Batidas na porta fizeram com que eu despertasse e me levantasse, não tive surpresa ao encontrar a minha mãe na porta, eu sabia que iria levar um sermão daqueles e provavelmente ficar de castigo eternamente.

— Posso entrar? — Ela perguntou e eu revirei os olhos.

— Vai adiantar eu dizer que não? — Perguntei irônica e ela sorriu.

— Sabe que não! — Ela concluiu e entrou.

— Então porque perguntou se podia entrar! — Falei revoltada e coloquei o travesseiro em meu rosto, mas ela o tirou.

— Você o ama? — Ela perguntou e eu arregalei os olhos em resposta, era ridículo ela perguntar isso depois da cena que havia feito.

— Porque está perguntando se não se importa? — Respondi ríspida.

— Quem disse que não me importo? Você pode até ser uma péssima filha, mas ainda sou sua mãe! — Ela falou e eu a olhei com cara de tédio.

— Tá desculpe... Você não é uma péssima filha, nunca foi, foi aquele homem que te deixou assim! — Ela começou a falar e eu revirei os olhos.

— Pare de culpar o Peter dessa forma! — A repreendi.

— Mas é verdade minha filha, não vê a verdade na frente de seus olhos? Ele nunca vai querer te assumir, provavelmente ele já conseguiu o que queria com você! — Ela continuou a falar.

— Não diga coisas que não sabe. — Respondi e ela acariciou meu rosto.

— Eu sei do que estou falando querida, a única coisa que ele pode querer com você é sexo, porque é novinha e bonita, só isso... não se engane... viu como ele ficou parado sem fazer nada quando fui na casa dele? É ridículo pensar que ele nutre qualquer sentimento por você. — Ela disse e eu preferi fingir que não havia escutado.

Ela nem ninguém poderia dizer que Peter não gosta de mim, é ridículo falar sobre uma coisa da qual não tem conhecimento.

— É mesmo? Se for sexo está ok pra mim, até porque fodemos muito gostoso! — Eu gritei sem pensar e ela pareceu estar impressionada pelo que eu havia dito, chegou a levantar a mão para me dar um tapa, mas não, ela não o fez.

— Como tem coragem de dizer uma coisa dessas!? — Ela gritou para mim em resposta e eu ri irônica.

— Só porque você não fode não quer dizer que eu não foda, ok? — Continuei com meu discurso e senti que a minha mãe estava se irritando.

— Se disser essa palavra nojenta mais uma vez, juro que lhe dou um tapa! — Ela gritou.

— Qual palavra? Foder? Ai mãe, não finja que nunca ouviu isso! — Eu falei e sua mão bateu com toda força em meu rosto, caí com tudo na cama.

— Eu te avisei. — Ela falou e saiu do meu quarto, me deixando deitada e cheia de lágrimas nos olhos.

Meu rosto queimava pelo tapa que eu havia levado, mas não era só meu rosto que doía, eu me sentia um caco por dentro e por fora, e cada movimento que eu tentava fazer parecia piorar as coisas.

Depois de cerca de uma hora deitada sem fazer nenhum movimento brusco, resolvi me levantar, e desci lentamente as escadas com medo de minha mãe.

— Filha? — Minha mãe perguntou e ao vê-la percebi que ela havia chorado.

— Mãe, você está chorando? — Eu perguntei me aproximando dela.

— Me desculpe tá bom? A mamãe te ama muito... — Ela falou beijando minha testa, então a abracei forte.

Senti meu coração apertado por ter brigado com a minha mãe daquela forma, mas sabia que aquilo havia sido necessário.

— Tudo bem... — Eu a tranquilizei.

— É só que quando aquela mulher veio aqui e disse todas aquelas coisas... — Ela sussurrou e eu me surpreendi, mulher? Que mulher? Certamente Diana.

— Que mulher? — Perguntei curiosa e ela ganhou uma expressão confusa.

— Uma idosa... Acho que se chama Lauren... — Minha mãe me respondeu e eu me surpreendi, a vadia era muito pior do que eu imaginava.

Voltei para o meu quarto e me deparei com um papel que eu não consegui identificar, mas depois de olhar melhor eu o reconheci, era a carta de Jeremy que eu havia esquecido de entregar.

Troquei de roupa e avisei minha mãe que iria sair, ela logo quis saber se eu iria ver Peter, mas eu garanti que não.

Caminhei várias quadras até que eu chegasse ao endereço correto, ao chegar me deparei com um enorme edifício prateado e uma sorridente recepcionista.

— Gostaria de falar com o senhor Jeremy Schneider... — Falei com a pequena moça de cabelos claros e ela fez um telefonema, minutos depois Jeremy chegou.

Ele vestia uma bermuda branca e uma camiseta rosa pink, eu tentei não rir, mas ele parecia tão gay naquele look.

— Oi Jadeline... — Ele falou utilizando o meu nome inteiro e eu suspirei.

— Vá se ferrar, senhor Schneider! — Disse dando ênfase em seu sobrenome alemão e ele sorriu mostrando os dentes.

— Schneider é um sobrenome de respeito, então não seja debochada! — Ele falou se finjindo ofendido.

— O sobrenome pode até ser, você não. — Falei cruzando os braços.

— A que devo a sua visita? — Ele perguntou curioso e eu entreguei a carta.

— Eu vim te entregar esse bilhete ou carta, ou sei lá o que! — Falei e ele ganhou uma expressão séria.

— Hum... É da Alice... Estranho porque ela saiu do país... — Ele falou e eu arregalei os olhos, como assim saiu do país?

— Ela o que!? — Perguntei completamente confusa.

— Ela foi para a Rússia com o namorado, ela quer recomeçar sua vida, e adivinha? Bem longe de mim! — Ele se queixou e eu abaixei a cabeça triste por ele.

— Eu não sabia... — Falei e ele puxou meu cabelo levemente em tom de brincadeira.

— Relaxa baixinha! — Ele falou e começou a fazer cosquinhas em mim, o xinguei mentalmente porque odiava cosquinhas ainda mais na frente da várias pessoas.

— Para com isso loiro dos infernos! — Reclamei e ele finalmente parou.

— Tá bom, parei. — Ele falou decepcionado.

— Acho bom! — Exclamei.

— E então? Como vai o lance com o carinha lá? — Ele perguntou de uma forma tão masculina, mas ao mesmo tempo tão preocupada.

— De mal a pior! — Respondi.

— Que triste. — Ele disse mexendo nos cabelos louros.

— Mais do que você imagina... — Respondi.

Saí daquele prédio chateada pela situação de Jeremy, mas uma excelente ideia se formava em minha mente, e se ela desse certo, duas pessoas teriam que me amar eternamente.