Julho. 5, Domingo

Percy suspirou

Porque sua mãe e seu pai não falavam logo? Eles olhavam um para o outro e depois para ele, sem abrir a boca para falar qualquer coisa que fosse. O garoto já estava ficando, de fato, irritado.

– Digam logo - Percy falou - Vocês estão enrolando á uma semana. E eu já sei do que se trata.

Sua mãe pareceu assustada

– Mas...

– Mãe, não sou mais um garoto de doze anos que pensa que as brigas de vocês são normais na vida de um casal. Eu sei que não são!

– Bom, então o que precisamos falar? - Poseidon disse, ironicamente - Ah, sim! Sua mãe anda saindo com outro cara. Sim, ela estava me traindo. Depois que eu descobri eu pedir o divorcio. Estamos nos divorciando. Eu vou voltar para Londres e ela vai ficar aqui.

Percy engoliu em seco.

– Você precisa dizer com quem quer ficar, querido - Sally disse baixo, visivelmente envergonhada.

– Você ficar com você, mãe - Percy respondeu - Mas não quero que pense que é porque aprovo o que você fez. Eu estou decepcionado com você. Ficarei por conta de Annie. Falando nela... - Percy se levantou e olhou para o pai, acenando com a cabeça - Vou falar com ela.

Ele se levantou e deixou ambos na sala, envoltos em seus próprios pensamentos.

oOo

Annabeth escutou as pedrinhas batendo em sua janela, e ignorou.

Enterrou a cabeça entre os joelhos e permaneceu ali.

Sabia que o que ela mais precisava era do abraço de Percy, mas ela simplesmente não saberia como explicar o motivo daquele choro, não poderia.

– Você podia pedir á ele, para acompanha-la– ela escutou Mel comentar - Ou podia ir sozinha, tenho certeza que já está pronta para ir.

Ela escutou Helena bufa

– Vá nessa– ela disse - Daqui a pouco você está em um hospício

– Não - Annabeth murmurou - Não posso perdê-lo...

– Quem você não pode perder? - Annabeth escutou a voz dele acima de si

– Como conseguiu entrar? - ela perguntou

Percy sorriu tristemente. Ela notou que ele estava com os ombros caídos e os olhos meio murchos, sem todo aquele brilho que ele continha sempre que á olhava.

– Estava aberta - ele disse. A voz também não estava normal.

Annabeth franziu a testa e limpou os olhos

– O que aconteceu, Percy? - ela perguntou

Ele olhou para baixo, e Annabeth quase pensou que ele fosse chorar.

– Meus pais... - ele disse, e suspirou.

Annabeth se levantou e pegou a mãe dele, o puxando até sua cama.

Percy contou tudo que vinha acontecendo em sua casa nos últimos meses e Annabeth escutou tudo com atenção, como tantas vezes ele tinha feito.

Annabeth tinha certeza que ele não notará que começara a chorar. Ela o puxou mais para perto, e ele á abraçou, escondendo sua cabeça na dobra do pescoço dela

– Ei... - ela chamou baixinho, acariciando os cabelos negros e bagunçados dele - Agora eu entendo o que você quer dizer com "Ficar nervoso com alguém chorando".

– Não sei muito bem o que fazer - ele disse baixinho

– Acho que um abraço sempre resolve - Annabeth respondeu no mesmo tonto

– Então me abrace - Percy quase suplicou

Annabeth sorriu e o abraçou com mais força. Quando ela o soltou, ela limpou os olhos dele com os dedos e beijou o nariz dele, carinhosamente.

Percy sorriu.

– Você vai com seu pai pra Londres...? - Annabeth perguntou, quase em um sussurro.

– Não - Percy respondeu meio cabisbaixo - Apenas por você. Não consigo acreditar que minha mãe fez isso... - Percy balançou a cabeça - Só ficarei por você, mesmo.

Annabeth sorriu.

– Espera, quando eu cheguei você estava chorando - Percy comentou, ficando com a expressão preocupada - O que houve?

Annabeth mexeu os pés, desconfortável.

– Não foi nada - ela disse baixo

– Annie... Ele não fez nada á você, né? - Percy perguntou entre dentes - Eu vou mata-lo se ele encostou um dedo em você

Annabeth sorriu tristemente

– Meu pai não vem para casa desde sexta - ela disse - Não se preocupe.

– Então o que houve, corujinha? - ele acariciou o rosto dela

– Minha mãe... Ela... Ela morreu nesse dia. - Annabeth respondeu

Percy se assustou e a olhou.

– Eu queria muito ir ao tumulo dela, mas não posso... Will recomendou que eu fosse apenas se estivesse acompanhada. Mas meu pai saiu...

– Quer que eu vá com você? - Percy perguntou

Annabeth olhou para ele

– Eu adoraria... Mas Percy... - a voz dela vacilou

– Diga, Annie - ele a encorajou

– Eu ficou meio agitada em cemitérios - Annabeth respondeu, baixo - Eu não quero assusta-lo nem afasta-lo de mim, então... Eu acho melhor não irmos.

– Annie - Percy pegou o rosto dela com as mãos - Não á nada nesse mundo que faça eu me afastar de você! Você é minha corujinha! Eu não me importo com suas crises, eu me importo com você! Eu gosto muito de estar com você, e entendo que tudo que você passa vem no pacote, e eu aceito de bom grado, já que posso fazer parte da sua vida e você da minha, entende? Seguimos em linha reta, às vezes balançando, mas faz parte.

Annabeth sorriu e o abraçou

– Prometa que vai parar de falar coisas bobas. Hakuna Matata? - Percy disse, sorrindo.

– Hakuna Matata - Annabeth riu - Isso é tão estranho

Percy gargalhou, mas logo ficou serio.

– Vou me arrumar para irmos - ele disse, beijando a testa dela com carinho - Tente não demorar.

– Não vou - Annabeth respondeu, e sorriu tristemente.

Percy se virou e pulou para sua varanda, entrando em seu quarto.

Annabeth fechou as cortinas e escolheu uma roupa. Um vestido preto e uma sapatilha.

Abriu a gaveta e pegou uma flor branca, a preferida de sua mãe. Havia comprado no dia anterior, quando sairá com Percy. Ele não fizera perguntas, apenas a observara pagar a mulher, com os olhos marejados e ir embora.

A flor estava um tanto murcha, mas não havia problema. Annabeth queria daquele jeito. Uma flor representando como ela se sentia naquele momento. Murcha.

Ela terminou de se arrumar, e pegou uma pedra de dentro do saquinho, - eles haviam comprado um saquinho de pedrinhas, para jogar na janela um do outro. Porém Percy preferia sempre pular e abrir a porta, que passará a ficar encostada - jogando na janela da varanda de Percy, para avisa-lo que já poderiam ir.

oOo

Annabeth suspirou e entrou no lugar.

Percy permanecia de mãos dadas á ela e olhava para todos os lados.

– Onde fica o tumulo dela?

– Perto de uma arvore, bem no final - Annabeth disse, baixo

Percy apertou mais a mão dela e eles prosseguiram.

Quanto mais Annabeth andava, ela queria voltar. Ela podia escutar, quase como um sussurro, milhões de vozes. Pedidos de socorro nunca ouvidos, últimas palavras, gritos de angustia e sonhos perdidos. A cada lapide que olhava, a cada nome que lia, os sussurros mudavam.

Uma garotinha com medo de um cachorro, e devia. Um homem com medo de falhar em seu trabalho, e falhou. Uma mulher que nunca pode ser mãe, e nunca seria. Um menino que não conheceu seus pais, e nunca conheceria. Uma menina que ansiava por um abraço, nunca recebido. Um palhaço que não estava sorrindo por dentro... Nem nunca sorriria.

– Não... - Annabeth sussurrou e balançou a cabeça

– Ei, está tudo bem? - Percy perguntou

– Está - Annabeth confirmou - Vamos logo.

Quando eles chegaram ao tumulo, Annabeth se abaixou e pós a flor branca sobre ele.

– Sinto tanto sua falta, mamãe - ela sentiu as lagrimas que tanto segurara voltarem a cair - Tanto...

– Também sinto sua falta, querida– Ela escutou a voz doce de sua mãe em um sussurro - Sinto muito por não ter prosseguido com você. Mas você encontrou alguém melhor que eu...

– Ninguém nunca será melhor que você, mamãe - Annabeth sussurrou.

– Acredite, ele é... - Annabeth quase pode ver o lindo sorriso de Atena - Fique firme, continue seguindo em linha reta, as ondulações fazem parte.

– Amo você, mãe...

– Também amo você, minha filha.

Annabeth se levantou e limpou as lagrimas.

Percy permanecia parado onde estava, á observando.

Ele sorriu tristemente quando ela se levantou, e limpou seus olhos com os dedos, delicadamente.

– Ela deve ter sido uma mulher maravilhosa - Percy disse - Mesmo com tudo que minha mãe faz, eu ainda a amo, e não sei o que faria sem ela. Mas quero que saiba que estou aqui por você, Hakuna Matata?

– Hakuna Matata - Annabeth sussurrou, sorrindo um pouco - Ela era sim, uma mulher maravilhosa. Lembro que sempre que eu tinha alguma crise, ela passava a noite de baixo do lençol comigo, contando histórias que ela mesma inventava, até que eu pegava no sono.

– Você quer que eu faça isso? - Percy deu a ideia - Eu sou ótimo com histórias.

Annabeth sorriu

– Eu adoraria

Percy sorriu e pegou a mão dela, enquanto eles caminhavam para fora daquele lugar.

oOo

– Ótimo - Percy disse, enquanto puxava mais o lençol para cima de si - Nós temos: Pipoca, refrigerante, chocolate, Fini, maçã, doritos... Maçã? O que isso faz aqui?

– Eu a trouxe - Annabeth disse - Trouxe duas. Uma é sua.

– Eu não quero maçã - Percy fez uma careta - Tem coisas muito melhores aqui!

– Você vai comer a maçã - Annabeth disse simplesmente

– Senhor, esse lençol é pequeno - Percy questionou.

– Você que é alto de mais - Annabeth sorriu

Percy se descobriu e foi atrás de um lençol maior

– Esse aqui está ótimo

Ele sentou novamente na cama, como estava antes - com as pernas em forma de borboletinha - e jogou sobre ele e Annabeth novamente, prendendo uma parte na estante da parede, para que não ficasse muito apertado (N/A: Minha mãe fazia tipo assim, as minhas casinhas. Mas eu era muito fancy, ai eu obrigava ela a enfeitar a casinha toda. Tinha que ter tudo kghkfdjg).

– Pronto - ele pegou um Fini - Vamos á história. Quer sobre o que?

– Hum... - Annabeth pareceu pensar - Que tal sobre... Deuses? Eu gosto muito.

– Tá - Percy concordou e se ajeitou - Que gênero você quer?

Annabeth riu

– Tem gênero?

– Claro que tem - Percy disse

– Quero romance, então - Annabeth começou a comer a pipoca, melando ela no chocolate.

– Isso mesmo, coma. Você está muito magra - Percy disse, e Annabeth riu - Vamos lá... Meus deuses, como vou fazer isso?

Annabeth riu mais um pouco

"Once upon a time... no olimpo... enquanto todos os deuses dormiam, Poseidon estava na praia à espera dela...

– Porque Poseidon? - Annabeth questionou

– Porque eu só shippo Apolo e Ártemis e Poseidon e a pessoa que eu vou falar! Se for de romance, que seja de algo que eu gosto!

– Apolo e Ártemis são irmãos! - Annabeth exclamou

– Desde quando isso conta no Olimpo? - Percy perguntou, sorrindo travesso.

Annabeth balançou a cabeça, embora estivesse sorrindo.

– Prossiga

"Quando ela chegou, Poseidon não pode deixar de ficar maravilhado com sua beleza... os cabelos loiros e os olhos cinzas... Atena era provavelmente a deusa mais linda, na opinião dele...

– Minha mãe era morena - Annabeth disse - Agora estou imaginando seu Pai com minha mãe!

Percy riu

– Mas eu estou descrevendo você, não sua mãe - Percy disse - E Poseidon não é meu pai, Poseidon sou eu, tudo bem?

– Oh - Annabeth sentiu sua bochechas ficarem vermelhas

– Posso continuar?

– Pode - Annabeth deixou que ela continuasse com sua história

...

E fim... "

Annabeth bateu palmas

– Foi, com certeza, a melhor história sobre deuses que eu já ouvi! - Annabeth disse

– Que bom, porque eu estava com medo de não consegui fazer isso dar certo - Percy disse.

Ele começou a tirar o resto das comidas ou seus sacos vazios de cima da cama, colocando-os ao lado.

Ele se deitou e puxou Annabeth para perto de si. A garota se acomodou em seus braços e repousou a cabeça sobre seu ombro

– Semana que vem é meu aniversario - ela disse baixo.

– Mesmo? - Percy pareceu surpreso

– Uhum

– Vou fazer uma surpresa pra você - ele sussurrou para ela

– Agora não é mais surpresa - Annabeth disse, divertidamente.

– Você finge que é

Annabeth riu baixinho, mas logo suspirou e beijou a bochecha do garoto, rapidamente.

– Obrigada, Percy - ela sussurrou em seu ouvido - Hoje era pra ser o pior dia da minha vida, mas você fez ser um dos melhores. Pra falar a verdade, desde que você chegou, todos os dias são os melhores.

Percy sorriu

– Não á de que, Corujinha - ele beijou os cabelos dela - E muito bom vê-la feliz.

– É muito bom está feliz.