Caso: Izumi Hayato escrita por PSaiko


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Resposta ao desafio #11 do 15/30 de fevereiro."Uma cena em que um personagem vai ao psicólogo. Conte o que acontece em uma hora de consulta."

Quando eu imaginei esse desafio, pensei logo num personagem que tenho que é, digamos, revoltado com o mundo. Mas usei tantos personagens originais nesse desafio, que preferi não usar mais um. rs
Então escolhi o Hayato e sua paranoia eterna.



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Hayato já estava há um tempo na sala de espera do consultório. Estava ficando um pouco impaciente e por isso colocou os fones de ouvido para escutar algumas músicas. Seu horário já havia iniciado, mas o cliente anterior ainda estava em seção.

Ele não achava que realmente precisava de ajuda profissional, mas faria isso apenas para desencargo de consciência e se fizesse diferença no seu dia a dia, então continuaria, mas se não, seria a primeira e ultima consulta à um psicólogo.

A porta do consultório foi aberta e o cliente saiu cumprimentando o profissional que apareceu logo em seguida, como se fossem conhecidos de longa data e então Hayato ouviu ser chamado.

-Izumi-san, por favor. -o psicólogo disse escancarando a porta.

O vocalista entrou na sala olhando discretamente tudo ao redor. Era um ambiente agradável onde nada lembrava um consultório, procurou pelo tal divã que as pessoas sempre associam à profissão mas não o encontrou.

-Vamos, sente-se rapaz. -o profissional falou lhe oferecendo o acento de um sofá de dois lugares.

-...Cadê o divã? -Hayato resmungou um pouco mais alto do que o que gostaria arrancando um riso do doutor.

-Divãs são muito clichê. -ele respondeu se sentando numa poltrona de frente para o sofá. -Quero que se sinta a vontade então se quiser pode se sentar ou se deitar, como se fosse um divã.

-Desculpe… -sorriu sem graça pela gafe.

-Então, o que o traz aqui?

Aquela pergunta… Hayato queria dizer que “nada. Estou saindo”. Mas talvez ele devesse começar a sondar o profissional assim como ele o fazia.

-...meu namorado. -E encarou o psicólogo à procura de alguma reação que não aconteceu. O homem à sua frente continuava aguardando o motivo daquela consulta e o vocalista sentiu o rosto ficar quente naquele mutismo que preenchia a sala.

-... Você tem algum problema em se aceitar homossexual? -Ele perguntou seriamente quando percebeu que Hayato não diria mais nada.

-Não! Imagina! Não mesmo! Temos um relacionamento sério de anos. Estamos juntos e somos felizes juntos.

O psicólogo o olhou como quem pergunta “Então…?”

-É o amigo dele. -Hayato suspirou vencido, mas não conseguia encontrar palavras para explicar o que acontecia a respeito.

-Me diga, o que está sentindo agora?

-Estou me sentindo bem, obrigado. Só não sei como explicar isso.

-Não tente explicar. Só me conta.

-Eu odeio ele! -colocou pra fora. -Ele reapareceu do nada como se anos não tivessem passado, como se eles nunca tivessem sido separados, e ainda me trata como um caso qualquer do meu namorado! Não tem qualquer respeito pelas mudanças que o Takeo tenha sofrido, não tem respeito por mim nem quando fica sabendo que estamos num relacionamento sério. Ele é irritante e faz de tudo pra me tirar da razão! Toda vez que ele aparece, não tem um momento em que a gente não discute e quem acaba sofrendo com isso é o Takeo. E eu não quero que ele fique… -percebe que estava se alterando falando rápido, elevando a voz gradativamente. Suspirou para se acalmar um pouco. -Ele fica triste com isso e eu não quero mais essa situação. Por isso estou aqui...

-Esse seu amigo…

-Meu não. -Interrompeu. -Do meu namorado!

-Desculpe. O amigo do seu namorado… Ele parece querer um pouco de atenção.

-Nada! Ele quer irritar, isso sim!

O psicólogo sorriu compreensivo.

-Toda vez é a mesma coisa. Eu estou com Takeo, ele aparece e… bang! Discussão entre a gente, ofensas de um lado, ofensas de outro e Takeo triste por isso.

-Ele toma algum partido?

-Não… - resmunga. -Ele fica neutro e eu até prefiro assim. Pelo menos ele não fica do lado do loiro aguado.

-E por que você se altera com o amigo do Takeo?

-Porque por ele, o Takeo já teria me trocado há muito tempo.

-E você acha que o Takeo te trocaria?

-...hum..não... -resmungou.

-Então porque você se altera?

-Ah porque… -Hayato ficou sem saber o que falar.

Realmente não havia motivos pra ele se alterar tanto com Mikaru. O loiro tinha a própria opinião sobre quem quer que fosse e nunca era uma boa opinião, mas Hayato conhecia Takeo. Estava dando mais ouvidos para o que o amigo do namorado dizia do que para o que o próprio namorado dizia ou demonstrava.

“...Não tem qualquer respeito pelas mudanças que Takeo tenha sofrido...”

O vocalista percebeu que estava fazendo exatamente o que ele acusava Mikaru de fazer.

-Eu sou um bosta… -concluiu.

-Não precisa se depreciar Izumi san. -o psicólogo sorriu. -Mas talvez se você se lembrar disso sempre que perceber que está ficando irritado...

-Entendo…

-Ele é seu namorado, mas não vamos dizer que você não deve ficar chateado se ver que alguém está dando em cima dele. Mas se ele mesmo não demonstra corresponder, porque você precisa se alterar?

Hayato sorriu com uma pontinha de ironia. O 'cara' estava certo, mesmo que eles não se conhecessem direito… Hayato precisava para de ser paranoico.
Num gesto inconsciente levou os dedos até o lábio inferior começando a beliscá-los e arrancar a pele. O psicólogo fez uma anotação a respeito daquele gesto e continuou observando o músico que parecia imerso em suas próprias conclusões.

Takeo nunca dava além do que aquelas cantadas bobas para as fans, algo que era claramente uma encenação. Ele era sempre agradável com as pessoas que apoiavam a banda e quando alguém exigia um pouco mais, o ruivo sabia cortar a pessoa sem ser rude. Se as coisas que Mikaru falava e irritava Hayato fossem verdades, com certeza Takeo já teria cortado o loiro. Mas ao contrário o ruivo não tomava partido e às vezes achava engraçado parte da implicância dos dois.

Hayato respirou fundo. Precisaria praticar mais a paciência.

-Pronto pra tentar fazer diferente, Izumi san.

O rapaz concordou com um aceno.

-Pode… pode me chamar de Hayato. -Disse um pouco tímido fazendo o profissional sorrir daquele jeito compreensivo novamente.

Os dois se levantaram e o psicólogo o acompanhou até a porta enquanto lhe passava mais algumas instruções.

-Estou aqui nas quartas. É um bom dia pra você? Entendo que ser músico às vezes não nos deixa com muitas brechas na agenda, mas se puder continuar vindo, ficarei contente de saber como está sendo seu progresso.

Espera” Hayato pensou parando com metade do corpo fora do consultório. “Eu não disse que era músico” e encarou o psicólogo com o cenho franzido num pergunta muda.

-Tenha uma filha visual key. -Ele respondeu encolhendo os ombros e sorrindo divertido. -Você será capaz de reconhecer os músicos que ela gosta.


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Notas finais do capítulo

... Eu acabo dramatizando as coisas. =_=
Ainda acho que o revoltado com o mundo ficaria mais engraçado...



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