The price of evil escrita por yourbestnightmare


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom, a sinopse é temporária até que eu encontre algo que realmente se encaixe um pouco melhor. Espero que todos gostem e comentem. Obrigado.



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Eu não fazia ideia de quanto tempo já estava correndo, minhas pernas já doloridas ameaçavam falhar a qualquer momento, mas isso não me impedia de ir cada vez mais rápido, sem me importar com os galhos repletos de espinhos que batiam contra meu rosto e corpo, danificando minhas roupas e rasgando minha pele.

Quanto mais me esforçava mais perto de ser apanhada eu parecia estar. Não sabia do quê exatamente eu estava correndo, assim como não sabia que lugar era aquele, apenas ouvia seus passos pesados e rápidos e sentia que deveria fugir, eu precisava fugir.

Entretanto, a noite sem estrelas não tornava minha tarefa mais fácil, pelo contrário. A única luz com a qual eu podia contar era a de uma lua minguante parcialmente coberta pela copa das arvores mais altas.

Meus cabelos – antes presos em um bonito penteado – soltaram-se e começaram a chicotear meu rosto, atrapalhando minha visão do caminho. Sentia o vento gelado da madrugada bater contra minha pele causando um arrepio sombrio em minha espinha. Olhei para trás e nada vi, apenas continuava sentindo algo ou alguém aproximando-se cada vez mais de mim. O som das folhas secas esmagadas pelos meus pés a cada passo que dava só era sobrepujado por minha própria respiração ofegante que ecoava em meio ao silencio da floresta.

Distraí-me tanto tentando focar minha visão em meu perseguidor que não notei um pequeno – mas profundo – buraco que havia a minha frente e quando finalmente o avistei já era tarde demais. Ouvi o som de algo estralando e constatei com horror que era o som de minha tíbia quebrando e saindo imediatamente do lugar. Gritei com a dor que embora fosse insuportável, não chegava a ser pior que o medo e a ansiedade que tomavam conta de meu corpo e mente. Estava ansiosa para saber o que tanto me perseguia, me fazia fugir, e com medo de que não tivesse muito tempo para comemorar minha descoberta.

Ouvi os passos ficando lentos, como os de um predador que já sabia que a presa era totalmente sua, que estava encurralada. Sim, ele havia ganhado. Se fosse uma pessoa eu já poderia imaginar um sorriso vitorioso e cruel estampado em sua face. Mas não era um ser humano.

Aos poucos, uma silhueta animal ficou visível, muito maior que um homem adulto considerado alto. Sua pelagem negra e espessa movia-se conforme o vento passava por ela, mas – ao contrário de mim – aquela coisa não parecia desconfortável com isso, parecia gostar. Seus olhos amarelos cintilavam em meio a escuridão e encaravam-me como se fosse capaz de ver minha alma enquanto sua boca se alargava no que parecia ser um sorriso de escarnio.

Aquilo foi chegando cada vez mais perto e eu já conseguia sentir o seu horrível hálito contra meu rosto, sua respiração estava tranquila, nem sequer parecia que havia corrido tanto quanto eu, que já nem sequer conseguia respirar com a tensão. Os dentes se arreganharam ainda mais e, com um rosnado, ele abriu a boca gigantesca. Fechei os olhos já esperando pelo pior quando ouvi um barulho irritantemente alto e repetitivo.

Abri os olhos confusa e percebi que me encontrava em minha cama, encarando a parede branca e agora vazia. Sentei-me suada e ofegante, com as cenas ainda vívidas em minha mente. A maior prova disso era o meu coração que batia completamente fora de ritmo.

Demorou algum tempo até que me acostumasse com a claridade que vinha da janela. Esfreguei meus olhos preguiçosamente após um bocejo cansado. Passei as mãos por meus cabelos emaranhados encarando a janela escancarada. Engraçado... eu jurava que havia fechado a mesma... O vento provavelmente havia se encarregado de abri-la para mim. Inevitavelmente me lembrei da brisa gelada do sonho e não consegui conter o arrepio que passou pela minha espinha.

Da próxima vez teria que me lembrar de colocar uma barra de ferro na frente dela para impedir essa desagradável surpresa. Sorri tristemente ao me lembrar que não haveria uma próxima vez, pelo menos não naquele quarto. Olhei ao redor e suspirei ao ver todas aquelas malas e caixas espalhadas pelo cômodo. Em breve aquele quarto não seria mais meu.

Levantei-me sem muita coragem e me despi para tomar um banho. Liguei a torneira e esperei até que a banheira estivesse cheia para então entrar na água quente deixando que ela relaxasse meu corpo tenso.

Terminei de me lavar e me enrolei na toalha branca e felpuda. Quando cheguei no quarto suspirei melancolicamente olhando ao redor. Vivi tantos anos naquela casa. Lembranças – boas e ruins – rondavam minha cabeça fazendo meu coração se apertar. Era triste pensar que teria que deixar tudo aquilo para trás.

Balancei a cabeça para tentar afastar aqueles pensamentos depressivos e me vesti com um simples moletom cinza. Nunca gostei de chamar atenção portanto não gostava das roupas vulgares que via todos os dias na mídia e nas ruas.

Infelizmente – ou felizmente, não sabia dizer. – eu sempre fui alvo de muitos olhares por onde passava. Olhos azuis, cabelos negros e pele alva parecia ser a combinação perfeita para algumas pessoas. Embora eu realmente preferisse uma aparência menos delicada.

Desci as escadas passando os dedos pelo corrimão, tentando decorar cada pequeno relevo existente na madeira avermelhada, memorizava cada mínimo detalhe, até mesmo o som dos degraus – já gastos por dezessete anos de uso -, um rangido fino e sôfrego que, ao longo do tempo, aprendi a me acostumar e até mesmo aprecia-lo, mas que agora ficaria apenas em minha memória.

Quando cheguei na sala encontrei meus pais perdidos em seus próprios pensamentos do mesmo modo em que eu me encontrava a alguns segundos atrás. Porém disfarçaram ao notar minha presença.

- Bom dia, querida! – minha mãe me abraçou como sempre fazia pelas manhãs. – Dormiu bem? – Definitivamente não! Pensei. Mas me contentei com apenas acenar positivamente recebendo um belo sorriso em troca.

- Lua, pode me ajudar aqui? – Meu pai pediu carregando algumas caixas para o carro.

- Claro! – Dei de ombros e me dirigi até as malas mais leves. Peguei cada uma delas e coloquei-as em seus devidos lugares enquanto meu pai, Antony, se encarregava de pegar as bagagens mais pesadas que eu certamente não aguentaria sequer tirar do lugar. Com meus 1,60 de altura e no máximo 50 kg, eu não tinha a força esperada para uma garota de dezoito anos. Lucia, minha mãe, apenas observava tudo.

Em pouco tempo nós já nos encontrávamos dentro do celta branco, em direção a Ohio, uma cidade não tão grande e muito fria durante o inverno, que era a estação em que nos encontrávamos agora.

- Você vai gostar, Lua. – Como sempre, minha mãe parecia adivinhar meus pensamentos.

- Deixe ela Lúcia, ela precisa de um tempo para se acostumar com a ideia. – Meu pai falou com voz suave.

- Mas Antony ela...

- Eu estou aqui! – Levantei minha mãos acenando exageradamente para que me notassem. Minha mãe me olhou apreensivamente. – Eu estou bem! – Sorri bem humorada e recebi um suspiro aliviado de minha mãe e um sorriso gentil de meu pai.

- Tem certeza? – Revirei meus olhos e encarei minha mãe que apenas sorriu como se pedisse desculpas e virou-se para frente. Me senti bem mais aliviada depois disso.

Passaram-se algumas horas até que eu me encontrasse em frente a uma casa um tanto... diferente. Sua tintura branca estava um pouco descascada e as janelas estavam tão imundas que era impossível a visão do interior da casa. Havia rachaduras por todos os cantos e o que deveria ser um jardim, estava cheio de arvores secas e flores murchas, com uma fina camada de neve cobrindo a grama não aparada.

- Mãe... – Olhei-a com descrença e ela apenas sorriu.

- Vamos reforma-la, não se preocupe com isso. – E por que não mandaram fazer isso antes de virmos? Pensei mas continuei calada encarando a enorme construção.

- Ora vamos, você sempre gostou de desafios não é? - Meu pai bateu levemente em meu ombro e eu apenas sorri irônica.

- É claro. Aquelas que não envolvem uma casa caindo em cima da minha cabeça são ótimos. – Antony gargalhou.

- Gostou? – se eu gostei de uma casa com um aspecto macabro e um jardim morto sinistro?

- Amei!


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu até o final, por favor deixem seus comentários pois realmente preciso de opiniões sinceras.



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