A van parou em frente ao hotel e os cinco músicos desceram do veículo. Alguns conferiam a fachada do edifício, outros se prontificaram a ajudar os staffs com as malas, poucos esfregavam os outros para espantar o sono e havia Hayato, que sentia-se estranho por estar se hospedando em Yokohama, onde passou sua adolescência.

Os pais ainda moravam na tradicional casa em IzumiChūō, com o pai administrando o mercado da região; soube que a irmã estava trabalhando meio período numa kombini, o que para Hayato era uma ironia. Ele sempre teve a impressão de que sua irmã sempre pensava além do presente por isso duvidava muito que o trabalho na kombini fosse apenas para ter seu próprio dinheiro. Mesmo que o pai quisesse que o filho assumisse a administração, o vocalista tinha quase certeza de que a irmã passaria por cima dos ideais do patriarca e assumiria o mercado.

Seria justo, Hayato pensou enquanto se aproximava da janela do quarto do hotel. E puxando um banco alto que tinha no pequeno bar ao canto sentou-se para admirar a paisagem tipicamente urbana.

Um pouco além, mesmo distante, era possível reconhecer a silhueta da roda gigante do Cosmo World e o Landmark Tower na área de Minatomirai. Gostava daqueles lugares, só não gostava da altura deles. Diversas vezes foi até o Dockyard com Yuu apenas para assistir apresentações livres que às vezes aconteciam no local. Gostava de passear durante o natal quando tudo ficava mais iluminado. E gostava de passear pelo Jardim Sankei, que era muito melhor que o parque central de IzumiChūō.

Takeo se aproximou de Hayato estalando os dedos entre os olhos do rapaz.

-Onde está essa mente? -Ele perguntou se sentando numa outra cadeira de frente para o vocalista.

-Ah… -sorriu. -Não acha estranho estar hospedado em um hotel na sua cidade natal?

-hum… então é isso? -O guitarrista pensou por um instante. -Ainda não sei. Sou de Mie, não conheço muitas coisas de Kanagawa. Mas você é daqui não é?

Hayato assentiu com um sorriso.

-A uma hora de trem. Vir para o centro era diversão de final de semana, então parece estranho não ficar na casa dos meus pais…

-Sente falta? -estranhou. -Você não é brigado com seu pai?

-Sim. Não sinto falta por ele, mas é estranho… -Disse calando se por um momento pensando sobre o que Takeo havia comentado. O ruivo havia saído do interior para a cidade grande. Tokyo e Kanagawa tinham muitas coisas em comum, mas era muito diferentes e valia a pena conferir essas diferenças. -Quando você for meu namorado, te trago pra um passeio no Jardim Sankei. Não é distante daqui e é um ótimo passeio para os amantes. -riu.

-Isso é um convite? Podemos pular a condição de namoro e ir visitar… se rolar um clima ...

Hayato riu.

-Mais tarde teremos passagem de som e amanhã um show para realizar. Não acho que vai dar pra visitar.

-Nada que a gente não consiga com o riida, se pedir com jeitinho.

Hayato riu agradecendo ao amigo a sugestão.
Aquela sensação de estranheza acabou sendo abafada ao longo do dia pelo trabalho e agradecia em parte à Jack que o enchia de tarefas (além de verificar os microfones) e também à Takeo, que sempre tinha uma piada e uma cantada pronta. Foi passando a ultima música, observando Jin fazer um solo com o baixo que chegou à conclusão de que sua casa seria onde seus companheiros de banda estivessem. Uma conclusão tão óbvia e clichê que Hayato riu de si mesmo.