1 - Para! Não fala comigo!

Annabeth escutava o choro da mãe do quarto, e não entendia muito bem o que estava acontecendo.

Caminhou devagar até o quarto da mãe, e abriu a porta. Seu pai não estava ali, e a mãe estava sentada na cama com a cabeça enterrada nas mãos.

– Mamãe...? - a menina chamou bem baixinho

A mulher levantou os olhos e encarou a filha com um sorriso triste no rosto

– Oh meu amor, eu acordei você? - Annabeth assentiu - Me desculpe

Atena se levantou e pegou Annabeth nos braços, a levando de volta para seu quarto

– Porque você estava chorando, mamãe? - a menina perguntou

– Nada meu amor. Alguns problemas, nada de mais - a mulher confortou a filha.

– Onde está o papai? - Annabeth se arrependeu logo que fez a pergunta, pois os olhos da mãe começaram a lagrimar novamente.

– Ela vai voltar pela manhã. Teve que fazer algumas coisas. Agora durma. Amanhã é seu primeiro dia de aula

Annabeth se acomodou e abaixou a cabeça

– Ei querida, vai dá tudo certo - Atena acariciou os cabelos da menina - Todas aquelas crianças vão estar nervosas. Talvez você faça amigos. Vai ser legal, você vai ver.

A mulher beijou os cabelos da garota e saiu

oOo

– Papai! - a menina pulou nos braços do homem assim que ele entrou pela porta - Onde estava á noite?

– Ham... Eu... Bem... Eu estava resolvendo uns problemas - o homem se enrolou um pouco com as palavras

– Os problemas que fizeram a mamãe chorar?

– Frederick? - Atena chamou - Você poderia levar Annie para escola? Depois conversamos. Não quero que ela se atrase

– Claro, querida - Frederick não olhou bem para os olhos da mulher em sua frente - Venha, meu amor.

A menina pegou a mochila e foi para o carro

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Annabeth não sabia muito que esperar de uma escola. Via crianças maiores correndo e abraçando os amigos. E alguns menores, talvez de sua idade, também. Uma menina ruiva estava quase sufocando uma menina de cabelos cor de mel.

Annabeth apenas sentou em uma das cadeiras de sua sala, que seu pai havia lhe mostrado, e aguardou rabiscando desenhos sem nexo na primeira folha do caderno.

As crianças começaram a entrar e se sentar em seus lugares. Havia um circulo de cadeiras.

A garota ruiva sentou ao lado de uma menina com os cabelos cor de mel e um menino magrelo com os cabelos enrolados. O menino moreno entrou e sentou ao lado de uma menina com os olhos fundos e o cabelo rebelde. Esta estava ou lado de Annabeth

A professora entrou um tempo depois e cumprimentou os alunos

– Olá, crianças - ela sorria. Tinha os cabelos enrolados e o corpo bem bonito. Usava roupas simples e a pele era bem clara (N/A: Parei pra perceber que descrevi minha professora de literatura) - Eu sou a professora Liliane. Mas vocês podem me chamar de Tia Lily. Bom dia

– Bom dia - as crianças disseram em coro

– Agora quero que se apresentem e falem... Uma coisa que gostem de fazer

As crianças foram se apresentando. Annabeth descobriu que o magrelo era Leo Valdez, e ele gostava de consertar coisas. A ruiva era Rachel Elizabeth Dare - ela fizera questão de dizer o nome todo - e ela gostava de sair com a mãe para comprar roupas e bonecas. Bem fútil pra uma garota tão pequena. A garota dos cabelos de mel era Calipso Nightshade, e ela amava plantas. As outras foram se apresentando, até que chegou ao garoto dos cabelos pretos. Este era Nico Di Ângelo, e gostava de escutar musica. A garota ao seu lado era Thalia Grace, e ela dissera que gostava de dormi e comer, o que fizera os alunos rir. Quando chegou sua vez, Annabeth abaixou a cabeça e disse bem baixou.

– Meu nome é Annabeth Chase e eu gosto de ler livros e desenhar.

– Fale mais alto querida - a professora pediu

Annabeth suspirou e disse

– Meu nome é Annabeth Chase e eu gosto de ler e de desenhar.

– Nerd? - perguntou um garoto no fundo da sala. Annabeth reconheceu como Luke. Ele era um ano mais velho que todos, e parecia muito entediado.

Annabeth abaixou a cabeça e sentiu seu rosto corar ao escutar as risadas de algumas crianças

– Luke, não fale de sua colega - brigou a professora.

– Ela não é minha colega

– Então apenas cale a boca, Luke - disse Thalia.

O menino ficou vermelho e olhou ameaçadoramente para a garota que apenas desviou os olhos para Annabeth

– Não liga pra ele, ele é um chato - Thalia disse.

– O conhece? - Annabeth perguntou

– É meu primo

– Infelizmente - disse Nico

– Nico também é meu primo - Thalia disse

– Oi - o menino cumprimentou

– Oi - Annabeth respondeu

E a conversa se encerrou nisso.

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Estava na hora do recreio, e como Annabeth só tinha trocado algumas palavras com Nico e Thalia, ela se encaminhou até o banheiro para lavar o rosto e depois ir de volta para sala.

Olhou para o espelho e gritou. Virou-se para ver se era realmente aquilo.

– Olá - disse a menina toda ensanguentada

– Quem-quem é você? - Annabeth perguntou confusa

– Sou sua mente - ela respondeu

– O que? - Annabeth disse - Eu vou chamar ajuda.

– Annabeth! - disse a professora entrando no banheiro - me disseram que escutaram você gritando. O que houve?

– Essa menina está machucada, Tia Lily - ela apontou para a garota, que sorria presunçosamente e olhava desafiadoramente para a professora.

– Que menina? - a professora olhou ao redor

– Ela, professora - Annabeth apontou - Na sua frente!

A professora olhou para Annabeth de um jeito estranho

– Não a nada ai, Annie.

– Ela não pode me ver sua estúpida - disse a menina revirando os olhos

– Porque não? - Annabeth perguntou, os olhos se enchendo de lagrimas

– Porque você é a única louca aqui.

– Eu não sou louca - Annabeth gritou

– Venha Annie, vou ligar para seus pais - a professora a puxou.

oOo

Annabeth esperava paciente de cabeça baixa na sala da diretora

– Filha - sua mãe chamou depois que saiu da sala da professora - Me diga o que você viu?

– Era uma menina, bem branca, os cabelos eram bem escuros, e os olhos negros. Ela estava cheia de sangue e disse que eu era louca. E eu não sou louca! Ela estava lá mesmo!

A mãe olhou preocupada para ela e pegou sua mão

– Vamos - ela disse - Temos que ir pra casa. Obrigada, professora

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A imagem da garota não saia de sua mente. Annabeth, com seus quatro anos, o Maximo que tinha visto de sangue era de um ralado no joelho. Mas aquela menina parecia ter levado mil tiros

Estava em seu quarto, a cabeça baixa e os livros em cima da cama.

– Pare com isso, Mellanie. Eu não sabia que só podia ir se fosse com você - Annabeth escutou a voz da menina em sua cabeça

– Saia da minha cabeça! - ela disse, apertando os ouvidos.

– Por esse motivo– essa era uma voz nova, mais doce - Ela está apavorada!

– Ela é uma medrosa

– Quem são vocês? - Annabeth sentia as lagrimas caindo. - O que estava acontecendo comigo?

– Você só estava ficando louca – disse a primeira

– Helena! - Tá, uma era Mellanie e a outra Helena.

– Apareçam! - ela disse

Na ponta da cama, Helena apareceu. Ela estava limpa. Usava um vestido preto muito bonito e os cabelos estavam soltos. Na outra ponta, uma menina de cabelos castanhos e olhos bem claros apareceu. Usava um vestido branco e tinha os cabelos presos em um coque frouxo. Ela sorria amigavelmente

– Quem são vocês? - Annabeth perguntou

– Ah! - Disse a de vestido branco - Eu sou Mellanie e esse é Helena. Nós somos... Frutos da sua imaginação

– Tipo amigos imaginários?

– Não - Helena se pronunciou - Amigos imaginários só aparecem quando você quer. E eles geralmente são legais. Menos o Tobby, mas ele não conta.

– Quem é Tobby? - Annabeth perguntou - E vocês, não são legais?

– Não importa! - disse Mellanie

– Eu não sou nem um pouco legal - disse Helena cerrando as unhas. Onde ela conseguiu aquilo? - Mas bom, nós somos a parte do distúrbio que tem na sua cabeça.

– Helena!

– O que foi? - Helena disse, inocente.

– Então... Eu estou realmente louca?

– Sim - Helena deu de ombros

– Cale a merda da sua boca - Mellanie gritou e se jogou sobre Helena, e elas sumiram.

Porém os gritos continuavam na mente de Annabeth. Mellanie gritando que Helena não sabia fazer nada direito. Que ela era tão ruim quanto Tobby e Pan. Helena gritava que queria fazer algo realmente bom ao em vez de atormentar uma menina patética.

Annabeth se deitou e chorou baixinho, até pegar no sono.

Sabia muito bem, que aquelas vozes não parariam tão cedo.