School Days escrita por Isa


Capítulo 95
Capítulo 95: Semente da dúvida




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Um barulho insuportavelmente irritante acordou Liz. Levou algum tempo para que decidisse abrir os olhos – por alguma razão, tinha esperança de que se não o fizesse conseguiria voltar a dormir – e imediatamente toda a sua raiva e frustração por ter sido acordada desapareceu completamente. De alguma forma, Gwen ainda dormia – sim, havia passado a noite na casa da baixinha mais uma vez, andava fazendo muito isso ultimamente – e parecia estar tendo um sono tranquilo. Não pôde evitar que um sorriso apaixonado surgisse em seus lábios, enquanto a observava dormir. “Tão linda...” Sentiu-se obrigada a beijá-la docemente, antes de se levantar e desligar o despertador para que ele não incomodasse sua baixinha. Ainda faltava muito para o horário de irem para o colégio, não faria mal algum permitir que a namorada continuasse a dormir por mais algum tempo.

Levantou-se, meio cambaleante devido ao sono que ainda sentia, pegou as suas roupas, que estavam espalhadas pelo chão do quarto, vestindo-as logo em seguida – apenas porque John e Martha também poderiam estar acordados – e desceu as escadas, indo em direção à cozinha. Chegando lá, ao contrário do esperado, não se deparou com os pais de Gwen. Pelo menos, não inicialmente, já que antes mesmo que pudesse virar-se para voltar ao quarto, a mãe da namorada apareceu, saudando-a com um enorme sorriso no rosto. Diferente de John, Martha parecia realmente gostar dela, o que a deixava um tanto aliviada, pois assim sentia-se bem mais confortável sobre passar a noite ali. Mesmo assim, continuava sendo meio constrangedor saber que eles sabiam que o que ela e Gwen faziam era mais do que dividir a mesma cama.

Uns vinte minutos depois, o café já estava pronto. Waffles. Ela amava waffles. E bem, a mais velha sabia muito bem disso. Enquanto comiam, as duas conversavam amigavelmente sobre coisas comuns do dia-a-dia. Assim que terminou, teve uma ideia.

– Café na cama, é? – Martha sorriu ao perguntar, aparentemente satisfeita, ao ver o que ela estava fazendo. – Acaba de ganhar mais um ponto, norinha.

Sorriu e corou levemente, enquanto terminava de arrumar a bandeja. Enquanto rumava de volta ao quarto, John passou por ela, resmungando um “agora ela dorme aqui todo dia?” para si mesmo. Simplesmente ignorou. Sabia que homem não a odiava totalmente, ele apenas não gostava nem um pouco que sua “garotinha” não fosse mais uma garotinha de fato. Compreensível, embora fosse completamente diferente de como as coisas funcionavam na família dela. Se é que aquilo podia ser mesmo chamado de família... Apenas com a mãe tinha uma relação boa. Às vezes chegava ao ponto de desejar nunca mais ter de olhar na cara de Jonathan – inclusive, até precisava fazer esforço para chamá-lo de pai – ou que, no mínimo, ele parasse com aqueles malditos discursos homofóbicos. Será que ele realmente não percebia o óbvio ou apenas fingia não saber sobre sua sexualidade?

Com dificuldade – por causa da bandeja que carregava – conseguiu abrir a porta do quarto. Quando o fez, viu que Gwen ainda dormia. Comemorou internamente. Colocando a bandeja sobre o criado-mudo, inclinou-se e começou a distribuir beijinhos pelo pescoço e costas descobertas da morena. Não muitos segundos depois, a ouviu murmurar, com uma voz sonolenta e ao mesmo tempo divertida:

– Se for para me acordar assim, acho que vou te chamar para passar a noite aqui mais vezes...

– Eu não me incomodaria de acordar do seu lado todos os dias... – Respondeu, em um tom baixo, próximo de um sussurro. – E também, não seria ruim poder te acordar desse jeito sempre... – Acrescentou. – Vem, levanta... Eu te trouxe o seu café...

– Uh, sério? – Gwen virou-se na cama para finalmente olhá-la, mas permaneceu deitada. Um sorriso incrivelmente belo apareceu ao ver a bandeja sobre o criado-mudo. – Você é incrível...

– Bom, eu tento. – Brincou, fazendo-a revirar os olhos para então rir. – Eu te amo. – Simplesmente sentiu uma vontade extremamente forte de dizer.

– Eu também te amo, sunshine... – A menor a “puxou”, para dar-lhe um selinho carinhoso.

Ao se afastarem, Liz pegou a bandeja e colocou-a no colo da namorada, que no mesmo instante ergueu o tronco, sentando-se.

(...)

Brittney não conseguia concentrar-se nas explicações da professora. Estava preocupada. Muito preocupada. Claire estava agindo estranho, como se estivesse com problemas e não quisesse lhe contar. Isso a incomodava e muito. Por que diabos logo a sua Claire, que era sempre honesta e aberta com ela, precisaria esconder algo?

– Hey, Britt... – Becky a chamou, baixinho.

Virou minimamente o corpo para olhá-la sem que a professora Eisenach notasse.

– Oi?

– Tudo bem? – O questionamento a surpreendeu. – Você parece distraída, sabe, mais que o normal...

– Não é nada demais, não precisa se preocupar. – Disse, sorrindo, embora no fundo falasse aquilo mais para si mesma do que para a amiga. Desejava com todas as suas forças que fosse apenas paranóia da sua cabeça e que estivesse preocupando-se sem motivos.

– Se você diz... – Becky deu de ombros, apesar de não parecesse convencida daquilo. – Escuta, o que acha de sairmos esse final de semana? Eu, você, a Claire e a Maggie?

– Maggie? – Ergueu a sobrancelha e deu um sorrisinho malicioso.

– É uma garota que eu conheci. Mas enfim, o que me diz?

– Ahn... – “Pense em uma desculpa rápido, pense em uma desculpa rápido, pense em uma...” – Acho que não é uma boa ideia... A Claire não gosta muito de encontros duplos. Ela se sente desconfortável, sei lá.

– Oh, okay...

Britt sentiu-se meio mal ao ver a expressão decepcionada de Becky, mas também, não seria muito agradável duas ex namoradas saindo juntas com as suas atuais. Seria uma situação bem esquisita, aliás. E bem, Claire até podia estar acostumada com o quão bem ela conhecia a melhor amiga e vice-versa, mas muito provavelmente a tal Maggie estranharia... Talvez – muito provável – até ficasse desconfiada.

(...)

Foi com o estômago doendo – e roncando alto – que Sue deixou o quarto dos avós para dirigir-se até a cozinha. Pensou, a princípio, que a fome exagerada que a “atacou” tão de repente fosse culpa da gravidez, mas logo lembrou-se de que não havia comido praticamente nada quando acordara naquele dia, pois o nervosismo a impedira de ter qualquer apetite.

Mas como poderia não ficar nervosa com tudo que estava prestes a acontecer? Naquele dia, aconselhada por Caleb, decidiu que o melhor a fazer seria faltar às aulas, já que não sentia-se pronta o bastante para encarar os outros estudantes de Boehner, agora que eles sabiam sobre a sua atual situação.

Culpa da vadia da Cindy, que ouvira sua conversa com o professor Mitchell e a professora Anderson. Pensaria em alguma forma de se vingar no futuro, mas com certeza aquilo não era uma prioridade no momento. Como fazer para lidar com os olhares de desaprovação e deboche dos seus supostos “amigos”? Não sabia. E era bem provável que fosse ficar sem saber por um bom tempo. Porém, logo no dia seguinte seria obrigada a fazer isso de alguma forma, pois não poderia faltar novamente, por causa das provas de Química e Filosofia.

(...)

– O pior é que esse trailer conta praticamente todo o filme! – Sebastian continuou a reclamar, ainda sem notar que a amiga – apenas por enquanto, na cabeça dele – não prestava a menor atenção. – E também, que porra de ideia foi essa de transformarem o Zod no Apocalypse? Isso é um absurdo! Não podem mudar a origem dos personagens assim... – Quando ouviu a morena responder-lhe apenas um “aham” deu-se conta de que ela não o ouvia. – Ei, Gwen! – Chamou, mas não obteve resposta. – Gwen! – Tentou mais uma vez. – Mas que merda, Gwendy! Você não consegue parar de encarar a Harrison por um minuto e prestar atenção no que eu digo?

– Ah, pelo amor de Deus! – Ela exclamou, visivelmente impaciente e irritada, antes de virar o rosto e olhar para ele. – Eu. Não. Estou. Interessada. – Disse, pausadamente. Talvez assim a cabeça oca do rapaz conseguisse absorver a mensagem.

– Não está interessada em falar sobre Batman VS Superman? – O olhar de Sebastian denunciava incredulidade.

– No momento, eu tenho outras prioridades.

– Tipo o quê? Ficar olhando as pernas sua namorada com cara de retardada? – Ele questionou, com cinismo.

– Bom, olhar para ela é bem mais interessante do que qualquer assunto seu.

– Argh... – Grunhiu, irritado. – Pensei que tivesse me desculpado...

– Pensou errado. Eu só concordei em parar de te ignorar. – Gwen esclareceu.

– Mas eu pedi desculpas!

– Isso não faz de você menos imbecil.

Irritado, ele fechou os olhos com força. Por que não conseguia fazer com que ela o perdoasse? Droga, seria impossível fazer o plano dar certo se não voltassem a ser amigos... Bom, não podia pensar negativo. Quando conseguisse pôr fim ao relacionamento dela e de Liz, provavelmente ela ficaria com o coração partido e emocionalmente instável, o que seria a deixa perfeita para ele começar a agir como o amigo incrível e compreensivo, pelo qual a garota cedo ou tarde acabaria se apaixonando...

– Olha o que temos aqui... – A voz disse, fazendo a baixinha olhar para trás imediatamente e um mínimo e discreto sorriso tomar conta dos lábios do ex estudante de Boehner. – Então a loirinha é líder de torcida? Uhm... Interessante.

– O que você está fazendo aqui? – Gwen perguntou, sem acreditar.

– Vim te ver, Gwendy. – Respondeu Allison, com um sorrisinho de canto. – E também, descobrir mais sobre a sua futura ex namorada...

– Não vai funcionar com ela. – A segurança de Gwen ao afirmar isso surpreendeu Sebastian. – Ela não é a Jane, Ally.

– Se eu fosse você, não teria tanta certeza... – Allison sentou-se entre os dois. –“Todo mundo é um traidor é em potencial.”, como nosso querido Josh costumava dizer quando tinhas suas crisezinhas de ciúmes por causa do Wally...

Gwen realmente tentou, mas não conseguiu evitar que uma sensação de medo tomasse conta de si. Não que não confiasse em Liz. Ela confiava. Incondicionalmente. Mas só de pensar na possibilidade daquilo acontecer novamente, principalmente com a primeira pessoa que ela tinha realmente certeza de que amava... Droga. Precisava se livrar daqueles pensamentos. Liz a amava, ela nunca faria algo assim... Certo?

– Por que está fazendo isso? – Se viu perguntando. – Por que outra vez?

– Porque é divertido ver você sofrer, amiga... – Allison respondeu, para logo em seguida rir maldosamente.

– Não vai conseguir dessa vez. – Voltou a afirmar, tentando soar convicta. No entanto, a maldita semente da dúvida já havia sido plantada.


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