Quando eu acordei já era de noite, o frio tinha aumentado mais eu estava tão quentinha em baixo das cobertas grossas. Aquele corpo quente e aveludado em baixo de mim me esquentava mais e mais, a cama macia, o cheiro doce por todo o cômodo entrando em meus pulmões, a pouca luz vinda do quarto e um som baixo, provavelmente uma televisão.

Pera ai, corpo quente e aveludado em baixo de mim? Abri meus olhos, piscando um pouco e olhei em volta. Luzes amareladas de vários abajures, televisão passando um desenho da Disney, uma cama grande, macia. Olhei para baixo. Gabriel. HÃ?

Eu estava com a cabeça deitada em seu peito nu, seus braços me abraçavam com força e seu rosto estava tranqüilo deitado no travesseiro.

- Gabriel, idiota. Me solta! – falei tentando me soltar de seu abraço. Mas parecia impossível, quanto mais eu me debatia mais ele me apertava. Então ele SE JOGOU em cima de mim e eu fiquei que nem um peixe morto em baixo daquele corpo quente.

Sua respiração estava calma, como se ele não estivesse esmagando ninguém, suas bochechas estavam avermelhadas e sua boca meio aberta no meu pescoço, que ele não babe, por favor.

- Gabriel... – falei com um pouco de dificuldade e comecei a tentar empurrá-lo para o lado.

- Hm... – ouvi sua boca se abrindo e fechando, fazendo aquele barulho estranho e a alguma coisa quente e úmida cair no meu pescoço.

- GAGRIEL QUE NOJO, SAI DE CIMA GAROTO! – berrei no ouvido dele, agora sim eu tava com ódio de tudo que se meche.

- SUA LOCA! – ele berrou acordando e sentando na cama com a mão na orelha. – Não se acorda uma pessoa berrando no ouvido dela.

- Eu te chamei MILHÕES de vezes, mais você não acordou e pra melhorar a situação você BABOU NO MEU PESCOÇO! – falei respirando fundo e limpando meu pescoço com o lençol. – Quer saber. Tchau meu bem. – levantei e fui indo pra sala, pude o ouvir vindo atrás de mim, estava de olhos fechados respirando fundo, até que eu bati em alguém. – HÃ? Quem é você? – perguntei olhando o homem alto, de terno Armani ultrapassado, cinto Gucci, gravata Dolce Gabbana e sapatos Prada.

- Eu sou o... – o interrompi.

- Mais um empregado que mima aquele RETARDADO DO GABRIEL? – já estava perdendo o controle.

- Evi ele... – Gabriel tentou falar, mas o cortei.

- Você cale sua boca que eu não estou falando com você. – o interrompi de novo, odeio que tentem me interromper quando estou quase perdendo o controle. – E você, o que você pensa que estava fazendo aqui com esse seu Armani ultima coleção? Compro na ponta de estoque ou assaltou a loja? Deve ter ganhado já que está grande demais. Cinto Gucci, usou todo seu salário nele?

- Evi... – Gabriel.

- MENINO, NÃO INTERROMPE. Sabe, eu acho que o inútil do seu pai, que ta em Miami agora, pegando um bronze na bunda mole e velha, deveria estar aqui, menos preocupado com o “trabalho” dele, e mais preocupado com o filho MIMADO e idiota que ele tem, sabe por quê? Não é NADA comum um menino ser tão mimado quanto você, achando que pode ter qualquer pessoa como se fosse um objeto. – Respire – Sabe Gabriel, seu pai é um cretino, só porque a esposa dele morreu, ele abandonou o filho e não sabe que ele morre de medo de ficar sozinho quando ta resfriado, que em quanto dorme, fala “papai” – sim ele fala mesmo - Sabe, ele é um inútil, e você meu queridinho, devia odia-lo e não chorar por sentir falta dele.

- EVIE! – ele gritou, suas bochechas estavam vermelhas, ele olhava para o chão.

- QUE É? – gritei de volta colocando meus saltos e vendo a cara do carinha de Armani-última-coleção, a boca dele foi ao chão e voltou, ele ainda observava Gabriel, parecia estar arrependido? Levantei peguei minha bolsa.

- Evie, ele é meu pai, Stark.

- HÃ? – olhei para ele de novo.

- Prazer, Stark, sou o pai inútil do Gabriel. – ele disse baixo.

- Well... Eu vou embora e você Gabriel, me erra, ok? – Sai de lá o mais rápido que consegui, entrei no carro e acelerei até chegar perto de um parque que eu ia quando era criança, e comecei a tremer e respirar com força, já estava bem escuro, mas tinham as luzes dos postes e dos prédios, a lua estava alta e brilhando com poucas estrelas no céu.

Eu tinha falado tudo aquilo, uma coisa intima dele, na frete do pai dele, eu falei que não iria contar e agora eu contei. E eu tinha fugido de lá. Da minha responsabilidade, eu deveria ter ficado e consertar as coisas.

- Mas agora passou certo? Já é tarde demais pra concertar alguma coisa. – suspirei, abaixei o espelhinho do carro, acendi aquela pouca luz e me olhei no espelho. Minha maquiagem tinha escorrido por causa do choro de hoje mais cedo, tinham linhas pretas pelas minhas bochechas e elas chegavam ao meu pescoço, estavam borradas por eu ter dormido, e agora novas linhas se formavam.

- Evie Blake chorando por causa de um garoto? É hoje que o mundo acaba. – ri comigo mesma e liguei o carro novamente.

Dirigi com calma pelas ruas, e parei num restaurante de comida chinesa, como eu adoro isso. Passei no drive thru e pedi tudo que gostava, nem me importei com o susto que a atendente tomou ao ver o meu rosto todo borrado de preto.

Andei um pouco mais com o carro, até a janela que você paga e o cara que também se assustou mais logo depois sorriu, e que sorriso, e a moça que entregava a comida também assustou-se. Ótimo.

Dirigi com calma de volta para casa, aproveitando o cheiro delicioso que a comida deixava no ar. Entrei em casa, fui para o meu quarto com as sacolas de comida, coloquei a banheira para encher, coloquei uma musica bem alta e fui tirar minha maquiagem em quanto cantava Jeffree Star.

Comi minha deliciosa comida chinesa deitada dentro da banheira escutando uma boa musica alta.