Choices escrita por Kaah, Luh Chris


Capítulo 8
Desentendimentos


Notas iniciais do capítulo

Oláá!!!

Vamos postar mais um hoje! :D

Comentem, ok?

:*



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Acordo com um barulho alto e insistente vindo da porta.

Quatro estava lá fazendo o máximo de barulho que conseguia. Sou uma das primeiras a acordar. Olho em volta e percebo que estão todos sonolentos e bem lentos ao acordar. Mesmo com o barulho, Christina ainda dorme na cama embaixo da minha. Salto para o chão e a sacudo algumas vezes.

— Vocês têm meia hora para se trocarem e estarem apresentáveis no fosso. Seguiremos para o café da manhã e logo em seguida começaremos com o treinamento. – Quatro cospe essas palavras em um tom autoritário, aponta um relógio na parede e sai em seguida.

Um caos se instala no dormitório. Christina e eu nos revezamos ao tomar banho e trocar de roupa, tomando cuidado para não sermos vistas por nenhum garoto. Quando saímos do banheiro, vimos que a maioria já havia saído, rumo ao fosso. Saímos correndo, percebendo que faltavam apenas 5 minutos para o nosso tempo se acabar.

Chegamos ao fosso e Quatro nos guiou até um enorme salão com mesas enfileiradas. Estava lotado e todos se viraram para nos observar. Tomamos nosso café bem rápido, para acompanhar os que chegaram mais cedo, logo Quatro se levantou e informou que estava na hora da nossa primeira fase de treinamento, que será aprender a atirar com armas brancas, armas de fogo e lutas corpo a corpo.

Seguimos por um corredor até uma sala, onde se encontravam diversos sacos de pancada e mais alguns aparelhos para treinamento. Quatro colocou cada um de nós em frente a um saco e deu algumas instruções. Eu não tinha a menor ideia de como fazer aquilo, tentei seguir as instruções que ele passou e soquei o saco algumas vezes. Quatro foi passando por todos os iniciados, dando ajuda extra. Como eu era uma das últimas, fui ouvindo o que ele falava, e comecei a praticar. Não era nada boa no que estava fazendo e já estava suada, com os nós dos dedos vermelhos e doendo por causa dos socos.

— Acho melhor você manter a tensão aqui - Ouvi sua voz ao meu lado, e dei um pequeno pulo ao sentir sua mão em minha barriga – Além do mais, você não tem muitos músculos, deveria se concentrar em atingir seu inimigo com os cotovelos e joelhos – Ele retirou a mão e tornou a andar entre seus alunos.

Após horas treinando com os sacos de pancada, somos liberados para o almoço. Seguimos para em silêncio. Ao chegar refeitório, a maioria das mesas estavam ocupadas, Christina apontou uma onde estavam dois iniciados e mais alguns membros da Audácia. Rumamos para lá, ela pede licença e se senta, totalmente segura de si. Me junto a ela e me sirvo de um pão com carne dentro. Fico olhando para a comida, sem saber o que fazer.

— É hambúrguer. Coloque esse molho que ficará muito melhor – Um rapaz que acabara de se sentar ao meu lado falou. Quando ergo os olhos para agradecer e pegar o molho que ele me ofereceu, percebo que é Tobias.

— Obrigada – Digo com a expressão mais desinteressada que consigo, como se não o conhecesse. Me lembro que realmente não o conheço.

— Não por isso – Ele ainda tem o rosto impassível de ontem, mas seu olhar suavizou um pouco.

— Você nunca comeu um hambúrguer Tris? - Desvio a atenção para Christina.

— Os Caretas têm uma alimentação mais simples – Quatro se intromete.

— Por isso que você os deixou Tris? – Christina pergunta olhando para mim.

— Claro Christina, vim pra cá simplesmente pela comida – Respondo revirando os olhos.

— Meu Deus, uma careta sarcástica. – Um dos iniciados que estava sentado à mesa entra na conversa – Meu nome é Will, vim da Erudição – Ele estende as mãos para Christina e para mim, que a seguro meio sem saber o que fazer. Ele dá um sorriso e quando percebe que Quatros está olhando, acrescenta – Mas nasci pra isso aqui, pelo menos é o que acho, esse lugar é muito melhor que lá.

Nos apresentamos e começamos a conversar. O rapaz que nos recebeu quando pulamos do trem se aproxima e conversa com Quatro. Will sussurrou que ele é um dos líderes e seu nome é Eric. Agora me lembro dele, é o garoto erudito que sempre nos atormentava na escola, demorei para reconhece-lo por causa dos piercings e das várias tatuagens. Ele e Quatro conversam por alguns segundos e a tensão que emana dos dois deixa claro que não são amigos. Assim que ele vai embora, Christina dispara:

— Vocês dois são amigos?

— Iniciamos na Audácia juntos, ele foi transferido da Erudição – Quatro responde.

— Você foi transferido também, Quatro? – Arrisco. Sei que é uma pergunta idiota, pois sei muito bem a resposta, mas não resisto.

— Pensei que teria problemas com a da Franqueza, mas uma Careta na minha cola também?

— Deve ser por você ser tão acolhedor – Disparo – Sabe? Quase como uma cama de pregos.

Ele me encara, e não desvio o olhar, posso jogar esse jogo também.

— Cuidado Tris – Ele fala simplesmente e levanta.

— Tenho uma teoria – Diz Christina quando ele não pode mais nos escutar – Acho que você está pedindo para morrer.

—---

Após o almoço, vamos em direção a outra sala, onde vários alvos se estendem em torno das paredes. Quatro distribui armas para cada um de nós, dá uma demonstração de como devemos atirar, e então começamos. Faço como ele falou, e quando atiro, a arma me dá um coice. O tiro não chegou nem próximo ao alvo.

Após algumas tentativas ainda não consegui acertar o alvo uma vez sequer.

— Estatisticamente, você deveria ter acertado o alvo ao menos uma vez. – Will diz sorrindo. – Você está desafiando as leis da natureza.

Me sinto um pouco motivada e miro no alvo novamente, disposta a acertar. Disparo, o coice vem, mas já estava preparada e minhas pernas se mantêm firmes, acerto o canto do alvo. Olho para Will.

— Viu? As estatísticas não mentem – Ele sorri.

Passamos mais algumas horas assim, e eu consigo acertar o centro do alvo cinco vezes. Agora parece bem mais fácil, e o coice se tornou quase nulo.

No jantar Will se senta conosco, e convida Al - outro iniciado - para se sentar conosco. Comemos em meio a conversas de nossa antiga vida. E comentamos o quanto mudamos em apenas um dia. Todos se dizem satisfeitos com suas escolhas.

Eles ficam conversando por mais um tempo após o jantar, mas eu me despeço e me dirijo ao dormitório.

Quando dobro um dos corredores, sinto uma mão tampando minha boca, e outra me direcionando de costas para uma sala que não tinha nem reparado estar no meio do corredor. Tento me livrar das mãos que me puxam, mas a pessoa é muito mais forte que eu.

— Calma Tris, não vou te machucar – Escuto sua voz sussurrar e paro de me debater. O aperto afrouxa e a mão sai de minha boca assim que ele fecha a porta.

— Você é maluco? – Disparo.

— O que você está fazendo aqui? – Ele pergunta e me viro para encarar seus olhos.

— O que estou fazendo aqui? Por acaso não percebeu que fui puxada para dentro dessa sala, QUATRO? – Ironizo.

— Não foi isso que perguntei – Ele puxa meu braço e o aperta novamente – O que você veio fazer aqui na Audácia Tris?

— Não é da sua conta!

— Claro que é! O que diz respeito a você é da minha conta sim – Ele pontua e sinto o meu sangue ferver.

— Você perdeu o direito de saber qualquer coisa da minha vida quando veio pra cá, deixando uma pessoa que você dizia ser sua amiga para trás.

— Eu fiz o que tinha que fazer, e não me arrependo de vir pra cá – Ele diz cruzando os braços.

— Claro que não se arrepende, não foi você que ficou sem entender, não foi você que ficou chorando durante dias por ter sido traído. Não foi você que demorou meses para tentar se reerguer e seguir em frente – Respiro fundo e percebo que as lágrimas começaram a cair por meu rosto. Sinto ainda mais raiva por estar chorando na frente dele – Você deixou uma menina para trás, uma menina, que viu todos os seus planos irem por água abaixo. Que viu seu parceiro no crime e melhor amigo, fugir sem ela – Limpei minhas lágrimas – Você nem se preocupou com isso.

— Você não sabe os motivos que me levaram a vir pra cá.

— Talvez eu entendesse, se você tivesse se disposto a me dar uma explicação.

— Eu posso te explic... – Ele começou, mas eu o interrompi.

— Não precisa fazer nada disso, não mais. Fiquei muito tempo esperando por uma carta ou outra maneira de comunicação, e nunca vieram, nem as cartas, nem as explicações. Isso não importa mais para mim.

— Claro, porque você não poderia ter vindo me visitar, né? Seria muito terrível vir até aqui – Ele começa a ficar impaciente e o lado agressivo que descobri a pouco tempo vem à tona.

— Vir aqui? Qual parte de que eu fui deixada para trás você não entendeu? – Comecei a falar mais alto – Achou mesmo que eu ainda me humilharia vindo aqui?

— Ah, me poupe Beatrice – Ele dá um murro na parede atrás de mim. Está com o olhar em chamas – Você não sabe de nada, não venha me dizer que o que eu fiz foi bom ou ruim. Não venha me dar lições de moral. Estou aqui para te dar uma explicação, mas você aparentemente não quer ouvir. Então que se dane, não preciso mesmo de você para ficar apontando todos os meus erros e acertos. Vivi muito bem durante dois anos, e posso continuar assim. – Ele diminui um pouco o tom de voz – Pensei que você seria mais esperta, pensei que iria atrás de seus objetivos. Esperava que você fosse para a Amizade, e desse um jeito de sair, como pensava em fazer.

— Meu plano não é mais esse – Deixo escapar – Não sei quais são os seus novos planos, e nem quero saber. Só quero seguir com o que tenho em mente, sem ser atrapalhada.

— Longe de mim atrapalhar você – Disse irônico.

—Ótimo! – Disse me virando para sair, mas parei antes de abrir a porta – E pode continuar fingindo que não me conhece, por que o Tobias que eu conheci na minha infância deixou de existir para mim no dia que escolheu me abandonar – Respirei fundo e saí em seguida.


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Notas finais do capítulo

:*