Agora que estamos calmos, me ouçam! Depois vocês falam, me batem, me xingam.

– Sem brincadeirinha Killian! - Regina falou séria. Minha amiga se acalmou pra poder me acalmar já que minha mente estava com dificuldade pra processar toda essa informação. Minha mãe não é a melhor pessoa do mundo, ok. Mas, matar, matar não parecia a cara dela, mas trabalhando na delegacia pude ver que nem todos os ladrões tem cara de ladrões, é nem todos os assassinos tem cara de assassinos. Estávamos quase todos sentados no sofá grande da sala, apenas Killian estava sentado na poltrona a nossa frente, apesar dele tentar mostrar tranquilidade e serenidade dava pra sentir todo o incômodo e preocupação que sentia.

– Não quer me bater? - perguntou

– Muito! - Regina falou com um olhar devorador, parecia prestes a atacar Killian feito uma leoa.

– Pra começar preciso te contar outra coisa - ele respirou fundo antes de continuar - Eu traficava diamantes pro Gold! - confessou

Regina fechou os olhos e apertou mais suas próprias mãos, acho que sua mente estava tentando organizar toda a informação que recebeu, ou estava tentando se segurar pra não matar o irmão. Talvez as duas opções estejam certas. A mesma continuou a conversa perguntando:

– 3 perguntas! Desde quando? Porque? E o que isso tem haver com a conversa?

– Deixa eu falar! - ele pediu impaciente.

– killian tem um pouco mais de paciência. Regina escuta seu irmão - Me meti e os dois retornaram os olhos demonstrando impaciência e raiva. São irmãos, não dá pra negar.

– Eu tinha voltado de uma das minhas viagens naquela tarde, então fui prestar conta com Gold - killian começou a contar - Tinha conseguido muito mais diamantes naquele dia, posso dizer que foi uma das viagens mais lucrativas, deu bastante lucro pra nós três.

– nós três? - Regina perguntou confusa ao irmão. Mas dava pra perceber que no fundo ela sabia quem poderia ser a terceira pessoa desse esquema.

– mamãe também ganhava lucro com isso - killian respondeu afirmando pra Regina que os pensamentos dela estavam mais que corretos.

– Porque não to surpresa! Você era o filhinho predileto dela, podia fazer qualquer coisa.

– Não é assim Regina!

– Continua! - ela falou tão friamente que até eu congelei, o clima tava mais do que pesado na sala.

– Gold resolveu ir pra casa comigo pra poder visitar minha mãe, quando chegamos no apartamento, encontramos ela caída perto da escada, no começo pensamos que ela tinha se desequilibrado e caído da escada por causa da bebida. Ela andava bebendo muito esses dias, até a tinha levado no hospital por que ela tinha passado muito mal. Só que quando subimos as escadas vimos os vasos quebrados no chão, coisas fora do lugar, o suficiente pra entendermos qua não foi só um acidente. Gold pediu pra me registrar o caso como assalto seguido de assassinato já que as coisas estavam reviradas. Ele tinha me dito que a polícia ia começar a fazer muitas perguntas, perguntas que não saberíamos responder muito bem com coerência, iam acabar descobrindo a história do tráfico. Então a Polícia fechou o caso por falta de provas, as câmeras de segurança não estavam ligadas nesse dia, o que eu achei muito estranho então comecei a investiga-lo e descobri que ele estava investigando por conta própria. Ele pagou pelas imagens da câmera e descobriu um suspeito - ele olhou pra mim - a sua mãe Emma.

– Você sabia o tempo todo que era minha mãe! - perguntei

– Não - respondeu aumentando o tom de voz - eu não sabia o nome dela, quando eu vi a sua mãe eu sabia que conhecia ela de algum lugar, na gravação ela ainda era morena.

– Acredito em você - falei e Killian se acalmou entendendo que eu não estava com raiva dele, estava apenas confusa.

– Então você deixou a história de lado? - Regina perguntou

– Achei melhor deixar de lado mesmo, estar com Gold já me fez perder muita gente, mamãe, Milah! - ele fechou os olhos e Regina o olhou confusa - Eu já estava querendo sair dos esquemas de Gold quando perdi Milah mas eu estava cego, querendo dinheiro, mamãe também me incentivava, o resultado foi catastrófico perdi minha esposa, perdi Minha mãe, você é tudo que eu tenho Regina, me desculpa.

– Quem é Milah? - fiquei surpresa ao sabe que Regina não sabia de nada, eu era uma das poucas pessoas que sabiam disso?

– Minha namorada, mais pra esposa, agiamos como se fôssemos casados! Gina me perdia por favor!

– Me deixa pensar um pouco - ela se levantou - Só não me procura tão cedo!

– Regina..

– por favor, eu quero ficar sozinha! - Então ela subiu as escadas deixando apenas Robin, Killian e eu na sala, atendendo o pedido de Regina, Robin se despediu de nós e foi embora.

...

Ela me odeia! - Killian falou enquanto entrava no quarto e sentava na cama colocando as mãos no rosto.

– Ela não te odeia! Só não quer falar com você por um tempo - falei fechando a porta e sentando ao seu lado - Deixa ela curtir a raiva dela, sabe que ela tem todo direito, você errou feio dessa vez.

– Eu sei!

– Então! - falei enquanto passava a mão no cabelo dele - da um tempinho pra ela!

Ele não falou nada, apenas soltou a respiração pesada que estava em seu peito e se virou pra mim.

– Nem perguntei como você tá! - suas mãos tocaram meu rosto levemente e eu apenas dei de ombros.

– Fiquei bastante espantada, ainda estou, eu podia esperar qualquer coisa da minha mãe, menos isso!

– Swan, ela só e uma suspeita, não há certeza de que foi ela!

– Eu sei - fiz uma pausa e respirei fundo - Eu não queria mas, parte de mim acredita nisso.

– Acredita? - perguntou confuso

– Sim, estou em conflito, parte de mim sabe que ela não chegaria a esse ponto, mas parte de mim sabe que ela faria qualquer coisa. Até mesmo matar - confessei

– Sabe, acho que estamos pensando demais - ele se deitou na cama - vem cá, vamos deitar e falar sobre outra coisa!

Me deitei encostando minha cabeça eu seu peito e falei.

– Sabe parei pra pensar, Zelena não estava com Gold no dia que ele pegou o Henry, além de fazer um bom tempo que ela está sumida e...

– Perai! Você tá tentando esquecer aquele problema com outro problema? - falou me interrompendo

– da pra não me interromper - fingi estar com raiva e ele fingiu estar triste por eu ter brigado com ele - Então, será que Zelena e Gold brigaram também, antes do assassinato de Neal?

– Faz sentindo, será que o fato dela ter brigado com ele seja o motivo dela ter assassinado Neal?

– Não sei - respondi quase que como um suspiro abafado - ainda tem aquela conversa estranha lá no porto. Eu sinto que to com a maioria das peças de um quebra-cabeça, que ta tudo na minha frente mas eu não consigo juntar as peças.

– Você vai conseguir juntar essas peças, esses casos as vezes são demorados de resolver.

– mas esse ta demorando demais! - resmunguei e meu celular começou a tocar, torci mentalmente pra que não fosse minha mãe, mas me acalmei ao ver o sorriso no rosto de meu pai na foto de identificação de chamada do celular - oi pai!

– Filha cadê você? São quase dez horas da noite! - pude sentir sua preocupação no tom de voz.

– Pai, ta controlando meus horários agora? - perguntei indganada

– Não, eu só... só...

– Pai - interrompi - a mamãe ta mandando o senhor me vigiar né?

– Me pegou, desculpa Emma, mas também ando preocupado com você, ta saindo de casa quase toda a noite, não almoça mais com a gente, sai antes de todo mundo de manhã, ah e anda se encontrando demais com aquele cara.

– Aquele cara se chama Killian, e eu não sou mais uma adolescente.

– Vocês estão juntos? - meu pai perguntou sendo o mais direto possível o que me fez fazer a mesma coisa.

– estamos!

– Eu sabia! Mas falando sério, que horas você volta pra casa? - fiquei com dor de cabeça só de pensar em voltar pra casa hoje, sinceramente encontrar com a minha mãe não seria legal, a cada vez que eu olhasse pra ela eu iria lembrar dessa história, logo a policia de New York a encontraria pra interroga-la, queria distância até lá, quero faser de conta que não sei de nada.

– Vou dormir aqui na casa da Regina!

– Emma, você sabe que é mais motivo pra ela ficar no seu pé! - ele avisou e eu revirei os olhos e me rendi.

– Ta legal já to indo pra aí! - desliguei o telefone e olhei pra Killian que me olhava fixamente - Diz que não vai me deixar ir sozinha pra casa?

– Posso te deixar lá! - ele sorriu e eu ri por dentro por ele não ter entendido meu pedido.

– Não quero que você me deixe em casa! Quero que durma lá comigo - fiz a cara de criança carente mais convincente possível.

– Não sei Emma...

– Vamos, é melhor pra você, pra mim, pra Regina, deixa ela sozinha um pouco.

– Tudo bem, mas espero não ser recebido com quatro pedras na mão em sua casa.

– Ah como você pensa pequeno - ironizei - querido ao entrar na minha casa você já senti os ventos frios e gelados e não é da central, é do clima de inverno que se instalou lá em casa faz anos.

– Você me assusta! - ele riu e se levantou e andou até o guarda-roupa - Pode tenta falar com a Regina antes da gente ir pra sua casa? - perguntou me olhabdo sério, dava pra notar que ele estava apavorado com o fato de que a irmã poderia não perdoa-lo.

– Claro - respondi e sai do quarto, parei na frente da porta do quarto de Regina e respirei fundo. Como amiga de anos decidi que eu não precisava bater na porta, apenas fui entrando, ela estava deitada na cama agarrada com seu travesseiro no rosto pra poder abafar o choro.

– Vai embora Emma! - ela pediu me surpreendendo, pensava que ela que ela não tinha me notado lá - nada do que você disser vai melhorar isso.

– Eu não vim tentar melhorar nada Gina, só quero saber como você tá!

– Péssima, é assim que eu to! - ela se virou pra poder sentar na cama enquanto eu sentei na poltrona perto da janela ao lado da cama.

– Amiga...

– Não me pede pra falar com ele!

– Relaxa, ei sou eu, sua amiga que te conhece muito bem e sabe que você é muito teimosa - ela murmurou um "olha quem fala" e eu a repreendi com um olhar, mas no fundo ela tava certa, quem sou eu pra dizer isso? - A única coisa que eu vim te dizer é...

– Ah por favor Emma!

– Pensa com cuidado! -continuei, ignorando sua súplicas de " Agora não, por favor " - Seu irmão errou feio dessa vez, eu não tiro seu direito de ficar com raiva. Quebra tudo, joga taças de vidro na parede, revira o quarto dele todinho, taca fogo nas roupas dele, sei lá - ela soltou um leve riso depois desse mega conselho que ela tanto queria ouvir - Mas não para de falar com ele, não exclui ele dá sua vida - ela voltou a ficar séria - Uma coisa que ele disse e está certo e que ele só tem você de família , é você só tem ele. Ele errou? Errou, mas quem não erra feio nessa vida, eu sou a prova viva disso.

– Emma, é completamente diferente, isso era um problema que ele devia ter compartilhado comigo!

– Devia, devia sim, mas será que vale a pena perder-lo por coisas do passado? Como eu te falei, fica com raiva, mas se vocês perderem um ao outro, teremos dois grandes culpados - me levantei e dei um abraço nela, antes de sair finalizei a conversa - Pensa nisso!

...

– Até que enfim você chegou! - meu pai disse ao me ver entrando em casa, mas ficou sério quando viu Killian atrás de mim - O que ele tá fazendo aqui?

– Ele vai dormir aqui!

– Boa noite senhor! -Killian cumprimentou meu pai que deu um sorriso amarelo, eu estava rindo por dentro por causa desses ciúmes de pai coruja.

– Ah olha quem apareceu! - minha mãe entrou na sala, "acabou o momento de paz" pensei - Oi Killian! É seu novo namorado Emma? - perguntou já querendo arrumar briga.

– É sim - puxei Killian pelo braço antes de sermos massacrados com mais perguntas e fomos em direção as escadas, não queria ficar perto da minha mãe por tanto tempo, minha língua tava coçando pra perguntar tudo aquilo, mas eu sabia que era melhor eu ficar calada - Estamos lá em cima!

Subimos pro meu quarto o mais rápido possível, Killian pediu pra tomar um banho, entreguei uma toalha pra ele e apontei pro banheiro. Coloquei minha camisola e prendi meu cabelo em uma trança, peguei meu celular e comecei a responder algumas mensagens que tinham me enviado, uma dela era de August dizendo que estava na França e que ia começar a escrever uma nova história inspirada em pessoas que ele conheceu lá. Killian saiu do banheiro secando os cabelos, estava usando uma bermuda cinza e uma camisa branca. Ele sentou do meu lado na cama e começou a me avaliar.

– O que foi?

– Essa foi a camisola que usou pra prender as mangas que caíram na cerca elétrica naquele dia? - perguntou com um sorriso malicioso no rosto e eu comecei a rir confirmando com a cabeça - Como eu disse, adoraria ter visto aquilo!

– Olha só, vamos dormir mocinho!

– Ah porque? Nós íamos fazer coisas muito melhores que dormir na minha casa!

– Realmente nós íamos - puxei o edredom pra nos cobrir - Mas foi antes da tempestade que aconteceu na sua casa, preciso dormir, to muito cansada! -expliquei

– Olha só, sua cabeça ta cheia, você tá precisando descansar - ele se deitou do meu lado e eu coloquei minha cabeça em seu peito - Amanhã é sábado e seu dia de folga, é eu você vamos dar uma volta, vou te levar na ilha.

– do pozinho mágico? - brinquei e começamos a rir - Agora é sério Killian, não sei, preciso trabalhar nesse caso.

– É precisa descansar também, você não para na sua casa porque o clima aqui é bastante pesado, fica quase o dia todo na delegacia só sai quando eu ou Regina te chamamos pra almoçar. Você vai comigo amanhã sim.

– Sim senhor capitão.

– Filha? - meu pai bateu a porta me dando um susto

– Entra!

– Descupem interromper, é só que deixaram essas cartas pra você no correio, era pra eu ter te dado lá embaixo mais eu esqueci! - " Na verdade guardei pra ter a desculpa de entrar no quarto e ver o que vocês estavam fazendo", meus pensamentos disseram

– Ok, deixa ai na mesa. Boa noite pai!

– Boa noite filha, Killian! - killian apenas a acenou e eu pude sentir o riso que ele estava querendo controlar.

– Acho melhor você trancar a porta! - sugeri, ele se levantou e trancou a porta do meu quarto e voltou pra cama, onde dormimos a noite toda de tão cansados que estávamos.