BPOV

"B., acorda! Emm vai me levar no aeroporto e eu quero te dar tchau!" Rosalie pulou literalmente em cima de mim.
"Esse bom humor de manhã deveria ser ilegal, assim que sabe eu atiraria em você" murmurei abraçando o travesseiro.
"Ah vamos lá bellita, não seja tão rabugenta, isso é coisa de quem ta na seca por um tempo e isso eu posso afirmar que você não está!" ela se remexeu em cima de mim, e talvez, só talvez eu tenha quebrado uma costela "E você não atiraria em mim! Porque você não vive sem essa loira gata que vos fala".
"Dammit Rose! Você tem o que, cem quilos? Está me matando aqui" ela saiu de cima de mim.
"Eu estou gorda? Serio? Você tem que me dizer, porque se eu perder esse corpo aqui Emm não vai.."
"Ah meu deus, não Rose, você está gostosa e sabe que esse peso é massa magra, e comparado com o meu corpo, você é capaz de me esmagar só isso."
Olhei para o seu rostos vi seus olhos brilhando.
"Pelo amor de Deus!" eu suspirei e berrei por Emment, que apareceu em segundos na porta do meu quarto.
"Opa, outro momento de garotas que vocês querem compartilhar?" ele nos lançou um sorriso safado e eu bufei "Porque sério, eu poderia me comportar mais dessa vez se vocês me deixarem assistir..."
"Emment."
"Eu juro que só vou assistir, isso já seria ótimo, vocês são tão boas juntas, quem sabe eu não poderia só..."
"Emment, para."
"Mas por favor, por favor, só uma espiadinha e"
"EMMENT, SHUT THE FUCK UP!" eu e Rose berramos.
Ele fingiu selar os lábios e jogar a chave fora.
"Eu te chamei aqui, pra você olhar pra a loira do meu lado e dizer o quão smoking hot ela é! Que ela foi gordinha só no passado e"
"Isabella!" ela me encarou.
Ah, se olhares matassem...
"Rosie baby" Emm sentou do seu lado com um sorriso "Eu gostaria de você até se a sua barriga não te deixasse enxergar a sua-"
"Emm, não ta ajudando em nada" eu falei preocupada com rose que agora começara a chorar.
Sério, se eu soubesse que isso tocaria na sua ferida eu teria me fingido de morta.
Porque minha bombshell friend, tinha sérios problemas quando se tratava de falar sobre aparências, só que foi um pouco gordinha quando era criança. 
"Rosie, olha pra mim" puxei seu rosto "Você é maravilhosa, e eu nem preciso me levantar e pegar o espelho mais próximo! Olha pra suas coxas, pra essa barriga malhada que você tanto cuida! O que eu quis dizer foi que mesmo que fosse um a susie da vida, a sua priminha, pulando em cima de mim doeria, porque você me conhece!" eu suspirei e a abracei "Tem horas que eu tenho vontade de matar, mas sabe que eu mataria por você, não é? Eu jamais te ofenderia sua boba!"
"Desculpa, eu sei que foi infantil mas..."
"Vocês poderiam se beijar pra fazer as pazes agora!" Emm falou erguendo suas sobrancelhas de um modo sugestivo.
Nós duas batemos nele.
"Ouch, Que foi? Não culpem um cara por tentar!" ele riu e se levantou "Está na hora Ro baby, vamos?".
Eu a abracei forte.
"Eu queria poder te manter aqui comigo" sussurrei.
"Eu também gostaria de ficar" ela se afastou um pouco "Se cuida tá? Não deixa ninguém te machucar de novo".
"Eu não vou" sorri amargamente.
"Eu te amo B."
"Eu também Rosie, se cuida".
Ela sorriu e me abraçou mais uma vez e foi com Emment. 
Me levantei e tomei um banho rápido. 
O feriado estava oficialmente acabado e a vida real estava de volta. 
Maldito colégio. 
"Você vai de carona comigo hoje?" Edward perguntou sorrindo enquanto eu tomava café da manhã.
Ugh, será que até nisso ele tinha ser adorável?
Fuck it.
"Acho melhor não... Tanya tem que começar a ver você um pouco sem mim." falei friamente, rezando para que ele não notasse meu tom de voz.
"Tudo bem" ele respondeu olhando pra baixo.
"E se hoje ela vir falar com você e perguntar sobre nós, fale que temos uma amizade colorida e nada mais".
Me levantei e fui pra mais um dia tortuoso daquele hell.
Eu o ignoraria o máximo que eu pudesse, pelo menos suas gentilezas, só faltava um pequeno empurrãozinho e ele cairia nas garras dela como tanto queria.
'Isso mesmo Bella, nas garras dela e não nas suas' suspirei, eita voz interior filha de uma vaca. 
Mas nada disso importava agora, porque eu faria de tudo pra deixar trancado esse sentimento naquela praia, na minha memória e no passado.
'Tudo fica mais fácil se você tratá-lo como os outros Isabella' repetia meu mantra enquanto dirigia.
Estacionei quase na frente da porta, meu baby não poderia ficar tão abandonado lá no meio. 
Cumprimentei um bando de idiotas até encontrar quem realmente eu estava procurando.
"Jacob baby" eu passei meus braços por sua cintura musculosa enquanto ele falava com aquela bitch da ex dele.
"Bella?" ele me olhou com um sorriso.
Me virei com a minha melhor cara de 'cai fora vadia, isso aqui é meu' que eu tinha e sorri.
"Hey Leah, desculpa interromper mas é que eu totalmente tenho que roubar esse garotão aqui".
Ah, se olhares pudessem matar...
Puxei Jacob antes da vadia falar alguma palavra e ele me seguiu quieto.
"Obrigado" ele sorriu e se encostou na parede em minha frente.
"Eu sei um jeito muito agradável de você me mostrar toda essa sua gratidão" meu tom implicava minha décimas intenções..
Foi aí que eu vi um Edward muito vermelho passar com a Tanya em seu encalço.
Dammit, aquela vadia é rápida! Bufei tentando me controlar para não ir lá e esbofetear a cara ridícula daquela loira e puxar Edward para os meus braços, beijá-lo e...
"Bella!" Jacob chamou minha atenção "Tem certeza que é comigo mesmo que você quer isso?" ele olhou para o casal vinte perto de nós e para mim.
Dei uma piscadela sexy e um sorrisinho tentando distraí-lo do obvio.
Minha ridícula obsessão pelo não tão inocente Yoda.
'Isso Isabella, continue enganando a você mesmo! Até parece que uma obsessão faria você chorar como um bebê e seu coração se apertar toda vez que as mãos dela sobem pelo o braço dele..' 
Maldita consciência. Cale-se já!
"Pelo jeito, eu acho que não" Jacob se virou para sair mas eu o impedi.
"É com você que eu quero ok?" suspirei olhando seus olhos negros "Eu só to meio distraída hoje... Mas então, você topa sair comigo hoje?"
"Claro, só nós dois?" seu sorriso era enorme.
"Hm, se você não se importa a Jane e o Edward vão com a gente, porque faz um tempo que ela esta afim dele e ela pediu minha ajuda."
Bom, ele não precisava saber que ela nem ao menos havia pensado nisso.
Seu sorriso diminuiu consideravelmente.
"Tem certeza Bella?" ele me olhou meio desconfiado " Porque eu podia jurar que havia algo entre você e o Edward."
Respirei fundo.
'Bloqueie seus sentimentos Isabella, você é boa nisso, bloqueie, a dor vai passar, só assim ela vai passar.'
E então eu proferi a mentira do século, aquela que eu queria desesperadamente que fosse verdade em prol do meu coração.
"Edward não significa nada pra mim Jacob, foi só um passatempo."
Jacob me olhou sério nos olhos e eu sustentei seu olhar.
"Se você diz" Ele deu mais um de seus sorrisos estupidamente brancos "Que horas eu passo pra te pegar?" 
"As oito" sorri e deu um selinho em seu lábios carnudos.
Segui pra aquelas aulas de merda, e planejando uns quarenta tipos de tortura a la jogos mortais que eu gostaria de infringir naquela loira falsificada.
Ugh.
"Hey Jane" a chamei enquanto entrava na fila do almoço.
"Oi Bella, tudo bom?"
"Tudo ótimo" murmurei "Mas ficaria ainda melhor se você quebrasse um galho enorme pra mim".
"Depende do que você quer dizer com isso?" suas sobrancelhas praticamente se juntaram.
"Minha querida e adorada amiga, que tal um encontro duplo? Eu e o Jacob e você com o Edward? E não faz essa carinha porque você sabe o quanto esses hotties são bons..."
Ela riu.
"É só que eu pensei que você e o Edward estavam meio que juntos..." ela  tubetiou.
"Oh my, obvio que não... Você melhor que ninguém deveria saber minha cara amiga, eu só tenho passatempos."
"Você minha amiga, é uma bitch que todas querem ser" ela riu enquanto pegava a salada "By the way, eu topo."
Sorri.
"Aparece lá em casa as 6 horas e a gente se arruma juntas" tentei controlar a bile que subia por minha garganta. 
"Ok".
Segui para mesa com apenas uma maçã e uma água em mãos, sem apetite nenhum, ainda mais ao ver que Tanya havia nos agraciado com a sua tão odiada presença.
Sentei em meio ao Edward e o Jacob.
"Hey Eddie, a propósito você tem um hot date hoje." 
Vi Tanya apertar seu garfo.
'Isso mesmo bitch, eu que dou as cartas nessa merda'.
"Com você?" suas orbes verdes me encaravam excitadas.
Ele me queria, como podia ser tão estúpido ao ponto de negar isso a si mesmo?
'Assim como você ê...' suspirei.
Não adianta nem imaginar, eu e ele nunca daríamos certo mesmo.
Eu não o merecia. Nunca mereci.
"Silly boy, é com a Jane" respondi e vi seu sorriso diminuir "Eu e Jacob, você e ela."
Falei desviando meu olhar para Tanya que sentava na nossa frente.
E como a vadia sem coração que eu era, sorri.
'Você não vai ter ele sem uma briga, vadia' tentei dizer com meu olhar 'Não enquanto eu puder evitar'.
"Oh, tudo bem" ele respondeu confuso.
O sinal bateu e eu peguei sua mão, fazendo ele ir comigo até a aula de biologia. 
"Você não vai me explicar o porque desse encontro?" ele me fez parar "E o porque de você estar tão estranha hoje? Foi alguma coisa que eu fiz?"
'Porque tão perfeito meu deus, porque tão perfeito e tão estúpido?'
"Primeiro, você tem que sair com garotas além de mim pra expandir seus horizontes e não parecer um perfeito imbecil quando for a hora de desvirtuar sua perfeita Tanya" suspirei "E não, você não fez nada, eu só voltei ao meu normal".
"Então o seu normal é me tratar como um idiota?" sua expressão traspassava a sua mágoa "Eu pensei que depois daquele dia na praia-"
"Aquilo foi um erro Edward".
Desviei meus olhos para o chão para que ele não visse a mentira escancarada ali.
"Eu não sou essa menina doce que você pensa, nunca tive a intenção de mudar tudo aquilo em você" suspirei "Eu apenas queria alguém pra fazer meus trabalhos, e eu só mudei suas roupas e fui pra cama com você por causa disso, não porque eu tenho um motivo maior, não porque eu adoro você ou qualquer outra coisa, sei que você é grato e tudo mais, só que eu não preciso de alguém no meu pé o tempo todo. Eu fiz, te ajudei, agora chega, você tem que crescer e encarar os fatos Edward, você me usou, eu te usei e não passa mais disso. Me desculpa se fiz parecer que havia algo a mais, porque não há." 
"Você sabe que isso é m-mentira" ignorei suas tentativas de encontrar meu olhar "Bella, o que a-aconteceu, porque tudo isso agora?"
Oh Deus, não chora Edward, por tudo que é sagrado, não chora porque eu não vou agüentar.
"Edward, não me faça repetir" fechei meus olhos "Você só foi um passatempo".
'Engole o choro vadia' meus olhos ardiam 'Acabe com o sentimento antes mesmo de ele descobrir o que é'.
Destruir antes que cresça porque é melhor assim.
Suas mãos tremulas seguravam o meu rosto e eu não queria abrir meus olhos.
Mas eu fiz.
Apenas pra ter meu coração ainda mais perfurado.
Ainda mais destruído.
Sua expressão era um misto de mágoa, dor e amor.
E mesmo que ele ainda não soubesse, que ele ainda não se desse conta, ele só estava sentindo tudo aquilo porque ele me amava.
E eu havia feito que era a minha especialidade. 
Eu havia quebrado seu coração.
Eu havia entregado ele de bandeja para Tanya, porque eu era uma medrosa filha da mãe.
Porque tinha medo de lutar por ele, porque eu queria preservar um coração que eu já havia perdido.
Perdido para essas orbes verdes que me encaravam, para essas mãos tremulas que me seguravam.
"P-Porque você está mentindo Isabella?" ele acariciou minha bochecha "Você sabe que não precisa ser assim, deixa eu te ajudar".
'Deixe ele livre Isabella, você não quer ele sofrendo com todas as consequências das tuas escolhas mal feitas, é melhor que ele sofra agora, porque depois vai ser pior' meu subconsciente berrava.
Respirei fundo, e ali apareceu a garota de gelo que eu tão bem conseguia interpretar.
"Você não entende Edward, Eu. Não. Quero. Sua. Ajuda." falei pausadamente "Você é só um cara que me divertiu, uma caridade que eu fiz, e eu estava tentando poupar teu sentimento porque você não passa de um garoto ingênuo que perdeu a virgindade ontem, mas você insiste, então está aí a verdade, o que eu queria de você eu já peguei, não preciso mais, a fila anda, dê espaço pro próximo e faz o que eu digo pra ficar logo com a sua loira sweetheart, porque ela sim vai ter paciência pras tuas bobagens". 
A dor que eu sentia enquanto falava essas palavras cruéis era excruciante, meu coração latejava, meus olhos ameaçavam jorrar toda a dor que eu inutilmente tentava mascarar.
E antes que ele tivesse a chance de me responder e tudo ainda piorasse mais, eu me virei e lentamente caminhei pelo corredor, cada passo que eu dava naquele maldito linóleo fazia meu coração se apertar ainda mais.
Tudo que meu coração queria era que eu voltasse e pedisse desculpas, me jogasse em seus braços, e falasse as três palavras mais odiosas que se pode existir.
Mas eu não podia. 
Porque isso não me pertencia, porque Edward não merecia uma bitch suja como eu. 
Ele merecia uma garota doce, que ia amar ele, que adoraria cada pequeno defeito dele, que assistiria star wars ao seu lado e que não se importasse com algumas espinhas e seus óculos de grau.
Eu nunca estaria a sua altura, eu nunca corresponderia suas expectativas. 
Eu não era nada. E eu tinha que fazer ele me enxergar como o belo lixo que eu era, que eu sou.
Não havia ao menos uma chance pra nós, eu nunca funcionaria com ele.
Mas meu coração pareceu tomar conta de meu cérebro e todos os nossos momentos juntos se repetiam na minha cabeça.
Aquela vez que ele me levou em um especial do Star Wars, porque eu vivia enchendo seu saco sem ao menos ter visto o filme.
Nossas caminhadas na praia, o luau, nossa primeira aula. 
Tudo.
Já dentro do meu carro, encostei minha cabeça no volante e deixei minhas lágrimas jorrarem, deixei toda a dor e agonia me consumir e em um ato desesperado mordi minha mão para abafar os gritos que ameaçavam escapar.
'Você fez o que tinha que fazer' berrei mentalmente 'Eu não poderia deixá-lo se dar conta do que realmente sentia por mim, porque faltava apenas dois meses para eu voltar para minha realidade que não havia espaço para garotos doces como Edward, nós nunca daríamos certo, nunca'.
Meus soluços se acalmaram assim como minhas lágrimas. 
E eu sabia que dessa vez, eu havia feito o certo.
Liguei o carro e segui meu caminho para casa.
"Tão cedo em casa... Aconteceu alguma coisa Bella?" tia Esme me cumprimentou.
"Não estou me sentindo muito bem... Está pra descer e eu to com um pouco de cólica então resolvi voltar".
"Ah querida, você quer um remédio?" ela ofereceu.
"Não tia, obrigada, eu só quero me deitar".
Subi com o que parecia ser o peso do mundo em minhas costas.
Peguei meu celular e liguei pra única pessoa que poderia me animar no momento.
"Hey Berta, eu preciso muito de você" sussurrei enquanto me deitava e deixava minhas lágrimas caírem.
"Oh minha pequena, o que aconteceu com você?"
"Port Angeles é meu inferno pessoal".
Então contei tudo que aconteceu nos últimos meses comigo, absolutamente tudo e Berta ouvia sem dar sua opinião, o que me deixava ainda mais em desespero.
"Então?" falei em meio as lágrimas.
"Bells, você sabe que é como uma filha pra mim, não sabe?"
"Sim"
"E você também sabe que eu só quero o seu bem?"
Concordei com um grunhido. 
"Primeiro meu anjo, você deixou o relacionamento frio e conturbado dos seus pais afetar você, lembra quando tinha apenas 12 anos e me disse que jamais se casaria? Que nunca namoraria?"
"Sim"
"E sempre soube que isso te afetaria para o resto da sua vida, mas então surgiu aquele rapaz, e eu te via nas nuvens mas sabia que tinha alguma coisa errada. Cheguei até comentar com sua mãe e ele apenas disse que eu tinha que deixar você cuidar da sua vida sozinha, bom, você conhece sua mãe."
Dei um sorriso sem humor algum.
"E quando eu vi ele quebrar o seu pequeno e frágil coração, quando eu olhei nos seus olhos aquela noite em que você dormiu em meu colo, eu sabia que algo aí dentro havia mudado, que toda aquela resignação daquela menina de 12 anos havia se concretizado, minha doce Bella, minha menina havia se contaminado com o lado ruim de toda essa vida de luxo e ostentações e então eu chorei enquanto te segurava."
"Berta.." eu sussurrei em choque.
"Shhh, me deixa continuar!" sua voz estava um pouco estranha agora "Nenhuma mãe, mesmo que postiça como eu, gosta de ver seu bebê chorar. Mas então eu vi você, uma semana depois, começar a cair em um espiral de festas, sexo sem compromisso, drogas e eu só podia te segurar quando você chegava em casa tão mal que quase nem conseguia andar."
Eu deixei minhas lágrimas caírem por saber o quanto aquilo machucava Berta, por saber o quanto ela se importava comigo e o quanto eu não merecia nada daquilo. 
"Mas eu não culpo você minha linda" ela suspirou "Você só estava tentando fingir que não se importava com nada, querendo provar para aqueles que te machucaram que você não se abalou, mas quando chegava em casa era pro meu colo que você corria, chorando, drogada, bêbada, até mesmo sã, era comigo que você deixava os muros se abaixarem, e mesmo com o coração apertado por te ver naquele estado, eu me contentava com a prova de que minha Bells não havia sumido completamente, e agora, enquanto ouvi tudo que você passou, vejo que não sou mais a única."
"É diferente Berta, ele é bom demais pra ficar ao meu lado, e daqui a pouco eu estou de volta a Nova Iorque, isso nunca daria certo."
"Eu também acho que não daria certo".
E por um instante a linha ficou muda, meu coração parecia se contorcer novamente.
"Mas não pelo mesmo motivo" ela suspirou "É porque você ainda está presa àquela garotinha assustada de 12 anos, que se escondia no meu quarto enquanto chorava por seus pais. Você tem que crescer Isabella, você tem que deixar seus muros cair filha, você tem que dar a cara a bater e se entregar, muitas vezes vai doer e parecer que o mundo conspira contra você, mas quando der certo, você se sentirá a pessoa mais feliz do mundo."
Meus soluços eram audíveis, e meu choro parecia interminável.
"Eu queria que fosse simples assim."
"Nunca é Bells, mas você vai conseguir e Edward vai te ajudar".
Dei uma risada de escárnio.
"Depois de hoje, duvido muito que ele olhe na minha cara outra vez."
"Ele vai" eu quase podia ver seu sorriso que acompanhava essa voz de quem sabe de tudo "Não se esqueça dessa conversa ok?"
"Não vou, te amo Berta, não sei o que seria da minha vida sem você."
"Vamos tentar não imaginar isso!" ela riu "Eu te amo e se cuida pequena."
*********
"Você acha que essa blusa vermelha ficou boa em mim?" Jane perguntou enquanto se olhava de todos os ângulos em meu espelho.
'Oh God, me mate agora'
Além de fingir animação, eu ainda tenho que mentir.
"Está linda".
Me olhei com desprezo no espelho, porque depois de hoje, nem mesmo as maquiagens caras e o vestido de 2.500 $ que adornava meu corpo, poderiam esconder a pessoa horrível que eu sou, que eu me tornei.
Nós descemos e ali no sofá estava Jacob e um anjo.
Um anjo vestido da cabeça aos pés pela Calvin Klein, com um sorriso triste e olhos apagados enquanto encontravam os meus.
Tão lindo.
Tudo que eu queria era correr para os seus braços, deixar ele me ensinar como é ser amada. 
E foi o que eu quase fiz, mas Jacob bloqueou minha visão, clareando meus pensamentos, enquanto me apertava em um abraço.
Tudo que eu podia pensar, era em como eu queria que as coisas fossem invertidas.
A noite toda, compus meu rosto em um sorriso falso, evitando ao máximo trocar palavras com ele, mesmo quando tudo que eu queria era abraçá-lo, me mantive forte, tentando achar algum conforto nos braços quentes de Jacob.
Mantive meu sorriso, mesmo vendo Jane se atirar pra cima dele, e ele aceitar. 
Eu mal podia culpá-lo já que eu mesma o coloquei nessa situação.
Nas mãos de outra garota.
Estúpida.
Me contive a noite toda, tentando não mostrar minha angustia e desconforto, sabia que Jacob percebeu, mas não conseguia encontrar em mim força para me importar no momento. 
Estávamos no mesmo carro, e Jacob e eu esperávamos no carro enquanto Edward levava a bitch até sua porta como o bom gentleman que ele é.
Mordi meus lábios para conter o choro que ameaçava escapar enquanto via ela beijá-lo como se não houvesse amanhã. 
O aperto em meu coração era tão forte, que eu não sabia como conseguia conter o grito que ameaçava escapar de meus lábios.
E tudo só ficou pior quando ele parou na janela do Jacob e disse que ficaria ali com Jane, porque seus pais não estavam em casa.
Jacob sorriu e em um gesto masculino brincou com Edward, que parecia olhar para todo lugar menos para mim.
'O que você queria imbecil?' mordi minha boca 'Você o empurrou.'
E como se a mãe natureza previsse meu humor, um chuvisco começou a cair.
E todo o caminho de casa foi feito em silencio.
Jacob sabia.
Meus olhos e seu estoque interminável de lágrimas escolheram aquele momento para entrar em ação.
E antes que eu desse por mim eu estava soluçando nos braços de Jacob.