Além do seu Olhar escrita por Miimi Hye da Lua, Incrível


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

KATRINA? ROMERO BRITTO?
É, eu não podia começar o capítulo de uma forma pior hahaha. Eaeee, humanoides, tudo bem? Juro que estava com saudades dessa telinha de 'novo capítulo'. ENTÃAAAAO, acho que esse é o maior capítulo da minha vida, e, talvez o mais fofo.
Quero agradecer e dedicar esse capítulo a Lê Zógob, que recomendou nossa Fic. Sério, pessoa, muito obrigada pela recomendação que deixou meu rostinho (aquele que está na minha foto de perfil) dolorido. Ficou doendo, mas valeu a pena. Milhões de 'obrigadas' a você. Também agradeço a Jortini Fanática (essa mina é da zoeira) que favoritou a fic. Ah, e EU OUVI BOATOS DE QUE NESSE CAPÍTULO TEM BEIJO LEONETTA. hahahahahahahaha. Amo vocês pessoinhas do meu coração.



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— Eu não estou, mas você parece que sim — provoquei.

— A questão não é essa, Vilu — desviou do assunto, abaixando seu tom de voz.

— Então qual é a questão, León?

— A questão é que... — começou.

— Sim?

É... Sabe? A questão é... — arqueei uma sobrancelha — Tá, eu confesso — jogou os braços para o alto — senti ciúmes, sim, de você — concluiu. Ri, um pouco, sem graça.

— Por que sentiu ciúmes de mim? Não gosta da cena do Tomás e eu juntos, de mãos dadas?

— Quer saber a verdade? — perguntou, se aproximando. Assenti. — Odeio quando ele se aproxima de você. Além disso, só eu posso te abraçar e segurar sua mão.

Uii, quem você é agora? Meu pai? Meu namorado?

— Sou seu cavaleiro charmoso — brincou — e seu melhor amigo.

Sorrimos um para o outro, além de que estávamos relativamente próximos. Ele se aproximou e me tomou em seus braços, me abraçando fortemente e enterrando sua cabeça em meus cabelos. Sentia sua respiração quente no meu pescoço.

— Por que a gente briga por coisas idiotas? — indagou, rindo fracamente.

— Me diz você, cavaleiro charmoso — sussurrei, próximo ao seu ouvido.

Estava tão bom e confortável ficar com minha cabeça apoiada em seu ombro, que a ideia de me afastar parecia tão ridícula e absurda. Infelizmente, me lembrei de que tínhamos uma competição para ganhar e voltei à realidade, me separando de León.

— Então — intervi, quebrando o climinha —, eu tive algumas ideias pra parte final da coreografia.

— Ah, eu também tive.

— Ótimo, vamos lá.

Nossas ideias, de alguma maneira surpreendente, se mesclaram de forma exorbitante. A complexidade dos passos que compunham a coreografia deixaria o público empolgado. O ensaio foi bem profissional, tirando a parte em que León se atrapalhou comigo e nós dois fomos parar no chão.

Ajudei-o a levantar. No começo, ficamos nos encarando, mas depois caímos na risada.

— Vamos ensaiar uma última vez, desde o começo? Nosso horário já está acabando — falou León, quando paramos de rir.

— Claro. Let's go, baby — pisquei pra ele, que imediatamente, sorriu. — E, por favor, se cair, não me leve junto.

— Vou tentar — falou.

À noite, meu pai me proibiu de entrar no quarto das 18h às 22h. Ele queria que Jade e eu passássemos um tempo juntos. Até tentei o contrariar, mas ele acabou vencendo, e eu tive que ouvir Jade falar do seu irmão, pai, primo, vizinho por 2 horas sem parar. Era estranha a capacidade que aquela mulher tinha de falar sem respirar em nenhum momento. Nas duas horas restantes, assistimos a um filme antigo de romance que a própria Jade escolheu.

— Está acordada, Vilu? — perguntou meu pai, fazendo-me abrir rapidamente os olhos, que havia fechado e nem tinha percebido.

Si... Sim, pai. Muito interessante esse filme — menti. Não fazia ideia do que se tratava o filme.

Talvez eu estivesse, sim, olhando a televisão, mas minha mente estava em outra coisa, em um ser — não tenho certeza se humano —, mas incrivelmente lindo e maravilhoso, que faz meu coração acelerar quando sinto seu toque ou ouço sua voz.

Uma melodia me tirou do Planeta Vargas, e descobri que alguém ligava para o meu celular. No identificador de chamadas, vi o nome de Fran.

— O que eu falei a respeito do celular, Vilu? — advertiu meu pai.

— Que eu posso atender as chamadas de emergência, tipo essa? — perguntei cínica.

— Quem está te ligando?

— A Francesca.

— A sua amiga ruiva?

— Essa é a Camila, pai. Fran é a italiana de cabelos negros.

— Eu jurava que essa era a Camila — confessou.

Meu celular parou de tocar, provavelmente por eu ter demorado a atender. Porém, trinta segundos mais tarde, ele começou a tocar, e novamente era Fran.

— Então, posso atender minha amiga, ou não?

— Pode — deixou, não muito contente.

Dei um salto ninja do sofá e corri para o jardim dos fundos.

— Celular da garota mais linda do mundo, quem gostaria?

?! Estou falando comigo mesmo? Como isso é possível? — brincou Fran, do outro lado da linha.

— Muito engraçado, Francesca. Mas então, seja rápida porque estou assistindo um filme muito legal com meu pai e Jade.

Aham — concordou irônica. — Qual o nome?

— O nome? — perguntei. Ela respondeu com um murmúrio positivo. — Nome do que? — enrolei.

— Do filme, Violetta.

— Que filme? — indaguei rindo.

— Vai pra merda, okay?

— Agora é sério, o que foi?

— Nada demais, só: você, Cami, eu, hoje, festa do pijama, filmes legais, besteiras?

— Eu realmente adoraria, amiga. Vou insistir para o meu pai, monta a torcida aí.

— Pode deixar. Boa sorte, te ligo daqui a pouco.

— Tudo bem.

Abri o sorriso mais meigo e fofo que consegui e entrei para falar com meu pai.

— Papai, Jade! — comecei.

— Violetta — responderam, me olhando.

— Então, pai, Fran me chamou para dormir na casa dela hoje. Deixa-me ir, por favor?

— Não — respondeu.

— Por favor, pai. Eu quero muito ir.

— Não, Vilu.

— Pai, por favor.

— Vai ter meninos? — perguntou.

— Não, só Cami, Fran e eu.

— Deixa a coitadinha ir, meu amor — interviu Jade.

— É, pai! — insisti.

— Tá bom. Vá arrumar suas coisas e daqui vinte minutos eu te levo até lá.

Soltei um grito que entoou pela casa inteira. Agradeci de joelhos meu pai, e pela primeira vez, sorri de verdade para Jade.

+++

— Obrigada, senhor Germán — falou Fran, quando cheguei em sua casa.

— Por nada, Camila. — Respondeu sorrindo. Abaixei minha cabeça, segurando o riso. — Tchau, Vilu. Se comportem.

— Tchau, pai! — respondi. Ele deu ré no carro e foi embora.

Caímos na risada quando ele já estava longe.

— Ele realmente não aprende — reclamei.

— Pois é — concordou. — Vamos, Cami está fazendo brigadeiro.

— Oh, delícia.

Entrei na linda casa de Fran e fomos para cozinha, onde Cami comia o brigadeiro escondida. Pegamos ela no flagra e a deixamos de castigo, sem Fini.

Subimos para o quarto com um estoque de salgadinhos, Fini, refrigerante e brigadeiro.

Fran colocou um filme, mas não nos disse o nome ou o gênero. Desligamos as luzes e fechamos a porta do quarto. Ficou tudo muito escuro. Nos arrumamos na grande cama de Francesca — Sério, a cama é bem grande —, e atacamos o brigadeiro. O filme desconhecido começou e eu quase morri nos dois primeiros minutos dele.

— Você colocou de terror, sua escrota? — indagou Cami, nos fazendo rir.

— Sim, amore.

— Eu odeio filmes de terror, vou ter que dormir contigo, Fran.

— Credo! Chama o Broduey, ou o León — disse Fran, me olhando, talvez para ver minha reação.

— Posso? — pediu maliciosa.

— Não, não vai chamar ninguém, sua safada — disse eu. — E eu que vou escolher o próximo filme.

Depois de muitos sustos, gritos, xingamentos à Francesca (por parte de Camila) e devorarmos metade dos pacotes de salgadinhos, Cami e eu escolhemos um filme de romance que nos fazia suspirar de tão fofo.

— E pensar que Diego é tudo isso e muito mais — esfregou a italiana na nossa cara.

Blerg! — resmunguei.

— Preciso ir ao banheiro.

— Fazer o que?

— Vomitar de tanta fofidão neste local — Fran fez um bico triste. — Brincadeira, eu estava segurando o número 1, agora que acabou o filme, posso ir. — Rimos.

Quando Cami saiu, meu celular vibrou , indicando uma nova mensagem. Peguei ele e o desbloqueei. A mensagem era de León, e dizia:

"Boa noite, minha princesa. Atenciosamente, seu cavaleiro charmoso :) "

Sorri que nem uma boba, tanto é que minhas bochechas estão doendo até agora.

Huuuuum — murmurou maliciosa a pessoa que quer morrer cedo, minha amiga. — Minha princesa, cavaleiro charmoso? — repetiu as palavras de León.

— Longa história — pisquei.

— Vilu, acho que você deveria abrir o jogo com Cami.

— Por que você acha isso?

— Deixa-me ver — pensou, mirando o teto. — Brevemente, você e León ficarão juntos, e se amarão muito.

— Virou vidente?

— Não. É só observar os dois juntos que dá para perceber. — Senti minhas bochechas queimarem, Abaixei a cabeça envergonhada.

Acho que me apaixonei loucamente por aquele mané, pensei rindo.

Cami entrou no quarto, me assustando. Olhei para ela, aturdida.

— Que foi, Vilu? Eu não sou igual aquele fantasma do filme, não. — Brincou.

— Cami, preciso te dizer uma coisa importante, senta aí — falei séria. Ela me obedeceu. — Quero dizer primeiramente que foi inevitável e que isso não estava nos meus planos.

— Ai, meu Deus, Vilu! — Exclamou me olhando atônita. — Você está grávida? — indagou.

— O que? — gritei. — Por que eu estaria grávida, Camila? — gritei.

"Isso não estava nos meus planos" — repetiu, fazendo uma imitação horrorosa da minha linda voz.

— Eu não estou grávida — certifiquei.

— Ainda não — zoou Fran. Dei-lhe um belo tapa no braço que doeu até em mim.

— Acontece que eu... — Parei. Meu coração estava muito acelerado, devido à adrenalina no meu sangue.

— Você?

— Eu estou...

— Fala logo, Violetta — pediu Francesca, irritada.

— Tá bom. Eu estou apaixonada pelo León, Cami, e não pelo Tomás.

Cerrei meus olhos, não desejando ver a cena seguinte: meu possível velório.

Por cinco segundos, nada aconteceu, então abri devagar um olho, depois o outro, e olhei Cami, que possuía uma expressão indecifrável em seu rosto. Ela estava paralisada e ainda me olhando, só que profundamente, o que cooperava bastante com meu medo.

— Cami?! — chamou Fran, cutucando-a. — Acorda, moça!

— Oi? O que foi? — perguntou confusa, saindo de seu estado de choque.

Fran e eu olhamos para ela, buscando uma resposta para sua reação.

— Ah, eu... Eu acho que eu saí do mundo por um instante e... O que você dizia, Vilu?

Até tentei dizer algo, mas nada saia. Mirei Fran em busca de socorro e, por sorte, ela me compreendeu e falou calmamente para Cami:

— Bem, han... Cami, Vilu disse que está apaixonada pelo León.

Quando ela finalmente digeriu o poder das palavras que haviam sido repetidas por Fran, me olhou perplexa, como se não entendesse, igual quando disse que León gostava de Ludmila.

— Ah... Uau! Eu não sei... Não sei bem o que dizer sobre isto — começou. — Vilu, foi por isso que me pediu para desistir dele? Por que quer ele pra você? — acusou.

— Não, Cami. Olha, eu juro, não sabia que estava apaixonada por ele, disse que León gostava da Ludmila porque ele me contou, de verdade. Sabe, acabamos nos tornando íntimos, além disso, eu nunca te faria algo assim. Você é minha amiga e eu não deixaria um garoto estragar isso — expliquei de coração aberto.

A acusação de Cami foi como um belo soco na boca do meu estômago. Será realmente que ela pensa isso de mim?

— Vou ser sincera, Vilu — falou. Minha testa começou a soar. Sabe quando vem aquele nervosismo repentino? Pois então. Ela sorriu para o nada e continuou — Eu nunca gostei do León, pra valer. No começo, eu senti uma atração, sim, aquelas que deixam seu coração acelerado e suas pernas bambas, como uma garota de 11 anos que gosta do seu primeiro crush. Por isso, eu pedi para você se aproximar dele, e tudo mais. Mas então, vi que você gostava dele, e pude concretizar isso no dia do show, a maneira que você o olhou e sorriu, ou quando ele te fitou. Uau! Dava pra sentir a química no ar. Tudo não passou de um plano nosso — aprontou para Fran — para juntar você e o amor da sua vida. E olha, está dando certo. Além disso, Broduey se declarou pra mim, e desde então, ele tem sido fofo e atencioso comigo. Está até aprendendo a cozinhar.

Nossa! Era muita informação para processar em poucos segundos. Minha cabeça estava em completo caos. Tudo não passou de um plano para juntar León e eu? Mas como?

Isso é impossível.

— Espera — pedi. — E todos aqueles olhares para León? Ou quando você praticamente se jogou em cima dele e quase o beijou?

— Não foi difícil fingir que estava gostando dele. León é o cara perfeito, mas não pra mim — revelou e riu levemente. — Eu ainda não acredito que deu certo. Eu pensei que você descobriria a qualquer momento.

— E quando você foi à enfermaria?

— Pablo me pediu para avisar que o ensaio ia continuar, mas tinha que parecer algo mais óbvio, então inventei aquilo.

Me joguei na cama de Fran e fiquei fitando o teto, com um sorriso bobo.

— Por que fizeram isso?

— Lembra na audição dos meninos? — perguntou Fran. Concordei com a cabeça. — Então, desde lá eu vi que você sentiu algo pelo Vargas, quando você sorriu e rolou aquela troca de olhares. Daí, falei com Cami, e bolamos esse super plano. Vilu, você não ia se aproximar nunca dele, não tínhamos certeza se ele ia passar no Studio, e nem sabíamos que ele ficaria em todas as aulas com você.

— E quando esse plano teve fim?

— A partir do momento que a Fran falou "acho melhor você abrir o jogo com Cami", e a nossa encenação foi um improviso — explicou.

Uau! Eu ainda não sei o que dizer disso tudo. Vocês são as amigas mais doidas desse planeta, além de boas atrizes — falei.

— Sabemos disso — disse Fran, convencida. Ri da cara que ela fez. — Vamos conversar sobre o novo casal do Studio ou vamos dormir? Estou me referindo à Camila e Broduey.

— Eu realmente queria falar sobre o novo casal maravilhoso, mas estou cansada, e com a cabeça cheia de revelações, então, acho que vou dormir.

— Não, você não vai dormir. Nós vamos falar sobre eles, Violetta — ordenou.

Revirei meus olhos e passamos as próximas 3 horas ouvindo sobre Broduey e suas inúmeras qualidades.

+++

Sonhei que estava sentada em uma linda praça, de frente para um lago, e o dia estava radiante. O sol brilhava extraordinariamente e nenhuma nuvem cobria o céu. Um vento forte passou por mim e levou algumas partituras que estavam no meu colo, me levantei desesperada. Sentia que aquelas folhas eram importantes para mim. Mas assim que corri, esbarrei em um garoto. León. Ele sorria de uma forma diferente, e em suas mãos estavam as folhas que voaram. Sorri para ele.

—Sabia que eu amo seu sorriso — confessou. Abracei-o fortemente.

Quando nos separamos, León pegou minha mão suavemente e me conduziu de volta para o banco onde eu estava.

Não havia notado, mas ele estava com um violão em suas costas. León arrumou o instrumento e começou a cantar para mim, olhando em meus olhos:

Descubrí sobre mi espejo
Que hay más que el reflejo que me da
No hay manera de esconderlo
No hay razón que le gane el corazón

Descubrí que existe el miedo
Y noté que no me deja soñar
Y hoy tal vez sea el momento exacto
Para saltar tomados de la mano
Ni un minuto más, sé que puedo soñar

Hoy quiero cantar, decreto el sueño real
Sé que podemos confiar y nada nos detendrá
Hoy quiero cantar, y el miedo no volverá
Porqué mi ángel guardián sabrá el camino a tomar.

Acordei agitada e tão animada, que acabei caindo no chão, batendo meu rosto, mas me levantei rapidamente e gritei:

— Eu tenho o resto da música, não acredito! Eu tenho o resto da música!

Fran e Cami acordaram que nem zumbis, os olhos vermelhos e a aparência horrível.

— O que foi, Violetta? — indagou Cami, sonolenta e brava.

— Eu tenho o resto da minha música! Preciso de um papel, rápido.

— Tem papel em cima daquela mesa, agora cala a boca e nos deixa dormir — reclamou Francesca.

Escrevi a letra, que havia ficado em minha mente. Deitei novamente na cama, mas não consegui dormir, fiquei repassando o sonho várias vezes na minha cabeça. E, apesar de ser um sonho, sentia borboletas voando no meu estômago.

Às 7h40, o despertador de Francesca começou a tocar e fomos obrigadas a acordar.

Enquanto estava no banheiro, tomando meu banho, meu celular tocou, indicando uma nova mensagem. Depois que saí e me troquei, olhei a mensagem, que novamente era de León.

León: Hey, será que consegue levar Cami à sala de dança logo que chegar? Mas não conte nada pra ela– 8h07

León: Ah, e bom dia ^^ – 8h08

Respondi que conseguia, sim. Tentaria, pelo menos.

Nós tomamos café e seguimos para o Studio. No caminho, ficamos conversando mais sobre Camila e Broduey. Cami disse que eles ainda não estão namorando oficialmente, mas tudo era questão de tempo.

Quando entramos, bolei rapidamente um jeito de levar Cami para a sala.

— Acho que esqueci uma coisa na sala de dança, meninas. Espero que ainda esteja lá.

— O que é? — perguntou Cami.

— Uma... Uma caneta.

— Uma caneta? Por que você leva uma caneta pra sala de dança? — foi a vez de Fran.

— Na verdade, foi León quem pediu, pra anotar algumas coisas da nossa dança. — Elas concordaram.

Abri a porta e me deparei com a banda dos meninos, porém, eles estavam todos arrumados e sem roupas adequadas para aula de dança.

— Vai, cara, agora é ela. Juro — falou León, assim que me viu.

Broduey estava de costas, mas assim que León falou, virou na nossa direção.

León e Diego começaram a tocar violão, Broduey começou a cantar Te Fazer Feliz olhando fixamente para Cami, que estava tímida e surpresa. Andrés e Maxi faziam um pequeno coro. Fran e eu empurramos Cami à força para o meio da sala. Ela nos lançou um olhar "assustado", querendo voltar atrás, mas não deixamos.

Olhei para León. O mesmo estava distraído, olhando para o violão, mas quando levantou seu olhar, me olhou. Ele piscou pra mim com um sorriso lindo, mostrando suas covinhas que me derretiam por completa.

Broduey foi até Cami e a puxou para uma dança não sincronizada, contudo, era fofa. León e eu mantemos nossos olhares, até que a música acabou e ele correu pra pegar algo que estava no canto da sala. Quando o fez, entregou a Broduey. Constatei que era um buquê de rosas vermelhas e uma carta.

— Cami, eu nunca tive coragem de me declarar pra você, até que aqueles seres chegaram — apontou para León e Diego — e me obrigaram a fazer isso — todos que estavam na sala riram. — Eu quero dizer que te amo, e estou apaixonado por você desde quando nos conhecemos. Você é uma garota incrível e eu quero te fazer feliz. Cami, você quer namorar comigo? — perguntou, se colocando de joelhos.

Os meninos sorriam, León e Diego estavam abraçados, fingindo que estavam chorando.

— É o nosso garoto — disse León.

— Não acredito que ele cresceu tão rápido — brincou Diego.

Estávamos esperando uma resposta de Camila, que parecia estar prestes a desmaiar a qualquer instante.

— Bro... Broduey — começou, gaguejando muito —, eu aceito! — falou por fim.

E vocês já sabem, teve aquela agarração toda, eu saí da sala, acompanhada do meu melhor amigo, que estava maravilhosamente lindo com uma calça caqui e uma camiseta preta.

Fomos para aula de Angie, contamos a novidade de Cami pra ela, depois fomos para aula do Beto, e fiquei conversando com León.

Quando as meninas e eu estávamos saindo do banheiro, ouvimos Ludmila entrando com Naty, e rapidamente nos escondemos em uma única cabine. Tudo isso porque a loura falava de León.

— Eu não sei, Naty — falou. Seu tom de voz era tão diferente, nem parecia a mesma Ludmila que conhecemos. — Acho que estou gostando de verdade do León, como nunca gostei de alguém antes.

— Eu não acredito — disse Naty, empolgada.

— É, nem eu. Ele é tão fofo, e carinhoso, bonito, talentoso. León é tudo o que quero.

Senti uma coisa que nunca havia sentido antes, vontade de pular no pescoço de Ludmila e enforcá-la. Também conhecemos por ciúmes. As meninas me olharam e eu não decidi esconder ou fingir que estava tudo normal quando não estava.

— Uau! Nunca te vi desse jeito — revelou Naty. — León faz milagres — brincou, soltando uma leve risada.

— Mas tem um porém — continuou a loura. — Acho que León não sente o mesmo.

— Sério? Por quê?

— Por causa dela.

— ‘Dela’ você se refere à Violetta? — indagou.

— Sim. Acho que León gosta da Violetta — explicou triste.

— E por que acha isso, Ludmi?

— Não vê a maneira que ele a olha? Ele nunca me olhou daquele jeito. Além disso, toda as vezes que ela o olha, ele sorri que nem um... — a voz de Ludmi foi ficando baixa, ouvimos o barulho da porta abrindo e logo se fechando.

Saímos da cabine sem dizer uma palavra, estávamos surpresas pelo que acabamos de ouvir: Ludmila gostava realmente de alguém, e justo da pessoa que eu gosto.

— Acho melhor irmos para aula — sugeriu Cami.

+++

— Agora me conte, onde esteve depois do almoço, senhor do mistério? Você não voltou para o Studio.

— Isso você terá que descobrir sozinha, fofa — respondeu León.

Murmurei algo que nem eu fui capaz de ouvi.

— Nós vamos ensaiar hoje, ou não? — perguntei.

— Opa, claro que vamos. — falou animado. — Hey! Será que você pode me encontrar no lugar onde comemos Fini, às 17h?

— Posso, claro. Por quê?

— Isso é surpresa. Ah, e leve algo que você considera muito especial e importante pra você, okay?

— Okay.

— Até 17h, Vilu — disse, desligando a chamada.

Voltei para minha casa, não tinha mais nada que fazer no Studio.

Fui para meu quarto, sentei na ponta da minha cama e pensei o que poderia ser especial e importante para mim. Observei cada objeto que tenho, algumas fotos com as meninas, a rosa que León me deu. Eu poderia levá-la, mas isso é algo que ele conhece e eu queria mostrar uma coisa exclusiva.

Meus olhos se focaram no guarda roupa, aliás, em cima dele. Peguei um banquinho e subi. Além da espessa camada de pó, meu caderno de desenho e um lápis antigo estavam lá. Sorri.

— Quanto tempo, velho amigo.

Peguei o caderno, assoprei-o para tirar um pouco do pó. Procurei um pano e passei, tirando por completo o resto.

O folheei, e uma sensação nostálgica me tomou. Vários desenhos de Madrid, Barcelona e apenas um de Buenos Aires ocupavam as brancas folhas.

Aprendi a desenhar sozinha mesmo, quando não tinha nada o que fazer. Mas depois que a música entrou na minha vida e que me senti completa com ela, deixei o desenho. Ninguém sabe que desenho, e León descobrirá hoje. Quero que só ele saiba disso, saber desenhar e deixar em segredo torna especial para mim, porém queria compartilhar com ele.

Tomei um banho, e coloquei uma roupa bonitinha. Passei uma maquiagem leve e chequei as horas: 16h35.

Fui para o piano da sala, e lá, fiquei cantando várias músicas do ano passado e relembrando alguns momentos.

Quando voltei a olhar o relógio do celular, eram 16h57. Saí às pressas da minha casa com uma bolsa contendo o caderno, uma caneta e um lápis.

Cheguei ao lugar combinado, procurei León em todas as direções possíveis. Achei seu carro a alguns metros e fui até ele. Nenhum sinal dele dentro. Pelo reflexo do vidro do passageiro, vi um garoto sorridente atrás de mim.

— Até que fim, Vilu — falou me olhando através do vidro. — Queira entrar na minha carruagem, donzela.

León abriu a porta para mim, eu entrei e ele contornou o carro, entrando no banco do motorista.

— Para onde está me levando?

— Isso também é uma surpresa, portanto, terei de colocar esta venda em seus olhos.

— León — protestei —, isso é sério?

— Muito sério, Vilu. Mas tenho certeza de que vai gostar — falou, com um ar misterioso, e um pouco sombrio.

Ele tirou a venda de um bolso da sua calça e me deu, coloquei, relutante.

— Quem apagou a luz? — brinquei. Ele soltou uma leve risada pelo nariz.

Cinco segundos depois ele ligou o carro, e em dez segundos, estávamos andando por algum lugar que eu não tinha nenhuma noção.

— Eu tenho um hobby estranho — falou.

— Sou digna de sabê-lo?

— Sim — confirmou. — Sabe, eu gosto de procurar lugares desconhecidos por Buenos Aires, e já achei vários. Alguns eu compartilho com Diego, outros são apenas meu, e esse para qual estou te levando, se tornará nosso.

Uau! Como todas as vezes que León falava algo desse tipo, e dessa vez não foi diferente, meu coração acelerou de uma forma, que pensei que sairia, sem mais nem menos, pela boca. Eu desejava que a venda cobrisse minhas bochechas, pois tinha certeza de que elas estavam vermelhas.

Não fazia ideia de quanto tempo estávamos na estrada, só sei que depois de muitas curvas, tanto para direita e esquerda, ouvirmos e cantarmos muitas músicas, León parou o carro.

— Chegamos — abri um sorriso satisfeito. — Mas isso não quer dizer que você pode tirar a venda — fechei meu sorriso.

Ele saiu do carro, logo abriu a minha porta, pegou em minha mão e me guiou delicadamente para fora. Vargas ativou o alarme e seguimos.

— Tem uma descida aqui, se quiser eu posso te levar no colo, para não cair.

Han... — comecei, desconsertada. — Tudo bem.

Senti um braço rodeando minhas pernas e outro, apoiando minhas costas. Passei cegamente meus braços ao redor de seu pescoço, mas acabei atingindo sua boca. Começamos a rir igual dois idiotas.

Três minutos depois, ele me colocou no chão e distanciou-se um pouco.

— Já posso tirar? — perguntei mais uma vez.

— Só um minuto — pediu.

Senti seu perfume com intensidade, e conclui que León já estava atrás de mim. É impressionante a capacidade que ele tem de se aproximar sem fazer um único barulho ou ruído. Ele me girou na direção contrária a que estava.

— Preparada? — perguntou baixinho. Concordei com a cabeça.

León tirou minha venda calmamente, sua mão roçou de leve em minha bochecha.

Uma visão maravilhosa me foi proporcionada. Um lindo pôr do sol estava estampado no céu, mas além disso, uma cópia perfeita estava refletida no lago abaixo. Percebi que estávamos debaixo de uma árvore, devido à sombra produzida pela mesma. Desviei minha atenção para cima, e encontrei uma árvore cheia de pétalas vermelhas.

Tudo era tão perfeito.

— León, esse lugar é maravilhoso — suspirei encantada com tamanha perfeição diante dos meus olhos.

Vargas colocou suas mãos em meus ombros e beijou meu cabelo.

— Eu sei, e é nosso — sorri.

Ele tirou suas mãos de mim, ia virar, porém ele se prontificou:

— Calma, continua assim.

Um de seus braços passou por mim, enquanto o outro puxava suavemente meus cabelos para o lado.

— Segura aqui, por favor — pediu. Segurei meu cabelo, como ele havia pedido.

Senti algo gelado passando por meu pescoço e deduzi que era um colar. León passou por mim, ficando na minha frente. Tomou minhas mãos para si, e as segurou carinhosamente.

— Quero te prometer uma coisa — começou, olhando em meus olhos. — Vilu, olha... Não importa o que aconteça no futuro, não importa quanto tempo passe, eu sempre, sempre, sempre serei seu amigo, e você pode confiar em mim independente de qualquer situação. Eu prometo que sempre estarei ao seu lado, e te protegerei de qualquer coisa — completou com um pequeno sorriso tímido.

— Por que está me dizendo isso? — indaguei um pouco confusa, mas mesmo assim, amando suas palavras.

— Eu não sei. Só quero que confie em mim, porque eu estarei aqui, com você, sempre ao seu lado.

Não havia necessidade de mais palavras para aquele momento, então apenas passei meus braços ao redor de seu pescoço e o abracei com todas as minhas forças. Não fazia ideia do que estava sentindo naquele momento, era um aglomerado de emoções, sentimentos e sensações, que eu só desejava ficar ali, o abraçando. E assim ficamos por segundos, ou talvez minutos.

Quando nos separamos, León me disse que ainda tinha mais uma coisa, mas era pra eu permanecer do jeito que estava: de frente para o lago.

Olhei para o colar que havia acabado de ganhar, passei a mão no pingente, tentando descobrir o que era, mas sem sucesso, então o olhei, e vi o mais lindo L da minha vida.

L de linda? — perguntei brincando, ainda de costas.

— Era pra ser de León, mas linda também serve.

— Vou aceitar como um elogio.

— Mas foi um — falou. Alguns segundos depois, ele completou: — Pronto, pode virar.

Virei-me calmamente na direção da sua voz, e o encontrei com uma câmera profissional e um sorriso enorme em seu rosto.

— O que está fazendo, León Vargas? — perguntei, quando ele deu vários cliques no botão da câmera.

— Tirando sua foto de verão — respondeu de um jeito doce. Sorri meio boba. — Isso, perfeito — falou.

— Você fez curso de fotografia, também?

— Apenas duas aulas. Mas aprendi bastante.

— Posso tentar?

— Claro — respondeu. Ele me entregou a câmera. — Aproveita para tirar foto do sol... — apontei a câmera para ele e disparei várias fotos — Ei! Minha não.

— Sua sim — continuei tirando.

Tiramos muitas fotos, e de várias coisas, até que cansamos.

Não sei se foi por falta de atenção, mas só vi o banco quando León me convidou para sentar. No mesmo, estavam dois pacotes médios da Gardenlife.

— Hoje tem um pra cada, e eu vou poder comer o meu próprio donut. — disse feliz.

— Uffa, não vou ter que dividir o meu com certas pessoas — brinquei.

Haha — expressou, mal humorado. — Então — começou León, quando terminamos nossos lanches —, o que você trouxe de especial? Estou muito curioso para saber o que tem dentro dessa bolsa — falou um pouco malicioso.

— Verdade, havia me esquecido — disse eu. — Assim como esse lugar, o que vou te mostrar somente nós dois saberemos, e será algo nosso.

Ele sorriu e abaixou a cabeça, envergonhado. Tirei o caderno e o lápis da bolsa.

— Eu desenho — revelei, pela primeira vez a alguém.

— Sério? — perguntou. Assenti. — Isso é incrível, Vilu — sorriu. — E você nunca contou isso para ninguém?

— Não — respondi. Ele fez uma cara de interrogação, me prontifiquei — Eu comecei a desenhar quando meu pai ainda era um ditador nazista e eu não tinha nada pra fazer na Espanha, mas depois que me mudei para Buenos Aires, conheci a música, e nunca mais voltei a desenhar. E, sei lá — dei de ombros —, não sei porque nunca contei a ninguém.

— Só nós dois sabemos disso, então? — concordei de novo. — Gostei.

— Posso desenhar você? — pedi, um pouco sem graça.

— Claro, será um prazer.

— Mas não liga se ficar feio, faz tempo que eu não desenho, devo estar péssima.

— Tenho certeza que não.

Aproximei-me um pouco de León. Observei todos os seus traços e expressões, e cada vez que o olhava, ele parecia mais bonito do que antes.

— Sorria — pedi. — Você fica mais bonito assim.

— Para, sou tímido — brincou. — Obrigado — e por fim, abriu seu sorriso maravilhoso.

Comecei a fazer algumas linhas, traços e curvas, e logo, o lindo rosto de León Vargas estava desenhado a lápis na folha, antes em branca.

León e eu ensaiamos nossa dança por meia hora, até que começou a ficar escuro e ele resolveu me levar de volta.

— Quer que eu coloque a venda de novo? — perguntei.

— Não — riu. — Não precisa, agora eu quero que decore o caminho, e sempre que quiser ficar sozinha, é só vir aqui.

— É sério que somente nós conhecemos aquele lugar incrível?

— Pelo que sei, sim.

— Eu acho isso impressionante.

— E eu, fascinante — riu novamente.

+++

Minha quinta-feira foi um tanto diferente. Chegando ao Studio, eu descobri que fomos dispensados de todas as aulas.

León e eu toda hora trocávamos de sala para podermos ensaiar a dança. Eu diria que estava muito boa nossa coreografia. E estávamos fazendo tudo certo. A parte mais complicada, na minha opinião, é quando ele me pega no colo, seu rosto fica tão perto do meu, e é uma tentação não selar nosso lábios.

E meu dia foi assim, apenas sentindo a respiração quente de León batendo contra meu rosto, ou sua mão em minha cintura me puxando, no momento final.

— Acho que já chega, estou cansada, León — reclamei.

— Tudo bem — alegou. — Quer comer ou beber algo?

— Podemos tomar sorvete.

— Ótimo, eu pago, e não adianta contestar.

Tomamos um sorvete diferente, porém era muito bom, e dessa vez eu não peguei de morango, o que possibilitou León misturar os sabores.

Diego nos convidou para irmos a sua casa, que é um apartamento.

Voltei para minha casa, tomei um banho e me arrumei. Fiquei esperando León na sala, até que meu pai apareceu e eu tive que explicar tudo. Por sorte, ele me deixou ir.

León não demorou muito e logo estávamos rumando para casa de Fran, ele combinou de pegá-la. Cami e Broduey também.

— Pois é, acabei virando chofer do povo.

? Quem mandou ter 19 anos e um carro irado? — perguntou Broduey.

— A vida, meu caro Broduey — respondeu meio poético.

Infelizmente, Andrés, Maxi e Naty não puderam vir, mas mesmo assim, foi um tempo incrível ao lado dos meus amigos. Estávamos comendo pipoca e assistindo um filme de comédia que Fran trouxera.

— Diego, por que não está na faculdade e por que tem um Veloster... Ah, entendi — disse uma mulher entrando no apartamento de Diego.

Desviamos nossa atenção do filme e olhamos a mulher, que deveria ter uns 40 anos. Era alta, tinha os cabelos castanhos como o de Diego, porém os olhos eram claros e era muito bonita.

— Gente, essa é minha mãe — falou Diego.

— Olá, pessoal — cumprimentou a mulher. — Oi, segundo filho que não tenho — completou, olhando para León.

O mesmo foi até ela e lhe deu um abraço apertado.

— Oi, Tia Marina — respondeu com certa intimidade.

— Oi, Fran, como está? — perguntou a mulher, que descobri se chamar Marina.

— Vou bem, Dona Marina, e a senhora?

— O que eu disse sobre me chamar de senhora? — a mulher advertiu Francesca, em tom divertido. — Mas estou bem, também. Então, Di, não vai me apresentar seus amigos? — vi Diego revirar os olhos.

— Bem, mamãe, este é Broduey, essa é a namorada dele, Camila, e essa é Violetta. Gente, essa é minha mãe, Marina.

— Sua namorada, León? — perguntou Marina, referindo-se a mim.

— Não, Tia — respondeu sem graça.

— Então você é o solteirão — disse, tirando onda da cara dele. León abaixou a cabeça envergonhado com a situação. — Tadinho dele, ficou com vergonha. Papel de mãe é esse, constranger o filho na frente dos amigos — brincou.

— Nem me fale — suspirou Diego. Rimos da cara que ele fez.

— Vou deixar vocês fazerem o que estavam fazendo. Até mais, pessoal, foi um prazer. — E assim ela sumiu, entrando em uma porta.

Quando o filme acabou, Diego colocou um filme romântico. Clichê, só para agradar sua namorada.

Blerg!

Desagradável mesmo foi nas cenas de beijo, porque já não bastava o casal do filme se beijando, mas Fran e Diego, assim como Cami e Broduey, começaram a trocar salivas.

Olhei para León, que estava ao lado de Diego, olhando o teto, passando a mão no cabelo e observando a cena com nojo, igual a mim. Quando sua mirada me encontrou, ele revirou os olhos, o que me fez rir um pouco. Depois ficamos os dois desconfortáveis com a cena que presenciávamos.

Depois que a maravilhosa cena, que me deixou traumas irreversíveis acabou, assim como o filme, ficamos jogando Just Dance. Decidimos não jogar 'meninas contra meninos' porque seria um tanto chato, então formamos as equipes: León, Fran e eu; Cami, Diego e Broduey.

No final, óbvio que minha equipe venceu.

León deixou todos em seus devidos lares, e me levou por último.

— Espere aqui — pediu, quando chegamos em frente minha casa.

Ele deu a volta no carro e abriu minha porta, estendeu sua mão e eu a aceitei.

— Acha que formaríamos um casal legal? — perguntou León, enquanto eu abria o portão. Ele insistiu em me acompanhar.

— Eu não sei — respondi com meu coração acelerando em milésimos de segundos. — O que você acha?

— Não sei, também — deu de ombros. — Acho que formaríamos um casal bonito — sorriu —, porque... Bem... você é bonita, incrível, talentosa, além de legal. Você é perfeita, Violetta Castillo. — ouvi fortes batimentos, mas por incrível que pareça, não eram os meus, e sim os dele.

Abaixei minha cabeça, estava muito envergonhada diante aquelas palavras que me deixaram sem palavras.

— Vilu! — chamou-me alguém, de dentro da casa. Por ser uma voz feminina, suspeitei que fosse Jade, mas ela não me chama de Vilu.

Olhei para dentro e vi Angie na porta, me esperando e cortando totalmente o clima.

— Oi, Angie — cumprimentou León, azul de vergonha. — Tenho que ir, até mais, Baixinha — vi que suas mãos tremiam, ele estava muito nervoso.

— Até mais, León — dei um beijinho em sua bochecha. — Obrigada.

Entrei em minha casa, Angie me seguindo com um olhar que também estava me deixando nervosa.

— Você é perfeita, Violetta Castillo — repetiu, sorrindo. — Quero saber tudo, Baixinha. — falou, me seguindo.

— Já não bastava Francesca e Camila, agora eu tenho você? Que é minha tia?

— Oras, não tenho culpa se na sua vida tem um garoto maravilhoso chamado León — respondeu suspirando e olhando para o nada.

— Ele é meu, tá? — protestei enciumada. Ela me olhou maliciosa. — Se quiser saber tudo, espere no meu quarto — pisquei.

Mais tarde, naquela noite, contei algumas coisas sobre León e eu, mas nem citei o dia incrível no Parque de diversões, ou quando ele apareceu sábado de manhã aqui e sobre ontem. Angie me disse que estou mais que apaixonada por ele, e com motivos porque León é 'maravilhoso'. Ela disse isso três vezes na minha cara.

— Agora você tem que dormir, porque amanhã é a competição, e sei que você ensaiou o dia todo e está muito cansada.

— É, nisso você tem razão — concordei. — Angie, o que faz essa hora na minha casa?

— Ah, é... — começou um pouco nervosa. — Seu pai me convidou para jantar aqui, já que você não estava, e nem Jade — olhei maliciosa para ela. — Isso não tem nada a ver, Violetta. Boa noite, vai dormir — saiu apressada do meu quarto.

Até tentei dormir, mas era praticamente impossível de fazer isso quando León Vargas ocupa cada canto da sua cabeça. Olhar para o meu quarto, só me fazia lembrar dele, das duas vezes que ele esteve aqui, escondido.

É estranho o efeito que León tem sobre meu corpo. Cada vez que ouço sua voz, meu coração acelera e minhas mãos ficam suadas. Quando ele toca ou segura em minhas mãos, uma corrente elétrica passa por meu corpo, me dando diminutos, porém intensos, arrepios.

Rolei de um lado para o outro, sem conseguir dormir. Comecei a conversar com as meninas em um grupo, criado por Cami. Logo deu meia-noite, meia-noite e meia, uma hora da manhã.

Peguei meu celular e comecei a navegar na minha galeria de fotos. E descobri que tirei muitas fotos com León. Em todas que ele aparecia, eu dava um zoom em seu rosto e ficava babando. Fechava meus olhos e flashbacks de algumas 'aventuras' nossas me vinha à cabeça.

O que eu faço?, Perguntei-me em pensamento.

Entrei no aplicativo de conversas, e quase que imediato recebi uma mensagem. Sorri quando constatei ser de León.

León: Você está acordada!!– 1h57

Eu: Olá, Vargas. Como vai?– 1h57

León: Bem e sem sono. E tu?– 1h58

Eu: Nada diferente de você– 1h58

León: Eu sei que está bem tarde, mas posso te ligar. Estou com preguiça de escrever– 2h03

Eu: Liga– 2h04.

Um minutos depois, meu celular começou a vibrar com a ligação dele. Atendi com um sorriso na cara.

— Oi — falei.

— Oi — respondeu baixinho. — Olha, eu sei que isso vai parecer idiota, mas, quanto tempo! — brincou.

— Puxa! É mesmo.

— Então, por que não consegue dormir?

— Acho que é por causa da competição. Estou um pouco nervosa — menti. — E você?

— Confesso que não sei. Eu cheguei do show, super cansado, achei que ia dormir bem cedo, mas estou aqui — riu fracamente.

— Você foi fazer um show?

— Sim. Maxi arrumou um show pra gente de última hora. Cheguei há vinte minutos.

— Legal! E como foi?

— Bacana. Acredita que foram mais de quinhentas pessoas, e a essa hora da noite?

— Caramba! — Exclamei. — Isso sim que é ser famoso.

— Estou com muitos seguidores no Instagram e Twitter, pra quem tinha 68 seguidores — brincou.

— Deram autógrafos?

— Sim, também tiramos muitas fotos com umas fãs.

— Bem louco! — ri de sua empolgação. — Acho que estamos sem assunto — falei quando ficamos em silêncio, por mais de dois minutos.

— Acho que sim, mas eu quero conversar, esse é o problema.

— Eu também. Então... Está curtindo a fama?

— Estou, um pouco. É legal, e tudo. Mas tenho medo de perder minha privacidade.

— Isso é complicado.

Ficamos por uns três minutos em silêncio, o que era um tanto chato.

— Vilu? — ele perguntou.

— Oi?

— Você gostou do colar que te dei? — indagou receoso.

— Eu amei — respondi, sincera. Não estava o vendo, mas tinha certeza de que ele sorria. — Então, já que nem você nem eu conseguimos dormir, que tal darmos uma voltinha por Buenos Aires? — sugeri.

— Sabe que horas são, Vilu? — indagou León, me advertindo.

— Claro que sei, oras. São 2h18 da madrugada de quinta-feira, praticamente dezoito horas antes da nossa competição de dança.

— Uau! — exclamou. — Minha melhor amiga é um gênio da matemática.

— E não se esquece de boa dançarina.

— Ah, claro — ele limpou a garganta com uma tosse forçada e corrigiu. — Minha melhor amiga é um gênio da matemática e boa dançarina.

— Isso — sorri. — Então, vamos dar uma volta, León? — perguntei novamente.

— Vamos — aceitou. — Passo aí em quinze minutos, e não se esqueça de deixar a janela aberta.

— Tudo bem — concordei. — Até daqui a pouco — e encerrei a chamada.

Levantei da minha cama e andei em passos largos e silenciosos até meu guarda roupa. Coloquei uma calça jeans, peguei duas blusas de frio, por conta do ar gelado noturno que pairava sobre minha cidade, e calcei um All Star.

Coloquei alguns travesseiros sob minha coberta, formando um volume de corpo, caso meu pai resolvesse acordar no meio da noite e viesse me fazer uma visitinha.

Sentei na ponta da minha cama, com meu celular no colo e a todo momento checando a hora, esperando os quinze minutos se passarem.

Joguei-me pra trás, apoiando minhas costas na cama e fitei o teto branco do meu quarto naquela escuridão. Estava viajando em meus pensamentos, arquitetando meu "encontro" com León.

Ouvi um barulho diminuto na minha árvore e corri até a janela, olhei para baixo e vi o moreno de olhos verdes a escalando. Meu coração acelerou com tanta animação, estava muito empolgada, é algo único sair escondida às 2h32 da madrugada, na companhia de León Vargas.

Ele chegou até minha janela com um sorriso no rosto, e antes de dizer qualquer coisa, pegou o celular e disse:

— Um minuto adiantado — deu uma piscadinha. — Vai descer pela porta ou no estilo León? — perguntou baixinho.

— Acho que vou ficar com o estilo León.

— Então, vamos lá — falou.

— Mas, e se eu cair? Igual você, naquele sábado.

— Não vou deixá-la cair — sorri com sua confissão.

León desceu um pouco e me deu a instrução de onde pisar, onde me apoiar, etc. Logo estávamos no quintal lateral da minha casa. Fomos até o muro da frente onde ele fez um apoio com as mãos, me ajudando a subir. Ele pegou um pequeno impulso e em fração de segundos já estava ao meu lado em cima do muro. León pulou na calçada e me pediu para pular também e garantiu que me pegaria. Fechei meus olhos e saltei. Caí perfeitamente em seus braços.

Lembrei-me da segunda vez que nos vimos, quando ele tornou-se o meu herói.

Sob a luz da Lua, os olhos verdes de León ficavam mais lindos e atraentes, coisa que eu achava impossível de acontecer, até aquele momento. Ele adquiria um tom de tranquilidade e ao olhar profundamente para eles, uma paz invadia seu corpo e o seu único desejo é ficar os olhando até o amanhecer, com os braços fortes de León ao seu redor.

Quando Vargas me colocou no chão, pude apreciar seu look, uma camisa xadrez cinza com detalhes roxos, uma calça jeans preta e uma jaqueta também preta.

— Aonde deseja ir, donzela? — perguntou-me.

— Talvez o meu cavaleiro charmoso de olhos verdes devesse escolher o local.

— Será uma honra — falou, me fazendo uma reverência. — Sua mão esquerda está gelada. Meu instinto de cavaleiro charmoso diz que eu devo esquentá-la com a minha mão direita — e nisso, León segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

Caminhamos em silêncio, mas era desperdício de tempo andar ao lado de León Vargas e não ouvir sua voz, porém ele se antecipou e quebrou o silêncio.

— Então, como foi seu final de quinta-feira?

— As meninas e eu ficamos falando sobre vocês, meninos, por um grupo apenas nosso.

— Hum, agora fiquei curioso. O que ficaram falando da gente? Algo que eu deva saber?

— Conversa de garotas, León. E só para aumentar seu ego masculino, você foi eleito o menino mais bonito do Studio entre nós.

— Puxa! Vocês tem bom gosto — brincou. — Quem votou em mim?

— Acho que a pergunta seria: quem não votou em você.

— Tudo bem. Quem não votou em mim?

— Francesca, óbvio.

— Só ela? — perguntou estranhando. Assenti. — Deixa só Maxi e Broduey saberem disso.

— Não, eles não vão ficar sabendo, porque você não vai contar.

— Mas...

— Mas nada, isso é segredo entre nós, entendeu?

— Tá, tá — murmurou, ficando emburrado. — Ei! Podemos fazer um jogo de perguntas e respostas, que tal?

— Pode ser.

— Mas tem um porém — olhei pra ele. — Nós só temos direito a dois "e você?", okay? E não vale responder a pergunta com uma pergunta.

— Okay.

— Pode começar — retrucou.

— Certo — pensei bem em uma pergunta pra começar. — Qual sua série de TV preferida?

— Game Of Thrones.

— A minha também — falei. — Não acredito que somos melhores amigos e nem sabíamos isso.

— Verdade, qual temporada você está?

— Na segunda. Eu perguntaria e você, mas quero guardá-los — disse eu, abrindo um sorriso maroto. — Minha vez, né? Você acabou de me perguntar qual temporada eu estava — justifiquei. Ele concordou. — Qual o seu maior sonho?

— Puxa! — falou olhando para o céu estrelado. — Tenho tantos. — completou pensativo e suspirando. — Acho que meu maior sonho é ser livre.

— Do que? — indaguei estranhando sua resposta.

Não, não, minha vez de perguntar.

— Aff — murmurei.

Han... — começou. — Você preferia perder suas velhas recordações ou nunca poder construir memórias novas?

— Mas se eu perdesse as recordações antigas, eu poderia construir memórias novas?

— Olha, você respondeu minha pergunta com outra pergunta — disse calmamente.

— Droga, é mesmo.

— Mas sendo legal com você, sim, você poderia construir memórias novas.

— Então prefiro perder as velhas recordações. — respondi, parecia a opção mais aceitável. — Quais seus dois gêneros favoritos de filmes?

— Ação e aventura.

— Clássico — disse eu, e rimos.

— Qual o seu filme preferido?

— Tenho tantos, mas fico com Ps: Eu te Amo — falei. — Se você pudesse dar um conselho a um recém nascido, qual seria?

— Você e essas perguntas complexas — brincou. — Bem, eu diria: não importa o que dirão de você, se te julgarão, te criticarão, corra atrás dos seus sonhos e viva o hoje, porque o amanhã pode ser tarde demais.

— Uau! Que inspirador.

— Sou um verdadeiro poeta. — Brincou.

— Gostei desse seu lado poético — proferi. — Agora aguardo minha pergunta.

— Qual seu herói preferido?

— Antigamente era o Capitão América.

— E agora?

— Acredite ou não, é você, Robin León — revelei, começando a ficar corada.

— Eu? Por que? — perguntou confuso, mas gostando da admiração que eu tenho por ele.

— Porque você me salvou de verdade, você é real. Diferente do Thor, Capitão América, Homem Aranha, que nunca poderiam sair daquela tela de TV e vir me salvar. Como eu já te falei antes: você é um cara especial.

— Eu confesso que fiquei sem palavras, Vilu — olhou pra mim e sorriu, só que esse sorriso tinha algo especial, diferente. Sorri de volta pra ele. — Obrigado por pensar isso de mim. Ninguém nunca me disse algo parecido.

— Não disseram porque eles não têm a oportunidade de conhecer você como eu conheço, e mesmo Diego sendo seu melhor amigo, não diria isso — um clima fofo começou a nascer entre nós. — Então — desviei. — Minha vez de novo. O seu maior medo se concretizou?

— Sabia que Buenos Aires é um lugar cheio de praças? E que estamos entrando em mais uma delas? — indagou. — E respondendo sua pergunta: não, meu maior medo não se concretizou. E eu torço para que ele nunca se concretize, porque, se isso acontecer, eu perco tudo que me importa — ele piscou três vezes e continuou: — E você?

— Meus medos mudam a todo momento, León. Mas um deles já se concretizou sim: perder minha mãe — deixei uma lágrima escapar.

Puxa! Como eu queria ter minha mãe ao meu lado, compartilhar com ela meus sentimentos; me aconselhar com ela sobre meninos, sobre o León. Queria ter uma única lembrança a mais dela, além das fotos.

— Eu sinto muito. Eu não deveria ter...

— Calma — falei rindo fracamente do seu desespero. — Está tudo bem. Sua vez.

— Han... Onde e como foi seu primeiro beijo?

— Espertinho você — zoei. — Foi em Madrid, tinha 14 anos e não foi muito bom. E você quer saber por que? — ele fez sim com a cabeça. — Porque o menino tinha um hálito horrível.

— Credo, que nojo!

— Pois é — rimos. — E você? — Ele desviou sua atenção para o lado oposto do meu, no caso, olhava para o lago. — León? — chamei.

— Oi? O que foi?

— E você?

— O que tem eu? — perguntou inocente.

— Seu primeiro beijo — respondi.

— Ah, sim... Bem... Han — León parecia nervoso, nunca tinha o visto assim. — Eu nunca beijei.

— O que disse? — pedi para ele repetir não só pela voz baixa com que falou, mas pela minha incredulidade.

León Vargas, um garoto lindo e incrível, nunca havia beijado?

— Eu nunca beijei nenhuma garota.

— Mas e Ludmila? Você me disse que...

— Sim, eu sei, eu só queria te irritar, te afastar, mas é inevitável que nós nos aproximemos. Então eu nunca beijei.

León me guiou delicadamente até o parapeito. Ficamos de frente para o lago, sob um céu negro, com estrelas e uma Lua, que brilhava intensamente naquela madrugada.

— Que horas são? — perguntei. Ele pegou seu celular.

— Três e dez da manhã.

Ficamos alguns minutos em profundo silêncio, até que eu disse:

— Nunca imaginei em toda minha vida que estaria às 3h10 da manhã de uma sexta-feira, de frente para o lago, na companhia de León Vargas.

— Nunca imaginei em toda minha vida que estaria às 3h10 da manhã de uma sexta-feira, de frente para o lago, na companhia de uma garota linda chamada Violetta Castillo — falou León, colocando a mão por cima da minha, que estava no parapeito.

Automaticamente, olhei para ele, e ele me olhou. Viramos um de frente para o outro e nos aproximamos com toda a calma do mundo. Ninguém podia nos interromper no auge da madrugada, ninguém podia nos ver. Como todas as vezes que León me olhava daquela maneira, meu coração batia de uma forma anormal, mas no ritmo de seu nome. Um filme, de todas as vezes que quase nos beijamos, passou rapidamente pela minha mente. Todas às vezes León se afastava, virava o rosto, desviava o olhar. Mas dessa vez ele permaneceu firme.

Quando nossos narizes se tocaram de leve, eu tirei sua franja delicadamente da testa, jogando para trás e lhe perguntei:

— Não vai fugir de mim dessa vez? — meu olhar variava entre seus vermelhos lábios e seus olhos. Sua respiração quente batia em meu rosto.

— Não vou fugir de você dessa vez, Baixinha — sussurrou, me fazendo arrepiar.

Passei minhas mãos por seu peito e subi, parando em seus ombros. León passou suavemente suas mãos por minha cintura, me puxando mais para ele, colando nossos corpos.

Fechei meus olhos, tomando um impulso até seus lábios e então... nós nos beijamos.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAA, Capítulo gigante, né? ME PERDOEM, DE NOVO E DE NOVO, E MAIS UMA VEZ. Mas teve beijo, e... Valeu a pena? Gostaram das cenas Leonetta? Hihi, Ludmila gosta do León. Ainda odeiam a Camila? CARA, ROLOU O BEIJO. Sério, comentem o que vocês acharam... Estou muito curiosa para saber a opinião de vocês sobre o beijo e sobre o capítulo. Um beijo no coração.
#Miimi