Esse coração quebrado ainda pode sobreviver

Com o toque de sua graça

Sombras desaparecem na luz

E eu estou ao seu lado

Onde o amor irá te encontrar

— What About Now(Daughtry )

POV´S León

Os últimos dias não foram fáceis para ninguém, principalmente para Violetta. Como Francesca havia me pedido, não fui até a casa de Vilu depois da morte de sua irmã, foi um ocorrido doloroso para todos nós mas para Violetta, foi muito pior. Ver ela daquela forma, me dava vontade de querer a proteger de tudo e eu sabia que agora ela estava sozinha e triste naquela enorme casa que um dia fora cheia de alegria, e pensando nisso, esqueci de que não podia ir lá e saí o mais rapidamente que pude de casa, indo em direção à casa dela.

Depois de alguns minutos caminhando apressado pelas ruas de Buenos Aires, cheguei à casa de Violetta, dei três batidinhas na porta mas ela não veio atender, indo contra todas as regras de educação, abri a porta e entrei sem pensar duas vezes, não importava o que estava acontecendo, eu sentia que Vilu precisava de mim, e ao ver ela chorando, fui até ela em passos largos e a abracei tentando com que em um simples abraço eu passasse à ela todo o consolo de que precisava.

— Ei, calma, eu estou aqui...- falo enquanto acaricio o topo de sua cabeça, não me desvencilhando do abraço

— Minha família León, todos me abandonaram...- ela fala com a voz entrecortada pelos soluços que não pareciam ter fim

— Vilu, me escuta- me afastei um pouco e a olhei nos olhos, o gesto foi retribuído mas o olhar dela parecia ser um olhar vazio, distante- Você não irá ficar triste para sempre, você tem que seguir em frente.

— Não dá, León...- ela para de chorar e começa a se acalmar- Eu acho que nunca irei superar isso.

— Sim, você vai.

— Eu não sou forte o suficiente León...

— Você achou uma forma de levantar da cama hoje, e isso te faz ser a pessoa mais forte que conheço Vilu.

POV´S Violetta

Ele tinha razão, eu simplesmente não podia esquecer de viver. Sim, eu perdi pessoas que amava mas eu ainda estou viva, não sei até quando mas estou. Ninguém de minha família iria querer para mim isso que eu escolhi viver nos últimos dias e em questão disso, eu irei voltar à viver, me comunicar com o resto das pessoas. E com esse pensamento até que confiante, percebi que eu havia passado de uma fase à outra no quesito “luto”.

— Você tem razão- digo olhando para León e logo dando um sorriso fraco- Só podemos mesmo nos preparar para o bem. E quando ele chegar podemos aceita-lo, porque precisamos dele. Eu preciso.

Ele não diz nada pelo simples fato de que em um olhar ou um sorriso já diz tudo o que a boca não precisa dizer, eu vou superar isso, com toda a certeza. Irei fazer isso para honrar minha família e o que eles acreditavam que era certo. Pego o desenho de Alice e guardo em um local seguro para que em um dia, eu o encontre e lembre de coisas boas que passei com ela e não lembrar do fato de que a perdi como toda minha família, Angie, Germán, Marco...

Marco.

Meu irmão havia sumido dois dias antes de descobrirmos que ele havia falecido. Mamãe, Vovó e eu estávamos desoladas e preocupadas com ele, estávamos fazendo o máximo para poder encontra-lo mas em um dia, a campainha tocou e eu fui atender e quando vi o corpo todo sujo de sangue e cheio de hematomas de meu irmão ali jogado na varanda como se fosse um animal eu apenas gritei e me ajoelhei no chão, chorando e chamando a atenção de minha mãe que ao ver aquela cena horrível foi para perto do corpo dele e começou a chorar junto comigo, quem estava fazendo aquilo era um psicopata e nem que fosse a última coisa que eu fizesse, eu iria fazê-lo pagar por tudo. Os vizinhos ouviram e vieram até a frente de minha casa, aterrorizados com aquilo e o menos assustado ligou para quem deveria ligar enquanto eu e minha mãe percebíamos que Marco houvera sido brutalmente espancado até à morte.

Depois de certificar-se que tudo estava certo, que eu iria ficar bem, León me abraçou mais uma vez, beijou minha testa e foi para casa. Como já era noite, me obriguei a comer alguma coisa, tomei um banho e vesti um pijama confortável. Deitei em minha cama e logo acabei adormecendo, mergulhando entre sonhos e lembranças.

Eu estava em um cemitério, lugar onde me acostumei a estar nos últimos anos. Olhei para um túmulo e ali estava o nome de minha mãe, olhei para outro e vi o nome de meu pai e depois a mesma coisa com o nome de Marco e Alice. Eu estava com um vestido preto e com os olhos já inchados de tanto chorar até que vi minha família se aproximando de mim, cada um com sangue no lugar onde foram atingidos quando estavam vivos e a expressão deles era de preocupação, menos Alice. Minha pequena irmã, apesar de que seu corpo e seu vestidinho claro estavam cobertos de sangue, ela possuía um sorriso no rosto, e quando tocou em mim, eu olhei ao redor e percebi que já não estava no cemitério e sim, num lugar lindo e calmo. E ao olhar para o resto de minha família eu percebi que as marcas e o sangue tinham sumido e eles começaram a suavizar suas expressões.

— Está melhor agora- todos disseram se direcionando a mim, com um sorriso reconfortante nos lábios.

— Você vai ficar bem, Vilu – Marco falou enquanto eu analisava todos eles sorrindo pelo fato daquilo estar acontecendo.

— Eu sinto muito a falta de vocês...

—Nós também querida, você não sabe o quanto.

Acordei um pouco confusa, pois aquele sonho parecia ser real demais para mim. Lágrimas silenciosas escorriam por minha face mas elas não eram de dor, antes eu poderia até estar tentando convencer à mim mesma que eu seguiria em frente, que eu superaria. Mas agora eu não irei apenas tentar, irei conseguir.

Por minha família.