Lendas Renascidas escrita por 2Dobbys


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Sorry a demora!!!! '

Enjoy!!!



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XIII

Hermione e Draco não tinham dormido naquela noite (nem tinham sentido necessidade de o fazer) e tinham decidido não contar nada nem a Dumbledore nem a Harry acerca de Kiwi.

Estavam a regressar ao castelo. Os primeiros raios de Sol começavam a abraçar os montes à volta da escola de magia, dando ao firmamento vários tons de rosa, violeta, laranja e vermelho. Hermione teve um arrepio.

Draco olhou-a preocupado – O que foi?

Ela abanou a cabeça – Não tenho a certeza… acho que hoje vai acontecer alguma coisa e que não me cheira bem…

Draco acenou-lhe de volta – Temos de falar com o Dumbledore.

- Hermione! Hermione! – gritava alguém.

Ao olharem para a direcção do som, viram Harry a correr na sua direcção, esbaforido.

- Onde é que estiveram? Não vieram dormir ao castelo?

- Bom dia para ti também, Potter. – disse Draco sarcástico – Decidimos passear ontem à noite, algum problema com isso?

Harry olhou-os sem acreditar – E estiveram a passear até agora?

Hermione apressou-se a mudar de conversa – Mas vinhas à nossa procura porque…?

O moreno de olhos verdes pareceu lembrar-se subitamente do que o levara a procurá-los – Dumbledore precisa de reunir imediatamente, tipo, JÁ!

oOo

- Bom dia a todos. Temo que algo de muito grave esteja prestes a acontecer. – principiou o Director.

Hermione apercebeu-se logo do que se tratava – Eles vêm aí, não é?

Ele aquiesceu – Temo que sim, menina Granger. E o problema é que o próprio Voldemort vem com a comitiva. – seguiu-se um breve silêncio.

- Vou avisar todos os do ED… assim eles também podem preparar os outros… - disse Harry pensativo.

- Fazes bem Harry, mas não te esqueças do que planeámos…

Enquanto Harry desaparecia pela porta, Dumbledore olhou para as duas criaturas diante dele – Já se aperceberam de alguns poderes diferentes do normal?

E eles contaram o seu novo modo de ver. Ele anuiu – E ainda não terminaram a transição, pois não? Pois… isso pode ser um problema…

Hermione estava a ficar farta daquela conversa da treta – Porque é que não nos limitamos a fazer o nosso melhor? Lá porque somos Yi... Criaturas-Sem-Nome, não quer dizer que tudo tenha de depender de nós! E se a transição não se completar a tempo?

Dumbledore sorriu – Creio que irá terminar mais depressa do que julgam…

Draco suspirou – Continua com aquela ideia do "amor" que há entre nós?

- Sim. E não vou mudar de ideias.

Dumbledore era mesmo casmurro.

Subitamente, McGonagall entra de rompante na divisão – Albus! Albus, eles estão na orla da floresta… não nos resta muito tempo.

E um tremendo flash os fez cegar por momentos (excepto a Hermione e Draco), seguido por um forte trovão. O céu tinha escurecido repentinamente, com nuvens escuras a convergirem num único ponto do céu. O vento começou a soprar mais forte, antecipando a guerra que se seguiria.

Entreolharam-se. Estava na hora.

oOo

- Harry… Harry, onde estás? Vem ter comigo… não sejas cobarde…

Harry estava farto de ouvir aquela voz na sua cabeça; ficava tonto e perdido cada vez que "recuperava" de cada ataque. Onde estava mesmo? Aos poucos foi-se lembrando de onde estava, do que estava a acontecer: Hogwarts estava sob ataque… sim… com os olhos desfocados, via sombras negras a passarem por ele, flashes de várias cores a irem em todas as direcções… principalmente verdes… gritos… grandes volumes no chão, imóveis… um jacto amarelado que o tinha atingido…

Abriu os olhos. Levou tempo a perceber que se encontrava na enfermaria da escola. Alguém tivera o bom senso de lhe deixar os óculos postos, o que o fez perceber algo avermelhado ao seu lado. Olhou instintivamente e deixou escapar uma exclamação de alívio – Ginny! Oh, Ginny, estava tão preocupado contigo…

Ela sorriu, abraçando-o – Harry, estava a ver que nunca mais acordavas… - e deu-lhe um leve beijo nos lábios. Lembrou-se de quem também lá estava - É verdade, eles têm algo para te dizer… - e afastou-se, deixando-lhe a visão desocupada para duas pessoas imponentes: Draco e Hermione. Ambos o olhavam de uma maneira estranha e misteriosa. É apenas impressão minha ou estão ainda mais altos? Mas… o que se passa? Onde estão todos os outros que estavam feridos? Porque não estão aqui?

Como que respondendo à pergunta mental de Harry, Draco disse séria mas orgulhosamente – Conseguimos curá-los a todos… parece que esse é um dom que consegui fazer evoluir bastante bem. – e mudando de semblante, continuou - Potter, está na hora. Os do vosso lado estão cada vez mais fracos e eles também… não vão demorar a chamá-los… - Harry arrepiou-se ao entender ao palavras do loiro – Temos de estar preparados. – ele assentiu com a cabeça. Olhou com um sorriso que deixava a desejar para uma Ginny de semblante preocupado, tentando acalmá-la, e olhou os outros dois. Um olhar dizia tudo: tinham de se despachar com o plano.

A quebrar o momento, gritos de pavor fizeram-se ouvir. Hermione empalideceu e olhou o moreno nos olhos mais uma vez – Chegaram. Está na hora…

Harry sentiu náuseas a imaginar a cena: Inferis, seres completamente podres, saindo dentre as árvores da Floresta Proibida… seres que provocam sérios danos e não sofrem nenhuns… ele só esperava que a teoria de Dumbledore estivesse certa… senão era o fim do mundo que todos conheciam – Eu… ouvi-o a chamar por mim… quer que vá ter com ele.

- Sabes o que tens a fazer… - disse Hermione com voz monocórdica. Notando o desconforto do amigo por utilizar aquele tom, decidiu relaxar um pouco a sua compostura e suspirou – Harry… por favor, tem cuidado, sim? Não quero que nada de mal te aconteça e ambos sabemos que o plano tem falhas… só espero que Dumbledore esteja certo acerca de nós… e que possam todos viver em liberdade, sem medo e sem sofrimento. Já sofreram demasiado… Só quero que todos vocês sejam felizes… - e os olhos tornaram-se brilhantes de lágrimas reprimidas. Harry percebeu o que ela estava a sentir: se ele tivesse consciência de que viveria muito mais do que todas as pessoas que conhecia… nem queria imaginar o que sofreria; ainda por cima, sentindo a necessidade de se afastar de tudo e todos… só com Ginny é que semelhante coisa seria suportável. E fez-se luz na sua cabeça. Ela poderia viver centenas de anos… com Draco. E ele com ela… era isso! Já sabia o que tinha de provocar! Iria seguir o plano de Dumbledore, sim, mas iria fazer algumas mudanças… só assim é que conseguiria fazer com que a transição dos dois ficasse completa. Seria tremendamente difícil separar-se da amiga, mas era necessário… era o mais correcto a ser feito.

Levantou-se de um pulo. Hermione apercebeu-se da mudança em Harry, franzindo o sobrolho. No entanto, por ainda não estar com a transição completa, não conseguia perceber o que ele pensava fazer. Harry, por favor, não te armes em herói. Sê paciente, não tenhas ideias suicidas, isso de nada vos serve…

oOo

Hermione observava o campo de batalha há horas, de mão dada com Draco, no topo da torre de astronomia; Dumbledore tinha sido rigoroso quanto a isso: eles interfeririam na altura exacta, não antes, não depois. Relembrava por breves segundos a expressão de Draco ao curar todas aquelas pessoas: era maravilhoso saber que ele se sentia bem a ajudar os outros a também se sentirem bem. Estava de rosto radiante, ao descobrir o que conseguira fazer apenas com um toque numa ferida. Todos os doentes ficaram estupefactos com Draco, pois toda a Hogwarts conhecia o seu "historial de família". Tinha começado a sentir uma pontada de dor, mas coisa ínfima, comparado àqueles ataques que tivera quando estava na enfermaria com Draco. Algo suportável e que não valia a pena ser mencionado.

Ao ouvir um estrondo, caiu na real: via agora a lula gigante a estender os enormes tentáculos, agarrando todos os feiticeiros das trevas que conseguia, levando-os indiferente aos gritos apavorados para as profundezas do lago negro; os centauros aliaram-se aos feiticeiros da luz, atirando setas negras contra os inimigos; mesmo alguns lobisomens se tinham aliado a Dumbledore, com a ajuda preciosa de Remus Lupin; Hagrid e Grawp arremessavam os feiticeiros das Trevas uns contra os outros, servindo-se deles como se fossem tacos de basebol. Harry tinha feito um pacto com Voldemort antes de entrar pela Floresta Proibida adentro: enquanto estivessem frente a frente, os Inferis ficariam quietos. Hermione teve vontade de contrariar as ordens de Dumbledore e dirigir-se a Harry para lhe dar com a cabeça na parede: como é que o seu amigo poderia acreditar que o Lord das Trevas cumprisse o acordado? Ele nunca jogava limpo e Harry era o que melhor sabia disso! Draco, ao se aperceber que Hermione estava tensa, apertou mais a mão que segurava a dela. Olharam-se – Tudo vai correr bem, Hermione. Temos de acreditar nisso.

Ouviu-se uma nova onda de gritos apavorados. Ao voltarem a olhar para o campo de batalha, viram o que todos temiam: criaturas viscosas, nojentas, sem vida mas movendo-se conforme a vontade maligna de Voldemort, saíam por entre as árvores da floresta, na parte mais a oeste, juntamente com alguns Dementors. Hermione congelou, embora não fosse devido ao efeito das devassas criaturas. Eu sabia! Por uma vez, queria estar errada acerca das minhas suposições. Harry, onde estás?

- Hermione! Temos de deter os Inferi! Ninguém os vai conseguir parar!

- Pois não… já reparaste que os Dementors não nos afectam? – Draco assentiu e ela continuou – Temos de interferir agora! Não podemos esperar mais…

- Dumbledore que se lixe, estas pessoas precisam de nós. – sibilou Draco com o olhar assassino dirigido aos feiticeiros negros.

oOo

- McNair, atrás de ti! – rosnou Greyback no calor da batalha.

O bruta-montes que tinha sido encarregado de ser o carrasco de Buckbeack, o simpático hipógrifo que ajudara o trio maravilha no 3º ano, virou-se a tempo de ver dois jovens de sexos diferentes de mãos dadas, com ar calmo mas mais duro e sábio do que muitos dos adultos ali presentes a lutar, encaminhando-se na direcção dos Inferi. Ao se aperceber que os Dementors fugiam da dupla, começou a sentir medo. Mas aquela não era a sangue-de-lama amiguinha do Potter que os Malfoys odiavam? E aquele não era o próprio Draco Malfoy? De mãos dadas…? Mas o que é que…? O Malfoy júnior traiu-nos! Ficou com medo do Lord quando os papás morreram… agora é que vai ver como é que elas mordem!

Os dois jovens aproximavam-se cada vez mais dos Inferi… e aperceberam-se que o pequeno exército movido a magia negra ficara imobilizado com a sua aproximação. Draco aproximou-se um pouco mais de um dos cadáveres "vivos" que estava na frente, parado. Contrariamente ao que normalmente aconteceria, não sentiu vestígios de náusea. Com a sua nova visão, percebeu que algo se movia por detrás dos olhos vidrados daquela pobre criatura… algo que veio ao de cima quando se apercebeu da proximidade daquela jovem criatura ancestral, reflectindo-se nos olhos. Draco sentiu pedaços de gelo a formarem-se no estômago. Finalmente compreendia o que se passava: as criaturas, para serem "comandadas", tinham de ter parte da sua alma ligado ao antigo corpo! As almas daquelas pessoas tinham sido obrigadas a saírem do seu repouso eterno para darem uma imitação fraca de vida aos corpos em decomposição, sem compreenderem o porquê de estarem a sofrer com tudo aquilo; não se apercebiam do propósito de toda aquela situação: sentiam-se presas, sufocadas, com medo. Almas a sofrerem, a gritarem silenciosamente por ajuda.

Draco quis gritar de raiva, gritar de uma dor que não era a dele mas que a sentia como o sendo. Ele queria proteger aquelas almas. Iria protegê-las! Ao olhar para Hermione, percebeu que ela tinha feito o mesmo que ele e agora também o olhada com horror. Como é que alguém seria capaz de fazer algo semelhante? Os dois YinYang iriam proteger aquelas almas, custasse o que custasse.

Ao verem alguns dos feiticeiros da luz a avançarem na direcção dos Inferi, daquelas almas presas e inocentes, puseram-se imediatamente entre eles e os recém-chegados. A pontada de dor aumentou mais um pouco.

- Afastem-se! Essas criaturas imundas têm de ser paradas! Afastem-se já!

Hermione emanou uma áurea poderosa, de tão irritada que estava, fazendo os outros feiticeiros encolherem-se – Como é que se atrevem a atacar estas pobres criaturas? Elas não têm escolha e precisam da nossa ajuda! Façam algo mais proveitoso e tratem dos feiticeiros negros, sim?

Draco, embora irritado, manteve a voz mais calma ao dirigir-se para o que tinha aberto a boca – Por favor, você não sabe o que se passa aqui, nós entendemos, mas confie em nós! Afaste-se destas criaturas. Nós tratamos delas.

Aumento progressivo de dor… Hermione já não iria aguentar muito mais, estava a atingir o ponto crítico mais uma vez. Ao olhar de relance para Draco, viu dor transparecer dos seus olhos, dor sem ser devido à condição dos Inferi.

- Traidores… - sibilou o feiticeiro estranho – Vocês fazem-se passar por apoiantes do lado da luz, mas nem estão armados com uma varinha! Não vos vi a lutarem ao nosso lado. Tu – disse apontando um dedo ameaçador a uma Hermione enfurecida – És poderosa demais para a tua idade; de certeza que deténs o poder das trevas em ti! E tu – acrescentou virando-se para Draco – És um Malfoy! Sei bem o que os teus pais foram, e foi muito bem feito, deixa-me que te diga!

Quem é que confiou num homem destes para lutar a seu lado? Se nem conseguia distinguir aliados de inimigos… Dumbledore só podia estar mesmo desesperado, com receio que eles não acabassem a transição a tempo. Cada vez gosto menos de estar no meio desta gente. No entanto, por mais estúpido que seja, não…

- Ohh!

O feiticeiro arrogante que falara com eles acabara de ser atingido pelas costas por um jacto verde, caindo morto a seus pés juntamente com o pequeno grupo que o acompanhara, deixando à vista um vulto negro.

Um raio de luz verde-escura saiu da ponta da varinha dum feiticeiro das trevas enorme que estava escondido atrás do feiticeiro, em direcção aos Inferi; tinha ouvido a conversa sem que ninguém percebesse.

Hermione pôs-se à frente, de braços abertos, para os proteger… e tudo pareceu andar em câmara lenta: o feixe de luz na sua direcção, e Draco a colocar-se em frente a Hermione, ignorando a voz dela na sua mente a dizer-lhe para não o fazer, levando ele com o feitiço em cima, protegendo-a a ela e às criaturas em simultâneo, que o fez cambalear para a frente, aparentemente sem sentidos. Ele não conseguia reagir, mas sentia as mesmas dores que tomavam conta de Hermione.

Um vento forte começou a soprar, quente e gélido ao mesmo tempo, agindo contra a pele de todos como lâminas. As dores em Hermione nunca tinham sido tão insuportáveis. Ela gritava: gritava de dor física, de dor por ver Draco desacordado nos seus braços e sem nada poder fazer para o ajudar… Draco… Draco! Acorda, por favor, eu não consigo viver assim… não quero ser a última, a única imortal, a ver passar a vida por mim, a ver as pessoas de quem gosto morrer, uns após outros, não aguento sozinha… Draco, tens de me ajudar a salvar estas almas… Draco, isto dói! Dor, dor e mais dor. Não conseguia respirar. As costas estavam finalmente a rasgar…

A última etapa estava concluída: AMOR INCONDICIONAL.

Eles não deram conta (apenas sentiam dores insuportáveis), mas quem visse de fora apercebia-se que a roupa que os jovens trajavam, nas costas, começava a ficar demasiado esticada… até romper.

Dois pares de asas negras gigantescas nasciam das costas dos dois jovens, crescendo, libertando-se finalmente do casulo artificial onde se encontravam até ali, até abrirem, esticando-se, como se estivessem a espreguiçar após uma longa sesta. Tinham cerca de 3 metros cada uma, ficando com 6 metros de uma ponta a outra. Metiam respeito.

A dor parou.

Hermione e Draco sentiam-se a viajar pelo éter novamente, como quando tinham recebido as vestes de Kiwi, mas desta vez… sentiam-se verdadeiramente diferentes: a transição estava completa. Ao abrirem os olhos, analisaram-se: as suas vestes tinham-se materializado novamente, mostrando umas túnicas brancas. As asas começavam gradualmente a perder a cor negra, tornando-se aquela miscelânea de cores que viram nas túnicas pela primeira vez. Estavam boquiabertos: sabiam instintivamente que poderiam mudar também o formato das asas, sendo que estas eram apenas cobertas por uma fina camada de pele. Hermione modificou a sua com o pensamento, pondo-a com penas (também elas de cor indistinta), vendo se o que ela achava que sabia estaria correcto. Ao obter a confirmação, voltou a pô-las como estavam originalmente.

Ela desviou os olhos para Draco: ele estava assombroso, e ele achava o mesmo dela. Hermione sentia pequenas lágrimas de profundo alívio formarem-se nos seus olhos por ver que o loiro se encontrava bem. Afinal, ela tinha sentido a dor dele… e aproximou-se do seu par, tocando os seus lábios com a ponta trémula dos dedos, como se tivesse receio de o aleijar com um toque que fosse menos suave. Ele não tirou os olhos dela enquanto a puxava para si, envolvendo-a com os seus braços firmes e seguros, beijando-a suavemente. Uma onda de bem-estar envolveu toda a gente, fazendo com que todos parassem de lutar entre si por um momento… nesse breve e fugaz momento, todos perceberam o ponto de vista de toda a gente, algo completamente inédito na História… todos percebiam o sofrimento das pessoas ao seu redor, todos compreendiam o porquê daquela ou da outra pessoa se ter aliado a um dos lados… tudo ficou explícito. Cada pessoa que estava no lado negro tinha fortes razões para isso e mesmo esses compreendiam as razões daqueles que se tinham aliado a Dumbledore e à sua comitiva ou a Voldemort e ao seu séquito… ninguém mais lutou. Apenas se entreolharam, com lágrimas nos olhos, pessoas conhecidas e desconhecidas abraçavam-se, compreendendo-se mutuamente, sem o saberem de facto. O que interessava de que lado os outros estavam? Os únicos nós de mal-entendidos que moviam exércitos eram as acutilantes memórias de cada um, memórias dolorosas, demasiado perturbadoras para serem relembradas.

Todos tinham perdido algo ou alguém que lhes era fundamental, muitos deles tinham enlouquecido com esse peso… todos entendiam a dor alheia. A única diferença era a quem se tinham aliado. Afinal… não eram assim tão diferentes. Segredos emocionais escrupulosamente guardados durante anos, serem desvendados por sensações que percorriam o campo de guerra, entrando na consciência de todos… agora… tudo e nada fazia sentido… eles não eram tão diferentes assim…

Draco e Hermione passaram a observar os combatentes… e sentiram um sorriso terno aflorar-lhes na boca de cada um. A luta tinha terminado… ou quase. Ainda havia o problema de Harry e Voldemort não se encontrarem ali… tinham que os encontrar e ajudá-los… sim, ajudá-los. Afinal… eles agora conseguiam ver as emoções humanas, mesmo as mais escondidas eram claras como água para eles, e Voldemort não seria excepção; afinal, por mais que ele negasse, era um simples humano. Mas primeiro…

- Os Inferi… - disse Hermione baixinho enquanto se virava para as criaturas, ficando surpresa com o que viu.

Os Inferi estavam a… sorrir. Não um sorriso maléfico, não um sorriso escarninho, mas… um sorriso. Um sorriso de paz, alívio, agradecimento.

Instintivamente, os dois YinYang souberam o que fazer, e ao que parecia, as criaturas também. Os Inferi deram as mãos, como se fossem crianças, fazendo uma "corrente"; apenas haviam dois deles, um do sexo feminino e outro do sexo masculino, que se chegaram mais à frente, também de mãos dadas. Hermione e Draco deram as mãos e juntaram as suas testas, em concentração. Ao sentirem um poder ancestral entupir-lhes os sentidos, deram um casto beijo nos lábios um do outro, beijo esse que parecia ter queimado. Ao abrirem os olhos, viam com maior nitidez tudo à sua volta, todas as emoções enclausuradas das almas presas naqueles corpos em decomposição. Os seus próprios lábios, que pareciam ter queimado com tanto poder, estavam de um azul brilhante, vivo. Ao se aproximarem instintivamente das duas criaturas mais adiantadas, viam a sua pele ficar viva de novo. Mas sabiam que isso não iria demorar muito tempo.

Hermione dirigiu-se ao elemento masculino e Draco ao feminino. Cada um colocou as mãos nas fontes das cabeças das criaturas, aproximando os lábios azuis brilhantes das testas de cada um. Ao tocarem na pele nova recém-formada debaixo dos seus lábios, apenas conseguiram desejar mentalmente e com todas as suas forças: Que se libertem desta prisão, que consigam existir numa paz merecedora. Libertem-se, existam, vivam!

Subtilmente, uma áurea azul envolveu todo o 'exército' de Inferi, transformando aqueles corpos em pó, libertando almas agitadas e ansiosas pelo repouso. Almas finalmente em paz que tiveram como última acção agradecerem àquelas criaturas ancestrais pela sua libertação. Finas linhas de pó esvoaçavam em direcções distintas, certamente em direcção ao local onde os seus corpos estavam antes de serem forçados a "acordar" novamente.

- Agora… - começou Hermione.

- Vamos tratar do último problema que ainda resiste… - completou Draco. E juntos, de mãos dadas, entraram na Floresta Proibida, deixando uma áurea de bem-estar recente entre os combatentes, infiltrando-se na essência podre que emanava do ser que criara as prisões de almas que eram os Inferi.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Acho que este cap começa estranho mas acaba em beleza, não?

E o próximo cap até ferve... vai haver acção da boa! xD E com uma música a acompanhar!