Death América! escrita por Meewy Wu


Capítulo 1
Death América




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Os olhos de Kriss brilharam quando me ajoelhei em frente a ela. E os de América também. E embora eu soubesse que esse brilho fossem as lágrimas que ela nunca deixaria escorrer na minha frente, impedi o extinto de reconforta-la de me dominar. Era Kriss, estava feito.

-Vossa alteza real, Príncipe Maxon Schreave, e sua noiva Kriss Ambers, futura princesa de Illéa – anunciou o chefe da guarda – futuros Rei e Rainha de illéa.

Meu pai tinha um sorriso no rosto de algo que podia ser comparado a orgulho, porém eu preferia não ter visto a cara de minha mãe; Não estava triste, longe disso, mas claramente minha escolha havia ferido algo dentro do coração dela. Bem, do meu também.

As Selecionadas enfileiradas aplaudiam, algumas com sorrisos sinceros outras nem tanto. Celeste, bem na ponta do grupo junto a Elise, nem se dava ao trabalho de faze-lo. Seus olhos escuros me fuzilavam de forma tão intensa que desviei o olhar depois de meio segundo.

América seguiu até a morena, parando-se encostada na janela ao seu lado. Seus olhos estavam sem foco, ela parecia longe tão longe dali. Kriss soltou minha mão, encarei-a confuso e fiquei ainda mais confuso quando ela seguiu até a ruiva. Não sei o que falou, mas elas sorriram e se abraçaram antes de Kriss voltar até mim.

-Ela vai ficar bem – ela sussurrou, sem desfazer o sorriso para as câmeras na nossa frente.

Mas ela estava errada, e céus, ela não fazia ideai de como estava errada. Meu pai caminhou até nós, felicitando a futura nora e dando tapinhas na minhas costas. Minha mãe ficou parada logo atrás dele, sorrindo para nós de forma distante, era como se nem mesmo estivesse ali.

As Selecionadas vieram aos grupos se reunir a nós, em grupos para nos cumprimentar pelo noivado e desejar felicidades a Kriss. Celeste não falou nada, apenas seguiu ao lado de Bariel parecendo contente demais em reencontrar a companheira de fofocas.

Não sei exatamente como, mas pouco depois meu pai estava com uma taça de champanhe na mão propondo um brinde a nova princesa de Illéa enquanto todos recebiam taças. Notei que seus olhos vagavam momentaneamente para América, se decepcionando ao vê-la perto da janela sorrindo ao brindar.

Meu olhos focaram-na, mas ela estava distraída demais conversando com Anna para notar, ela deu um gole no champanhe, parecendo apreciar o gosto por um minuto, fechando os olhos. Ela nunca mais abriu.

O mundo não ficou em câmera lenta. Na verdade, foi tudo rápido demais. O tiro cortou quebrou o a vidraça da janela, se chocando contra ela. A taça de cristas caiu no chão, se estatelando em mil pedaços. A portadora da taça caiu logo após está.

Seu corpo imóvel no chão. Seu vestido cor de céu. Seus olhos abertos de choque. Seu sorriso mais doce eternizado em seu rosto. Seus lábios cor de cereja curvados congelados no meio de uma risada.

Seus cabelos ruivos. Seu sangue. Se misturando um ao outro como se fossem uma coisa só.

Os gritos de Anna pareciam abafados demais para ouvir, Kriss também estava gritando, agarrada ao meu braço.

-Leve ela daqui – falei para o guarda ao meu lado, empurrando Kriss na sua direção, por todo o salão as garotas gritavam, correndo para todos os lados imagináveis, guardas com lenços vermelhos na cabeça atiravam enquanto outros levavam o restante das pessoas para longe.

Mas eu não conseguia me mexer, só conseguia ver seu corpo imóvel no chão. Não podia se verdade, não podia ser. Alguém que viveu de maneira tão forte como ela, não merecia uma morte como essa.

-Alteza, vamos – pediu um guarda ao meu lado, e desorientado o segui enquanto contornávamos a sala, com um pequeno séquito de guardas me escoltando e dando tiros. Dei uma última olhada ao corpo dela antes de sair do salão, seus olhos, mesmo frios, vidrados e sem vida, ainda sim eram seus olhos.

Corri em direção ao abrigo mais próximo que me lembrava, mas meus olhos estavam embaçados, cheios de lágrimas que eu queria ter a chance de derramar sobre seu corpo. Ela havia ido embora, para sempre. Kriss estaria a salvo, disso eu tinha certeza. Meu pais...

“Encontramos o rei” os gritos ecoaram pelos corredores. Era o fim para eles também, eu tinha certeza. Meu pai. Minha mãe. Eu podia ver seus rostos em minha mente como o dela, se perdendo na imensidão da morte sem nada além de um par de olhos de vidro encarando aqueles que ficaram.

Cai de joelhos no chão, sem saber o que fazer. Pensei que conhecesse todos os tipos de dor, físicas, emocionais e psicológicas. Nunca imaginei na minha vida que algo pudesse doer assim, como se meu corpo fosse explodir. Como se meu coração tivesse estourado e eu estivesse sendo inundado pelo meu próprio sangue.

Surpreso, percebi que desejava que qualquer outra tivesse morrido, não me importaria se outra vida fosse dada pela dela. Era egoísmo, mas era verdade. Eu não aguentava a sensação de te-la perdido para sempre.

-Ora, vejam só o que temos aqui – uma voz feminina, quase animalesca falou. Sem precisar olhar para cima eu sabia que era uma das rebeldes. Era o fim pra mim também. O fim que agora percebo, ansiei desde que vi seu corpo se chocar contra o chão. - Vossa Alteza Real!

Ela estava zombando de mim, mas e não me importava. Queria que me matasse logo apenas.

Eu não aguentava a culpa.

Se ela não estivesse perto das janelas. Se ela estivesse ao meu lado

Poderia ter sido outra. Qualquer outra, menos ela.

E tudo que me restava era me arrepender, agora e para todo o sempre.

De nem por um minuto da minha vida, tê-la feito definitivamente minha querida

Será que ela iria me perdoar? Será que ela estaria lá, esperando por mim? Será que haveria um futuro pra nós dois do outro lado da ponte que separava a vida da morte?

-Não vai doer nadinha alteza, eu prometo – a foz felina da mulher falou, senti o meta frio da arma contra minha testa e aceitei minha sentença.

Ergui os olhos para a mulher com a arma, ela parecia se divertir enquanto me encarava, mas o que me chamou a atenção foi o vulto ruivo atrás dela. Transparente, dava para ver o corredor por entre sua pele branca, seus olhos azuis como o céu de verão brilhavam de divertimento e seus cabelos ruivos voavam em volta dela. E ela sorria.

“Minha querida” gemi, não tenho certeza se falei de verdade ou se apenas pensei, mas a garota ruiva revirou os olhos e levou a mão a orelha.

O tiro ecoou na minha testa, e meus olhos foram tingidos por um brilho branco, cegando meus olhos.


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