Posso ver meu reflexo no vidro da janela...

Só há o vidro...só existo eu,nesta ilusão que é meu quarto....

Lá fora o mundo parece estar se revirando do aveso....

A chuva cai....cai....e queima....é uma chuva ácida....

É uma chuva que teima....

Ela derrete os pensamentos...derrete os desejos morbidos...

Eu daria tudo por um pouco desta chuva,mas aqui estou trancada...perdida...isolada....longe da vida....

Longe da vida....longe da chuva...

Eu vejo um reflexo no vidro da janela,eu me vejo na janela,janela corroida pela chuva....

A vida corre solta nas enchorradas violentas da chuva assacina...

Mas eu estou aqui batendo contra o vidro da minha janela esperando que alguém da rua venha me salvar....

Gritando para que a janela seja corrompida pelo ácido que vem do céu....

O ácido que vem das aguas.....

Corroe tudo o que acredito,transforma minha mente em algo novo...

Muda tudo...mudo o gosto...

O guarda-chuva ja virou pó....não adianta criatura...

A chuva é turva a chuva muda.....

Eu aqui presa nessa gaiola de cimento....

Dizem que é para proteção....proteção de que?Dá chuva?

Me proibem de cair na chuva,de pular na poça...de cair na lama de nadar nua

Mas a chuva muda,muda de direção muda de intensão....

Eu estou na janela esmurrando os vidros se me ver aqui do outro lado da rua me mande um sorriso...

Quebre os vidros...

Me jogue na chuva me leve para a rua...

Deixe o ácido corroer meus ossos.