A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 33
O Segundo Dono do Mapa


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaaaaaaaaa. Pessoas! Eu voltei!
Quantos meses se passaram? 3? 4? Pra mim parece que mais de um século passou desde a última vez que eu apareci aqui.

O motivo? Férias.

Pois é. As férias deviam ser a oportunidade perfeita pra escrever, mas naaaaaaaaaaoo. Eu viajei tanto, visitei tanto primo, avô, tio, amigo, cachorro... fiz tanta coisa, . Muitas loucuras. Eu realmente não tive tempo (nem computador). Mas agora estou de volta.
Muita coisa aconteceu nesses meses em que eu estive fora:
Natal, Ano Novo, Animais Fantásticos, Doutor Estranho, Rogue One, Desventuras em Série, The OA, trailers de filmes, retrospectivas, mortes tristes. Deve ter mais coisa que esqueci.
Mas agora vamos ao capítulo:



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P.O.V. Zeke

— Já se passaram duas horas desde que vimos o Pégaso pela última vez — comento para uma sonolenta Nellie. — Quem quer esteja montado nele deve ter aterrissado, se é que posso usar essa palavra, quilômetros atrás!

Nellie dirige com velocidade, mesmo com as pálpebras quase caindo e os eventuais bocejos. Quando avistamos o cavalo alado pela primeira vez, soubemos de imediato que devíamos segui-lo, mas isso nos levou à uma estrada escura de terra e envolta por árvores. Duas vezes Nellie quase atropelara algum animal que atravessava a estrada e três vezes ela teve de fazer manobras bruscas por causa de curvas inesperadas que surgiam no meio da escuridão.

— Não podemos parar. O Pégaso pode ter ficado para trás, mas Dan ainda está lá na frente com a desgraçada da Belatrix. Não podemos deixa-lo passar a noite com sequestradores! — diz com firmeza.

— Não poderemos enfrentar uma bruxa e outros dois caras mágicos nessas condições. — argumento — Estão todos cansados e com sono... Inclusive você.

— Podemos perder um tempo precioso...

— Se eles quisessem matar Dan, já o teriam feito há muito tempo.

Nellie não diz nada. Ela continua dirigindo por alguns quilômetros, até que encontra um bom lugar na estrada para encostar o carro. As garotas no fundo da van acordam e olham para os lados, confusas, para entender o porque de o automóvel ter parado.

— Vamos parar um pouco — Nellie explica — Precisamos estar descansados para enfrentarmos o que quer que vamos encontrar. Faremos turnos de uma hora cada para ficar vigiando a estrada aqui do banco da frente. Vou ficar na primeira hora, Katniss ficará na segunda, Ian na terceira, Tris na quarta e Zeke na quinta. Isso dará quatro horas de sono para cada um de nós. Não é o tempo ideal, mas depois que encontrarmos Dan, poderemos dormir o quanto quisermos.

Nellie observa os outros por um tempo. Provavelmente para ver se alguém iria reclamar por Amy não precisar ir à nenhum turno. Ninguém reclama. Amy acabara de fugir de um sequestro, ela precisa de uma boa noite de sono.

Katniss e Tris dormiram onde estavam mesmo. Ian saiu de seu banco e foi para a fileira de trás, permitindo que Amy ocupasse toda a fileira da frente. Ian se deitou na fileira do meio. Em pouco tempo estavam todos dormindo, exceto eu e Nellie.

— Zeke, não importa quem estiver de vigia nesse meu banco, eu peço que você fique aí durante todos os turnos — sussurra para não acordar os outros.

— Se algo estranho aparecer, a pessoa que estiver no turno poderá facilmente me acordar — adivinho e Nellie concorda com a cabeça.

Nellie olha para seu relógio de pulso, suspira e se encosta-se ao banco.

— Nellie... Você tem alguma ideia de o que esses sequestradores podem querer com Dan?

— Não sei... Amy e Dan sempre souberam de mais coisas do que deveriam. Não duvido se Dan souber de alguma informação preciosa — diz — Talvez eles o estejam usando para nos atrair a uma armadilha ou então eles estão levando ele para alguém.

— Pra quem Belatrix Lestrange estaria levando Dan? Pra Lorde Voldemort? — brinco. Então percebo que minha brincadeira pode estar bem perto da verdade.

Nellie assume uma expressão preocupada. Eu também começo a me preocupar mais. Voldemort está nesse mundo? Por que não estaria? Todos os outros estão aqui também! Talvez tenha sido o próprio Voldemort quem mandara um de seus Comensais para o avião...

Faz muito sentido. Será que, de alguma forma, esses dois eventos — o ataque no avião e o sequestro de Dan — estão conectados? Ou sou só eu que estou teorizando demais? Na verdade, tudo o que vem acontecendo nos últimos dias deve estar interligado de alguma forma.

— Acho melhor não pensarmos muito nessa possibilidade — Nellie aconselha, preocupada.

Sinto-me culpado por ter sugerido que Voldemort estivesse com Dan.

— Foi mal — digo. Decido mudar de assunto — Essa nossa viagem me lembrou de uma que eu fiz algum tempo atrás. No início do ano passado. A gente foi de carro até Valença, que fica a uns 120 quilômetros de distância de Salvador, nosso destino final era Morro de São Paulo, mas aí a gente teve que pegar um barco. Se não me engano, eram férias do meio do ano...

Lembro que estavam eu, minha mãe, Ted e Guilherme no carro. Guilherme estava conosco, pois os pais não poderiam ir (longa história), mas eles deixaram que ele fosse comigo. Começamos a viagem animados e com expectativa. Mas, depois dos primeiros 30 minutos, já estava batendo um tédio. Ted e Guilherme estavam jogando aquele jogo com os dedos que vai somando quando batem o dedo no seu até formar cinco. Não me lembro do nome. Na verdade, acho que nunca soube. Sei que fiquei surpreso por ver meu irmão e meu melhor amigo se dando bem. Isso não é algo que se vê todo dia.

Enquanto eu escutava música em meu fone de ouvido, tive uma ideia. Guardei o fone e conectei o celular ao rádio do carro com um cabo USB que peguei do meu carregador. Coloquei Demons, do Imagine Dragons, e comecei a cantar.

É. Eu comecei a cantar.

E não é porque eu sei cantar.

When the days are cold

And the cards all fold

And the saints we see

Are all made of gold

Ted e Guilherme param o jogo e me olham como se estivesse maluco. Então, Amanda começa a cantar comigo.

When your dreams all fail

And the ones we hail

Are the worst of all

An the blood’s run stale

A partir daí estão todos cantando.

I want to hide the truth

I want to shelter you

But with the beast inside

There’s nowhere we can hide

Depois dessa coloquei outra e cantamos também. E mais outra. E ainda mais umas cinco, até finalmente chegarmos ao nosso destino.

— Foi uma viagem legal. Na época, nossas preocupações não eram tão urgentes quanto elas são agora.

Nellie reflete um pouco e então pergunta:

— Você prefere sua vida como era antes ou como ela é agora?

Fui pego numa armadilha.

Antes ou agora? Minha vida não era tão ruim, foi só mais recentemente que surgiram alguns problemas... Talvez os personagens tenham vindo à esse mundo na hora certa. Eu estava precisando de um pouco de emoção.

Mas era esse tipo de emoção que eu procurava? Conhecer os personagens foi algo legal e incrível, mas ser atacado por dementadores, invadir uma Mansão, sofrer um acidente de avião e me separar de Ted não foi legal.

— Não importa se eu a prefiro como era antes ou agora. Já estou envolvido em toda essa loucura. Não tem mais volta — afirmo — Agora é só seguir em frente. — Reflito um pouco e decidi falar algo tranquilizador. — Aliás, os acontecimentos recentes não foram tão ruins até agora. Passamos por algumas experiências traumáticas, mas todos nós estamos vivos. Tudo tem ocorrido bem, consegui sobreviver a vários infortúnios. Tenho certeza de que derrotaremos Belatrix e resgataremos Dan. É só uma questão de tempo.

Nellie assente com a cabeça, mas não diz nada. Eu fecho os olhos, tentando dormir.

Acordo alguns momentos mais tarde com uma movimentação ao meu lado. Katniss se senta no lugar onde antes estivera Nellie, que foi se deitar em um dos bancos de trás. Estamos no segundo turno.

— Acordado? — a garota nota.

Assinto com a cabeça.

— Você devia dormir. Tenho certeza que teremos uma manhã bem cansativa — ela sugere.

Tento dormir, mas fico animado com a presença de Katniss. Abro os olhos de vez.

— Sabia que seu livro é um dos meus favoritos?

A garota ergue uma sobrancelha. Como se dizendo: “Ah é?”.

— O que eu gosto na trilogia Jogos Vorazes não é só a história em si, apesar de ser muito boa — continuo —, mas também a critica social dela.

Dessa vez, a sobrancelha erguida parece dizer: “Hã?”.

— É como se... A autora, ao escrever Jogos Vorazes, teve a intenção de fazer uma crítica ao meu mundo. Nossos mundos podem ser bem diferentes, mas temos praticamente os mesmos problemas. É só que os do seu mundo são muito mais óbvios.

— Você precisa lutar por sua vida em uma arena mortal com outras 23 pessoas? — ela pergunta.

— Não. Não é isso. É... Difícil explicar.

Katniss dá de ombros e eu, envergonhado, volto a dormir.

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Dessa vez eu não acordo completamente, só consigo escutar vozes. Agora devemos estar no terceiro turno.

— Foi mal pelo soco — diz uma voz que parece vir de detrás do banco do motorista. Reconheço-a como sendo Amy.

— Não, não... Tá tudo bem — diz Ian, bem ao meu lado.

O silêncio dura por alguns segundos.

— Você... — Ian decide tomar a iniciativa — Ainda está irritada comigo? Com aquelas coisas que aconteceram em nosso mundo...

Amy continua silenciosa, mas depois responde:

— Nunca vou me esquecer das coisas que você fez — diz com a voz neutra.

Estou de olhos fechados, mas sei que Ian deve ter feito uma careta de dor, com o coração partido.

— Você sabe que eu mudei, não sabe? — Ian tenta argumentar.

— Não posso ter certeza... — Amy diz sem convicção.

Eles ficam em silêncio novamente e é Ian quem o quebra.

— Você me daria uma segunda chance?

Amy pensa por um momento.

— Pensarei no seu caso.

Ian não diz nada, mas sei que ele possui um pequeno sorriso no rosto.

Volto a dormir.

Sou acordado com cutucões. É Tris. Seu tempo de vigia acabou e agora é o meu. Tris vai para algum dos bancos de trás e eu assumo o banco do motorista. Quando meu truno acaba, o sol já havia nascido. Olho para trás e vejo que estão todos dormindo.

Darei só mais cinco minutinhos a eles.

Penso em acordar todos com a buzina da van só de zoeira mesmo, mas decido não ser tão mal assim. Além disso, a buzina poderia atrair atenção indesejada. Então decido acordar um por um.

Amy está deitada nos bancos atrás de mim, com a cabeça apoiada no colo de Ian.

Que bonitinho.

— Hey — sussurro.

Ian abre os olhos rapidamente, Amy acorda mais lenta. O garoto olha para baixo e fica vermelho. Amy percebe onde está e se ergue com pressa, ficando tão vermelha quanto Ian.

— Bom dia — Sorrio para eles. Dou uma piscadela para Ian e vou para o banco de trás acordar Nellie.

Cutuco Nellie e ela diz algo como: “só mais cinco minutinhos”.

— Já se passaram dez.

A mulher se levanta tão rápido quanto Amy. Ela está com olheira nos olhos. Corre para o banco do motorista. Passo por uma fileira de bancos vazia e encontro Tris e Katniss na seguinte. As duas haviam dormido sentadas em seus bancos e acordam sem pressa.

— Estão todos prontos? — grita Nellie do banco do motorista.

Antes que eu pudesse responder, uma dor imensa brota das minhas costas. Sou jogado no chão com um urro de dor. A pele das minhas costas queima e eu me contorço no chão.

— Ian! Pegue uma garrafa de água gelada dentro dessa mochila azul! — Escuto Nellie gritar. Sua voz soa distante, como se estivesse em segundo plano — Katniss! Imobilize-o! Não deixe que ele se machuque.

Sinto uma mão me segurar com força pelo ombro. Escuto um zumbido alto. Pequenos tremores no chão da van. Alguém levanta minha camisa e coloca algo gelado bem no lugar onde a dor se concentra.

A sensação de alívio me invade por completo. Eu estava suando. Katniss solta meu ombro e me vira delicadamente para cima. Estão todos me encarando com um misto de preocupação e confusão.

— Você está bem? — Amy pergunta.

— Estou — respondo ainda meio zonzo.

— Suas costas... — Tris começa.

— O que tem minhas costas?

Nesse momento. O celular que Poseidon havia me entregado antes de partirmos começa a tocar em meu bolso. Pego-o e atendo.

— Alô?

— Zeke? — É a voz de Ted — Você por acaso sentiu alguma pequena mudança ocorrendo com seu corpo nos últimos minutos? Mais especificamente nas suas costas.

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Alguns momentos antes...

P.O.V Ted

Aquilo foi só um sonho... Não pode ter sido real.

Acordo em meu quarto. A cortina está fechada, deixando o quarto escuro. Levanto-me e abro a cortina. O sol mal havia nascido, há apenas um pontinho de luz no horizonte. Sinto um formigamento em minhas costas, bem no lugar onde... Ah.

Assim que me lembro dos acontecimentos do dia anterior, saio correndo para o banheiro. Tot, líquido escuro, a marca... Tiro minha camisa e tento olhar minhas costas pelo espelho.

Não há nada.

— Tot conseguiu deixar a marca invisível.

Literalmente pulo de susto. Quase caio em cima da privada. Reyna está parada na porta do banheiro com um sorriso de divertimento. A porta do quarto devia estar destrancada.

— Te assustei? — ela ri.

— Não, imagina — digo ironicamente, ficando vermelho. Visto minha camisa rapidamente. — O que está fazendo aqui, afinal? — falo com falsa irritação.

— Tot me pediu pra te levar até o quarto dele quando você acordar.

— Mais uma sessão de experimentos?

Reyna dá de ombros. Sigo-a para fora do quarto. Chegando lá, a garota abre a porta pra mim e me deixa passar.

— Só espero que eu não tenha que te carregar dessa vez — Ela fecha a porta antes que eu possa falar qualquer coisa.

— Aproxime-se, Ted — Tot pede de sua escrivaninha.

Ele está analisando uma pequena estatueta de não mais que 30 centímetros de altura. Ao seu lado há um notebook. Vou até a escrivaninha.

— Reconhece? — Pergunta ele, mostrando a estatueta a mim.

— É um daqueles shabti? — olho com atenção para o rosto da estatueta — Parece Zeke.

— Essa é a intenção.

Olho para ele com cara de “Como assim?”.

— Depois eu explico — promete — Você talvez tenha percebido que a marca não está nas suas costas.

— Reyna disse que você a deixou invisível — conto.

— É quase isso. Eu fiz algumas modificações individualmente nas marcas de todos nós. Eu a deixei invisível por dois motivos: pra que não fique à vista de todos e, consequentemente, não chame atenção indesejada, e também pra não desgastar muito a tinta. A marca começaria a desaparecer a partir do terceiro mês e sumiria por completo em um ano e meio.

Deixar tinta invisível deixa ela mais duradoura? Ok né.

— Mas não é só isso — ele continua — a marca reaparece quando você se aproxima de um personagem o qual você não havia encontrado antes. — Tot coça o queixo — Talvez você sinta um leve formigamento quando isso ocorrer, mas é sempre bom conferir. Essa modificação eu só fiz em você, daria muito trabalho fazer nos outros também.

— Por que em mim? — pergunto.

Você é o dono do Mapa. — diz — Ted, você foi promovido a Procurador Oficial de Personagens. Será você quem sentirá a presença de personagens novos e é você quem precisa olhar nos olhos dos personagens pra que eles apareçam no Mapa.

Procurador Oficial de Personagens? Nossa.

— E onde a estatueta entra nisso? — olho para o shabti de Zeke.

— Bem, achei que devia tomar algumas providências por conta de alguns acontecimentos recentes... — Tot me olha com expectativa. Eu só o encaro, pedindo para que ele continue — Com “acontecimentos recentes” eu quero dizer a divisão do grupo em dois. Nellie e Zeke, o seu irmão, partiram com outros personagens para uma direção divergente. No caminho, deverão encontrar novos personagens.

— Como Dan — falo.

— E talvez até mesmo seus sequestradores — Tot complementa — O único meio de comunicação que possuímos no momento é esse celular que você tem em seu bolso — o deus aponta com o queixo — E no meio de toda essa loucura, um celular pode ser facilmente quebrado ou se perder.

Concordo plenamente. Se celulares podem se quebrar ou se perder em situações tão banais quanto um rodízio de pizza ou uma caminhada na praça (longa história), imagine se você estiver enfrentando bruxos das trevas e shabtis vermelhos malignos?

— Sei como é — comento.

— Mas eu te pergunto: por que nós precisamos manter contato com o outro grupo? — ele pergunta.

— Pra saber se eles estão bem? — dou um palpite. Tot faz um gesto para que eu continue — Para... Hã... Sabermos quais personagens eles encontraram, com quais vilões se depararam e... Pra saber onde eles estão. É nisso que consigo pensar agora.

Tot concorda entusiasmado.

— Isso mesmo! Foi então que eu pensei: será que existe algum jeito de sabermos se eles estão vivos, quais heróis e vilões encontraram e onde estão? Sem precisar do celular? A resposta foi tão óbvia que eu só não havia descoberto antes, pois não estou com todo o meu potencial de deus da sabedoria. — Tot pega a estatueta e estende os braços para mim — Tcharan!

Espero que algo incrível e surpreendente aconteça. Não acontece.

— Ainda não entendi — admito.

Tot devolve a estatueta à escrivaninha, sem perder a animação.

— O Mapa, Ted! O Mapa! Com ele, você pode ver em que país você está, quais personagens, dos que você olhou nos olhos, estão nesse mesmo país e sabe dizer com um pouco de certeza quando eles morrem.

Quando eles desaparecem do Mapa, é assim que sabemos quando eles morrem.

Remo desaparecera do Mapa quando o abri após a queda do avião. Isso significava morte? Mas então os meu sonho em que ele supostamente morre não seria real... Não. Remo desapareceu do Mapa, pois eu havia entrado em um país diferente, enquanto ele ficava para trás. Não porque ele estava morto.

Mas agora ele pode estar.

— A certeza é pouca. Os personagens que desapareceram do Mapa podem ter desaparecido simplesmente por que estão em um país diferente. Como Rachel, Umbridge e Snape. — contraponho.

Eu já tinha contado minhas experiências vividas recentemente, então fui poupado de explicações.

— Isso é verdade, mas é sempre melhor pensar na pior das hipóteses.

Essa frase me deixa horrorizado com as possibilidades. Quero acreditar que Lupin ainda está vivo e o sonho foi enviado a mim apenas para me confundir ou me magoar. Ele tem que estar vivo.

— Então não tem como sabermos se eles estão bem ou não. — Minha voz soa mais fria do que eu esperava.

— Claro que temos. É só não danificar o celular. — Diz, sem notar a mudança em meu tom de voz.

— É. Mas talvez o senhor tenha esquecido que o Mapa funciona apenas comigo. Se Zeke encontrasse... — Eu me interrompo. Olho para a estatueta de Zeke, então para um pequeno frasco de tinta que eu não havia notado antes e repenso em toda a conversa que acabei de ter. Enfim, compreendo tudo. Dou um tapa na minha testa — É claro! Você vai transformar Zeke no segundo dono do Mapa!

Tot sorri com orgulho. Ele deita a estatueta de Zeke na escrivaninha, pega um pouco de tinta com a ponta do dedo e faz um pequeno desenho nas costas do boneco. A Marca.

— Ted, te chamei aqui por dois motivos. Primeiro de tudo: quando eu terminar de fazer o feitiço, eu vou desmaiar. Quero que você coloque um cobertor sobre mim quando isso ocorrer. Em segundo lugar: se você encontrar um personagem novo, como a mulher que eu vi entrando, não fale com ela a menos que você tenha certeza de que ela está do nosso lado. Caso contrário, mantenha-se afastado até eu acordar. Digo mais: não ande sozinho pelo navio. Esteja sempre acompanhado por Reyna, Percy ou Poseidon. — Tot se prepara para fazer o feitiço, mas se vira para mim novamente. — Pedi Poseidon para passar no quarto de vocês às 8:30 para irem ao Salão de Café da Manhã. Irão todos juntos.

Tot fecha os olhos e se ajeita na cadeira. Ele cobre a tinta da estatueta com a palma das mãos e começa a recitar um encantamento egípcio. Um brilho dourado surge por entre seus dedos. Depois se apaga. Tot se levanta cambaleante e se joga na cama. Ele consegue sussurras algumas poucas palavras antes de adormecer por completo:

— Ligue para Zeke... Saber se... Deu certo.

Ele apaga de vez. Cubro-o com um cobertor. Ligo para Zeke com o celular que Tot me dera.

— Alô? — escuto a voz de Zeke. Ele está ofegante no outro lado da linha

— Zeke? — chamo — Você por acaso sentiu alguma pequena mudança ocorrendo com seu corpo nos últimos minutos? Mais especificamente nas suas costas.

Meu irmão não diz nada por alguns segundos. Respirando fundo para recuperar o folego.

— Ted, eu vou te matar.

Rio.

— Acho que eu devia ter ligado antes de Tot fazer o feitiço. Doeu muito?

Ele não responde, só bufa de irritação.

— Por que me ligou? — pergunta.

— Só pra saber se você está bem mesmo.

Zeke fica mudo.

— Alô? — chamo.

— Ah! Ainda estou aqui. Sim, estou bem. Obrigado. O que Tot fez em mim?

Explico para Zeke a conversa que tive com o deus e o encantamento que ele fizera. Também conto sobre a mulher misteriosa com o amuleto. Depois Zeke me conta sobre o encontro com Amy, Belatrix e o Pégaso no céu.

— Nossa. É uma loucura a cada passo. Estou muito curioso pra saber quem está montado nesse Pégaso — comento.

— E eu quero muito saber a identidade dessa personagem — Zeke confessa.

Ficamos um tempo sem saber o que dizer. É como se tivéssemos muita coisa para contar um ao outro, mas não conseguíssemos transformar em palavras.

— Então... — mesmo a muitos quilômetros de distância, consigo sentir que ele quer dizer algo. — Até mais.

— Tchau — digo apenas.

Desligo.

Fico um tempo parado no meio do quarto de Tot sem saber bem o que fazer. Após um tempo volto ao meu quarto. O sol nascera havia pouco tempo. Terei que esperar até 8:30. Não consigo voltar a dormir, então apenas aguardo deitado de olhos abertos, pensando em todas as coisas que me aconteceram até agora.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Se tiver algum erro, por favor avisem nos comentários.
Não tenho previsão para lançar o próximo capítulo, mas não vai demorar taaaaanto.
Como eu demorei séculos para voltar, talvez meus leitores não continuem os mesmos. Os antigos talvez já tenham desistido (espero que nem todos), mas acredito que novos virão.
Feliz 2017 pra todos vocês! (Meio atrasado, mas conta)



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