Choices escrita por Kaah, Luh Chris


Capítulo 6
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Olááá!!

Demoramos um pouquinho né?

Mas já estamos de volta, bom, queria falar um pouco da fic com vocês. Sabemos que ela esta bem parecida com o livro, mas o nosso intuito é fazer uma fic que não fuja muito do original na questão das facções e da iniciação, por isso esse comecinho esta bem parecido com o livro. A idéia é fazer o desenrolar da história diferente, ou seja, a partir da chegada da Tris na audácia. Sei que vocês estão ansiosas por isso, mas esse comecinho era necessário. Estamos preparando os próximos e a partir daí as coisas vão esquentar...

Esperamos que vocês gostem!

Quero muito agradecer as pessoas que vem comentando... :*



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Beatrice


Nesses últimos dois anos eu tentei pensar em um novo plano, pois tudo que eu tinha planejado envolvia o Tobias, sinto raiva só de lembrar que ele foi embora, me abandonou por medo de sair da cidade.

Infelizmente não consegui pensar em nada, o fato de meu pai ser muito próximo a Joana não facilitou muito, se eu me transferir para a amizade eu temo não conseguir fugir por lá, além disso, eu soube que eles mantêm o pessoal de lá “calmo” através do soro da paz, e só de me imaginar rindo boba pelos cantos eu já fico agoniada. Eu estou cada vez mais convencida de que eu não pertenço a nenhum lugar, não há facção onde eu possa me encaixar.

Mesmo com todos esses pensamentos eu ainda tentei seguir os conselhos da minha mãe, tentei me distrair e fazer novos amigos, até por que se eu não fizesse isso eu iria enlouquecer.

Caleb realmente se esforçou no começo, voltamos a ficar unidos e isso foi muito bom, depois que Tobias foi embora eu fiquei muito triste, se não fosse pela compreensão do Caleb eu não teria conseguido, fui repreendida várias vezes pelos meus pais, eles sempre diziam que minha tristeza era sinal de egoísmo.

Caleb e eu fizemos amizade com Susan e Robert, eles moram perto da nossa casa, são irmãos. Tenho quase certeza que Caleb está interessado em Susan e já percebi alguns olhares de Robert em mim, mas tento disfarçar, ainda mais por que também já percebi que meu pai tem conversado bastante com o pai dele, eles estão vindo em casa com mais frequência do que antes. Tremo só de pensar que eles estejam planejando me casar depois da cerimônia de escolha. Aqui na Abnegação as pessoas costumam se casar cedo e somente com o consentimento dos pais. E não, eu não pretendo me casar, nem com Robert e nem com ninguém, nem namorar eu quero.

Amanhã faço o meu teste de aptidão, estou um pouco ansiosa, mesmo sabendo que não faz diferença o resultado, ainda não decidi se vou mesmo para a Amizade, o mais perto que eu cheguei de um plano foi pensar em fugir assim que eu chegasse na fazenda, antes de ser “adestrada”, mas sem comida e sem rumo, seria suicídio. Deixei para decidir depois do teste.

—Beatrice? – Meu pai me chamou, estamos jantando e eu estava perdida nos meus pensamentos.

—Sim pai?

—Você estava olhando a colher fixamente, está se sentindo bem? – Nem percebi que viajei por tanto tempo.

—Estou bem pai, só estava distraída.

Terminamos nossa refeição e ajudei minha mãe com a louça, meu pai e Caleb foram se deitar.

—Filha, sei que está preocupada com o teste, mas não precisa, logo tudo isso terá passado – Minha mãe disse e depois deu um beijo na minha testa, se afastando da cozinha em seguida.

Sinto por pensar que vou deixar de vê-la. Amo meus pais, e acho que minha mãe está pressentindo o que eu vou fazer. Ao contrário do meu pai que está tranquilo, ele deve pensar que eu vou ficar, ou disfarça muito bem.

No dia seguinte acordei bem disposta, diferente dos outros dias em que estive desanimada. Hoje minha mãe cortou meus cabelos e eu estou de saída com Caleb, faremos o teste. Encontramos com Susan e Robert, que também farão o teste hoje.

Vamos em silêncio para a escola, estamos todos nervosos demais para conversar. Sentamos na mesa junto com os outros Abnegados, e esperamos a nossa vez.

— Beatrice Prior – Uma mulher chama.

Caminho em sua direção.

Entramos em uma sala branca, vazia, exceto por uma cadeira reclinável, onde ela me pede para deitar, e outra cadeira, de frente a um computador com uns fios saindo dele. Ela conecta os fios em mim, me fala que seu nome é Tori, e que ela vai administrar o teste em mim.

Ela me entrega um liquido transparente para beber e liga os fios em mim.

A próxima coisa que vejo é a simulação, escuto uma voz me pedindo para escolher entre uma faca e uma maçã. Não escolho nenhuma das duas. Em seguida passo por diversos testes, sempre tendo que escolher entre duas opções.

Saio do teste e a mulher me pergunta se eu estava consciente durante a simulação. Respondo que estava, e ela me diz que sou uma divergente, pois tenho aptidão para três facções: Abnegação, Erudição e Audácia, mas que não devo revelar essa informação para ninguém.

Me sinto atordoada, como uma palavra que até então era desconhecida para mim pode me deixar assim?

Aproveito que Tori disse que eu estava passando mal e vou andando em direção à minha casa, chegando lá corro para o meu quarto, me deito na cama e fico olhando para o teto.

“Você é divergente Beatrice, mas nunca fale isso para ninguém. Coisas horríveis acontecem a divergentes”

A voz de Tori ecoa em minha cabeça. Começo a pensar com ainda mais vontade em ir embora, agora não posso mais voltar atrás, preciso me proteger e proteger a quem amo, não poderei ficar próxima a minha família, eles podem correr os mesmos riscos que eu, se ficarem perto de mim.

Eu sabia que era inteligente, sempre aprendia mais rápido que a maioria dos meus colegas de escola, mas não sabia que isso me colocaria como Erudita. Também sabia que era um pouco Audaciosa, pois gostava de correr pequenos riscos, e sempre que podia fazia meu caminho para o telhado, gostava de correr pela cidade quando não estava sendo observada. Mas quanto à ser altruísta, disso eu sempre tive dúvidas, na maioria das vezes colocava minhas vontades à frente da dos outros. Por diversas vezes fui repreendida por meus pais, por ter um comportamento egoísta, realmente, apesar de ter nascido na Abnegação, essa era uma das qualidades que eu nunca esperaria ter herdado.

— Tris, tudo bem? – Caleb me tira de meus pensamentos. Não percebi que o tempo tinha passado tão rápido assim, ele já estava de volta.

— Tudo bem sim, só me senti um pouco enjoada com o soro, e a mulher que aplicou o teste em mim me liberou. – Disse, tentando ocultar a verdade.

— Sei, mas e aí, como foi seu teste? – Com certeza, Caleb não acreditou no que eu disse.

— Foi bem, achei muito tranquilo na verdade. E o seu? – joguei a conversa pro seu lado. Ele faz uma careta.

— Você sabe que não podemos comentar sobre isso. Vou preparar o jantar, você me ajuda?

— Claro – Saímos em direção à cozinha, e percebo que Caleb, assim como eu, esconde algo. Só não sei o que.

— Beatrice, devemos pensar em nossa família. – Ele diz com os olhos fixos aos meus – Mas não podemos esquecer de pensar em nós também – Legal, isso me ajudou bastante.

Fico assustada com o que ele me diz, não consigo ter nenhuma reação. Essa foi a primeira vez que o vejo pensar em si mesmo, ou falar algo que não seja altruísta.

— Os testes não precisam mudar nossas escolhas – Digo.

— Será que não? – Ele sorri, e se vira para o fogão.

O restante do dia se passa tão normal quanto conseguiria ser um dia desses. Meus pais não nos fazem muitas perguntas, pois sabem que não somos permitidos a falar do teste. Após o jantar Caleb pede licença e se fecha em seu quarto, como vem fazendo quase sempre nos últimos anos. Vou para meu quarto e adormeço rapidamente.

No dia seguinte acordo cedo, agitada com a escolha, apesar de tudo que aconteceu ontem, percebo que não tive tempo para pensar no que realmente devo fazer, mas as palavras de Caleb ressoam em minha mente. Será que devo ficar aqui? Devo ir para a Amizade? Não consigo me decidir.

Tomamos café em silêncio, todos estão nervosos, Caleb e eu mais ainda. Seguimos em direção ao ônibus, que está lotado. Ficamos todos em pé.

Ao descer em frente ao Eixo, onde é feita a cerimônia de escolha, minhas pernas estão bambas. Caleb me ajuda a equilibrar, parece estar bem calmo. Eu também estaria, se soubesse o que fazer hoje. Subimos as escadas e após nos despedirmos de nossos pais, vamos em direção aos outros membros que prestaram o teste. Fico ao lado de Caleb, ele irá primeiro.

Esse ano, quem fará o discurso e chamará os nomes será o Marcus. Olho para os recipientes e penso em meu sangue caindo na terra. Só posso ir pra lá. É o mais lógico, o mais próximo da cerca, de lá conseguirei sair o mais rápido possível, sem ser notada. Posso fazer isso antes que tenham tempo de me injetar com o tal soro da paz que tanto falam. É isso, me decidi.

Nome após nome é chamado, e vejo pessoas trocando de facção e permanecendo em suas facções de origem. Um nome me tira do transe.

— Caleb Prior – Chama Marcus. Sinto meu irmão apertar mais forte a minha mão e se dirigir ao centro. Ele pega a faca em suas mãos com determinação, e sem nem pestanejar, faz um corte e deixa seu sangue cair na água.

Não consigo acreditar que meu irmão altruísta está sendo transferido para a Erudição. Mas aos poucos me lembro de seus livros, as vezes que ele ficava trancado no quarto, suas palavras ditas ontem à noite. Será que o que disse ontem à noite também servia para ele próprio?

Ouço protestos sussurrados pelos Abnegados e os sorrisos presunçosos dos Eruditos. Marcus pede silêncio, e o salão fica completamente sem som. Escuto meu nome e um zumbido começa a crescer, olho para os lados tentando encontrar de onde ele vem, mas percebo que está em mim.

Caminho sem muita determinação para o centro do círculo. Consigo ver Caleb junto aos Eruditos, ele sorri para mim e me dá um aceno de cabeça, como se soubesse o que pretendo fazer, mas nem eu sei o que fazer.

Marcus me entrega a faca, e me posiciono em frente aos recipientes. Meus olhos focalizam em meus pais, como se fossem puxados para lá. Vejo o olhar triste de minha mãe e percebo que tenho que ser a filha que fica, é isso que tenho que fazer, mas se Caleb não pertence a Abnegação, como eu posso pertencer? Sou muito mais egoísta que ele. Muito mais. Tenho que ir para a amizade, é esse o plano, não posso desistir.

Olho para eles e me sinto mal. Escuto um pigarro de Marcus e percebo que estou demorando mais do que o necessário.

Encaro os recipientes. Pedra, terra. Terra, pedra. Começo a tremer, e faço um corte profundo em minha mão esquerda, percebo o sangue se acumular. Olho novamente para os recipientes e um me chama a atenção. Fixo meus olhos ali.

Tudo fica mais claro para mim agora.

Talvez aquilo que não tinha cogitado seja o que devo fazer. Percebo que se quero mesmo fugir desse lugar, preciso saber como me defender, preciso aprender a me virar sozinha, não posso mais contar com meu comparsa de fuga. Seu nome me vem à cabeça, mesmo sem querer. Talvez ele não estivesse tão errado em sua escolha quanto pensei.

Percebo, ainda com relutância, que apesar de decepcionar meus pais, não posso ficar na Abnegação para agradar a eles. Não posso ficar, principalmente por que poderia fazer mal a eles. Não iria para a Erudição nem que minha vida dependesse disso, e não acho mais uma solução para meus problemas ir para a Amizade.

Fecho meus olhos e posiciono minha mão sobre o recipiente que tanto me chamou a atenção. Abro-os novamente e abro minha mão sobre as brasas, que tanto prenderam minha atenção. Escuto meu sangue chiar ali.

A escolha está feita. Não posso mais voltar atrás.

Caminho hesitante em direção aos Audaciosos, que me cumprimentam com tapas nos ombros e sorrisos nos lábios apesar da confusão por um Abnegado ter se juntado a eles. Não consigo ver mais nada da escolha, todos são mais altos que eu.

Após a última escolha, estamos livres para ir. Minha nova facção é a primeira a sair. Acompanho-os, passando pelos Abnegados de cabeça baixa, mas me lembro de olhar para meus pais uma última vez. Apesar de meus pensamentos, eu os amo muito, isso nunca vai mudar.

Os olhos de meu pai são de acusação, como se quisessem me queimar, mas minha mãe tem um sorriso nos lábios, como se já soubesse antes de mim que essa seria minha escolha, e como se aprovasse totalmente isso.

Fico mais confortada por isso, o que não dura muito tempo, pois assim que passamos as portas do grande salão, começamos a correr escada abaixo e depois em direção à linha de trem. Corro como se minha vida dependesse disso, e acho que talvez dependa mesmo. Meus pulmões protestam, mas não ligo muito para eles. Escuto o apito do trem se aproximando.

— Não acredito que iremos pular para dentro daquilo. – Fala um transferido da Erudição ao meu lado.

— Teremos sim. – Sorrio e me aproximo mais da linha. Quando o trem se esta perto o suficiente começo a correr e em um ato completamente instintivo agarro a alça do trem, mas não consigo me içar para dentro, uma garota da Franqueza me ajuda a entrar. Agradeço.

— Você está bem? – Ela pergunta. Assinto novamente.

— Me chamo Christina – Ela estende a mão. Isso não é muito comum na Abnegação, mas estendo a minha e aperto.

— Beatrice – Respondo ofegante.

Agora estamos seguindo rumo a Audácia, a escolha esta feita e não há como mudar, lá aprenderei a me defender e finalmente colocarei meu plano de fugir em prática, sou livre agora!


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Notas finais do capítulo

Comentem!!!



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