Can you feel the love tonight? escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 1
Can you feel the love tonight? - Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Conforme relatei no disclaimer, esta one-shot foi escrita para uma leitora e amiga muito querida por mim (sério, vocês não têm noção!), minha parceira de... hã, 1,65m?, acertei? Enfim, escrevi esta história em virtude do aniversário da baixinha que mais prezo.

Parabéns outra vez, Morganna, e desculpa pela entrega do presente atrasada. Espero que goste da leitura.



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“There’s a calm surrender

To the rush of day

When the heat of a rolling wind

Can be turned away...”

Sinceramente, ele não queria estar ali. Era constrangedor, embaraçoso, complicado.

Não havia uma brisa sequer, nada que pudesse disfarçar sua voz grave e embolada de vergonha — não que ele fosse tímido nem nada do gênero. Mas depois do que havia acontecido — sobretudo na batalha contra a Tártaros — tudo havia mudado, mesmo que não parecesse.

Gajeel Redfox, Dragon Slayer, mago da até então existente Fairy Tail, tinha as mãos escondidas sobre o bolso da calça. Olhava de longe, com certo receio, para a pequena Levy McGarden que lia a sós na sacada do apartamento que dividiam — devido à diluição da guilda, estavam sem trabalho há alguns meses; o dinheiro que possuíam não era suficiente para dar-lhes o privilégio de alugar quartos separados.

Mas tal situação não chegava nem perto de causar em Gajeel o constrangimento que sentia naquele instante tão peculiar.

— Você não vai dormir? — perguntou Lily aparecendo ao lado do companheiro. — E por que está espionando a Levy, Gajeel?

O mago estreitou os olhos, querendo ao máximo parecer ele mesmo, o costumeiro Gajeel.

— Não é da sua conta — respondeu.

E para o agrado de Gajeel, o Exceed pareceu não se importar com a má resposta; sacudiu os pequeninos ombros, virando-se.

— Entendi. Boa-noite, vou dormir.

Bastou Lily se retirar para a fina e branda voz de Levy repreender o Dragon Slayer.

— Você não deveria ser tão rude, Gajeel. — Ele se virou abrupto para onde estava Levy McGarden. Ela ainda estava lá, lendo, de costas para tudo e todos, como sempre focada nas páginas que tanto amava.

Ou não tão focada assim, pensou Gajeel.

— Você estava...

— ... Prestando atenção? — antecipou-se Levy. — Não, não estava. Mas, felizmente, ou, não sei direito!, infelizmente, a sua voz é mais alta do que você imagina.

— Hunf! Isso soa como desculpa para mim, nanica.

Com os olhos sobre o livro Levy sorriu timidamente.

Alguns segundos correram. Por Levy não ter dito mais nada, Gajeel se sentiu impulsionado a chamar-lhe novamente a atenção, falar alguma coisa mesmo que fosse pura besteira. Não se entendia, não conseguia compreender a causa de querer fazê-lo. Talvez pela garota já estar ciente de que ele a espiava e se esconder dela ser ridiculamente sem sentido, ou por não ter outra escolha já que tinha sido pego no ato, ao ainda por não ter nada pra fazer; tantas possíveis justificativas para um Gajeel desorientado.

“Mas que bando de merda que eu tô pensando agora?” resmungou em pensamentos.

Gajeel ergueu a cabeça, Levy ainda lia; olhou para os lados, ela continuou lendo; ele suspirou, a menina não se moveu; estendeu hesitante o braço para frente, a garota sequer moveu um músculo.

— Então, é... — ele gaguejou. — Eu tô compon-

— ... Você pode sentir o amor nesta noite? — perguntou Levy, interrompeu Gajeel.

O Dragon Slayer franziu a testa.

— O quê?

Levy, percebendo o mal-entendido, riu-se e se virou para o rapaz que a encarava desentendido.

— É do livro — explicou. — Um dos personagens pergunta isso para a protagonista, Gajeel. Só isso.

Ele se sentiu um completo idiota.

— Hã... Tsc, eu já sabia — resmungou Gajeel. Levy achou graça.

“An enchanted moment

And it sees me through

It’s enough for this restless warrior

Just to be with you…”

— Então deve conhecer a história também, não é? — ela falou cética.

— Ora, mas é claro que sim! — mentiu teimoso.

— Sei... — Obviamente, Levy tinha certeza de que Gajeel estava mentindo, que ele não conhecia nada, e que estava fazendo aquilo apenas para não se passar por bobo. — Então venha cá, vamos conversar sobre a história.

— Por que eu faria isso? — manteve-se defensivo. — Você nem terminou de ler! Não vou contar...

— ... Estou lendo este romance pela terceira vez, Gajeel.

— Terceira?

— Sim, terceira — garantiu Levy. — É o meu favorito. Mas, como eu ia dizendo, venha aqui. Conte-me o que você aprendeu com a história.

Aquele rosto pequeno e sorridente causava-lhe constrangimento. A conversa tinha rumado para longe do desejado pelo rapaz; Gajeel tinha perdido totalmente o controle do diálogo, isso considerando que ele o teve em algum momento.

— Hã...

— Sabe — Levy fechou o livro, pondo-o ao lado do corpo —, a história é meio musical. Eu estava pensando que, bem, você é músico, então seria divertido se...

— Se...?

— Se você tocasse — completou. — Eu bem que gostaria, mas não sei. Eu posso cantar e você tocar com seu violão. O que me diz, Gajeel?

Ele pensou, analisou a possibilidade e repensou. Não seria desafio nenhum para um músico como ele, mas ao mesmo tempo seria esquisito; não lhe era natural tocar romance; gostava de sons berrantes e agressivos. Na Fairy Tail quem tinha o hábito se apresentar com canções românticas e melodiosas era Mirajane Strauss, não Gajeel.

E, quieto, nem notou que estava fazendo Levy esperar.

— Gajeel...

— O quê? Ah, sim! Espere aí. — Saiu a passos vagarosos.

Ele gostaria de ter demorado mais a voltar — ainda se imaginava pagando papel de idiota —, mas, em contrapartida, poderia, sim, quem sabe?, ser interessante bancar o bobo naquela noite.

— Você demorou — disse Levy. — Não quer tocar?

— Não demorei. Não enche, Levy.

Sentou-se ao lado dela, o violão em mãos. Esperou a menina tomar coragem e começar a cantar, e quando ela o fez, Gajeel pôs-se a acompanhá-la por intermédio do instrumento.

A voz dela era bonita, apesar de desafinar em determinados versos. E à proporção que os acordes fluíam, Levy se sentia mais segura para continuar. Ela estava convicta de que não tinha qualquer talento vocal, mas, junto de Gajeel, isso era irrelevante; valia muito mais o prazer de estar ali do que qualquer dote musical.

— Certo... — Ela riu, pedindo o fim de tudo aquilo. — Foi demais por hoje. Eu definitivamente não sou boa com essas coisas.

— Tem razão, Levy. — Brincou Gajeel. — Ainda falta muito pra você.

E riram.

— Sabe, eu às vezes penso nos outros — ela confessou. — Digo, fico imaginando como estão. Alguns foram para bem longe, outros ficaram para trás, e ainda têm aqueles que não tiveram a sorte de ter alguém para acompanhá-los.

— Por que tá dizendo isso agora?

— Não sei direito. — Ela sacudiu os ombros, pesarosa. — Acho que é porque estou com você e estou me divertindo enquanto outros não...

— ... Esqueça isso, Levy.

— Esquecer?

— É. Pensar nisso não vai mudar nada, não vai trazer todos de volta, não vai reestruturar a Fairy Tail — decretou Gajeel.

Levy concordou. Gajeel estava certo. De que adiantaria ficar se torturando quando não era possível, pelo menos não naquele momento, reagrupar todos os companheiros de guilda? Ela era uma pessoa de sorte, pensou, por não estar sozinha.

— Um dia — prosseguia Gajeel — a Fairy Tail vai se reerguer. Eu tenho que rever o Salamander e mostrar o quão fraco ele é. E, fora isso, você tem seu time, o Shadow Gear, não é? Com Jet e Droy.

Era verdade, pensou Levy. Tinha Jet e Droy, seus companheiros no time Shadow Gear. Como estariam? Juntos? Mantendo contato entre si? Separados e incomunicáveis? Perguntas iam e vinham à cabeça de McGarden. Por mais que tentasse não se preocupar, esquecer os amigos era uma árdua e quase impossível tarefa; Levy não estava dando conta.

E Gajeel tinha percebido.

— Ei, Levy. Você disse que não sabe tocar, não é? Que tal se eu te ensinasse?

— Hã? — Ela despertou dos pensamentos. — O que você disse?

— Olhe.

Ele pôs o instrumento sobre o colo da garota, ajudando-a a colocar as mãos devidamente nas cordas do violão. Levy parecia desorientada e não era para menos; nunca tinha lidado com nada do gênero. Mas, de forma até um pouco engraçada, Gajeel a instruía pacientemente, guiando-lhe as mãos com as dele.

— Gajeel...

— É fácil. Vou te ajudar a tocar enquanto canto essa música.

— Cantar? Você?

— Sim. Por quê?

— Hã... Melhor me ensinar primeiro, não?

Depois de um olhar repreensivo, Gajeel desconsiderou a brincadeira da companheira. E, juntos, iniciaram uma gracejada aula de música às altas horas.

“And can you feel the love tonight?

It is where we are.

It’s enough for this wide-eyed wanderer.

That we got this far.

And can you feel the love tonight?

How it’s laid to rest?

It’s enough to make king and vagabonds

Believe the very best…”


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Notas finais do capítulo

Minha primeira fanfic GaLe, minha primeira Songfic, minha primeira homenagem a leitor... Tanto "primeira" aqui, eu hein.

Obs: caso ainda não tenha ouvido a música, go listen it now! A tradução, inclusive, é belíssima. Se bem que eu prefiro ouvi-la no instrumental de saxofone.

E, caso tenha vindo à sua mente, sim!, esta música faz parte da trilha sonora de Rei Leão. Mas isso não importa, afinal, quantas músicas boas existem que são tocadas em filmes de animação, né? XD

Até mais, baixinha! o/



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