Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 13
Quando o inferno na Terra passa a melhorar.


Notas iniciais do capítulo

Olá! ♥

Quero agradecer MUITÍSSIMO à UchihaKimie pela recomendação que me deixou muito feliz mesmo! Muito obrigada mesmo. ♥

Obrigada também aos novos favoritos, leitores e reviews que me motivam muito. ♥

Aliás, vocês já visitaram o meu perfil? Eu tenho diversas fanfics de variados ships com a Sakura e ficaria muito feliz se vocês dessem uma olhadinha nelas.

Uma boa leitura para vocês. ♥



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A kunoichi de Konoha rolou em sua cama, ainda transtornada com a conversa que teve com Itachi momentos antes. Para quem não acreditava – e achava um absurdo – nos dizeres iniciais sobre Tobi ser Madara Uchiha, a bomba que veio logo em seguida foi grande demais para ser processada no momento de sua revelação.

“O massacre Uchiha foi um golpe projetado pela própria vila e eu jamais fui um shinobi infiel à Konoha”, disse Itachi.

 

~#~

 

― Pois não?

― É isso mesmo que você acabou de ouvir. A história vem desde o ataque da Kyuubi, quando o Clã Uchiha foi forçado a construir seu complexo afastado da vila. Tal acontecimento foi uma apunhalada no ego do clã e desde então o rancor Uchiha à Konohagure foi aumentando gradativamente, enquanto o nome Uchiha perdia influência e prestígio na vila.

“Com todo o clã cheio de ódio por Konoha, a solução que encontraram foi um golpe de estado. Estava tudo sendo meticulosamente armado e deram a mim, filho do chefe, a missão de ser um espião, já que havia acabado de entrar na ANBU. Eu concluí, no entanto, que uma guerra civil acarretaria em outras vilas atacando Konoha e decidi tomar o lado do Hokage, revelando para ele sobre os planos do meu clã e passando a agir como um agente duplo.

“Desde então, voltei totalmente minha lealdade à Konoha e não me arrependo momento algum disso, porém eu estava tão cego por todo o sistema que aceitei o fato de que meu clã só seria parado caso ele fosse impedido por meio de força bruta. Danzou quem veio com tal ideia e o restante do conselho aceitou-a, então o Sandaime, de mãos atadas, me deu a missão de aniquilar o meu próprio clã: eu era a única pessoa capaz de fazer isso e aceitei, desde que atendessem à minha única condição.”

― E qual foi? ― Sakura perguntou.

― Que poupassem Sasuke e dessem apoio a ele pelo resto de sua vida. Eu era capaz de fazer o que fora me ordenado, mas não podia matar o Sasuke; não o meu irmãozinho. Eu o amava demais para ser capaz de tirar sua vida e preferia até mesmo morrer em seu lugar para deixá-lo vivo.

“Como o Hokage me garantiu que meu pedido seria atendido, eu passei os dias tentando encontrar uma forma de cumprir minha missão. Nesse período de tempo o clã passou a suspeitar que minha lealdade não pertencia a eles e passei a receber um tratamento diferente até mesmo pelo meu próprio pai. A única pessoa que me dava apoio era Shisui, meu primo e melhor amigo que tinha ideias pacificadoras opostas ao golpe, porém Danzou o matou e todas as suspeitas de sua morte caíram em cima de mim. A partir de então, eu estava praticamente sem qualquer condição de fazer o que me fora requisitado… Até encontrar Uchiha Madara.

“Eu desde o início acreditei que ele era de fato a Lenda Uchiha e, como eu contei, fingi estar interessado em ser seu discípulo. Madara odiava o seu clã e ficou mais do que feliz em me ajudar no massacre, também com as condições de deixar Konoha e Sasuke em paz.

“Na noite da matança, Madara cumpriu nosso trato e me ajudou a matar um por um do clã e, quando Sasuke voltou e viu nossos pais mortos, fui obrigado a usar um genjutsu para ele nutrir ódio contra mim e não questionar a natureza do massacre, já que ele era alheio ao plano do golpe. Queria que ele crescesse como um shinobi de Konoha, odiando o que ia contra sua vila e que ele tivesse uma vida melhor do que a que eu tive. É uma pena que as coisas tenham ido errado desde que Orochimaru apareceu. Se eu soubesse que ele iria atrás do meu irmão, eu faria tudo diferente.

“Quando o massacre foi feito, jurei para Danzou que, caso ele não cumprisse sua parte ou a verdade do massacre viesse à tona, eu revelaria tudo o que sei sobre Konoha para as outras vilas. Todos preferem que os cidadãos de Konoha continuem ignorantes quanto ao que de fato aconteceu, afinal, ninguém quer que a vila conhecida como benevolente tenha seus segredinhos sujos revelados, então ninguém jamais vai saber da verdade.

“Depois de eu sair da vila eu ingressei na Akatsuki, tanto para proteção própria quanto para continuar protegendo Konoha do que a organização pudesse fazer, impedindo o máximo possível que meu sacrifício fosse em vão. Felizmente, a missão de pegar o Jinchuuriki da Kyuubi foi designada a mim, logo Naruto será mantido a salvo enquanto eu for responsável por matá-lo.”

 

~#~

 

Por mais que Sakura relutasse em acreditar nos dizeres de Itachi, por mais que ela desejasse com todas as suas forças que tudo fosse mentira, algumas coisas se encaixavam perfeitamente: as inúmeras oportunidades de matar Naruto que foram ignoradas, a saída de Danzou do conselho, a sobrevivência de Sasuke, uma matança praticamente impossível sendo realizada com maestria… Itachi era um gênio da manipulação, porém ele conseguiria chegar tão longe a ponto de montar toda aquela história que batia perfeitamente com certos acontecimentos?

Sim, ele conseguiria, uma voz dizia ao fundo da cabeça de Sakura.

E o que mais a chocava nem era a história em si, e sim os dizeres um tanto quanto vagos de Itachi: ele amava e protegeu Sasuke da morte. Itachi deu o restante de sua vida pelo bem da de seu irmãozinho, se sacrificando em prol dele. O nukenin fez a pessoa mais importante para si odiá-lo mais do que qualquer outra coisa para que ele não perdesse a fé que tinha em Konoha e em seu clã.

A devoção de Itachi era verdade ou apenas uma invenção fajuta para convencer Sakura?

A garota estava em seu quarto fazia horas, relembrando de cada palavra que o Uchiha havia dito naquela manhã, sem de fato chegar a uma conclusão se acreditava em sua história. A revelação de Tobi ser Madara Uchiha dias antes não a convenceu a completo e ela, na verdade, mal acreditava na revelação de Itachi; porém após aquela manhã ela já não tinha tanta certeza se o homem mentia para ela.

Sempre que tentava chegar a alguma conclusão, Sakura se lembrava da conversa que teve com Deidara, onde ele lhe disse as frases que a fazia cogitar a possibilidade de Itachi ser, de fato, verdadeiro com ela.

“As vilas ocultas, em especial a sua, adoram passar a imagem de bom governo, porém as coisas que eles fazem debaixo dos panos são grotescas.”

“Eu posso te garantir que não é pouca a sujeira que todas as vilas escondem embaixo do tapete.”

Revirou-se mais uma vez na cama. O renegado havia lhe garantido que esperaria o tempo que fosse necessário para ela decidir qual seria seu julgamento e ela decidiu fazer bom uso desse tempo. De nada adiantava ela tentar crer imediatamente em algo que mudaria para sempre sua visão em relação a Itachi, Konoha e tudo que ela sempre conheceu e amou.

Sakura, desde o início, era um peão a ser movimentado pelas mãos de Itachi em um jogo contra peças muito mais poderosas do que ela. Peões obedeciam às ordens de seu jogador sem contestar, apenas se movimentando conforme a vontade de terceiros e crendo na capacidade, inteligência e estratégia do regente.

Agora a escolha de ser um peão ou não cabia a iryou-nin e ela não fazia a mínima ideia de qual caminho tomar.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Na madrugada após o terceiro dia da conversa com Itachi, Sakura foi acordada com batidas impacientes na porta. Vestindo um roupão por cima de seus pijamas o mais rápido que conseguiu, se assustou ao ver Pain.

Ah, droga.

― Precisamos da senhorita urgentemente ― ele disse.

― O que aconteceu? ― a menina questionou.

― Deidara estava em batalha e foi gravemente ferido. Ele está a beira da morte e, se não tiver tratamento médico urgente, morrerá em poucas horas.

Pain reparou que, logo após seus dizeres, o semblante da garota mudou completamente. Ele não sabia se ela havia se esquecido de tirar seus pijamas ou se simplesmente não ligava, mas ela fechou a porta de seu quarto com força e imediatamente se direcionou à enfermaria, quase tão rápida quanto o Raikage. Ele deixou-a ir e não se deu ao trabalho de acompanhá-la, sabendo que só por ser Deidara, ele estaria em boas mãos.

 

~#~

 

― O que diabos aconteceu?!

A frase foi a única coisa que Sakura conseguiu dizer ao ver o corpo de Deidara largado na cama, inconsciente.

O rapaz estava coberto por queimaduras (provavelmente de suas próprias explosões), com diversos cortes e hematomas espalhados pelo corpo, sangrando bastante na barriga e com as roupas e pontas do cabelo chamuscados. Seja lá quem tivesse feito aquilo nele, era muito forte.

Não se demorou muito para ver o que estava acontecendo por dentro do corpo de Deidara. Felizmente não havia veneno em seu organismo, porém a pele tinha queimaduras graves e a coisa que acertou sua barriga, seja lá o que fosse, tinha conseguido perfurar parte de seus dois intestinos. Ela tinha que ser muito rápida.

Decidiu cuidar primeiro dos intestinos que sangravam intensamente e havia feito só metade do trabalho após uma hora se focando em regenerar os órgãos. Desesperada com o pouco tempo de sobra, acelerou o processo o máximo que conseguiu. O corpo e chakra dela se recuperariam depois de ficarem exaustos, já Deidara, não.

Quando o nukenin não corria mais risco de morte por hemorragia, Sakura partiu para a pele danificada. Ambos os braços, torso, pescoço e parte do rosto estavam comprometidos, porém ela não podia ver a intensidade do dano nas costas dele. Se preocupou em tratar o que viu inicialmente, recuperando a pele como havia feito no dia sem chuva no campo de treinamento.

Era uma pena que fosse muito mais difícil fazer isso na parte superior inteira do corpo.

Se sentiu segura de que ele também ficaria bem após meia hora cuidando das queimaduras. Com todo o cuidado possível, virou o corpo do bombardeiro e soltou um suspiro aliviado ao ver que a parte traseira só tinha grandes hematomas em variadas cores.

Usou a energia restante que tinha para enfaixar a barriga de Deidara, limpar o corpo ensanguentado e fechar os cortes mais graves e passar uma pomada em sua pele, certa de que ele ficaria bem com aquilo enquanto ela recuperava sua energia para prosseguir o tratamento pela manhã…

… E se lembrou de sedar Deidara, claro. Se ele acordasse, destruiria todo o trabalho que ela fez durante a madrugada e ela mesma faria questão de terminar o que seu oponente não terminou.

Apenas ao voltar para o seu quarto percebeu o quão exausta e sem chakra havia ficado, a ponto de quase retirar um pouco de sua reserva na testa. Cansada demais para pensar em qualquer coisa, adormeceu no mesmo momento em que sua cabeça tocou o travesseiro macio e confortável.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Deidara acordou lentamente. Sua visão estava embaçada, ele sentia dores musculares e precisava urgente de escovar os dentes.

Quando finalmente conseguiu focar o olhar em algo, concluiu que o rosto feio de Kisame não era uma das melhores visões para se ter quando se acorda.

― Olha só, a Bela Adormecida acordou depois de dois dias! ― o homem o cumprimentou com o mesmo sorriso sarcástico de sempre.

― Cala a boca, Kisame.

― Nossa, você precisa de escovar os dentes. Quer que eu traga uma escova e pasta de dente pra você? ― ele reclamou, torcendo o nariz e não aguardando resposta, saindo para sua jornada em busca de itens para a higiene bucal do colega.

Deidara tentou se lembrar do que havia acontecido para ele estar na enfermaria, se sentindo um lixo e com o ego ferido.

Ah, sim, ele havia lutado contra o pivete Uchiha em um confronto intenso. Havia sido divertido.

Não tinha sido uma batalha fácil, tanto que a última coisa que ele se lembrava antes de apagar foi ver o menino fugir nos braços de um cara enorme, igualmente ferido. Pelo menos ele não havia deixado o menino sair daquilo em forma física melhor que a dele.

E então ele havia acordado depois de dois dias, em uma forma bem melhor do que a que ele havia sido deixado por Sasuke Uchiha. Deidara jurou que ele morreria no momento que caiu no chão, sangrando como jamais havia sangrado, mas ele estava vivo. Vivo, na enfermaria do esconderijo e sendo zelado por Kisame.

Ele deveria ter usado o C0 para acabar com aquele moleque atrevido, tão insuportável quanto o irmão. Ele deveria ter se tornado sua obra-prima, deveria ter se explodido e mostrado ser superior ao Sharingan, deveria ter mostrado para Itachi o que ele era capaz!

Mas então, mesmo com todos os motivos para se tornar uma própria bomba, por que ele não o fez?

Sua mente voltou a tempos atrás, naquela primeira vez em que levou Sakura no telhado com o objetivo de conhecê-la melhor e se livrar da solidão infeliz em seu aniversário.

Enquanto eu tiver esperança e algum motivo para viver, não vou fraquejar, ela disse. Lembrando-se de tal frase, ele concluiu que o motivo para não ter usado o C0 fora o mesmo motivo pelo qual a menina ainda não havia desistido de viver.

Qual era a sua esperança, no entanto? Como ele descobriria pelo que diabos ele tinha esperança, enquanto jamais nem cogitou adicionar a palavra ao seu vocabulário?

Pelo que Deidara queria viver?

O bombardeiro passou a olhar o seu próprio corpo, tentando enxergar a extensão dos estragos. Ele tinha hematomas onde pensou que não seria possível ter, sua barriga doía um pouco quando ele tentava se sentar e ele viu que alguns dos cortes mais profundos feitos pela katana de Sasuke haviam levado pontos, além de seu cabelo, que estava todo queimado nas pontas. Ele soltou um grunhido de raiva ao pensar que teria que cortá-los.

Kisame voltou com os utensílios necessários para salvar todos que fossem conversar com Deidara e ajudou-o a se sentar na cama desconfortável. Enquanto o rapaz escovava seus dentes, o nukenin de Kiri passou a tagarelar.

― Sabe, você tem que assar uns bolinhos para a Baixinha quando você sair daqui ― ele disse ― ela veio correndo para cá quando você chegou e passou horas a fio tentando salvar a sua vida. Quando ela passou pelo meu quarto e foi para o dela, Samehada sentiu que o chakra dela tinha quase acabado. Poucas horas depois ela voltou para cá e continuou o processo de cura. Ela restaurou toda a pele danificada por queimaduras e deu um jeito nos seus intestinos perfurados. Ela pediu para eu ficar aqui por uma meia hora enquanto ela ia conversar com o Líder. Acredita que você parecia um marshmallow ensanguentado que ficou tempo demais aquecendo na fogueira? Sorte sua você ter a menina pra te deixar branquelo assim de novo.

― E você atendeu ao pedido dela em troca de nada?

― Favores não precisam de retribuição, Deidara. Pode ser que sua cabeça mercenária te impeça de pensar assim, mas quando a gente gosta de alguém, não precisamos de muita coisa além da gratidão e consideração da pessoa. A menina está passando as noites aqui do seu lado, gastando o chakra dela para te curar o mais rápido que ela consegue, e eu tenho certeza de que ela não vai te pedir nada em troca porque ela gosta de você. Com certeza mais do que gosta de todo mundo junto aqui nesse lugar.

Deidara refletiu por um momento nos dizeres de Kisame e concluiu que havia descoberto o que o fazia querer viver e o que vinha mudando sua perceptiva sobre as coisas. A resposta era tão óbvia que ele achava um absurdo não ter percebido.

Talvez a atração repentina por Sakura, a vontade de estar sempre perto dela e a falta que ela fazia enquanto estava longe não eram só uma consequência de estar se sentindo sozinho. Talvez ele devesse parar de esconder de si mesmo que era alguém com sentimentos e que estava sentindo algo por Sakura. Talvez ele devesse seguir sua intuição e ser sincero com ela e com ele mesmo.

Talvez – não, não era um talvez, aquilo era uma certeza— ele devesse tentar viver com a pessoa que o fazia querer viver, mesmo que não fizesse a mínima ideia aonde tudo aquilo o levaria.

― Kisame, me ajuda a levantar ― ele pediu ao homem ao seu lado ― eu quero tomar um banho no meu quarto, hm.

― Mas você não precisaria de auxílio da Baixinha? É ela quem está cuidando de você.

― Pode deixar, eu me viro. Depois eu vou ver ela, mas agora eu só quero me limpar.

Kisame expandiu seu sorriso sorriso divertido antes de ajudar Deidara a ficar de pé.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

 

Cansada, Sakura resolveu seguir o conselho de Konan e tomar um banho quente antes de voltar para a enfermaria.

Ela havia feito seu relatório sobre a condição de saúde de Deidara para Pain e, ao ver o quão exausta a iryou-nin estava, Konan aconselhou-a de cuidar um pouco de si mesma e deixar Deidara um pouco sozinho. Ele não faria a loucura de sair andando por aí logo que acordasse, afinal.

Pelo menos ela achava que não.

Desde a madrugada em que o líder da Akatsuki bateu em sua porta, ela mal havia ido lá novamente. Nem ela entendia direito o motivo, porém não conseguia pensar na possibilidade de deixar Deidara sozinho por muito tempo. Ela vinha trabalhando incansavelmente para curá-lo e estava crente que acabaria com o restante no dia seguinte, deixando de sedá-lo naquela manhã. Se ela estivesse certa, quando voltasse na enfermaria ele já estaria acordado.

Naquele período de dois dias muita coisa passou por sua cabeça, tanto em relação a Itachi quanto a Deidara. O loiro estava deixando a sua cabeça extremamente bagunçada e ela não sabia o que fazer.

Ver Deidara perto de morrer foi algo horrível para ela. Eles dois haviam acabado de voltar a conversar e a possibilidade de perder ele de novo, no meio de todo aquele caos que a vida dela se encontrava, a deixava desesperada. Por mais que fosse o garoto quem estivesse à beira da morte e ela fosse a única capaz de salvá-lo, ela precisava muito mais dele do que ele precisava dela. Ele havia se tornado essencial na vida dela de uma forma tão rápida que ela mal conseguiu perceber.

As borboletas em seu estômago batiam as asas só com o ato de pensar em ver o sorriso torto de Deidara quando ele acordasse e o coração acelerava ao imaginar que eles poderiam voltar a ter as longas conversas enquanto ele se recuperasse.

A espinha arrepiava quando ela se lembrava de que não conseguia mais evitar pensar em Deidara daquele jeito e que ela tinha uma pequena certeza de que o que ela sentia tinha um nome bem específico, o qual ela se recusava a pensar ou mencionar em voz alta. Se ela admitisse que Deidara a fazia sentir a palavra com P, ela não conseguiria mais olhar, conversar e agir com ele da mesma forma que antes.

Sakura tinha toda a certeza do mundo de que a atração que ela sentia era mútua, porém ele sentia algo mais forte como ela sentia? Era praticamente impossível, não é? Deidara jamais olharia para ela de um jeito mais intenso; mas e se olhasse? Ela tentaria fazer algo mais profundo acontecer entre eles?

Sim, tentaria.

Cansada de pensar em tudo aquilo, terminou o seu banho, se vestiu e, no momento em que sairia do quarto, ouvir o bater característico na porta e sentiu a marca de chakra tão familiar na frente de seus aposentos.

Maldição! Deidara havia acordado e sido burro o suficiente para sair de sua cama. Abriu a porta pensando que ela mataria ele logo que olhasse naquela cara arrogante dele e...

… E não conseguiu pensar em mais nada ao ser envolvida pelos braços do nukenin.

Deidara a abraçava sem força e parecia sentir um pouco de dor, porém ela podia sentir a intensidade de sua ação. Retribuiu o ato um pouco hesitante, o que o permitiu aproximar mais seus corpos. Ficaram assim por um tempo, sem dizer nada, até que Deidara quebrou o contato.

Os olhos azuis encararam os jade por um tempo com um misto de sentimentos e o rapaz tomou lentamente o rosto de Sakura com a mão, puxando-a para mais perto até que seus lábios tocassem os dela.

Sakura surpreendeu-se com a atitude de Deidara e ele percebeu isso, porém manteve o contato entre os lábios e aos poucos foi movimentando os seus próprios, convidando a garota para acompanhá-lo. Ela havia sonhado acordada com aquilo bem mais de uma vez.

Decidida a não perder o “e se” que havia desejado pouquíssimo tempo atrás, ajudou a transformar o toque gentil em um beijo um tanto quanto hesitante, fazendo-os descobrir vagarosamente algo que eles nem sabiam o que era, mas sabendo que era o certo.

Deidara soltou a mão do queixo de Sakura e levou-a até o lado do rosto rubro, a outra descansando no quadril pequeno. A garota já direcionou as suas para a cintura do loiro, enlaçando-o gentilmente. Prosseguiram daquela forma por um tempo até que o maior separou-os, com nenhum dos dois sabendo o que dizer ao certo.

― Eu queria ter sido a primeira pessoa a te ver quando acordasse ― ela confessou, na tentativa de ser romântica após seu primeiro beijo. Ela deveria tentar ser romântica?

― Eu também queria ter te visto quando abri os olhos, mas encontrei a visão desagradável de um mutante com o sorriso bizarro. Ele me contou o que você fez por mim. Obrigado por ter salvo a minha vida.

― Como eu não salvaria? Você é mais importante para mim do que pensa ― respondeu com um sorriso sem graça.

― Então isso é uma permissão para eu te beijar de novo? Eu queria ter feito isso há muito tempo, hm ― ele perguntou, com o olhar altivo.

Sakura se envergonhou novamente, porém ela tinha que agir como uma pessoa normal. Ela não era mais a menina de doze anos que quase desmaiava quando Sasuke apenas olhava para ela – de um jeito não muito amigável, inclusive – e poderia muito bem lidar com um cara bonito querendo a beijar mais de uma vez, não poderia? Ela sempre teve atitude quando o assunto era Sasuke, então ela deveria parar de ser idiota e trazer a Sakura destemida de volta.

― Acho que sim, só... Me deixa olhar seu corpo antes? ― Ela pediu, arregalando os olhos logo que percebeu que Deidara havia levado a frase no sentido errado. ― Não! Não desse jeito! Eu quero olhar o que você estragou fazendo a burrice de sair da enfermaria!

― Ah, você e seu lado de médica profissional ― Deidara tirou sarro ― Você confia muito pouco em mim, eu estou bem, hm.

― Vamos ver se está mesmo. Vem, entra.

Dando espaço para o rapaz entrar, Sakura o seguiu para dentro de seu quarto. Ele não fez cerimônia para sentar-se na cama da garota, disfarçando o máximo possível o desconforto físico que o ato gerava. A kunoichi aproximou-se um pouco tensa, mas no momento que o chakra esverdeado envolveu suas mãos, ela se transformou da Dra. Haruno costumeira.

Enquanto Sakura analisava os interiores de Deidara, ele não conseguiu evitar de pensar em como ela era fascinante. Ela tinha uns dezesseis anos, se a sua memória não falhava e muitas vezes agia como uma mulher adulta, cheia de experiência e maturidade. Outras vezes, ela era uma menininha de treze anos, vergonhosa e que não sabia ao certo o que falar, desviando os olhos para qualquer lugar que não fosse vivo.

Ele gostava das duas partes, que tomavam uma o lugar da outra em um espaço de tempo incrivelmente curto, mas naquele momento ele só queria que a parte médica desaparecesse para sempre para ele poder retomar com Sakura a partir de onde eles haviam parado. Era pedir demais?

― Não sei que milagre aconteceu, mas nada foi danificado ― ela quebrou o silêncio.

― Viu? Eu te falei que estava bem, hm. Você precisa confiar mais em mim ― retrucou.

― Se você não entrar em mais uma luta suicida como a de antes, eu juro que eu confio. Aliás, quem foi que fez um estrago tão grande em você?

― Isso não importa. ― Ele evitou uma possível cena indesejada. Se ela soubesse que ele havia lutado com Sasuke, seu Santo-Inocente-Sasuke-kun, eles voltariam à estaca zero. ― Mas se eu tiver uma menina de cabelo rosa para me receber toda vez que eu voltar de missão, eu tento evitar, hm.

Sakura não respondeu e, menos tímida do que anteriormente – ele adorava como ela se adaptava rápido –, aguardou pela aproximação de Deidara, que beijou-a novamente e, daquela vez, de forma mais intensa. A iryou-nin acompanhou o ritmo do outro e sentiu um arrepio subir a espinha quando dedos passearam por suas costas até descansarem em seu final. Deidara partiu seus lábios, tocando levemente nos de Sakura com a ponta de sua língua, convidando-a para fazer o mesmo... Até ouvirem batidas na porta.

Sakura segurou o sorriso ao ver o olhar frustrado de Deidara e caminhou até a porta, abrindo-a e vendo que era Konan quem a chamava.

― Você está se sentindo melhor, Sakura-san? ― perguntou para a mais nova.
― Estou. Fiz como você recomendou e acho que vou dormir daqui a pouco ― A outra respondeu um pouco sem graça.
― Ah, sim. Decidiu não voltar para a enfermaria?

A pergunta de Konan foi respondida com o desvio de olhar da garota de cabelos róseos. A mulher, sem querer, direcionou os próprios olhos para dentro do quarto, vendo que um Deidara não muito feliz estava sentado na cama e encarando o teto. Pela primeira vez no dia, teve vontade de soltar um sorrisinho.

― Ah, sim ― ela retomou a conversa ― eu também vim lhe perguntar se você não precisa de nada. Vou fazer compras daqui a pouco.

― Se não for incomodar, eu preciso de mais shampoo. O meu está quase no fim.

― Aquele mesmo de maçã verde, não é? ― confirmou Konan ― tente descansar, então. Até logo.

Sakura esperou Konan ir embora para fechar a porta e, ao se virar, viu que Deidara havia se levantado.

― Eu também preciso ir. Eu estou com fome e preciso comer algo e eu percebi que você precisa mesmo dormir. Prometo que vou ficar deitado na enfermaria logo que sair da cozinha ― o garoto afirmou antes mesmo que Sakura pudesse abrir a boca. Caminhou até ela e depositou um rápido beijo em seus lábios. ― Te vejo mais tarde, então? Vou te esperar.

― Certo. Até mais tarde ― Sakura confirmou, se apoiando nas pontas dos pés para devolver um beijo no rosto pálido de Deidara.

Quando ele partiu, a garota não conseguiu evitar o ato de soltar um barulho do fundo da garganta que expressava um misto de sentimentos. O que exatamente tinha acontecido naquela última meia hora?!

Deidara havia acordado, vindo atrás dela enquanto ela coincidentemente pensava em como lidar com seus sentimentos sobre ele, a beijado mais de uma vez e dito que sempre quis a beijar e que a esperaria até que ela fosse vê-lo novamente. Era como se o destino tivesse esfregado em sua cara todas as respostas que ela queria encontrar em relação ao que deveria fazer sobre seu coração e seu relacionamento com o bombardeiro e ela, como uma boa menina, não queria tentar traçar um caminho diferente do que fora oferecido a ela.

Despiu-se e colocou seu pijama. Ao se jogar na cama, lembrou-se que sempre imaginou que seu primeiro romance não-platônico seria com alguém que a levasse para passeios noturnos, esperasse ansiosamente pelo primeiro encontro com seus pais e a beijasse pela primeira vez da mesma forma como nos livros: romântica, timida e experimentalmente.

No entanto, tudo seria completamente o oposto. Lembrou-se do primeiro romance de Tenten, que ela também comentou que era totalmente diferente de como imaginava que seria; porém achou que a situação dela também não se aplicava à definição de diferente de Tenten. Um criminoso rank-S e uma prisioneira em cativeiro da organização mais perigosa do mundo não era lá uma combinação muito ideal ou comum, afinal.

Droga, ela tinha que parar de pensar daquele jeito. Justo naquele momento – mesmo que assustadoramente repentino – em que ela havia conseguido o que tanto ansiava por dentro, ela passaria a criar conceitos estúpidos sobre os dois?! Ela, depois de um tempo, passou a ver Deidara não como um inimigo mortal, e sim apenas como Deidara. Ela não poderia também pensar nos dois em conjunto só como Deidara e Sakura, sem adjetivos ou rótulos? Ela precisava estragar algo que nem havia começado, enquanto já o conhecia por cima da casca que todos enxergavam?

É claro que as coisas seriam diferentes do que Sakura sempre imaginou! Deidara era diferente de tudo que ela sempre imaginou, em todos os aspectos possíveis. Ele era intenso, imprevisível, cheio de orgulho e não costumava se arrepender dos próprios atos: o completo oposto do rapaz dos sonhos dela e aquilo poderia ser muito melhor. Toda vez que encontrava Deidara, ela tinha uma nova surpresa ou fazia uma nova descoberta. Ela gostava daquela imprevisibilidade, que assustava e empolgava ao mesmo tempo. Talvez, enquanto ela ainda estivesse por ali, devesse aproveitar essa oportunidade para encontrar um pouco de paz no meio do inferno na Terra e mudar os seus conceitos de “como eu sempre sonhei”.

Se ela realmente saísse de tudo aquilo viva, se arrependeria eternamente de se prender em conceitos infantis sobre relacionamentos ideais e de ter impedido que algo que ela tanto queria não se tornasse realidade, enquanto o próprio Deidara parecia plenamente disposto a fazê-lo real. Por que não aproveitar quando a vida te faz um agrado sem pedir nada em troca?

Sakura fechou os olhos e tentou deixar a mente limpa para dormir rapidamente. Ela tinha um maluco que entrava em brigas suicidas – só Deidara - esperando por ela quando acordasse.


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Notas finais do capítulo

AEEEEEEEEE, FINALMENTE!

Capaz que vocês estavam quase largando a fanfic por causa do beijo ter demorado tanto, né? Me desculpa UASHUSAHUHSA

Eu não sei escrever cenas de romance, mas espero que tenha conseguido fazer um bom trabalho!

Mas enfim, acho que mereço reviews depois desse capítulo! Mereço? :D