Os Próximos Três Dias - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 7
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

MA OE!

Acho que não demorei tanto dessa vez, né? MAAAAAAAS vou dizendo logo que esse capítulo ta bem legal e tem coisa boa lá no final (porra, rimei) xD

Aliás, apelidei o capítulo de "o bonde começou a andar", então espero que vocês peguem carona e acompanhem até o final ♥

Sem mais mimimi, vamos ao capítulo?

Boa leitura! ;)



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Tínhamos tanto o que conversar que mal percebemos como o tempo havia passado tão rápido. Só nos demos conta quando o sono começou a dominar. Estávamos sentados no sofá enquanto ele contava o que havia mudado do Distrito 12, aproveitando para também falar de como Katniss e Peeta estavam.

– Inclusive eles querem ver você - comenta após terminar sua taça de vinho. - Queriam saber quando vai visitá-los.

– Quando eu tiver tempo – respondo olhando para o chão.

– Fiquei sabendo que você vai entrar de férias.

– É - respondo ainda pensativa. - Na terça-feira - então volto a mim. Franzo o cenho e olho para Haymitch. - Como você sabe que eu vou entrar de férias?

– Mas foi você que me disse! - Haymitch diz como quem está prestes a rir. - Você me contou em uma das vezes que eu liguei pra você.

– Ahh... - ele me pega desprevenida. Eu não fazia ideia que havia lhe contado sobre as férias. Deve ter feito algum tempo.

Haymitch me ligava com certa frequência que chegou até a me acostumar. Segundo ele, era para saber se eu não estava fazendo alguma besteira e tentando destruir a casa. Eu sempre desatava a rir, mas notei que desde que a guerra acabou ele andou meio protetor demais.

Isso me lembra que até então ele não me contou sobre o meu resgate.

Fecho os olhos e respiro fundo. Penso em perguntar sobre o resgate, mas desisto. O sono está cada vez maior e a melhor coisa a se fazer agora é dormir.

– Haymitch, se não se importa, acho que vou me deitar – digo enquanto levanto do sofá e ele me acompanha. - Estou morrendo de sono.

– Ah, tudo bem. Tudo bem. Acho que também vou.

Concordo com a cabeça e sorrio rapidamente.

Lhe dou um boa noite e sigo para o meu quarto. Quando desabo na cama mal sinto o tempo passar e caio no sono rapidamente.

Poderia até ser maravilhoso, se eu não tivesse mais um pesadelo.

Estou de volta a temida sala escura. Não há uma fresta por onde passe um pouco de luz e me indique o que há aqui além de mim.

Minha respiração está entrecortada e sinto que a qualquer momento pode me faltar forças até para isso. E mesmo que eu queira mais do que qualquer coisa sair daqui, não acredito que acontecerá. Não posso fazer isso sozinha.

Então sinto uma mão vestida com uma luva grossa tocar minha pele e apertar a minha cintura enquanto ainda estou estirada no chão. Quem fez isso não colocou tanta força no aperto, mas a dor que sinto é grande. Qualquer toque neste momento me fará sentir dor. O homem solta uma risada abafada pelo seu capacete de pacificador. E mesmo que eu não o veja, sei que é um. Estou na companhia deles há dias. Semanas.

Não sei mais o que posso fazer com você, escolta – ele diz e ouço seus passos lentos ecoando pela sala. Meus olhos estão marejados de lágrimas, mas não chego a soluçar para não me cansar mais. Sempre que eu começava a chorar eles faziam pior.

Continuo calada, usando meu braço de apoio para a minha cabeça. As lágrimas quentes escorrem cada vez mais.

Eles já haviam me batido diversas vezes naquele dia. Eu podia ouvir sua respiração cansada. Ele havia se divertido bastante com aquilo.

Sinto-me latejar onde ele havia apertado há pouco e tenho certeza de que há algumas marcas roxas naquela região. Aperto os olhos e tento não fazer nenhum som que externe a minha dor. Ou será pior.

Mas isso parece impossível. Em poucos segundos acabo soluçando e isso acaba servindo de deixa para que ele volte as suas atividades. E quando menos percebo, ele chuta a minha barriga.

Acordo suada e com o rosto úmido. Mais um pesadelo, para variar.

Me pergunto se dessa vez eu ao menos não fiz barulho e não acordei Haymitch, mas percebo que não foi bem assim. Quando levanto um pouco a cabeça, sinto-o passar a mão pelos meus cabelos e percebo que está sentado atrás de mim.

Dou um suspiro e me viro um pouco.

– Eu acordei você, não foi?

– Foi – ele confirma. - Mas eu também tenho problemas para dormir, lembra?

Balanço a cabeça afirmativamente. Haymitch me fita com bastante atenção e percebo que ele parece estar mais acordado agora do que mais cedo.

Ergo-me e fico sentada por alguns instantes. Uma alça da minha camisola cai e eu a coloco automaticamente no lugar.

– Quer falar sobre isso?

– Talvez... - digo e pondero um pouco. - Na verdade eu queria esquecer.

– Sabe que não pode – ele diz e eu suspiro.

– Eu quero ir para o terraço um pouquinho – digo com o olhar preso nos meus pés. Minha cabeça ainda gira um pouco. Preciso me tranquilizar. Fumar um pouco, talvez.

– Tudo bem – diz Haymitch enquanto se levanta da cama. - Posso fazer companhia?

– Pode, claro.

Ele assente com a cabeça e se dirige a porta enquanto procuro meu robe no guarda-roupa. E assim que o encontro, vejo Haymitch ainda parado no corredor.

– Se importa se eu pegar uma lata de cerveja? - indaga e eu reviro os olhos. Em seguida aceno com a mão para que ele pegue.

Vou até o terraço e me sento numa cadeira. Meu maço ainda está em cima da mesa e o isqueiro ao lado. Menos mal, penso. Pego um cigarro e o acendo. E enquanto o trago, sinto minha angústia indo embora aos poucos. Assim como sempre tenho feito há um ano, todas as vezes que tenho pesadelos, todas as vezes que acordo de madrugada e o sono vai embora.

– Que porra você está fazendo? - a voz de Haymitch me faz pular com o susto.

– Droga, Haymitch! Que susto!

Ele está parado na porta do terraço, pasmo, com a lata na mão. E, confesso, está assustador.

– Desde quando você fuma? - sua voz ainda sai um pouco alterada.

– Desde que eu me mudei pra cá.

– Por quê?

– Porque... - gaguejo. - Porque é mais fácil... Relaxa um pouco... E-eu precisava disso!

Ele continua me fitando como se estivesse esperando que eu dissesse que era brincadeira. Então desvio o olhar e volto a fumar. Com o canto do olho vejo Haymitch caminhar até o parapeito, debruçando-se em seguida.

– Por que você não me contou? - ele indaga ainda de costas para mim.

– Não sei, Haymitch – respondo. - Falta de oportunidade, talvez. O que você queria? Que eu ligasse e dissesse "Ah, oi, Haymitch! Esqueci de contar que estou fumando agora. Somos dois viciados miseráveis" ou algo do tipo?

Ele balança a cabeça.

– Eu não esperava isso.

– E o que você esperava? - retruco e apago o cigarro no cinzeiro. - Você enche a cara há mais de vinte anos. Não tem o direito de reclamar do que estou fazendo.

– Effie, eu não...

– Você não é o único com traumas aqui – interrompo-o e me levanto. Começo a caminhar para dentro de casa, mas ele me segura.

– Ei, ei, calma – ele diz, virando-me. - Toma – estende o braço e me entrega sua lata. Fico encarando-a sem entender. - É que você está com um cheiro horrível - explica. - Seu hálito deve estar...

Haymitch faz uma careta e eu entendo. Pego a lata, que ainda contém pouco menos da metade do líquido, e tomo dois goles.

– Qual o problema com o meu cheiro? - indago.

– Só não... combina com você - Haymitch diz e pigarreia em seguida.

Franzo o cenho e tomo o resto da cerveja. Haymitch pega a lata e a deixa em cima da mesa, próxima ao cinzeiro.

– Olha... Me desculpe se eu pareci muito grosso. É que eu não esperava por isso.

– Tudo bem, Haymitch. Talvez eu devesse ter dito antes.

Dou um passo para trás e me encosto na parede. Haymitch acaba me acompanhando e fica tão próximo que um tremor percorre o meu corpo rapidamente.

– Mas isso está mesmo te ajudando a se sentir melhor?

– Às vezes até ajuda – digo. - Mas eu não fumo todos os dias, se é isso o que quer saber.

– É, eu ia perguntar isso. Obrigado por responder.

Uma risada breve me escapa e eu mordo o lábio inferior.

Haymitch leva uma mão até os meus cabelos e começa a mexer lentamente.

– Seu cabelo ficou muito melhor assim – sua voz soa baixa e rouca. - Deveria deixar crescer.

– Está me deixando sem graça - murmuro, sentindo minha face corar fortemente. Haymitch ri e se aproxima um pouco mais, passando os braços ao meu redor. Acomodo, então, minha cabeça no seu ombro e tento controlar um pouco a minha respiração. Minhas pernas estão um pouco fracas e parece que não vão recuperar a força tão cedo. Sinto Haymitch movimentar um pouco a cabeça até encostar no meu pescoço e sinto seus lábios em contato com a minha pele, fazendo-me estremecer mais uma vez. Fecho os olhos e continuo da mesma forma, esperando o que poderá vir em seguida, mas ele permanece do mesmo jeito, apenas a quentura dos seus lábios e a sua respiração no meu pescoço.

Alguns instantes depois ele se distancia um pouco e volto a ficar nervosa, sem saber o que fazer. Ele ainda está com uma mão nos meus cabelos e seus olhos agora estão presos aos meus. E, quando menos espero, ele se aproxima mais uma vez, agora deixando que os seus lábios encontrem os meus. O contato é tão delicado que me pergunto se é mesmo Haymitch quem está me beijando. Ele puxa um pouco os meus cabelos e aprofunda o beijo. Passo as mãos pelas suas costas e me mantenho ainda próxima ao seu corpo, desejando que ele não pare agora. Que não pare tão cedo.

Mas ele interrompe da mesma forma que começou. Tomamos um pouco de distância mais uma vez, agora com as nossas respirações ofegantes.

– Acho que agora eu sei a razão de você ter vindo – murmuro e Haymitch ri.

– Não foi só por isso – ele diz e eu aguardo que prossiga. - Na verdade eu quero que você vá ao Doze. Nem que seja um final de semana, só para reunirmos a equipe de novo.

– Só para reunir a equipe – repito, desconfiada.

– Se você quiser ficar um pouco mais... minha casa está à disposição.

Balanço a cabeça e prendo o riso. Volto a olhar para Haymitch e vejo a expectativa transbordando em seu olhar.

– Tudo bem, Haymitch – digo por fim. - Eu vou.


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Notas finais do capítulo

AEAEAEAEAEAEAEAEAE o/

E é agora que a gente solta os fogos de artifício? Lembrando que eles não estavam bêbados, tá? Foi só uma cervejinha pra tirar o mau hálito, segundo o Hay (que, obviamente, tinha suas segundas intenções).

Enfim, espero que tenham gostado. E comentem para deixar a Lovett feliz! ♥