Lendas Renascidas escrita por 2Dobbys


Capítulo 9
Capítulo 9




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IX

 

Mais uma vez, Draco sentia-se como se tivesse acabado se ser fortemente torturado – não sentia nada, apenas réstias de dor. Era cada dia pior, e deixava 'marcas' por todo o lado. Ainda não tinha aberto os olhos, embora já estivesse acordado. Começou a sentir o seu corpo aos poucos, desde o bater forte do coração, às extremidades. Mas que…?

Deu-se conta que os seus pés batiam no fundo da cama. Nunca antes lhe acontecera. E estava de joelhos levemente flectidos! Mas que raio…?

Ao tentar rodar o pescoço para olhar para si mesmo, o pescoço doeu como se tivesse sido marcado a ferro em brasa. Ao passar a mão no pescoço (para afastar os cabelos agora um pouco longos – não pudera cortar o cabelo enquanto estava ali, sendo que agora eles chegavam a roçar ao de leve os seus ombros largos) para acariciar a pele que não conseguia ver, sentiu um súbito choque de temperatura: a sua pele, naquele sítio, parecia feita de gelo de tão fria que estava… mas aquilo parecia arder-lhe! Mas o que é que se passa comigo?

Ao se sentar, reparou que os seus pés tocavam no fundo da cama sem problemas. Também se sentiu demasiado apertado naquele pijama que lhe tinha ficado minúsculo, impedindo-o de se movimentar com liberdade. Imediatamente pegou na varinha que tinha na mesinha de cabeceira e tratou de alargar o pijama. Finalmente podia respirar fundo sem ter a sensação de estar num abraço apertado da lula gigante.

Mais uma vez, pouco tempo depois, foi a vez da dona-de-cabelos-ondulados-castanhos-brilhantes-fantásticos-maravilhosos-que-não-cabem-numa-só-almofada acordar. Agora era sempre assim: cada vez que um acordava primeiro, o outro acordava muito pouco tempo depois.

Ela parecia não conseguir respirar direito, o que fez Draco alargar outro pijama – neste caso, o dela. Por um lado, não o queria fazer, pois nunca vira Hermione com algo tão justo como aquilo… o que de certa forma lhe agradava. Por outro, se não o fizesse, bem que podia olhar eternamente para ela que não valeria de nada, pois ela morreria asfixiada. O uniforme da escola não lhe favorece nada… aliás, não favorece ninguém!

Ela tentou lançar-lhe um olhar agradecido, mas o leve movimento do pescoço fez com que ela silvasse. Provavelmente é ela estar a sentir o mesmo que eu… sente que está marcada a ferro. Também ela teve o reflexo inconsciente de levar a mão ao pescoço, e a sua face abriu-se numa surpresa que não conseguiu conter – M-mas… o que é que…? – e reparando onde, tal como Draco, os seus pés batiam, acrescentou – Mas que raio é que me aconteceu?

Draco adorava vê-la perder a compostura. Dando um sorrisinho sarcástico comentou – Bom dia também para ti!

Ela corou ligeiramente – Oh… uh… bom dia, Draco. Como te…?

Ele nem precisou de ouvir a pergunta toda para saber o que ele iria perguntar. Revirou os olhos – Sinto-me optimamente bem, tirando o facto de me doer o pescoço como se tivesse sido marcado a ferro em brasa, ardendo-me mas estando a pele gelada, juntamente com o bónus de ter crescido de tal modo, ou tudo ter encolhido subitamente durante a noite de maneira que não caibo na cama como as pessoas normais!

- Não sei se já reparaste, mas não és o único com esse pequeno grande problema…

- Já reparei que não, já… - disse ele olhando-a de soslaio, e desviando rapidamente o olhar com um pequeno sorrisinho traquina nos lábios, ficando com um olhar lânguido.

Ela notou e ficou com o seu típico ar de Gryffindor desconfiada – O que foi?

Ele estava claramente a fazer um esforço para não se rir – Bem… digamos que até que nem estavas nada mal com o pijama justo… mas tive de to alargar senão sufocavas e isso seria um desperdício, seguramente…

Ela percebera imediatamente o que ele insinuara e corou de maneira digna de um Weasley, puxando os lençóis da cama mais para cima – Por Merlin, Draco! Sinceramente…!

Ele não se conteve mais e gargalhou – Não fiques acanhada Hermione! Afinal, até que eu te dei um elogio… indirectamente.

Hermione continuava sem o encarar nos olhos – E… estava assim tão apertado?

Ele esboçou outro sorriso lânguido – Como é óbvio, não sou eu que tenho mais… como é que hei-de dizer… mais 'volume' na parte dianteira para…

Não conseguiu acabar a frase pois foi atingido por uma almofada arremessada com toda a força mesmo na cara, o que o fez rir ainda mais. Hermione tentou mudar de assunto.

- Não devias ter usado magia! Mme. Pomfrey avisou-nos que não devíamos fazer nada que envolvesse magia…

Draco agora olhava-a com uma careta céptica – Preferias que te rasgasse o pijama? – perante o enrubescer imenso dela continuou - Preferias que te deixasse asfixiar? Bem, nunca pensei que tivesses ideias tão suicidas…

Mme. Pomfrey entrou de rompante na enfermaria, dando-lhes um olhar agradado enquanto se dirigia a eles.

- Bom dia meninos! Como se sentem?

Eles fuzilaram-na com o olhar, já nem se lembrando da pequena discussão que estavam a ter até àquele momento. Ela percebeu de imediato o que ocorrera ao olhar para onde os seus pés tocavam, estando eles sentados. Ficou imediatamente mais séria.

Draco foi quem falou primeiro, fazendo um esforço óbvio para não espancar ninguém – Poderia ter a gentileza de nos dizer de uma vez por todas o que se passa connosco? Que raio de sintomas são estes? O que somos nós? – nem tinha reparado que insinuara que eles já não eram mais humanos.

Mme. Pomfrey ficara visivelmente perturbada – Uh, b-bem… sabem, é pouco comum mas pode acontecer coisas semelhantes em pessoas mágicas que têm semelhantes perdas…

- Não vem que não tem! – quase gritou Hermione – Acha que somos estúpidos? Sem querer questionar a sua autoridade mme. Pomfrey, mas está a subestimar-nos. Não sabemos como isso foi possível, mas já não podemos mentir um ao outro, conseguimos perceber o que as outras pessoas estão a pensar; aliás – disse ela fazendo um breve parêntesis na conversa – foi isso que ajudou a que nos zangámos com os nossos amigos; sendo assim, é lógico que saibamos que nos está a esconder alguma coisa, embora faça um enorme esforço para nos esconder, o que claramente percebemos!

Ela ficara pálida, o que fez com que Draco decidisse insistir mais um pouco – Desde quando é que ficámos com personalidades tão mudadas apenas por passarmos algumas semanas na enfermaria? Eu sinto que amoleci, de alguma maneira, e a Hermione ficou com um humor mais cínico e sarcástico – ela olhou-o com reprovação. Ele deu um encolher de ombros como quem diz 'é verdade! O que queres que eu faça?' – Ah, para além de ter ficado muito mais emotiva. Mesmo eu fiquei muito mais irritadiço do que antes; é, amoleci em certas coisas e fiquei extremamente irritadiço noutras. Quase que fiz com que as nossas visitas ficassem em cinzas! Se não fosse a Hermione… não sei o que teria feito.

Ela olhava-o agora com carinho. Sim, era a mesma expressão que ele pensara que fora uma ilusão tê-la visto assim numa manhã. Ele continuou.

- Além de TODAS estas coisas estranhas, crescemos a um ritmo alarmante, de maneira que não cabemos na cama como pessoas normais, tive de alargar os nossos pijamas, dói-nos o corpo todo com os ataques de dor que temos tido, ao acordar de manhã temos sempre dores terríveis nas costas que só passam depois de beber o que quer que aqueles copos que parecem apenas ter água tenham misturado, já tivemos dificuldade em abrir os olhos quando o Sol apenas se estava a levantar, e esta manhã sentimos a pele da parte detrás do pescoço gelada, embora nos parecesse queimar! Vai continuar a dizer que tudo isto é consequência normal do choque que passámos? Já nem nos sentimos tão mal assim, é como se uma parte de nós se estivesse a despegar do mundo que conhecemos! – disse de uma só vez, o que fez com que inspirasse fundo ao terminar. Mme. Pomfrey olhava-o com uma surpresa crescente. Como é que ele conseguiu dizer tudo aquilo de uma vez?

Draco e Hermione ficaram quase chocados ao constatarem que a morte dos pais já não os afectava tanto. Sim, ele dissera tudo isso, mas sem pensar propriamente no que dizia; apenas queria que aquela mulher lhes dissesse o que eles afinal tinham de tão mau que era necessário ocultar a informação.

- Já? – não conseguiu conter mme. Pomfrey.

De entre todas as possibilidades de resposta que eles esperavam, esta não era certamente uma delas. Olharam-se intrigados.

- 'Já' o quê? – perguntaram ao mesmo tempo.

Ela tapou a boca como se tivesse acabado de contar um segredo de estado, ficando alarmada.

- Deixem-me ver-vos…

Dito isto, avançou para Draco, que se encontrava mais próximo do sítio de onde ela ouvira todos os argumentos contra o que esta lhes contara. Ao afastar com um pouco de brusquidão os cabelos de Draco para observar a pele deste, ficou ainda mais pálida.

Hermione viu que aquilo não podia ser bom sinal – O que se passa com ele? O que é que ele tem no pescoço?

A enfermeira-chefe não respondeu. Virou-se imediatamente para a jovem e fez o mesmo com ela (embora tendo mais trabalho devido ao volumoso cabelo que a rapariga tinha). Desta vez foi Draco quem ficou preocupado.

- O que é que ela tem? O que é que eu tenho?

Mme. Pomfrey parecia já nem os ouvir, falando para si mesma – Oh meu Merlin! São mesmo o complemento um do outro… e podem trazer o equilíbrio que precisamos! Albus… preciso de falar com ele com urgência…

- MME. POMFREY! – gritaram os dois jovens em simultâneo.

Ela acordou dos devaneios onde estava mergulhada, deixando escapar uma risada seca como se tivesse finalmente a confirmação do que precisava – Sim, meus jovens?

- Afinal o que é que temos?

- O que é que se passa connosco?

Mme. Pomfrey sorriu-lhes, dizendo simplesmente – São o complemento um do outro, o Yin e o Yang que precisávamos, que vocês precisavam…

Hermione e Draco estavam confusos… bastante mesmo… pronto, aquelas mentes estavam numa confusão danada! O que é que mme. Pomfrey queria dizer com aquilo?


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Notas finais do capítulo

N.A.: hahaha, era agora que demoraria a postar um novo... hahaha mas como sou boazinha... a ver vamos... lamento nao ter postado antes, mas fikei de cama, doentinha, nao podendo fazer andar as coisas...
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