa forma algo dentro de mim esperava que acontecesse. A Jane metódica não queria, mas a Jane esposa do John queria... eu interpreto assim.

— E como vamos confirmar se você está ou não? Um teste de farmácia ou vamos na sua médica? Porque eu estou a um passo de pular de felicidade, mas não quero me precipitar.

— Comprei um teste de farmácia, está na minha bolsa. – encara ele apreensiva e tensa.

— E porque não confirmamos logo? – se levanta em um pulo, ansioso. — Jane, porque está com essa cara? – se aproxima dela. — Você está triste com a possibilidade?

— Não, não, é só que... estou com medo John, eu não sei o que estou sentindo... é um misto de várias sensações e sentimentos, é tudo muito novo pra mim. Estou assustada, nunca pensei que iria me sentir assim, mas estou confusa e feliz também. É tudo muito louco. – observa ele, sincera.

— Amor, acho que você está grávida mesmo, está muito emotiva e com alterações de humor.

Eles riem e ele prossegue.

— Jane, não tem porque ficar com medo... nós temos um apartamento, temos um emprego, somos economicamente bem-sucedidos, nos amamos e temos um ao outro. Nosso filho ou filha vai nascer em um ambiente muito bom e saudável.

— John, nosso emprego não é muito saudável... como vamos administrar isso? Nosso filho ou filha não vai correr perigo? É muita coisa pra se pensar.

— O problema é esse, você pensa demais e analisa demais meu bem.

— Desculpe, mas é que é assustador pensar...

— Nossa criança não vai correr perigo... dois assassinos profissionais dentro de casa, quer mais proteção do que isso? – tenta animar ela, pra apaziguar a tensão que ela está.

— Acho que não existe mais proteção do que isso. – sorri.

— Estarei aqui para protegê-la. – segura na mão dela. — Agora você quer por favor fazer logo essa droga de teste? Está me matando aqui de curiosidade e ansiedade.

— Vou fazer agora... mas, por favor John, não se decepcione se der negativo, está bem?

— Está bem. Vamos logo.

Jane se levanta e vai até a sala para pegar a bolsa que tinha jogado no sofá, retorna para a suíte e tira o saco com o teste de dentro da bolsa, vai em direção ao banheiro e John a segue.

— Ei, espera aí fora. – diz segurando a porta.

— Qual é, Jane? Deixa de besteira.

— Não é besteira, é privacidade. Não vou fazer xixi com você me olhando.

— Você é uma idiota. Vai logo aí então.

Jane fecha a porta contra a vontade de John e se concentra no teste. Faz xixi no potinho e mergulha a fita no recipiente, espera alguns minutos o resultado e John bate na porta impaciente fazendo ela bufar e resmungar com ele meio nervosa e ansiosa. Depois de quatro longos minutos a fita mostra como resultado duas linhas, ela corre e pega a embalagem que jogou no chão e lê as instruções confirmando em seguida que duas linhas significam que o resultado deu positivo e que ela está grávida. Ela sorri, um sorriso deslumbrante e ao mesmo tempo se assusta, abre a porta e encara John que já estava mais pálido do que uma parede rodando pelo quarto.

— Estou grávida.

— JANE!

Ele grita o nome dela, um grito de felicidade e libertação, com um sorriso de criança no rosto como se tivesse ganhado o melhor presente de natal. Ela sorri emocionada, contagiada com a animação do marido e eles se abraçam apertado.

— JAN... MEU AMOR... ISSO É FANTÁSTICO... É ÓTIMO... É TUDO DE BOM! NÃO SEI O QUE DIZER... ESTOU TÃO FELIZ! - fala eufórico com a voz falhando, apertando a esposa nos braços.

— Eu sei, amor, eu sei... nem consigo acreditar... é tudo tão estranho e novo. - reflete, ainda nos braços do marido. — Mas John, você sabe que precisamos confirmar com o exame de sangue... não sabe? – encara ele. — Mas independente de tudo, eu estou muito feliz também, só preciso de um tempo para me acostumar. – sorri sincera.

— Sim, eu sei Jan... Não se preocupe, vai dá tudo certo. – beija afetuosamente a testa dela. — Porque não fazemos esse exame agora? – sorri igual a uma criança. — Para que esperar?

— Não sei se minha ginecologista tem vaga ainda hoje pra mim... mas vou ligar pra ela agora pra saber. – o sorri dele foi tão fofo e alegre que ela não conseguiu resistir ao pedido.

Jane pega o celular e liga pra ginecologista, e após explicar a situação a Doutora Maggie diz que felizmente hoje a agenda dela não estava tão lotada e seria possível atendê-la. Jane agradece e finaliza a ligação, pega o exame de farmácia que fez e se dirige com John até o consultório que ficava no centro da cidade, não muito longe da cobertura deles. Após esperarem mais ou menos quarenta minutos na sala de espera do consultório a vez deles chegam e eles entram no consultório, ambos sentindo um frio na barriga de ansiedade e medo, mas sorrindo igual a dois bobos.

— Oi Jane! Quanto tempo... – a Doutora Maggie se levanta e cumprimenta ambos. — E você deve ser o John, certo? É um prazer. Sentem-se. – eles trocam cumprimentos e se acomodam nas cadeiras em frente à mesa. — Então, me diga Jane, o que está se passando? – prossegue em tom formal.

— Bem doutora, como é perceptível fiquei um tempo sem aparecer... – a doutora encara ela sorrindo, e ela sorri também. — Ok, alguns meses sem vir. Parei de tomar a pílula e devido aos compromissos não pude retornar para retomar o uso... aí nesse mês, a algumas semanas atrás comecei a sentir alguns sintomas esquisitos... – faz cara feia.

— Descreva esses sintomas. – ela vai anotando tudo mecanicamente no computador, fazendo barulho ao tocar no teclado.

— Fadiga, tontura, náuseas, alteração de humor e algumas dores na região das costas... além do atraso menstrual, mas isso eu achei normal, pois meus “períodos” sempre foram bagunçados.

— Chegou a vomitar?

— Poucas vezes... acho que umas três.

— A que hora do dia?

— Pela manhã.

— Ao acordar?

— Sim, duas ao acordar e uma foi hoje por volta de umas dez da manhã. Só que dessa vez eu achei muito estranho, pois subitamente eu vomitei depois de sentir o cheiro de um cappuccino e eu simplesmente amo cappuccino... isso nunca me aconteceu antes.

— Uhm... sim, isso não é muito comum. Foi isso que fez você suspeitar da possibilidade de uma gravidez?

— Sim.

— E você suspeitou corretamente, pois esse é um dos principais sintomas... esses vômitos incomuns. Fora esses outros sintomas que você vem sentindo. – encara o casal e observa ambos com olhares ansiosos, esperando a resposta final. — Faz um mês que começou os sintomas?

— Isso, exatamente um mês.

— Então vamos a questão principal, antes que vocês passem mal de ansiedade aí. – eles sorriem concordando. — Você me disse no telefone que fez o exame de farmácia e deu positivo, certo? – Jane apenas confirma com a cabeça, não conseguindo falar nada, pois estava estranhamente nervosa e ansiosa. — Digo a vocês que esses testes possuem possibilidade de acerto de 75% a 95%. Para ter um resultado confiável, o ideal é que sejam realizados apenas após o atraso menstrual, pois a mulher pode estar grávida, mas em um estágio muito precoce e o teste pode apresentar um falso resultado negativo. – explica detalhadamente, enquanto os dois escutam atentamente e interessados. — Como no seu caso Jane o teste foi realizado corretamente após o atraso menstrual, é quase certeza que você está sim grávida. – ela sorri e os dois se entreolham sorrindo. — Para avaliar a evolução da sua gravidez, se é favorável ou não, eu vou pedir um exame de sangue para dosar a quantidade do beta hCG e para verificar quais são os seus níveis e se estes níveis estão aumentando com o passar dos dias, que é o que esperamos, e podemos também realizar uma ultrassonografia transvaginal para tentar detectar clinicamente a gestação. – bate a caneta na mesa. — Mas vamos ao exame de sangue primeiro.

John segura a mão de Jane e faz carinho nos dedos, enquanto Jane observa a doutora fazer uma receita solicitando o exame de sangue. Ela aperta delicadamente a mão dele e olha pra ele dando um sorriso tranquilizador.

— Pronto, aqui está a receita do exame. – entrega a Jane. — Aqui ao lado tem um laboratório que é conveniado com nossa clínica, podem se dirigir até lá e entregar a solicitação na recepção e fazer o exame agora mesmo... para esse tipo de exame de sangue não precisa estar em jejum, então é mais rápido.

— E o resultado Doutora, em quanto tempo saí? – John questiona ansioso. A Doutora sorri.

— Os pais são sempre os mais apressados, não é? – os três riem, e John confirma envergonhado. — No máximo em 24 horas ou até menos, depende da disponibilidade do laboratório... mas eles ai do lado são bem rápidos. Então, eu vou pedir ao responsável do laboratório que assim que seu exame estiver pronto ele me avise que eu irei pegar e ligo pra vocês avisando, ok? Pode ser? – os dois assentem com a cabeça. — É mais fácil, pois assim evita de vocês fazerem outra viagem até aqui, afinal de agora em diante vai ser bem frequente a gente se encontrar aqui, certo? Independe do exame podem ter certeza de que vocês estão grávidos, comemorem à vontade, mas a partir de agora lembre-se Jane, e John também, cuidados nunca são demais! – chama à atenção. — Você está carregando um bebê Jane, e os três primeiros meses são extremamente importantes para o desenvolvimento da criança. Não precisam ficar com medo, gravidez não é doença mas necessita de algumas precauções básicas. Estamos entendidos? O resto é só alegria! – levanta sorrindo.

— Claro Doutora, pode deixar, tomarei conta dela e do bebê.

— Mas calma, não vou ficar grudada na cama e em casa também, certo? – John olha pra ela com cara de enfezado e Jane ignora.

— Não necessariamente Jane, como eu disse gravidez não é doença e você pode e deve viver livremente e normalmente, mas precisa ter alguns cuidados redobrados. Apenas isso. Depois de sair o resultado do exame iremos marcar outra consulta para então começar o acompanhamento da gravidez, e determinar em que estágio você já está e passar as vitaminas e os remédios para o fortalecimento do bebê e o seu. Enfim, fiquem tranquilos que estarei com vocês e gravidez não é nenhum bicho de sete cabeças. – fala simpática e carinhosamente.

Eles se despedem e se dirigem ao laboratório ao lado para Jane coletar o sangue, não demora muito e logo eles estão no carro prontos para ir pra casa.

— Satisfeito? – Jane pergunta colocando o cinto.

— Bastante. Me sinto uma criança que ganhou um grande presente do Papai Noel. Você já é a minha manhã de natal, e agora ele ou ela é o meu grande presente de natal. – aponta pra barriga dela e ela sorri ficando vermelha.

— Nossa, estamos grávidos! Cara, isso é tipo de outro mundo. – Jane reflete, como se a ficha só estivesse começando a cair agora.

— Pois é, meu amor. Você está feliz? – John avalia a esposa.

— Claro John, muito feliz. Já lhe disse, estou um pouco assustada, apreensiva e meio nervosa, mas é normal, sou mãe de primeira viagem e me assusto com coisas novas... mas vai passar, afinal tenho um grande papai e marido ao meu lado. – olha pra ele sorrindo com um brilho nos olhos. Ele sorri satisfeito e confiante. — Não parece que estou feliz?

— Não Jan, não é isso... é só que eu quero que nós dois aproveitemos esse momento juntos. Só quero me certificar de que você está à vontade com essa notícia, só isso... isso pra mim é importante.

— Eu entendo meu bem, mas pode ficar tranquilo que eu estou totalmente à vontade e estou curtindo esse momento ao seu lado. Não poderia ser diferente, afinal não sou mais aquela Jane fria.

— Não é mesmo. – aperta a coxa dela, com um olhar safado. — Então, quer ir pra casa ou prefere ir almoçar em algum lugar pra comemorar?

— Vamos almoçar fora, comemorar!

— Que tal o Spigolo?

— Comida italiana a essa hora? – faz cara feia.

— Sim, ué. Porque? Comida italiana só pode ser pela noite? – encara ela fazendo cara feia também. — Você é idiota ou o que? Que besteira! – resmunga.

— Ei Smith, calma aí. Não precisa me jogar pra fora do carro, beleza? – ele ri. — Vamos comer comida italiana então ué, só perguntei. Eu gosto! E não me chame de idiota, sua porra. Obrigada.

— Sua porra? Acho que agora sim vou jogar você pra fora do carro. – brinca.

— Não se esqueça que tem arma dentro desse carro. – provoca.

— Se tiver mais de uma podemos trocar alguns tiros. Pra mim é tranquilo.

— Estou grávida, querido. – força um sorriso fofo.

— Agora vai usar essa desculpa, é?

— Não. – faz cara de brava, ficando incomodada. — Só estou lembrando. Mas não se preocupe, pois ainda troco e irei trocar belos tiros com quem entrar na minha frente. – pisca pra ele.

— Eu sei, Jane Smith sempre em forma. Mas você ouviu a médica, vamos ter que conversar sobre algumas coisas, principalmente sobre tiros e adrenalina. – olha de soslaio pra Jane que ignora sabiamente o comentário dele, sabendo onde ele quer chegar, mas ela não vai abrir mão de tiros e adrenalina e pretende dizer isso a ele depois.

Ele observa ela por alguns segundos e ela olha pra ele dando língua, como se fosse uma criança birrenta e mimada. Ele ri sem entender e ela sorri brincalhona. Ela observa a rua e ele olha ela mais um pouco, feliz por perceber que ela está contente com a gravidez e está se esforçando ao máximo para demonstrar isso pra ele. Ele sorri amoroso. Jane olha para o marido e flagra o olhar dele sobre ela.

— Sabe Jan, tenho certeza que você vai ser uma ótima mamãe. – ele quer deixar ela confortável.

— Eu espero, amor. – olha pra ele pensativa. — E eu tenho certeza que você será um papai maravilhoso! Daqueles bem bobões, babões e atenciosos. Acho que tirei a sorte grande.

John assente com a cabeça e fica emocionado, mas tenta não demonstrar falhando miseravelmente. Quando ele fica assim sempre tenta esconder as emoções para não parecer tão sensível e idiota, mas sabe que Jane percebe cada detalhe dele e não se deixa enganar por essas tentativas falhas que ele tem de mascarar as emoções. Coisa de homem, ela sempre diz e pensa.

— Eu acho que você tirou a sorte grande mesmo. – pisca os olhos para ela. — Se bem que eu também tirei, então estamos iguais.

Eles dão um selinho rápido e doce e rapidamente o clima esquenta, mas Jane percebendo o olhar malicioso do marido sobre ela, dá um tapinha consolador nas costas dele e faz sinal com os dedos dizendo: depois. John suspira e acelera o carro.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram da resposta? Espero que sim! ♥