Entre as trevas e a luz escrita por magalud


Capítulo 9
Jantar com Harry




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Para não assustar os hóspedes de Grimmauld Place, Kingsley resolveu aparatar no hall de entrada, carregando dois pacotes. Ele tinha passado os dois últimos dias sem aparecer na mansão dos extintos Black, tentando controlar as coisas no Ministério Muggle. As notícias que Remus tinha lhe dado, porém, não eram nada animadoras. Portanto, ele tomara providências; ao menos, as que ele podia.

Estavam todos na cozinha, Tonks e Harry entretendo as crianças enquanto Emma e Helena preparavam o jantar. Aparentemente, os pequenos ainda não tinham se cansado de ver Tonks mudar de aparência. Kingsley notou duas coisas: a ausência de Remus e o ar abatido de Helena.

Ele abriu seu maior sorriso e apresentou-se:

– Olá a todos! Hum, o cheiro está ótimo!

London sorriu para ele e correu a abraçá-lo. Lily olhou para ele, desconfiada, e foi para perto da mãe. Helena sorriu, jogando algum tempero numa panela, saudando:

– Olá, Sr. Shacklebolt. Já está convidado a ficar.

Emma puxou uma cadeira:

– Sente-se, Sr. Shacklebolt. Quer uma xícara de chá antes do jantar?

Ele sorriu, ainda com London agarradinho na sua perna:

– Um dia eu vou convencê-las a me chamarem de Kingsley. Enquanto isso, eu trouxe presentes. – Sentou-se à mesa e separou os pacotes. – Este é para Lily e London; e este é para Helena e Emma. Na verdade, é para Helena, mas Emma pode se beneficiar também.

– Sr. Shacklebolt, não devia ter feito isso.

– Acredite, era preciso. – Ele se virou para as crianças. – E então? Ninguém quer ver o presente que eu trouxe?

Lily se aproximou lentamente dele, enquanto London colocou as mãozinhas no pacote indicado. Helena perguntou aos filhos:

– Como a gente fala quando recebe um presente?

– Obrigada – respondeu obedientemente Lily, agora interessada no pacote também.

– Muito bem. London, diga obrigado para o Sr. Shacklebolt.

O menino obedeceu, sem tirar os olhos do pacote. Helena ajudou-os a abrir, e a princípio eles ficaram em dúvida se o presente era bom ou ruim, mas Harry identificou:

– Esses são sapinhos de chocolate. São muito gostosos e ainda trazem figurinhas de bruxos famosos para colecionar. Vocês podem colecionar as figurinhas e trocar as repetidas. Mas têm que tomar cuidado quando abrir. Os sapos têm um encantamento e, se vocês não comerem rápido, eles pulam e fogem.

Os olhinhos de Lily brilharam, e London estava maravilhado com a idéia de chocolate que pulava. Mas estava muito perto da hora do jantar para eles comerem chocolate, e Kingsley notou que eles sabiam disso. Os dois olharam para Helena, cheios de expectativa.

– Podemos abrir um, mamãe? Só unzinho! Por favor, diz que sim!

– Só se vocês prometerem comer tudinho no jantar. Se vocês comerem o chocolate agora e não comerem o jantar, não vão ganhar sobremesa. Combinado?

Eles concordaram rapidamente e passaram ao processo de abrir o sapinho de chocolate. Como Harry previra, o sapinho escapou das mãozinhas de London, e foi grande a bagunça para capturar o doce. Lily foi quem pegou, mas ela franziu o rostinho:

– Não posso comer. Ele ‘tá vivo!

Harry garantiu:

– Não está, não. É só um feitiço, que já deve ter até passado. Olha só: ele não se mexe mais.

– Lily – interveio Helena –, o sapinho é para vocês dois. London também vai comer um pedacinho.

– Tá bom, mamãe. – Ela repartiu o sapinho com o irmão, mas voltou-se para o pacote. De repente, ela se voltou para Kingsley, os olhinhos brilhando de surpresa. – Tem mais coisa aqui dentro!

– Por que você não abre e vê o que é?

De lá, a menina tirou o livro infantil bruxo “Como a mágica de Apolônio Apolinário Apogeu ajudou Johnny Desgraça, o Muggle Infeliz”. Maravilhada, ela abriu o livrinho e se espantou mais ainda:

– As figurinhas se mexem que nem os quadros! E... tem cheiro! Olha, mamãe, o menino da figura está acenando para mim.

– Que lindo, filha. Isso é assim mesmo, Sr. Shacklebolt?

– Sim, é um livro infantil bruxo. – Kingsley se voltou para a menina. – Eu trouxe outros livrinhos, mas vou deixar com sua mãe, está bem?

A menina olhou para ele e falou:

– Obrigada, Sr. Shacklebolt.

Ele tinha conquistado uma amiguinha fiel. Lily custava a se aproximar das pessoas, mas quando ela confiava, era para a vida toda. Era um traço que certamente herdara de Severus.

– Não tem de quê, Lily. Fico muito feliz que você tenha gostado. Agora eu vou dar o presente para a mamãe e tia Emma.

Emma sorriu:

– Não precisava ter se incomodado. – Ela pareceu surpresa quando viu o que saiu do pacote. – Mais chocolate? Que tentação, Sr... er, Kingsley. Sabe que eu sou filha de suecos. Meu povo tem propensão para engordar.

– Na verdade – confessou Kingsley –, eu sei que Muggles acham que chocolate é só uma guloseima, mas para bruxos ele é remédio. Chocolate restaura energias e poderes e é usado para recuperação após traumas graves e ataques das forças das trevas. Gostaria que você incentivasse Helena a consumir uma barrinha por dia no mínimo. Ela ficou um tanto abalada, e o chocolate vai ajudar.

Helena sorriu para ele, ainda ocupada na cozinha:

– Obrigada por sua preocupação, mas eu estou bem.

– Coma um chocolate mesmo assim. É gostoso. Mal não vai fazer, certo?

– É muito gentil de sua parte – disse Emma, sentando-se ao lado de Kingsley. – Vai ficar para jantar, não?

– Se eu não for incomodar... O cheiro está mesmo muito apetitoso.

Tonks, que observava a cena, adiantou-se:

– Eu arrumo a mesa. Remus provavelmente não vai chegar a tempo, então é bom jantarmos logo.

London perguntou:

– Depois do jantar, posso comer mais sapinhos?

Kingsley advertiu:

– Ouviu sua mãe. Se comer tudinho no jantar, pode comer outro sapinho. Mas tem que ser rápido, se não ele foge.

O risinho de London deixou bem claro que o que ele mais queria era correr atrás do sapo encantado. Tonks começou a pôr a mesa, mas tropeçou em alguma coisa, e um copo caiu, quebrando-se no chão. Ela mesma consertou o copo, constrangida:

– Desculpem. Não sei como posso ser tão desastrada.

Harry se ofereceu:

– Quer que a ajude?

– Na verdade, Harry, pode terminar isso para mim? Eu queria falar com Kingsley sobre uma possível infestação de Doxys no lugar que era ocupado por Kreacher no sótão.

– Mesmo? – O dono da casa franziu o cenho. – Eu não estava sabendo disso.

– Pois é – A metamorfomaga deu de ombros. – Eu não tenho certeza, por isso queria que Kingsley desse uma olhada. Agora que temos crianças em casa, é bom tomar alguns cuidados extras. Doxys podem ser perigosos. Harry, explique para Helena e as crianças sobre Doxys e outras pragas domésticas bruxas. Vamos, King, vamos subir.

Kingsley foi levado pelo braço, subindo as escadas com cuidado para não alertar o retrato da Sra. Black. Ele estava achando aquela conversa de Tonks muito estranha. Quando os dois chegaram ao antigo cafofo de Kreacher, no último andar da casa, a Auror revelou suas verdadeiras intenções.

– Você já deve saber que não há infestação de Doxy nenhuma.

– O que aconteceu?

– Remus mandou um recado pelo Patrono. Ele falou com Aberforth. O julgamento de Snape foi marcado.

– Helena já sabe?

– Não, os jornais só vão publicar amanhã. Achamos melhor falar após o jantar. Os livrinhos podem servir para distrair as crianças enquanto falamos para ela.

– Ela vai querer ir ao julgamento.

– Isso é o de menos. Remus disse que Aberforth insiste que ela seja testemunha.

– O QUÊ?

– Fala baixo.

– Mas isso é muito arriscado – protestou Kingsley, abaixando a voz. – Vai expor Helena e as crianças. Além disso, não vai ajudar Snape em coisa alguma: ela nem sabia que ele era bruxo até uns dias atrás!...

– Bom, Aberforth diz que isso pode ser a única chance de salvar Snape. Além do mais, vai ser difícil manter Helena longe do julgamento. Ela vai insistir em participar. Por isso é que ele já está treinando Helena. Você sabe, eles provavelmente vão usar Veritaserum.

– Com certeza Helena vai querer tomar parte de tudo, mas ela não sabe em que está se metendo. – Kingsley ficou nervoso. – Há Comensais aí fora! Comensais que agora sabem que Snape os traiu. Ela precisa de proteção.

– É, eu sei que você estaria disposto a protegê-la, King... – Tonks deu uma risadinha maliciosa. – Mas é bom você tomar cuidado.

Ele gelou ao ouvir aquilo, mas achou melhor agir como se nada soubesse:

– O que quer dizer?

– Quero dizer que está ficando meio óbvio que você está de olho na mulher de Snape. Dá para entender. Ela é bem bonita e jovem, realmente é atraente, e talvez esteja vulnerável em vários sentidos. Mas acho que você não está percebendo que a prima também está de olho em você. Você está encrencado, King, meu velho.

Por aquilo ele não esperava. Já não era ruim o suficiente Tonks ter percebido que ele estava atraído por Helena, mas o que ela estava falando sobre Emma? Tonks não era legilimente, então talvez ela estivesse apenas tentando jogar as informações para ver sua reação. Teria ela razão sobre Emma?

Kingsley estava genuinamente surpreso.

– Mas... Mas... Do que é que você está falando?

Tonks nem se abalou:

– Negue o quanto quiser, mas você sabe que isso é verdade e que você vai ter que lidar com isso mais cedo ou mais tarde. Prima Emma estava se derretendo toda para você, não percebeu?

A verdade era que ele não percebera coisa alguma. Mas, pensando melhor, ela realmente sorria bastante para ele e fazia alguns comentários que ele achara serem apenas por educação... Absorvido com a presença de Helena, ele não notara que Emma estava tentando atrair sua atenção.

– Eu honestamente não percebi coisa alguma.

– Homens!... – Tonks sacudiu a cabeça jocosamente. – A gente tem que se atirar na frente de vocês para perceberem alguma coisa. Remus foi a mesma coisa.

– Então você está se contradizendo, Nymphadora. Se nós, homens, somos tão distraídos, como você diz que eu estou “de olho” na mulher de Snape?

– Não me venha com essa e não me chame de Nymphadora. Você sabe muito bem o que eu quis dizer.

– Olhe, eu não vou nem me dar ao trabalho de negar isso. Só espero que você não tenha repetido nada disso nem a Helena nem a Emma. As duas já têm o suficiente para se preocupar sem ter que se ocupar dessas suas... insinuações.

– Negue, isso mesmo, continue negando. Mas tome cuidado, King. Você pode se machucar; ela também. Ou melhor, *elas*.

– Como acabei de dizer, não vou falar sobre isso. Acho melhor voltarmos, porque já temos o suficiente para nos ocupar.

– Para dizer o mínimo – disse uma voz diferente, surpreendendo os dois. Harry deu de ombros, erguendo um galão. – Vim trazer o doxicida, e vocês não me ouviram. Desculpem, não quis escutar escondido.

– Harry – disse Kingsley –, não sei o quanto ouviu, mas...

– Eu não vou me meter nisso, Kingsley – interrompeu o rapaz. – Só pediria que você respeitasse a casa de Sirius e as crianças. Elas têm um pai que pode não ser lá grandes coisas, mas é o pai delas.

– Harry, eu jamais desrespeitaria as crianças... ou a mãe delas. Pode acreditar nisso.

– Então está tudo bem, King. Melhor a gente descer agora. Remus deve chegar a qualquer momento para o jantar.

Ao invés de Remus, quem apareceu para o jantar foi Aberforth. Ele trouxe a pessoa que o assistiria durante o julgamento.

A surpresa foi tão grande que todo o assunto que Tonks tinha levantado foi devidamente esquecido.


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