A Princesa Preciosa escrita por Sensei Arê


Capítulo 3
Terceira Noite: A Outra Face da Lâmina


Notas iniciais do capítulo

Olá exploradores da titia! Como têm passado?!
Bem, quem espera sempre alcança, e hoje é um novo dia pra continuarmos a nossa história empolgante em solo indiano!!
Em primeiro lugar, eu quero muuuuuuuuito agradecer a minha Xará, que além de ser a homenageada da fic, ainda betou esse capítulo pra mim! Não tenho como lhe agradecer, meu amor...
Bem, antes de começarmos, aqui está a nossa playlist de hoje:

Começo da história e perseguição: https://www.youtube.com/watch?v=w8H2I2xhbhw

Tiro (exato momento do tiro): https://www.youtube.com/watch?v=WjsE2BmrJX4

Chegada dos outros exploradores (até o fim): https://www.youtube.com/watch?v=yK65zpfSfE4

Bem, espero que todos curtam a história! Nos vemos nas notas finais, onde também terá o glossário, oka?
Boa leitura!



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Após uma noite conturbada com sonhos difusos e quase vívidos, acordei suando frio logo ao raiar do sol. Os dias na Índia começavam frios, para depois esquentar até demais. Trajando já as minhas vestes para exploração, sai da minha tenda para respirar um pouco de ar puro e tentar espairecer.

Pensando que encararia a vastidão indiana sozinho, me surpreendi ao ver que Neji também estava de pé ao lado dos restos da fogueira, com o rosto voltado para os céus vermelho-arroxeados. Eu realmente não saberia o que dizer para ele, depois de tudo o que eu o fiz passar, e tenho quase certeza de que ele não iria ser nem um pouco agradável caso estivéssemos a sós. Como ele estava de costas, eu presumi que ele não poderia me ver, então, fui me afastando devagar.

– Desejas alguma coisa, Senhor Aburame? - perguntou ele, sem sequer olhar para mim.

– Como você...?! - murmurei abismado, mas depois relaxando os músculos e suspirando derrotado - Não, Neji, obrigado. Mas, eu... Posso ficar aqui com você?

– E por que não havei de poder? - ele se virou para mim com uma expressão tranquila - Aanaa. As brasas ainda estão quentes.

Lentamente, eu me postei ao lado dele e passamos a encarar o mesmo céu, sem dizer qualquer palavra. O explorador e o escravo, o rico e o sem qualquer coisa; ali, éramos apenas dois homens vendo o sol nascer no horizonte. E éramos tão iguais quanto diferentes.

Aquele homem que havia se tornado escravo na mão de mercenários, um homem com uma pose altiva, porém humilde, que havia se deixado chicotear e levar-se a exaustão. Um homem que não reclamou em nenhum momento e nem ao menos tentava se libertar ou, até mesmo, planejar algo de ruim contra os outros. Perto dele, eu me sentia pequeno. Como se meu doutorado, minha pequena fortuna e até mesmo minha vivência não fossem nada diante de um ser como ele.

De repente, eu me senti mais envergonhado do que nunca estive em toda a minha vida. Eu havia maltratado um homem que não poderia se defender, tudo por egoísmo e inveja de minha parte.

Eu era... Eu era como... Drugbha!

– Afastai os sentimentos ruins de vosso coração, senhor Shino. – disse Neji, voltando seu rosto sério para mim – Não deixeis que as sombras tomem a luz de vosso espírito.

– V-você... – eu balbuciei com a voz tremida, tentando desfazer o nó em minha garganta – Eu... Eu maltratei você. Eu queria ver você sofrer por que ela é sua. E eu a queria para mim! Eu a queria tanto que era capaz de fazer você sofrer como no sétimo círculo do inferno... E... E eu poderia tê-la em meus braços para sempre se você não existisse. – nesse momento, eu me sentia cercado por frio, medo e rancor, minhas palavras ecoavam em meu ser fraco – Eu nunca senti isso por ninguém! Eu desejei Hinata com toda a minha paixão, assim como sonhei com o teu infortúnio. Eu... Eu me transformei em um homem vil e invejoso! Sou a escória!

Nahiim, não és. – respondeu o moreno, com os olhos lilás emitindo uma seriedade como eu nunca tinha visto – Estás apenas sucumbindo diante do mal que guarda Kishkindha. Uma aura que inspira vingança e rancor, assim como a inveja e o pesar. Eu culpo esse mal pelo que me afligiu, e não a vossa pessoa. – e ele esboçou um sorriso – És um bravo guerreiro, e muito embora ainda não saiba tua verdadeira alcunha, sei que chegará o momento em que tua força se fará necessária.

– Neji... Quem é você? – perguntei debilmente.

Os olhos lilás perolados daquele homem brilharam intensamente, como se refletissem as brasas e os céus. E então ele sorriu amplamente, mostrando-me seus caninos ligeiramente mais pontudos.

– Eu sou o pai dos lobos e dos tigres. Sou a força do golpe e também a potência de cada grito. Todos os guerreiros e lutadores têm a minha bênção se a luta é justa e honrosa, o campo de batalha é o meu lar. – a cada palavra sua, eu me sentia cada vez mais arrepiado, sua voz torpe ecoava dentro de mim – Eu sou aquele que morreu por amor e aquele que espera a batalha pela vida em cada reencarnação. Eu sou o sentimento de bravura e a coragem de cada ser.

– Nanshu... – sussurrei, vibrando em expectativa.

Os olhos dele se fecharam, mas o sorriso de satisfação permaneceu, como se ouvir seu próprio nome fosse um jubilo imenso. O sol brilhou mais forte, e eu pude ter um vislumbre do deus de longos cabelos castanhos e pele clara, usando a calça e os sapatos vermelhos e o peito pintado como a pele de suas criações, os músculos eram fortes e marcados como todo guerreiro deve ter.

Nesse instante, todo o meu medo e meus sentimentos odiosos se expurgaram e a única coisa que vibrava em mim era a verdade implícita nas histórias. Muito embora a minha mente funcionasse de modo racional, alegando que aquilo nada eram além de simples ilusões de ótica e histórias fantasiosas, o meu coração sabia que Neji e Hinata eram exatamente quem me diziam ser. Os dois amantes eternos que buscam apenas uma única chance de ser feliz.

– Enquanto ainda acreditardes em nós e em nossa história... – disse Neji, de volta com sua expressão serena – Poderemos ter alguma chance...

Eu o encarei e assenti positivamente. Minha cabeça ainda fervilhava de perguntas e curiosidades, e eu tentava buscar as melhores palavras para começar. No entanto, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, um grito feminino irrompeu da mata, fazendo com que os pássaros debandassem.

Mais veloz que um lince, Neji correu em direção ao som estarrecedor e eu o segui o mais rápido que pude. Os outros homens saíram das barracas às pressas, pegando qualquer arma que estivesse ao alcance. Rapidamente, eu tentei ver se todas as nossas mulheres estavam no acampamento, meu coração se encheu de preocupação ao não ver Hinata em lugar algum.

Outro grito preencheu o ar, acompanhado de palavras de puro terror. Acelerei minha corrida ao máximo que consegui até chegar a um desfiladeiro por onde já havíamos passado. Ao longe eu pude ver uma figura ímpar no início do precipício: uma jovem donzela trajada com um vestido ocidental e um chapéu de abas largas, que gritava e brandia um galho sem folhas contra um grande elefante. O animal chacoalhava a cabeça com as enorme presas para a jovem que se aproximava cada vez mais de da beirada.

– Oh, por favor! Por favor... – gritava a mulher para o animal, com evidente choro na voz – Saia! Afaste-se de mim!

Neji estava alguns metros a minha frente, estudando a situação com a calma de um verdadeiro predador em busca do momento correto para atacar sua presa.

– Senhor Aburame...

– Shino. - interrompi, com o semblante decidido - Apenas Shino.

– Certo! - respondeu ele, com um sorriso determinado - Shino, irei atrair o elefante em minha direção. Vá por trás dele e leve a mulher para um local seguro.

– Entendi! - assenti, olhando para o caminho em que eu deveria ir.

– Tome cuidado. - advertiu-me ele - Um elefante indiano com raiva pode ser tão letal quanto um crocodilo faminto. Pronto?

– Tudo bem! Vamos!

Seguindo rapidamente em direções paralelas, eu me dirigi pela mata lateral, ao mesmo passo em que Neji rumou diretamente para trás do animal, soltando um grito potente que mais lembrava o rugido de um tigre de bengala. O grande elefante foi virando-se devagar para encarar o novo desafiante, ao mesmo tempo em que a jovem dava seus passos cautelosos para trás.

Senti o meu sangue congelar ao ver seu o vestido azul claro se enroscar em suas pernas e o corpo frágil tombar pela beirada do desfiladeiro. Corri mais rápido do que um dia imaginei que correria, enquanto o elefante já estava totalmente focado em Neji. Eu me lancei ao chão arenoso do precipício e pude ver a donzela se segurando em algo que parecia com uma raiz grossa.

– Hey! Milady! - chamei-a por cima dos outros sons - Fique calma! Vou tirá-la daí!

– Eu estou escorregando! - disse a mulher lívida de medo debatendo-se contra a parede de pedra e terra - Oh Deus! Estou escorregando!

– Acalme-se, mulher! Se continuar a espernear desse jeito vai cair mesmo! - bradei irrequieto, olhando rapidamente ao redor e vendo alguns cipós onde poderia me firmar - Preste atenção: eu vou me debruçar para pegá-la, mas preciso que me ajude e faça força para vir para cima, está bem?

– T-tu... Tudo bem! - respondeu-me ela, ainda chorosa - Eu... Vou tentar!

Com um aceno de cabeça, eu travei as pernas nos cipós e joguei o meu tronco para baixo no desfiladeiro e me estiquei o máximo que me era permitido, estendendo meus braços para alcançar a moça. Ainda com medo, ela soltou uma das mãos trêmulas e ergueu-a em minha direção, entrelaçando seus dedos enluvados nos meus.

– Ótimo! Muito bom! - eu disse, com um sorriso para animá-la - Agora, me dê a outra mão e finque as botas na parede.

– O-ok... Eu vou... AHH!

A raiz onde ela estava dependurada acabou cedendo, desprendendo-se do desfiladeiro. Com efeito, a mulher ficou içada por meus braços, e eu acabei escorregando mais alguns centímetros para baixo. O vento forte soprou, levando consigo o chapéu azulado que ela usava, deixando seus cabelos louros, trançados em um coque, á mostra.

– Deus! Eu não quero cair! - berrava a jovem, fechando os olhos cheios de lágrimas de medo - Eu não quero morrer! Oh, meu Deus!

– Acalme-se! Olhe para mim! - bradei, encontrando em mim uma coragem inimaginável - Olhe, eu não vou lhe soltar! Eu prometo que nunca vou soltar a sua mão! Ou você sobe comigo, ou caímos juntos, certo? Agora, me dê a outra mão!

A moça, que mesmo à face da morte permanecia com um rosto adoravelmente belo e corado, acenou positivamente com a cabeça e ergueu a outra mão para mim. Orientei-a para apoiar os pés na parede rochosa e assim conseguimos nos aproximar cada vez mais. Quando, finalmente, consegui fazê-la subir o suficiente para que ela abraçasse meu pescoço e eu a sua cintura, firmei meu corpo e juntei toda a força que possuía para puxá-la para cima, enquanto ela fazia força com as pernas, escalando o desfiladeiro. Eu não descansei enquanto não a puxei para longe da beirada. Quando dei por mim, eu estava deitado no chão arenoso, com a jovem donzela recuperando a respiração, deitada sob o meu peito que batia desenfreado.

Ela murmurava palavras de agradecimento, segurando-se em minhas vestes, como se tivesse medo de que se as soltasse cairia novamente. Quando ela finalmente ergueu o rosto para mim ficamos separados apenas por alguns centímetros, e então eu vislumbrei a profundidade daqueles olhos azuis. As íris de safira encaravam-me com alívio e, por um momento, eu me perdi naquela imensidão azulada desejando ficar daquele modo para sempre.

O rosto rubro dela desviou-se para cima, os lábios se abrindo pela surpresa. Ao me virar, também pude contemplar uma das cenas mais belas que tive a felicidade de ver: á certa distância, estavam Neji e o elefante, sendo que agora a tromba do grande animal estava sendo acariciada pelo escravo. A obediência e a confiança estavam implícitas na cena que chegava a ser sublime. No entanto, o momento místico foi extirpado pelo som de um tiro.

Ao longe, um homem vestido com vestes de safari, se aproximava empunhando uma espingarda de caça e mirando diretamente para Neji e o elefante. Assustado, a animal começou a se movimentar perigosamente e barrir bem alto. Antes que eu pudesse retirar a jovem dama de cima de mim e tentar impedir o ataque, o homem deu outro tiro, que acabou acertando a lateral do corpo do guia, logo abaixo das costelas. Pude ver os olhos lilás perolados de Neji faiscando com determinação; embora ele tivesse se encolhido por conta da dor, sua postura era de quem não se renderia facilmente.

– Saia do caminho! – gritou o homem, colocando mais dois cartuchos na espingarda – Ou o próximo tiro será na sua cabeça, homem.

Nahiim! – bradou Neji, abrindo os braços para proteger o animal de alguma forma – Este animal não representa perigo! Não o mate!

– Último aviso: saia da frente! – disse o homem, com um sorriso cruel nos lábios.

– Não! Não faça isso! – gritei para o homem, levantando-me e correndo até eles com a mulher ao meu encalço.

Bhaga jana! – disse Neji para o elefante, dando-lhe toques na tromba, sem deixar de olhar o homem – Ja'o, aba palayana!

O elefante começou a se afastar assim que um novo disparo foi feito, correndo em direção às arvores mais próximas e se salvando por pouco. O lado ferido de Neji derramava muito sangue, mas ele continuava de pé e com uma postura de quem não se moveria dali por nada.

Quando o homem se aproximou mais e mirou novamente para atirar, a coisa mais improvável aconteceu: Hinata surgiu correndo pelo mesmo caminho que havíamos feito, vestida apenas com um choli sem mangas – a blusa curta para cobrir o busto – e a ghaghra – uma espécie de saia anágua – mais curta do que as que costumava usar. Ela gritava em sua língua nativa e se postou em frente a Neji com seus braços abertos, para protege-lo, assim como ele havia feito com o elefante. Embora seu protetor bradasse com ela em hindi, provavelmente ordenando que ela se afastasse, a morena continuou mantendo-se à sua frente, com uma expressão de determinação febril.

Ela estava despida de qualquer joia ou acessório, e com roupas que não condiziam com o seu vestuário normal ou que pudessem ser utilizadas publicamente. Alguma coisa estava errada... Eu podia sentir.

Nahim! – suplicou ela, com os olhos lilás perolados assustados – Tende piedade, meu senhor! Poupai-o!

– Piedade? – repetiu o homem, com uma risada sarcástica – Por que eu deveria ter piedade de alguém que atrapalha os meus planos? Este traste não deve servir para nada mesmo... Uma bala já daria conta do recado!

– O senhor não vai matar ninguém! – interferi, assim que pude chegar aos dois – Esse homem é meu guia. Ele é minha responsabilidade!

– Então, por ser um dono incompetente, você deveria morrer também... – sugeriu o homem, apontando o rifle para mim.

– Oras! Pare com essa balburdia, tio Obito! – berrou a jovem loira, surgindo à frente de todos – Esses homens acabaram de me salvar! O senhor não pode mata-los!

Foi quando me dei conta de como ela havia se referido ao atirador. O “tio Obito” se tratava de ninguém menos que Obito Uchiha, o padrinho de Sasuke e meu empregador para aquela exploração.

Nesse momento, os homens da expedição chegaram ao local acompanhado de outros homens. Dentre eles, um senhor alto e louro, também vestido com roupas de safari, correu até nós chamando pela donzela que eu tinha retirado do penhasco.

– Ino, minha Ino! Graças aos céus! – disse o senhor, tomando a jovem nos braços e beijando seu rosto com alívio – Minha filha, eu tive tanto medo de perdê-la!

– Oh, papai! – choramingou a loira, apertando o pai contra si – Prometo que nunca mais tentarei desenhar elefantes! Principalmente se tiver uma mãe enfurecida por achar que eu vou atacar o seu bebê!

– Que o bom Deus nunca o permita! – riu o velho, soltando a filha e olhando seu rosto com alegria – Como foi que você escapou? Um dos escravos disse que você tinha corrido em direção ao desfiladeiro. Tive medo de que você caísse.

– E eu caí... – respondeu a menina sorridente, arrancando um suspiro exasperado do pai – Mas estou viva, graças ao “Escaravelho” Aburame!

Se alguém, anteriormente em minha vida, me perguntasse se eu acreditava em coincidências, eu seria efusivo em dizer que alguns fatos podem sim remeter a outros e isso era uma coisa completamente normal. No entanto, se esse mesmo alguém me perguntasse se eu imaginaria que eu veria a irreverente Ino Yamanaka novamente, eu diria que esse era o tipo de coincidência que eu não poderia apostar. Minha antiga colega de estudos no primário, cujos pais eram grandes amigos da minha família... A mesma moça que começou a me importunar pelas escolhas que fiz como profissão e que me apelidou “carinhosamente” de Escaravelho. Como pude ser tão tolo de não reconhecer aqueles olhos?

– O jovem Shino! – bradou o senhor Yamanaka, erguendo a mão para me cumprimentar – Se alguém me contasse eu nunca iria imaginar que seria capaz de se jogar de um desfiladeiro.

– Apenas quando se faz necessário, Sr. Inoichi. – respondi com um breve aceno de cabeça e me virando em seguida para o outro – Espero que agora com a situação explicada, o meu empregador possa desistir de tirar a vida do meu guia.

– Obito? Não creio que você foi capaz de errar o tiro num elefante! – riu-se Inoichi – Creio que seus dois olhos estejam ficando ruins, meu velho!

– Oras, papai! – repreendeu-o a jovem Ino – Não piore as coisas!

O altivo Uchiha tirou o chapéu e se aproximou de nós. Seu rosto era sério e desfigurado por conta de um acidente de guerra, como se o tivessem partido no meio e juntado duas partes diferentes.

Como sempre tratei da expedição com Sasuke e seu pai, eu ainda não havia conhecido o real idealizador dessa busca. Aquele homem exalava virilidade e arrogância, como todos daquela família. No entanto, existia algo a mais que eu não soube identificar o que era.

Agora, ele vinha até nós com a pose altiva, mas dirigiu-se primeiramente a Hinata, para a surpresa de todos.

– Você seria capaz de tomar uma bala por esse homem que você defende, mulher? – perguntou ele seriamente, com a voz torpe sem nenhum pingo de sarcasmo.

– Ele é a luz dos meus olhos, eu sou a carne de seu coração. – respondeu a morena bravamente – Eu daria minha vida, assim como sei que ele faria o mesmo.

– Hmm... – o velho Uchiha ponderou as palavras da dançarina, olhando dela para Neji com um olhar de crítica – Matar um inseto faz parte do destino de um homem, mas matar um anjo é algo diferente. Pense duas vezes antes de cruzar meu caminho novamente, escravo. Essa mulher pode não estar sempre perto para defendê-lo.

Rindo sarcasticamente, Obito Uchiha nos deu as costas e foi juntar-se aos seus homens. Mesmo ferido, Neji fez menção de ir até ele e desafiá-lo, mas foi impedido novamente por Hinata que o segurou firmemente. Quando ele tocou seus ombros para apartá-la, a morena soltou um ganido de dor e se encolheu. Então que eu percebi que toda sua pele estava avermelhada, como se estivesse queimada pelo sol forte, muito diferente do tom branco que costuma ter.

– Você se queimou? – perguntei baixo, mas em tom urgente – Quando foi que isto aconteceu?

– Uma maldição de ódio... – murmurou Neji, sabendo que eu entenderia suas palavras – Palavras que duram uma eternidade...

“Que o fogo do inferno lamba sua pele enquanto o sol nasce, eternamente e sem cessar, até o dia em que sejas minha...” – sussurrou Hinata, com os olhos cheios de lágrima.

As palavras ecoaram dentro de mim, e foi como se eu pudesse ouvir a voz de Drugbha enquanto via Halimed se queimar por inteiro junto com Nanshu já morto. Era esta a razão de Hinata nunca estar no acampamento nas primeiras horas da manhã: ela não queria que ninguém visse ou ouvisse a sua dor de ter a pele queimada e reconstituindo-se.

A dor da maldição resistiria até o dia em que o mal fosse finalmente extirpado daquela terra, no dia em que aqueles dois finalmente pudessem ficar juntos.

– Oh Deus, isso está mal... – disse Ino, aproximando-se de nós e tomando as mãos de Hinata com delicadeza – Eu tenho algumas pomadas e unguentos que podem melhorar a situação. Também precisamos levar o seu amigo ai para tomar uns pontos. Eu sou enfermeira, posso cuidar dos dois!

– Eu lhe seria muito grata, minha senhora. – respondeu Hinata, abrindo um sorriso dolorido.

– Por favor, me chame de Ino! – disse ela, abrindo um sorriso gentil – Agora vamos, antes que apareça outro animal que detesta ser desenhado!

– Ou que alguém atire em nós por conta disso... – resmunguei baixo e em tom irritado.

– Oh! É impressão minha, ou ouvi o bater de asas de um escaravelho? – provocou-me Ino, olhando ao redor com humor – Pensei que essas criaturinhas viviam apenas nas catacumbas egípcias. Ou quem sabe, dentro de bibliotecas e museus velhos...

– Oras! Sua...

– Ah, de novo! – interrompeu-me ela, puxando Hinata pelas mãos – Vamos logo! Antes que um enxame nos ataque com fatos históricos e coisas irritantemente chatas!

Hinata olhou para mim num misto de riso e pena, sendo guiada por Ino até o nosso acampamento. Eu amparei Neji, colocando um braço dele sob meus ombros, segundo logo atrás.

E eu tive de fingir que não o vi sorrir ao ver minha cara emburrada ao ter de ir até o acampamento com aquela mulher tagarelando sem parar.


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Notas finais do capítulo

Bem, antes de qualquer coisa, cá está o nosso glossário:

Aanaa: do hindi; Vinde.
Nahiim: do hindi; Não.
Bhaga jana: do hindi; Fuja
Ja'o, aba palayana: do hindi; Vá, fuja agora!
Escaravelho: do latim vulgar "scarafaius"; variante de "scarabaeus"; pelo português antigo "escaraveo"; é a designação comum a insetos Coleópteros e Coprófagos (especialmente os que vivem de excrementos de mamíferos herbívoros), da grande família dos escarabeídeos (Scarabaeidae), besouros pesados e coloridos, na qual se incluem besouros grandes e o famoso escaravelho sagrado (Scarabeus sacer), adorado pelos antigos egípcios. No Egito Antigo, os escaravelhos eram seres sagrados, sendo usados como amuletos relacionados com a vida após a morte e a reencarnação. Eram muito usados nas mumificações para proteger o morto no caminho para o além. Há cerca de 30 mil espécies de escaravelhos no mundo.

Well, well... Agora sobre o capítulo de hoje: quem acha que o Shino se redimiu e merece ser feliz levanta a mão! Ahhh, vá! O homem praticamente pediu desculpas pra um escravo, se dependurou num desfiladeiro (Scar diz: foi assim que eu matei Mufasa!) pra salvar quem?! Quem?! A nossa estrelinha brilhante e digna de holofotes! Ino Yamanaka chegou, minha gente!
Bem, acho que ficou meio claro que esses dois tem alguma coisa num passado não tão distante assim, hein?! E o que vai acontecer agora? O Obito vai ficar atirando em todo mundo que parece elefante? A Hinata vai achar a cura pras queimaduras matinais?
Essas e outras respostas vocês encontram... No próximo capítulo, logicamente!
Desde já, muito obrigada á todos que estão lendo e acompanhando! Xará, minha diva, pra você: o mundo e meu amor nele!
Beijos e até a próxima!



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