More Than That escrita por Reptiliano


Capítulo 19
Logan - Bigger




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Eu podia ouvir meu suspiro que saíra pela boca ecoando nos cômodos vazios da casa. Estava frio lá fora e a falta do calor de tio Nash provocava o frio aqui dentro também.

Eu estava sentado o sofá, encarando as nuvens negras pairando sobre a cidade lá fora, imaginando se tio Nash teria alguma sorte em manter seus laços de amizades com Amara.

O telefone tocou, me dando um susto e, portanto, interrompendo meus pensamentos. Era Franky e… Ele parecia um pouco preocupado.

Eu havia marcado com Franky de ele me levar até Otto. Brian estaria junto, o que me fez pensar que isso seria algo ruim, no começo, mas acabei mudando de ideia depois. Queria saber o que Brian queria, o que ele pensava dessa situação. Ele não reagiu muito bem quando meu tio contou lá no restaurante.

Com isso, Franky me levaria até os dois para conversarmos. Tio Nash ainda insistiu que eu não fosse, ou que esperasse por ele, mas eu não podia deixar tudo em suas mãos. Ainda mais depois de ser o responsável pela separação dele com o irmão. Tio Josh talvez falasse com tio Nash nunca mais, e a culpa era quase toda minha.

Outro suspiro veio, desta vez, involuntariamente. A sensação de afogar deveria ser algo próximo ao que eu estava sentindo naquele momento. As coisas saíram do controle e a culpa em minhas costas aumentava cada vez mais.

Franky, no entanto, não havia ligado para confirmar que me levaria até os dois amigos, mas que traria os dois amigos até a casa de tio Nash.

“Otto quer conversar com você ou, pelo menos, foi o que disse quando eu mencionei que você queria conversar com ele. Bom, eu acredito que ele tenha feito isso para se sentir no controle da situação e talvez diminuir sua voz, entende?”

Conversar com Franky era bom por ser um pouco por aliviar um pouco de todo o estresse do momento. Tio Nash e eu devíamos muito a ele, principalmente agora que os amigos estavam todos reunidos novamente.

Enquanto pensava em tudo o que Franky havia feito até agora, me espreguicei e levantei-me. Eu já estava arrumado para sair com meu chefe e visitar seus amigos, porém, como Brian e Otto viriam até a casa de tio Nash, eu precisava recebê-los do melhor jeito possível, então resolvi manter as roupas e arrumar algo para nós.

A primeira coisa que fiz foi colocar uma música. Não consigo fazer algo sem o apoio apropriado, além disso, quem canta espanta pensamentos ruins… A segunda coisa que fui conferir, foram as cervejas. Estava frio, mas homens… O que faríamos sem cerveja?

Fui até o canteiro de plantas que ficava nos fundos, junto de um quartinho de bebidas, apanhar mais cervejas, pois haviam poucas na geladeira. Muitas sobraram após o que aconteceu durante o natal, meses atrás. Não sabia se estavam boas para serem consumidas, mas era um dos poucos truques que tinha na manga.

Aproveitei que já estava ali, para verificar por outras bebidas e tudo o que eu encontrei foi uma única garrafa de uísque. Teria que ser o suficiente. Então arrumei tudo na sala, sobre uma mesinha de centro: cervejas, copos e um pratinhos com alguns frios como tira gosto.

Alguns poucos minutos depois, ouvi a campainha tocando e me tremi todo. Podiam ser Otto e Brian e por isso, fui com muito receio, abrir a porta.

Quando virei a maçaneta e puxei a porta, vi os dois em pé, parados e olhando para a rua, onde estava Franky encostado em um carro vermelho. Brian e Otto ouviram a porta abrir-se atrás deles e então os dois me encararam. Não era fácil olhar em seus olhos e fingir que nada aconteceu, atendê-los com um enorme sorriso no rosto, mas foi preciso.

Nos cumprimentamos e neste momento pude sentir que os dois estavam bem nervosos, mas entraram assim mesmo e foram logo se ajeitando no sofá. Eu fiquei na porta para falar com Franky, achando que este entraria também, mas estava voltando para o carro. Disse que não queria se envolver e que estava tudo bem.

— Então essa é a propina? - Brian comentou, enquanto sentava-se no sofá e encarava a cerveja e os tira-gostos.

Eu ri comigo mesmo, ainda parado à porta. Quando não pude mais avistar o carro de Franky é que resolvi fechá-la e voltar minha atenção aos dois convidados.

— Isso é só uma gentileza — caminhei até o aparelho de som, ao lado da televisão, e o desliguei. Ao lado, havia um pequeno puff preto que peguei para ajeitar-me de modo a ficar de frente aos convidados — Não é necessário hostilidade.

— Nisso eu concordo — Ao ouvir Otto falar isso, uma pequena fagulha de esperança florescia em mim — Mas não podemos ignorar tudo.

— Eu entendo isso agora — Respondi enquanto me sentava.

— Só agora?

Brian perguntou e eu engoli em seco. Devia ter escolhido melhor as palavras. Seria uma conversa difícil.

— Sinto muito. Meu tio e eu sabíamos que não seria fácil e que as pessoas poderiam não aceitar, mas era duro ficar… longe.

— Aposto que ao ficar “perto” ficou ainda mais duro.

Eu ria enquanto Otto repreendia Brian. Era bom ter esses momentos para aliviar o estresse.

— Veja, Logan — Otto levou a discussão à frente. Parecia ansioso para acabar com o clima tenso — Eu viajei pelo mundo então vi muita coisa boa e muita coisa ruim, por “bom” e “ruim” quero dizer “amor e ódio”. Eu não sei se o que você e Nash têm pode ser chamado de amor, porque eu vi um ou outro caso de incesto que era movido apenas pela atração física.

— Nossa! Que tipo de viagem foi essa, parceiro?

— Cala a boca, Brian! — Otto falou brincando, mas a seriedade logo tomou seu rosto novamente — O meu ponto é: Eu posso tentar lidar com coisas estranhas, só não sei se consigo.

— Então você está considerando meu relacionamento com meu tio? — As palavras mal saíam da boca. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Era bom demais para ser verdade. Era como um sonho.

— Você não entendeu — Sabia! Estava bom demais para ser verdade — Tenho nada contra você, aliás, só de ser filho da irmã de Nash eu já sei que você deve ser uma ótima pessoa, mas… O seu namorico com meu amigo é coisa de adolescente perdido. Minha amizade com ele é… Maior. Muito mais.

Aquelas palavras me acertaram com tanta força que chegava a doer no coração. Até Brian parecia surpreso com o que Otto dissera.

— N-nós não somos os vilões da história, Loggie, mas não podemos simplesmente ignorar. Franky sabia disso então, ele veio até nós e explicou o modo que você e Nash vêm se relacionando — Brian começou a discursar, provavelmente tentando amenizar o golpe vindo das palavras de Otto — Ele nos falou sobre a Júlia e… Decidimos que faríamos como ela.

— “Tentaríamos” — Otto pareceu satisfeito em explicar.

— Não posso dizer que não entendo. Foi… Complicado entender que eu precisava do meu tio. Levou quase um ano para colocar na minha cabeça que talvez não tivesse problema, afinal, eu estava indo contra tudo o que nos é ensinado. Fico feliz pela atitude e coragem de vocês. De verdade.

Com a parte mais importante da conversa já terminada, aproveitamos para trocar experiências e histórias. Eu falei um pouco — bem pouco — de alguns momentos com meu tio como seu namorado, falei da Júlia e do Marcus, falei de alguns amigos, falei do meu emprego com Franky, da faculdade… Enfim… Falei bastante.

O tempo passou e com ele, a conversa. Estava realmente bom ficar ali com os dois… Ainda mais com Brian, que era muito engraçado. Otto ainda aproveitou a oportunidade para desculpar-se pela agressividade de suas palavras alguns instantes mais cedo e concluímos que rápidos selinhos seria um ótimo começo para eles, mas eu não podia tomar essa decisão sozinho. Precisava esperar até que tio Nash chegasse, o que não demorou muito a acontecer.

Ele ficou todo espantado quando entrou e nos viu conversando. Eu me aproximei para acalmá-lo e expliquei o que havia acontecido e, na frente de Otto e Brian eu dei-lhe um selinho. Infelizmente eu não sei como os dois amigos reagiram porque eu estava de costas para eles, mas pelo olhar de tio Nash, percebi que não seria nada fácil para Otto e Brian engolirem essa história.

Tio Nash juntou-se a nós na história e contou sobre a decisão de Amara, que era basicamente a mesma que Otto e Brian. Todos pareciam de acordo em manter o laço de amizade e passar por cima do orgulho para fortalecer tal laço. Isso me fez lembrar da minha amizade com Luke. Meu orgulho não deixava que eu o perdoasse, mas ao ver o esforço que todos fizeram para salvar a amizade com tio Nash, talvez eu devesse responder as mensagens do meu antigo amigo também.

Que bagunça!

 

A noite caiu rapidamente e, assim que Brian ligou, Franky apanhou os dois amigos e, com o carro cheio de garotas, imaginei que a noite para Franky, Otto e Brian estava apenas começando.

Eu e tio Nash ríamos muito enquanto arrumávamos a bagunça e comentávamos sobre o que havia acontecido. Um bom banho e uma cama só para nós, nos aguardavam logo em seguida.

Eu já estava deitado quando ele se aproximou. Tão sorrateiro que quase me assustei quando me abraçou por trás e beijou meu pescoço.

— Você está feliz ou carente? — Perguntei. Não era incomum aquele comportamento, mas algo nele parecia diferente.

— Surpreso, seria a palavra apropriada. Por quê?

Eu me virei e fiz com que nossos lábios tocassem levemente e depois, deitei, me cobrindo com o edredom. Tio Nash deitou logo em seguida, mas ainda fitando-me esperando uma resposta.

— Foi um dia muito maluco

— Já tivemos dias mais loucos que esse. E acho que outros ainda virão.

Por baixo das cobertas eu senti a mão de tio Nash procurando pelo meu corpo e acabou encontrando minha mão. Ele a segurou, puxando para fora da coberta e beijando-a.

— Aconteceu mais alguma coisa? — Perguntei. Tive que perguntar.

— Sim. Amara disse que gostava de mim e…

— Te beijou? — Pergunta besta a minha. Lógico que beijou e ele confirmou com um aceno da cabeça — Ela ainda tem sentimentos por você?

— Ela está tendo um caso com um famoso casado. Não daqui, lógico, mas…

— O que?

— Ela disse que o que está no passado deveria ficar lá. Então…

— Por que trazer isso agora? É estranho. Você acha que ela pode estar te enganando?

— Logan!

— Desculpa… E-eu… — Engoli em seco. Acabei me esquecendo que os dois eram amigos de longa data — Sinto muito. É que… Passamos por tanta coisa.

Tio Nash percebeu que a minha insegurança não era atoa então se aproximou e beijou-me no rosto e seguiu com um sorriso grande no rosto.

— Eu amo você, sobrinho. Mesmo que ela sinta algo por mim, vai ter que se acostumar. Todos eles irão.

— Eu te amo — Falei. Não tinha como não dizer após aquela declaração maravilhosa.

 

Eu me aproximei e o beijei lentamente, deixando o ar escapar dos meus pulmões através da via nasal enquanto nossos lábios dançavam um sobre o outro lentamente. Por algum momento, paramos e pude ver em seus olhos que ele estava tão confuso quanto eu sobre os amigos e foi quando percebi que ele precisava de mim, da mesma forma que eu precisava dele.

E nossas bocas voltaram a dançar, com um ritmo mais envolvente e molhado. Sua língua invadiu minha boca e, junto com a minha, aumentavam a intensidade e o gosto daquele beijo.

Tio Nash passou a mão sobre minha cintura e aproximou nossos corpos, como fazia sempre, porém toda as vezes parecia ser a primeira vez. Seu toque era único e seu abraço forte e — ao mesmo tempo — delicado.

Com os corpos juntos e as bocas unidas pelas línguas, percebi que ele estava excitado. Para respirar, eu sorri sem me distanciar. Ele sorriu de volta enquanto eu tirava a única peça de roupa que usávamos e quando voltei à posição que estava ele voltou a me beijar, antes de… Bom, antes de brincarmos de “esconder a abobrinha” — risos.


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