Lycoris radiata escrita por Erohakase


Capítulo 1
The death flower




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625811/chapter/1

O lírio aranha vermelho (red spider lily) é associado à perda, saudade, abandono e memórias perdidas em hanakotoba, a linguagem das flores. Acredita-se que se você encontrar uma pessoa que você nunca vai ver de novo, estas flores vão crescer ao longo do seu caminho.

Chanyeol estava sentado no campo, rodeado daquelas pequenas flores vermelhas, tinha uma delas em suas mãos. Arrancava uma umbela de cada vez e a soprava para longe. Podia soprar para o mais longe possível, os lírios sempre o acompanhavam. Era a flor associada a morte. Chanyeol era a morte.

Mas às vezes até mesmo a morte se cansa. E ele estava cansado de caminhar, ainda que seu trabalho fosse recolher as almas pelos caminhos a fora. Pela primeira vez, não quis mais fazer isso. Foi criado para tal, e até então nunca havia reclamado. Mas ter que buscá-lo tocou-o de tal forma que o fez repensar sobre os éons que estava a andar pela terra.

Sehun era jovem demais para morrer. Um soldado numa guerra inútil, no front de batalha, um corpo alvejado entre tantos outros, mas por que tinha sido ele a tocar a morte daquele jeito? Chanyeol já os rondavam, era atraído por situações assim, a humanidade se destruía e ele trabalhava. Era um hábito seu observar os humanos e aquele rapaz ainda tinha tanto para viver.

Talvez ele pudesse ter uma esposa, filhos, um emprego. Minutos antes do conflito Chanyeol havia o visto sorrir das brincadeiras de seus companheiros de pelotão. Na noite fria e com água de batata como refeição, ele ainda sorria. Tinha os dentes afiados e os olhos curvados em meia-luas, tanta vida em suas veias. E tão pouco tempo lhe restava. Não parecia justo.

O ataque veio e Sehun agarrou sua arma, correndo para as trincheiras. Não chegou a alcançá-las, ainda que seus disparos também tivessem acertado alguns do outro lado, ele fora acertado. No ombro, no peito, na barriga, na perna e de raspão na orelha esquerda. Caiu de joelhos e tombou para trás, as pernas permanecendo dobradas. Chanyeol foi rápido, não permitiu-o sofrer, alcançou sua alma e a puxou.

De todas as almas que Chanyeol carregou nas costas naquela noite, a de Sehun foi a única que carregou nos braços, observando seus olhos fechados e sua expressão que agora parecia séria. Caminhou pelo campo de batalha e entregou todos para a eternidade. Demorou-se um pouco com o rapaz, que abriu os olhos e lhe sorriu.

Um calor se espalhou por dentro de Chanyeol, algo que ele nunca havia sentido. Sehun lhe sorriu e pela primeira vez a morte também o fez.

“Obrigado” O rapaz disse e Chanyeol permaneceu a fitá-lo enquanto ele caminhava para os braços da eternidade.

Era sempre assim, ela os teria, ela o teria. E Chanyeol trabalharia para recolhê-los para ela. Mas não agora. Agora ele recolhia os lírios aranha vermelho, suas flores e as juntava num buque.

Deixou-as onde jazia o corpo do soldado Oh Sehun.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lycoris radiata" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.