Garoto de Papel (Hiato) escrita por Risoto


Capítulo 6
No final, eu fiquei mesmo maluca.


Notas iniciais do capítulo

*jurosolenementenãofazernadadebom*

Oi pessoas lindonas ^^
O que estou fazendo aqui? Bem, PRESENTE DE NATAL! Minha beta amorzin Seed Gipsy se matou para betar esse capítulo rápido o suficiente para vocês lerem dia 25 ♥ Ela exigiu um beijo, então mandem muitos beijos para ela hahaha. Te amamos Vi.
Enfim, mais gayzices nas notas finais ^^ Boa leitura.



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Eu cheguei a conversar com ele na escola.

Foi muito, muito estranho.

Só senti que deveria ao menos saber se ele era real ou fruto de minha imaginação. Na hora da saída, caminhei vagarosamente em sua direção, deixando Mel e Gui para trás, que nem perguntaram o que estava fazendo.

Eu sabia exatamente o que ele iria responder, então não sei por que perguntei. “Daniel Lopes Pacheco”, com um sorrisinho e os olhos brilhando, feliz por alguém ter tomado a iniciativa de pelo menos perguntar seu nome. “17 anos, muito bem vividos”, pensando nas brincadeiras de infância com seu melhor amigo, Marcos. “Por que você quer saber disso?”, acompanhado de uma risada gostosa, quando perguntei com que frequência cortava as unhas do pé.

— Alana! Sua mãe tá nos esperando na porta! — ouvi Mel gritar, pegando sua mochila com chaveiros fofos pendurados e correndo na direção da entrada.

Murmurei um tchau para Daniel, e corri para Mel.

— Mas não era a sua mãe que ia nos buscar? — questionei, caminhando ao seu lado, gritando uma despedida para Gui.

— Eu sei lá, só sei que sua mãe apareceu no portão e a Clarinha veio me dizer que ela tava segurando a fila.

Revirei os olhos. Mães.

Entrei no carro e cumprimentei minha progenitora. Carros (e automóveis em geral) sempre me deixam pensativa. O caminho é sempre vago, e não consigo escutar música. Meus pensamentos se voltam imediatamente para Daniel. Não esse estranho que se parece muito com o meu Daniel — porque me recuso a acreditar que seja ele —, mas sim ao garoto de papel. Lembro-me da noite em que eu o criei.

Meus pais haviam brigado. Os gritos foram insuportáveis, tudo era tão instável. Nem as pessoas que me deram a vida foram capazes de se manterem fortes o suficiente para mim. Eu me senti como se estivesse no mar e o porto tivesse desabado, junto com minhas esperanças.

Eu precisava de alguém, uma pessoa que ficasse comigo, não me abandonasse. Olhei para o teto, cheio de estrelas e luas fluorescentes (que, durante meus 8 anos, eram as coisas mais legais do mundo), e imaginei um garoto, sorrindo, calmo, seguro. Sorri leve, com o rosto molhado e gelado, e sussurrei:

— Olá, Daniel.

A partir daquele dia, ele foi tomando forma. Personalidade, história, uma vida. Com o tempo, Letícia apareceu, composta por quem eu sou, pelo o que eu penso. O romance dos dois foi construído. Os melhores capítulos foram feitos em momentos de dor, como quando meu pai apresentou sua namorada. Eu o via se casando, tendo filhos, me esquecendo. Quem precisaria da filha da ex-mulher quando se têm uma família perfeita?

— Acorda, garota, chegamos! — exclama Mel, estalando os dedos na minha frente. — Você tem estado aonde? Só viaja!

— Me erra, chata. — murmuro, saindo do carro. Minha mãe pega sua bolsa com um sorriso no rosto. Parece que ela manipula a luz para sempre favorecer seus traços.

Como meu pai cogitou a hipótese de deixá-la?

Mamãe segue na direção da entrada do prédio, comigo e Mel em seu encalço.

— Já arrumou suas coisas, Lana? Seu pai vem te buscar amanhã à noite para vocês saírem para jantar. — ela questiona.

— Claro mãe, relaxa. — eu nem sabia que ia sair para jantar amanhã. Acho que minha mala está em cima do meu armário.

Eu tenho um quarto e roupas extras na casa do meu pai, mas todas são muito apertadas e... Coloridas. Não são bem o meu estilo. A namorada do meu pai que compra, para tentar me conquistar. Passei até a admirar seus esforços para me fazer gostar dela, mas ainda não consigo me sentir confortável perto da pessoa que meu pai escolheu para nos substituir.

Em vez de entrar conosco em meu apartamento, Mel vai em direção do seu dizendo:

— Tenho que terminar uns deveres. Te mando uma mensagem quando acabar, okay?

Assenti e entrei. Fui direto para meu quarto para arrumar minhas malas. Quando acabei, peguei o livro que estava lendo e caminhei até a porta, passando por minha mãe e avisando-a aonde iria. Desci as escadas como um raio, apertando o livro contra o peito.

Percebi que o apartamento 32 estava cheio de caixas e poeira. Então aquele garoto moraria um andar abaixo do meu?

O destino está curtindo com a minha cara.

Caminhei até o jardim, me sentando num banco de aço pintado de branco. Era reconfortante e belo ao mesmo tempo. Dava-me paz e segurança, e isso era tudo o que eu precisava.

Nem mal terminei um capítulo e ouço o farfalhar das folhas. Olho na direção do barulho e vejo: roupas escuras, cabelo castanho claro. É o garoto. Tento me esconder, mas não muitas possibilidades para tal num jardim. Ele me vê e caminha em minha direção, sorrindo.

Sentou-se com calma, apoiando os cotovelos no encosto do banco, tranquilo. Não ouso fechar o livro, e continuo no banco de trás do Impala do pai de Park, lendo e presenciando a cena de amor entre um coreano e uma dinamarquesa. Mas era tão desconfortável ele estar ao meu lado, vendo-me no meu momento mais íntimo (ler é um momento particular para mim), que simplesmente fechei o livro. Não puxei assunto, só olhei para frente.

— Legal o livro. — não era uma pergunta, e me pegou desprevenida. Por quê? Eu conseguia prever o que ele faria, por que não consigo mais?

— Como você sabe? — juro que minha intenção não era parecer grossa, mas foi inevitável.

Contrariando o que eu esperava, ele riu.

— Só uma tentativa de interação. É difícil ser o novato. — ele é outro manipulador de luz, deixando suas linhas clareadas perfeitamente, parecido com um príncipe.

O que eu estou dizendo?

— De onde você veio? — a pergunta sai antes que eu possa me conter.

Daniel Segundo fica com uma expressão confusa. Inclina a cabeça de forma até fofa, com a testa enrugada.

— Eu não, hum... Me lembro. — ele responde enfim. Isso é estranho.

— Com quem está morando? — não consigo segurar minha curiosidade.

Ele sorri, feliz por saber responder.

— Moro sozinho. Tenho dezoito anos, e vim morar aqui para a faculdade que pretendo cursar.

— Onde estão seus pais? — pressiono.

— Estão na minha antiga casa, oras. — ele diz como se fosse óbvio. Exceto pelo fato dele não saber onde é.

O que está acontecendo?

— Tenho que ir. Tchau, Daniel. — levanto-me correndo, com o coração acelerado.

— Tchau, Lana! — ele grita, e sinto que acompanha meus passos até eu entrar no prédio.

Essa história está muito mal contada.

Corro até meu quarto, com um objetivo: os manuscritos. Passo a tarde lendo tudo o que escrevi. Em momento algum eu especifiquei onde eles viviam.

Daniel Segundo não é Daniel Segundo.

É o meu Daniel.


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Notas finais do capítulo

Amorecos!

Nós quisemos fazer essa surpresinha para vocês, então considerem como nosso presente de Natal. Espero que curtam o capítulo, foi curtinho mas foi feito com o coração.
Leitores fantasmas, cadê vocês? Só um feliz Natal para uma autora? Continuo amando vocês mesmo se não quiserem comentar ^^
Já devem ter percebido que "^^" é meu emoji favorito.
Enfim, não se sintam obrigados a nada, mesmo. Não curto autores que fazem pressão para os leitores comentarem. Deixem um review se porventura se sentirem confortáveis.

Mais uma vez, feliz Natal nutelinhas.

Mil beijos ♥♥♥

*malfeitofeito"