Heroes: Crônicas Da Nova Geração escrita por Matt e Mia


Capítulo 3
Capitulo 1 - Mia Grey


Notas iniciais do capítulo

Olá :) agora começando de verdade rs Já nos conhecem formalmente, podemos começar com a nossa história. Bem vindos a nova geração.
— Mia



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Ainda era cedo quando eu decidi que fugiria. Já havia suportado demais da escola por aquele dia,mesmo que não passassem de nove horas da manhã. Agradeci mentalmente por minha habilidades, logo projetando minha presença na sala de aula e ao mesmo tempo anulando a imagem da real "eu" na mente de todos. Não esperei mais nada: dei logo o fora dali, mantendo meu estado de invisibilidade enquanto caminhava pela rua.

Era engraçado como as pessoas se assustavam ao esbarrar comigo; algo que não estava ali para elas. Isso me divertia. Gostaria de poder gravar algumas das caras que faziam, para assistir durante as aulas. Entendam: escola, para mim, é só mais um lugar onde posso ser zoada e ter o cabelo detonado pelas nojentas da turma quatro. Tudo bem, eu aguentei os dois anos anteriores do colegial, por que não aguentaria mais um? Simples: porque aquele tinha tudo para ser o pior ano de todos.

Minha mãe havia piorado significativamente, e suas alucinações agora tomavam quase todo o seu tempo. Conforme tomava o caminho para meu esconderijo favorito, várias lembranças vinham em minha mente. Nelas, minha mãe fazia bolos de chocolate comigo em nossa casa de Miami. Tínhamos tardes repletas de piqueniques, brincadeiras e risadas na praia. Eu sentia falta daquele tempo... Um tempo em que, ao menos, os surtos eram menos frequentes.

Eu estava tão envolta em pensamentos que nem percebi já ter chegado ao meu destino: Central Park. Passei despercebida entre as crianças correndo e casais de namorados, entre as senhoras que conversavam e os turistas de câmeras penduradas no pescoço. Passei por entre as árvores até a parte menos visitada do parque, procurando, como sempre, a mais alta de todas as árvores. E ali estava ela, em seu lugar habitual. Outra vez, fiz uso de meus poderes, levitando até o seu topo.

Do último galho, onde eu costumava sentar, tinha uma visão incrível de toda a cidade. E ali meus pensamentos floriam mais, e as lembranças pareciam mais fortes e intensas. Não demorou muito para que um certo nome viesse: Nicolas. Droga. Tanto tempo já havia passado, e as lágrimas ainda voltavam. Se eu não fosse... Estranha. Se eu não fosse o que sou... Ainda estaríamos juntos, nadando na praia. Ele não teria dito tudo o que disse...

Suspirei. "Esqueça, Mia...", sussurrei para mim mesma . O sol já se punha, o que avisava meu horário. Aproveitei a privacidade do meu esconderijo para tirar o uniforme de patricinha da escola e vestir uma camisa larga de botões, short de camurça, luvas de renda e minhas botinhas favoritas.

Descendo da árvore e me equilibrando de pé na grama, me deixei ser completamente visível de fato talvez pela primeira vez naquele dia. Havia uma sensação incrível de normalidade em mim enquanto eu andava para fora do parque e pelas calçadas. Era o meu caminho de todas as noites para o trabalho, o qual eu percorria sempre estranhamente animada.

Não era para menos: o Bar do John, mais um daqueles milhares de barzinhos do centro de Nova York, era um lugar de certa forma agradável ( se descontarmos os bêbados insanos que apareciam vez ou outra), que guardava três coisas que eu amava.

Primeira: companhias que me conheciam há algum tempo,porém que nunca ouviram sobre meu passado ou o que eu podia fazer. Cumprimentei os garçons e o próprio John, que secava algumas canecas atrás do balcão. Cumprimentei também um grupo de jovens que se reunia na mesma mesa todos os dias, e mais alguns outros clientes conhecidos.

Segunda: Cantar. Música me trazia paz, e talvez ser cantora daquele bar fosse a única coisa que eu gostava realmente de fazer.

A terceira coisa me esperava sobre o pequeno palco instalado no centro do estabelecimento, já preparando minha guitarra e o microfone.

Seu nome era Daniel.

–- Mitts! – ele exclamou, sorrindo, ao me ver entrar.

Sorri de volta. Dan, com seus cabelos encaracolados como de anjo e baixa estatura para seus 21 anos, era um cara deveras especial. Sempre de bem com a vida, se tornou meu melhor amigo logo que cheguei em Nova York, e desde então passamos a tocar juntos em alguns bares.

Tê-lo era um enorme presente. Não apenas por ser um excelente baterista, mas por todos os carinhos, os abraços intermináveis, bolos de chocolate, tardes de cinema, ligações na madrugada e até visitas, quando os pesadelos não me deixavam dormir. Meu único medo... era de que ele estivesse entendendo tudo errado.

Dei-lhe um soquinho leve nas costas quando subi ao palco, pegando minha guitarra de suas mãos.

–- Fingindo ser uma ninfa do Central Park outra vez, Mia? – ele perguntou, tirando uma folha do meu cabelo.

–- Não posso mesmo te enganar, não é? – brinquei, cruzando os braços.

–- Não... Ainda mais sendo tão cabeça-de-vento. Dan sorriu, dando batidinhas em minha testa com os nós dos dedos – Minha cabeça-de-vento favorita.

Juro que ouvi um suspiro de Daniel conforme ele beijava meu rosto e me abraçava pela cintura como sempre fazia.
–- Vamos começar? - Ele perguntou em um momento adequado até demais, quando as cortinas se abriam devagar anunciando o início do show.
–- Você é sempre pontual, não é? -- e com uma risadinha me posicionei ao lado do microfone.


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