Percy olhava apreensivo para o computador. Uma grande oportunidade...

O garoto suspirou e se levantou.

Desceu as escadas ainda pensando na mensagem. Viu Annabeth encostada perto da entrada da cozinha. Sorriu minimamente. Curiosa como sempre.

Envolveu-a por trás e disse em seu ouvido:

– É muito feio ficar escutando conversas, dona Annabeth.

– Desculpe - ela disse, corada.

O garoto sorriu e roubou um beijo rápido dela. Ela pareceu estranhar, mas, aparentemente, deixou para lá.

Ele abaixou a cabeça e tentou não pensar na mensagem. Mexeu os pés e ficou os encarando.

– Está tudo bem, Cabeça de Alga? - Annabeth perguntou.

– Tudo ótimo! - ele disse, sorrindo amarelo.

– Bom dia, queridos! - Sua mãe cumprimentou quando eles entraram na cozinha - Preciso falar com vocês.

...

Percy estava ansioso para ver seu pai e ainda ter uma semana com Annabeth em Londres! Seria incrível. É claro, se a mensagem não ficasse sondando seus pensamentos.

Depois que se separou de Annabeth no intervalo, ficara pensando naquilo o tempo todo. Era uma coisa tão importante para ele... Mas ela também era importante para ele. Aquilo era algo que ele sonhava. Algo que á alguns meses era a única coisa que ele queria em sua vida. Agora ela, ela era tudo que ele sempre quis encontrar. Duvidava que tivesse outra chance. Em ambos os lados.

Suspirou e levou as mãos aos cabelos, os puxando com força. Iria sair fumaça de suas orelhas se não parasse de pensar naquilo. Bufou e se jogou na carteira, escutando o sinal bater logo em seguida. Levantou-se e saiu da sala de Inglês. Passou pelo corredor de Artes e sentiu alguém lhe puxar.

– Preciso falar com você - Rachel disse.

– Rachel - Percy suspirou - Não estou com cabeça pra falar com você. Já me basta o que você fez de manhã.

– É sobre isso que quero falar com você, Percy - Rachel disse - Me responda, com sinceridade, porque continua com ela? Olha aqui, ela vai matar você! Assim como matou a mãe! Você vai ficar tão louco quanto ela e sofrer um acidente! Comigo isso nunca aconteceria.

Percy rangeu os dentes.

– Ela não é louca - Percy disse - Eu não vou ficar louco! A culpa da mãe dela ter morrido não foi dela! E eu estou com ela porque á amo! Esse sentimento é uma coisa que você nunca vai sentir por ninguém! E duvido que alguém sinta por você!

– Mas Percy... - Rachel fez um cara de cachorro sem dono - Eu pensei que uma hora você ia notar que eu sou melhor que ela!

Percy riu. Melhor, gargalhou.

– Rachel, você queria o que? Que eu chegasse do nada com você e dissesse "Ora Rachel... - Percy disse, a voz cheia de ironia - Não me diga que você pensou que era tudo verdade. Eu não á amo. É algo totalmente impossível de se sentir por alguém como ela, um peso morto, apenas uma louca. Estou com ela por diversão. Serio mesmo que caiu na minha pegadinha?"?

– Quase isso - Rachel disse, mas havia um sorrisinho no canto dos lábios dela.

– Pra começo de conversa - Percy começou - Se eu não á amasse, eu não estaria passando por tudo isso! Não estaria tentando ajuda-la, e muito menos teria levado vários socos por ela! Mas eu á amo! E... Porque você está sorrindo?

– Porque você devia dizer tudo isso pra sua namorada - Rachel disse, sorrindo sínica.

– Coma assim?

– Digamos que ela pegou uma parte da conversa que não devia - Rachel disse - Ela saiu correndo por aquele lado, chorando. Melhor ir atrás dela.

Percy se controlou para não arrancar todos os cabelos da cabeça dela e se virou, correndo.

Thalia e Nico conversavam apreensivos.

– Pra onde Annie foi? - ele perguntou, arfando.

– Se você tiver beijado a vadia da Rachel, eu juro que vou dar um tapa na sua cara, Percy! - Thalia disse com raiva.

– E eu um soco - Nico disse.

– Não! Claro que não! - Percy balançou a cabeça diversas vezes.

– Então o que aconteceu?! - Thalia perguntou.

– Eu prometo explicar tudo depois! - Percy disse, desesperado - Agora, pra onde ela foi?! (N/A: Esse livro ♥ )

– Ela correu pra casa - Nico disse.

Percy desviou deles e correu atrás dela.

Entrou em casa e logo sua mãe o abordou.

– O que aconteceu? Fale-me agora! - Sally exigiu. Ela lhe olhava como se fosse lhe bater.

– Mãe... Annabeth escutou o que não devia - Percy disse - Eu preciso falar com ela!

– Você só sobe depois de me explicar tudo! Detalhe por detalhe!

Percy suspirou e contou tudo de uma vez para a mãe.

– Por favor, me deixe subir - Percy quase suplicou.

Sally confirmou e deixou-o passar.

Percy começou a jogar as pedrinhas na janela dela. Ignorado com sucesso.

– Annabeth! Venha aqui! - ele gritou - Eu sei que está me escutando! Ou você sai, ou eu vou até ai!

Annabeth abriu a porta com tanta raiva que Percy se assustou

– O que você quer?! - ela praticamente gritou.

Os olhos cinzas estavam vermelhas e o rosto também.

– Você precisa me deixa explicar - Percy pediu.

– Você não vai explicar nada!

– Me ouve!

– Eu não quero ouvi porcaria nenhuma! - dessa vez ela realmente gritou.

– Annie, você estava no lugar errado na hora errada! Não é o que você pensa! - Percy disse desesperado.

– Você disse não me amava - Annabeth disse, ainda gritando, mas agora seus olhos estavam com lagrimas - Você me enganou esse tempo todo! Vo-você me fez de boba!

– Não! - Percy disse, ele queria chorar - Eu te amo! Annie, você precisa me deixar explicar!

– Vai embora, Perseu! Vai embora - ela gritou, chorando - Você está morto pra mim! Morto!

– Annie, me escuta - Percy pediu - Co-como assim? Você precisa me escutar, Corujinha!

– Não me chama assim! - Annabeth pediu, agora quase sussurrando - Percy, eu preciso esquecer você. Eu preciso... Eu não posso mais ser boba pra você. Eu pensei que você me amava... Depois... - ela soluçou, um soluço de corta o coração - Depois de tudo que eu passei... Eu pensei que finalmente tinha encontrado alguém que me amasse. Alguém que fosse cuidar e mim. Você... Iludiu-me com relação a tudo. Você me fez pensar que eu poderia ter uma família feliz... Que poderíamos ter filhos... E eu acreditei. Porque era disso que eu precisava, de um pouquinho de amor. Obrigada por me dar o prazer de desfrutar dessa sensação maravilhosa que foi poder amar você, e ser amada, mesmo que tudo não tenha passado de uma mentira.

– Annie, não fale assim - Percy pediu - Você precisa me escutar, só um pouquinho. Não é o que você está pensando. Rachel...

– Diga para sua mãe que eu vou passar ai amanhã depois que você tiver ido embora - Annabeth disse entrando no quarto - Adeus, Perseu.

Percy estava totalmente sem palavras. Ele fechou a porta de sua varanda e gritou, jogando a primeira coisa que encontrou na parede, o que foi quase nada, porque era um bichinho de pelúcia.

Ele caminhou até a coruja e a pegou. Ele se sentou no chão e passou a mão nos cabelos, suspirando pesadamente e deixando uma lagrima cair. Ele havia magoado ela... Ele prometera que não deixaria ninguém fazer isso... E ele mesmo fez.

Morto para mim. Foi isso que ela dissera.

Percy segurou a coruja contra seu peito e tentou controlar sua respiração, ela estava descompassada de mais.

Sua mãe entrou no quarto um tempo depois e se sentou ao seu lado, acariciando seu cabelo, até ele relaxar.

oOo

Percy andava de cabeça baixa pelo aeroporto. O moletom estava com o cheiro dela. O cheiro dela era tão bom...

Ele suspirou e se virou pra sua mãe.

– Ei, levante esse rostinho lindo e olhe pra mim - Sally pediu.

Percy olhou para mãe. Sabia que estava com olheiras e uma expressão nada boa.

– Não fique assim - ela sussurrou - Vai ficar tudo bem.

Percy confirmou.

– Se divirta muito! - Sally beijou a testa filho - Amo você.

– Também amo você, mamãe - Percy sussurrou - Tchau.

– Tchau.

...

Percy ficara do lado da janela durante o voo e não conseguira dormi. Ele queria que aquela semana fosse maravilhosa, mas ela aparentemente seria um pesadelo.

oOo

Seu pai havia estranhado seu comportamento durante a semana inteira, mas eles tinham se divertido. Percy já conhecia Londres, morara lá por dois anos. E antes estava morando em Chicago. Antes disso, estava no Brasil. Argentina. São Francisco. Tantos lugares. Lembrava até mesmo dos meses na Grécia. Poseidon havia arrumado uma nova mulher. Ela era legal. A comida dela era maravilhosa. Ela se chamava Athena, o que havia deixado Percy mais pra baixo ainda. Se a mulher não fosse tão diferente de Annabeth, ele acreditaria que ela era a mãe da mesma. Annabeth lhe dissera que Athena era morena e tinha os mesmo olhos que ela. Essa era ruiva e tinha olhos verdes. Sardas pelo rosto e nem um traço de Annabeth.

Percy suspirou e balançou a cabeça.

Sua mãe lhe esperava no aeroporto. Ela o abraçara com força e lhe encherá de beijos.

– Senti tanto sua falta, querido - ela disse.

– Também senti sua falta, mamãe - ele sorriu - Annabeth... Ela está bem? Sabe me dizer se ela foi para a consulta?

– Will ligou e disse que não. Ela não apareceu. Ele disse que ela não foi para a escola também. Não á vi sair de casa - Sally suspirou.

Percy concordou.

– Vou tentar falar com ela de novo.

...

Percy entrou em casa e sua mãe disse que faria um café para ele.

– Vai para a escola?

– Não - Percy disse - Estou morto. Você pode fazer leite quente? E biscoitos?

– Claro, meu amor - Sally sorriu.

Percy sorriu mais ainda. A melhor mãe do mundo.

Ele subiu as escadas e abriu sua varanda, e franziu os cenhos.

As portas da varanda de Annabeth estavam abertas, fazendo com que o vento entrasse por elas e balançasse as cortinas.

Percy se esticou na grade para ver melhor o interior do quarto, e olhou para baixo. Seus olhos se arregalaram e ele perdeu o ar.

Desceu as escadas correndo e gritou para sua mãe:

– LIGA PRA AMBULÂNCIA, MÃE! AGORA! - Ele abriu a porta de casa e correu para o lado.

– Oh, não - ele disse se ajoelhando perto dela - Por favor, não!

– Eu não sei. Meu filho disse pra liga e... - Sally prendeu a respiração e sentiu as lagrimas ameaçarem cair.

– Mande a ambulância, rápido - ela pediu e disse o endereço - Ela... Ela está...

– Não - Percy negou, as lagrimas caindo por seus olhos - Ela está viva. Oh, meu Deus.

Ele colocou o corpo fraco e frio de Annabeth em seu colo e a abraçou.

– Meu Deus, me perdoe, Annie - ele sussurrou, beijando o rosto dela - É tudo minha culpa. Minha culpa.

– Não! - Sally disse - Não é sua culpa, querido!

– Claro que é, mãe! - Percy exclamou, escutando a ambulância ao longe - Eu não devia ter ido... Eu devia ter feito ela me ouvir!

Quando a ambulância chegou e colocaram Annabeth em uma maca. Percy disse que não queria ir com ela, iria em seu carro, com a mãe.

Quando chegaram ao hospital e se identificaram, um homem alto veio até eles.

– Prazer, Apolo - o homem disse e cumprimento-os - O que aconteceu?

– Eu pergunto primeiro - Percy disse - Como ela está?

– Perna quebrada - disse a mulher atrás dele - Fratura na cabeça, perdeu muito sangue. Mas vai ficar bem.

– Agora você me responda: O que aconteceu?

– Eu não sei - Percy negou - Ela caiu ou...

– Se jogou? - o homem levantou uma sobrancelha.

– Ela não faria isso - Percy negou - Meu Deus, ela não faria...

– Ela passou por alguma coisa que a deixou abalada ultimamente?

– Sim... - Percy concordou - Oh, Deus... É minha culpa.

Percy passou as mãos no cabelo.

– Ela tem esquizofrenia - Percy contou - O doutor dela é Will Solace. Comunique ele, por favor!

– Ah, então ela é paciente dele - Apolo concordou - Diga para Will que a paciente dele teve uma tentativa de suicídio hoje pela manhã. Mande ele até minha sala mais tarde, quero saber tudo sobre a garota - Apolo disse para a mulher - Onde ela estuda? E o que vocês são para ela?

– Ela estuda na Gold - Percy disse - Sou namorado dela. Minha mãe - Percy apontou para sua mãe, atrás dele.

Apolo franziu o cenho ao olhar para Sally.

– Ótimo - ele disse - Avise minha esposa também.

A mulher concordou e se virou.

– Espera... Ártemis é sua esposa? - Percy perguntou.

– Sim - Apolo concordou

– Então... Will é seu filho - Percy ligou os pontos.

– Muita coincidência, não acha? - Apolo concordou - Você deve ser Percy Jackson. Parece muito com seu pai. Olá, Sally.

– Apolo! - Sally disse - Sabia que lhe conhecia!

Apolo sorriu.

– Dá próxima vez, tente não me matar, papai - Will apareceu atrás de Apolo - Anne avisou e foi embora. Eu quase tive um ataque. Ah, olá Percy.

– Will - Percy cumprimentou.

– Como ela está? - Ártemis praticamente gritou.

– Vamos conversar na minha sala - Apolo disse - Reunião de família. Vocês podem ficar por aqui. Já darei uma posição do estado dela.

Percy suspirou e se jogou em qualquer cadeira, esperando Apolo voltar.

oOo

Percy suspirou e entrou na sala. Annabeth estava deitada na cama, o rosto pálido. Quando ele pegou sua mãe, ele viu o quanto ela estava fria.

– Ei, Corujinha - ele sussurrou, se sentando ao lado dela, em uma cadeira - Porque você fez isso? Queria me matar do coração?

Percy sentiu as lagrimas começarem a cair.

– Só quero que você saiba que eu não costumo chorar - ele disse - E nós últimos dias, eu tenho chorado com tanta frequência, que estou ficando assustado. Eu amo tanto você - essa parte saiu quase como um sussurro - Me perdoe por tudo... Sabe o que ouve? Foi o seguinte...

Percy contou tudo que aconteceu para ela.

– Sei que não está me ouvindo - ele disse - Mas eu só queria que você soubesse. Quando você acordar, eu vou falar novamente isso pra você. Provavelmente você não vai acreditar, mas eu preciso mesmo tentar, porque me dói ter que ficar longe de você, eu sinto como se tudo que realmente tivesse importância para mim não valesse de nada... Agora, meu moletom favorito está sujo e sangue, mas eu não vou lava-lo, porque está com seu cheiro. Eu amo seu cheiro. Parecem os campos de morango do acampamento que eu frequentava quando tinha 12 anos... Eu amo você... Eu já disse isso... Digo outra vez... Eu amo você. Um montão. O tanto de estrelas do céu, das areias do mar, e da volta ao mundo, Annie. Por favor, acredite em mim...

Percy suspirou e limpou as lagrimas, ainda sem soltar a mão dela.

Ele sentiu um aperto fraco em sua mão e sorriu. Talvez ela o tivesse perdoado.